terça-feira, 31 de julho de 2018

RESCALDO DE JULHO (II)

                  "Pô, dá um tempo! Tô tentando tomar um banho!"

Olle Johansson. (Suécia).

RESCALDO DE JULHO


Nani.

A ERA DA INCERTEZA


Duke.

O EX-PRESIDENTE E A CAMPANHA NA TV

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Preliminarmente:
1The Washington Post, conforme noticia o GGN, aquiclassificou como 'politicamente motivada' a sentença condenatória que resultou em tudo o que se está a ver.  
2. Clique AQUI para ler nota desta data, 31, de Mônica Bergamo, sobre o que "deve fazer" o TSE relativamente à possibilidade de o ex-presidente Lula aparecer no programa de TV do PT. O TSE simplesmente ignorará os precedentes e fundamentos apontados pela própria colunista e pelo autor do texto abaixo, publicado no dia 28? 
Mais turbulências à vista. 


O caminho da defesa de Lula para que ele faça campanha na TV

Por Márcio Falcão (Editor do site jurídico JOTA em Brasília)

O eventual pedido de registro de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai levar à Corte ao menos duas situações inéditas de uma única vez: um candidato preso tentando disputar o Palácio do Planalto e com a possibilidade de gravar vídeos para o horário eleitoral gratuito de dentro da prisão. 
A defesa do ex-presidente trabalha com um calendário eleitoral que garanta a Lula, pelo menos, estrear na propaganda eleitoral no fim do mês de agosto. Segundo os advogados que atuam na estratégia de Lula, mesmo que o TSE negue de ofício o pedido de registro, seria possível recorrer e usar prazos processuais para assegurar que a propaganda do ex-presidente seja exibida. Mas essa visão não é totalmente compartilhada por outros advogados e ex-ministros do TSE.
Para entender a estratégia da defesa. Lula deve ser confirmado como candidato do PT na convenção do partido no dia 4 de agosto. Pela articulação atual, o registro da candidatura seria feito no prazo limite de 15 de agosto, último dia para o pedido. A legislação prevê que, a partir do dia 16 de agosto, o petista já esteja liberado para fazer sua propaganda, por exemplo, na internet, se for efetivado como candidato.
Com o pedido de registro, qualquer candidato já pode começar a lançar sua publicidade, não precisando de uma autorização especial da Justiça Eleitoral. A situação de Lula é extraordinária porque ele está preso – após a condenação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso tríplex.
Ocorre que, segundo ex-ministros do TSE e advogados que acompanham a Corte, a publicidade do petista depende, além da Justiça Eleitoral, da Vara de Execuções Penais.
A juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba, precisaria liberar a gravação – até mesmo para que uma equipe de marqueteiro tivesse acesso à sala da Polícia Federal onde o petista está preso desde 7 de abril. A lei de execução penal não trata do tema.
O TSE ainda não enfrentou a questão. Alguns tribunais regionais eleitorais já foram acionados para tratar da liberação de propaganda de candidato preso no passado. Em 2012, o Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia permitiu a Udo Wahlbrink, candidato a vereador de Vilhena, cidade a 699 km de Porto Velho (RO), gravar propaganda da cadeia. Prevaleceu o entendimento de que o candidato “recolhido em estabelecimento prisional, com registro de candidatura deferido, tem o direito à gravação da sua propaganda eleitoral, sob pena de restrição dos direitos políticos sem amparo legal”.
Os juízes fixaram ainda que “a gravação de propaganda eleitoral nas dependências da casa de detenção, em que se encontra recolhido o candidato, não se enquadra na vedação do art. 37, “caput”, da Lei n. 9.504/1997, pois o dispositivo restringe-se às propagandas fixadas em bens públicos.”
Os magistrados entenderam que não há qualquer vedação à gravação de programas eleitorais em bens públicos, como presídio, sendo que a pretensão do candidato não é utilizar o bem público para veicular, difundir ou promover sua campanha. Mas, sim, a confecção de sua propaganda.
Wahlbrink (PT), presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vilhena e Chupinguaia, e outras duas lideranças locais, foram presos por incitar a invasão de terras.
Há duas diferenças marcantes nesses casos. Primeiros, Wahlbrink não estava condenado em segunda instância como o ex-presidente Lula. Além disso, é claro que há uma diferença de repercussão política, quando se trata de um ex-presidente que tenta mais um mandato presidencial.

Direitos políticos

Um dos argumentos que deve ser lançado pela defesa de Lula ao TSE é que os direitos políticos dele não foram suspensos. Isso dependeria de condenação transitada em julgado – quando não cabem mais recursos. Advogados de Lula vão alegar que a legislação eleitoral permite concorrer e fazer propaganda.
A norma estabelece que “candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior”.
O advogado Luiz Fernando Pereira, que trabalha na estratégia petista, afirma que Lula está provisoriamente inelegível, condição que pode ser derrubada.
Pereira não vê como negativo o fato de a juíza responsável pela execução de Lula já ter negado pedidos para a gravações do petista na PF. Isso porque a magistrada afirmou que o ex-presidente ainda não era oficialmente candidato.
"Não estamos querendo esticar a candidatura do ex-presidente Lula. É preciso entender que há uma possibilidade de reverter a inelegibilidade", afirma Pereira.
De acordo com estudo preparado pela equipe de Pereira, 145 prefeitos se elegeram em 2016 com registro indeferido, sendo que 98 conseguiram reverter o indeferimento até a diplomação.

Passo a passo do registro de candidatura de Lula, segundo roteiro do PT

1. Convenção
O PT deve realizar a convenção para anunciar a candidatura de Lula no dia 4 de agosto. O prazo termina no dia 5 de agosto.
2. Pedido
O pedido de registro do candidato pode ser apresentado ao TSE até às 19h do dia 15 de agosto.
3. Contestação
A partir do dia 16 de agosto, o TSE publica edital com todos os pedidos de registros. Até o dia 21 de agosto, os pedidos de registros podem ser impugnados, por exemplo, pelo Ministério Público Federal e partidos políticos.
4. Relator
Apresentada a contestação no TSE, já é possível saber quem será o relator do pedido de registro. O sorteio é feito entre seis ministros do TSE (o presidente não participa)
5. Defesa
O relator vai mandar notificar Lula. A defesa terá sete dias para se manifestar – o que deve ocorrer a partir do dia 22, se estendendo até o dia 29 de agosto.
6. Alegações
Abre-se prazo do dia 30 de agosto até o dia 4 de setembro para o responsável pela impugnação, Lula e Ministério Público entregarem suas últimas manifestações no processo. O prazo é de cinco dias.

7. Julgamento

Relator tem prazo de 48 horas para levar o caso ao plenário – o que deve ocorrer no dia 6 de setembro.
8. Recurso
Em eventual negativa, cabe novo recurso ao próprio TSE, como os chamados embargos de declaração, que pedem esclarecimentos da decisão tomada pela Corte. São três dias para apresentação do recurso.
Uma derrota no TSE não encerra a questão. O caso pode ser levado ainda ao Supremo Tribunal Federal. Vale lembrar que o próprio STF, nesse intervalo, pode tomar alguma decisão sobre a inelegibilidade do petista – o que será alvo de análises específicas.  -  (Fonte: Site Jurídico JOTA: Aqui).

INGENUOUS CARTOON


Pater.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

UNIVERSIDADE É LUGAR DE CONHECIMENTO E LIBERDADE

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O post a seguir gira em torno de um (incrível) desdobramento dos acontecimentos que culminaram no suicídio do Reitor Luis Carlos Cancellier de Olivo, da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina, assunto tratado em diversos textos publicados neste blog, a exemplo do que se vê AQUI e AQUI. Para resumir o fatal suplício a que foi submetido o citado reitor, fazemos nossas as palavras de seu amigo desde a adolescência, o desembargador Lédio Andrade, também professor da UFSC: "Nem Kafka pensou que uma sucessão de irresponsabilidades pudesse levar a algo tão brutal". Pois, ao que se vê, pela disposição demonstrada pelos senhores algozes, Kafka continuaria perplexo.


Universidade é lugar de conhecimento e liberdade

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) manifesta sua indignação com as ações desencadeadas por agentes que afrontam a Universidade Pública Brasileira e o Estado Democrático de Direito. Uma vez mais, presenciamos a Universidade Federal sendo vítima do arbítrio e da censura. 

(Na sexta-feira), 27 de julho, a imprensa nacional revelou que a Polícia Federal de Santa Catarina instaurou inquérito contra o professor Áureo Mafra de Moraes, chefe de gabinete da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O professor foi intimado, no mês passado, por ter participado de ato público pelo 57º aniversário da UFSC, ocasião em que lamentou a morte do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, que se suicidou em outubro de 2017, após ser preso sem acusação justificada, sendo submetido a humilhações descabidas.


A intimação do professor Áureo Mafra de Moraes, e a determinação para que faça comunicação em caso de eventual mudança de endereço, bem como a tentava de proibir manifestações da comunidade universitária, constitui lamentável retrocesso para a democracia brasileira. A abertura de inquérito policial contra o professor Áureo de Moraes agride, assim, a universidade e a democracia. Infelizmente, é mais uma demonstração de repetidos abusos e desrespeito à lei que temos vivenciado e que lamentavelmente nos remete à Ditadura, período em que, é bom lembrar, o arbítrio e o abuso de autoridade eram práticas correntes e justificadas com argumentos estapafúrdios. A autonomia universitária, resguardada pela Constituição Federal, tem sido desprezada, e aqueles que deveriam fazer cumprir a lei e garantir os direitos expressos na carta magna brasileira, lançam mão de artifícios para intimidar, cercear e tentar impor um regime ao qual a Universidade não irá jamais se curvar.
A Andifes, as reitoras e os reitores das Universidades Federais solidarizam-se com a comunidade da Universidade Federal de Santa Catarina, com seus gestores, ex-reitores e com seus servidores, reiterando o direito constitucional às manifestações pacíficas, que não podem ser criminalizadas, pois se constituem em conquista essencial da vida democrática. As manifestações promovidas pela comunidade universitária da UFSC e pela sociedade são legítimas e democráticas. São vozes cidadãs que pedem justiça e que justamente rechaçam as ameaças à Universidade Pública. Ao mesmo tempo, conclamamos toda a sociedade a reagir às violências repetidamente praticadas por órgãos e indivíduos que têm por obrigação respeitar a lei e o Estado Democrático de Direito. As Universidades Federais são patrimônio da sociedade brasileira, e não cessarão a sua luta contra o obscurantismo no Brasil.
Brasília, 29 de julho de 2018.  -  (Fonte: ANDIFES - Aqui).
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[Foto: Universidade de Campinas].

FESTIVAL LULA LIVRE, A REPERCUSSÃO

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Ontem, 29, procuramos na grande mídia notícias acerca do show Lula Livre, levado a efeito nos Arcos da Lapa, Rio de Janeiro, no sábado 28. Nada encontramos, a não ser notas anódinas, como fez o site Uol. Nesta data, 30, também reinou o quase silêncio. Para encontrar alguma coisa, recorremos à Agência PT Notícias, que oferece o tratamento conferido ao evento por sites do exterior. Comprovada velha máxima atribuída a muitos, entre os quais o comunicólogo Marshall McLuhan e a ativista Angela Davis: Informação é Poder.
Ao relato:


Festival Lula Livre repercute em sites de todo o mundo

Apesar do pouco destaque e cobertura tendenciosa da mídia brasileira, jornais de todo o mundo divulgaram o sucesso do festival pela liberdade de Lula
O Festival Lula Livre terminou o sábado (28) em primeiro lugar nos assuntos mais comentados no Twitter do Brasil, e apesar de receber pouco destaque na mídia hegemônica brasileira, que fez uma cobertura exígua e tendenciosa, foi tema de matérias publicadas em jornais de todo o mundo. 
A agência estadunidense Associated Press (AP) publicou uma matéria intitulada “Celebridades brasileiras realizam show ‘ Lula Livre’ no Rio”, onde afirma que, apesar de preso, Lula segue como o mais popular político brasileiro e lidera com folga as pesquisas eleitorais do país.
“A imagem de Da Silva podia ser vista em toda parte: em camisas, bandanas e máscaras, enquanto sua imagem animada dançava nas telas ao lado do palco. Entre os sets, seus apoiadores começaram a gritar “Lula Livre!”, enquanto os organizadores incentivavam a gritar alto o suficiente para que Lula ouvisse da cidade de Curitiba”, destacou o texto da AP.
A reportagem foi reproduzida em importantes jornais como The New York TimesWashington Post, o site do canal de TV alemã ZDF e muitos outros veículos, como Arizona Daily SunSt. Louis Post DispatchJournal Gazette & Times-Couriera rádio KRMG de Oklahoma, entre outros.
agência francesa AFP também publicou texto, destacando os milhares de pessoas no festival e a liderança de Lula em todas as pesquisas eleitorais. “Os gigantes da música brasileira Gilberto Gil e Chico Buarque se apresentaram no sábado, no Rio de Janeiro, no festival Lula Livre, organizado para exigir a libertação dos ex-presidente brasileiro preso desde abril”.
O texto foi reproduzido por veículos como Libération e L’Express da frança, a RTL Info da Bélgica, Cote-d-ivore.netda Costa do Marfim.
A revista alemã De Spiegel também publicou uma matéria em seu site, destacando a presença de 80 mil pessoas no festival e relembrando o novo golpe jurídico ocorrido no início de julho, quando Sérgio Moro, articulado com os desembargadores Carlos Thompson Flores e João Pedro Gebran, impediram que se cumprisse a decisão de Rogério Favreto, para que Lula fosse libertado após um habeas corpus.  -  (Fonte: Agência PT de notícias; texto reproduzido pelo Jornal GGN - Aqui).

ESCÂNDALOS NÃO LARGAM O PÉ DE TRUMP

                           "Por favor, me agrida de novo: eu preciso
                           de uma grande guerra urgentemente!!!"

Stephane Peray. (Tailândia).

REAÇÃO DA MÍDIA: TIROTEIO OU SILÊNCIO

Aroeira.
....
"Silêncio?"
"Sim, silêncio. Inclusive dos cartunistas."

BRASIL, A RADIOGRAFIA


"Passei a semana em Andanças por trilhas caboclas atrás de alguma esperança, nem que fosse um alambique de bons vapores.
Pequeno que sou na economia da Federação de Corporações, foi em vão. Constatei um país triste, desesperançado, em frangalhos, sem opções. Pessoas desiludidas sem saber explicar o porquê de as trocas feitas não terem dado certo. São unânimes: tudo piorou e, longe, mais piorará. “Votar em quem?” Claro que um nome vem logo à cabeça. Mas cala.
No comércio, tudo deslocado de suas sazonalidades. Em Monte Sião, MG, e outras cidades do Circuito das Malhas e Porcelanas, por exemplo, fábricas e comerciantes prestes a encerrar portas. Ali pertinho, no das Águas, poucos ônibus de turismo, hotéis com baixa ocupação, restaurantes vazios. Atentem: estamos no inverno e período de férias escolares.
Mesmo as farmácias reclamam da baixa procura, embora eu sempre tenha achado excessivo o número delas em cidades do interior. Mas viviam e vendiam vida.
Ontem mesmo, já não havia acordado 12 x 8, como respondem meus amigos nordestinos quando perguntados se tudo bem, dando como referência-galhofa a pressão benquista pelos médicos.
Medi o índice de glicemia. Alto, claro. No dia anterior, lera o artigo do Nassif, “A economia e o país da opinião pronta”. Gelei. O mínimo que eu aprendera em 40 anos de assalariado em grandes empresas. Cartilha simples, que percebo não mais saber usar, mesmo com tanta inovação tecnológica.
Depois de 15 anos all by myself, em semanas de trilhas caboclas, meus pensamentos emparelhavam com os de Nassif. E a empresa? Gelei:
 “(...) as decisões devem se subordinar às circunstâncias de cada momento (...) uma empresa de varejo não pode abdicar dos investimentos em marketing. Mas, ao mesmo tempo, não pode se descuidar de seu caixa, nem de seus investimentos. Por tudo isso, o processo de decisão obedece a inúmeras variáveis.”.
Pois é, amigo. Puta radiografia do que têm sido nossas vidas pequenas. A dureza de lidar com as ‘inúmeras variáveis’ quando nenhuma delas é salvação.
Paro com tais relatos? Creio melhor. Se entrar no que ouço de clientes verdureiros, bananeiros, leiteiros, e similares, cairei em prostração Joseph Conrad (1857-1924), o polaco-britânico que escreveu “Coração das Trevas”, transformado no antológico filme “Apocalypse Now” (1974), por Coppola.
Se paro, mato o prazer da escrita que o GGN me oferece, e continuaria o mesmo analista da agropecuária que há meio século estuda o setor, mas pelo menos agora sem os manuais bichados que mal soube usar.
Aqui e em CartaCapital posso expô-lo sempre com a visão do alto de Paulinho da Viola e as lupas de Vitor Nunes Leal, Freyre, Francisco Julião ou Graziano da Silva (FAO).

Volto, então, para um fim-de-semana de reflexão. Balanços, balancetes, históricos, estatísticas, medidas a tomar, desinvestimentos. Quebraremos, como está acontecendo com tantos?

Dizia-se que o perrengue não chegaria à agricultura. “Comer todo mundo precisa”. Realmente, precisa. Mas, entre crises e desigualdades, pode?

Pois bem, a crise chegou à produção de alimentos para o mercado interno. Pensa o campônio, mas talvez não diga à sua amada: “compro os insumos (os tradicionais dolarizados), planto o de sempre, trabalho e cuido da lavoura, colho ... vou conseguir vender ... por quantos reais?” E para, não se move, espera, disfarça com a seca. Talvez, aí ele continue com Vicente Celestino (1894-1968), mas agora em 'O Ébrio' (1936).

Não pensem, pois, como nas folhas e telas cotidianas do mal, apenas nos produtos de exportação, emulados pelo câmbio. Mirem em toda a política econômica do infame Temer, do frívolo Meirelles, dos corruptos soltos quando seus partidários, dos sacripantas economistas neoliberais que nos arrocham sob a falsidade de que a crise se deve a Lula e Dilma.
Significa: devolvam as TVs de plasma, as viagens para visitar parentes, brinquedos dados aos filhos como presente, o macarrão comprido da embalagem azul, que puderam comer no lugar do arroz com feijão e a farinha.
"Imbecis de esquerda! Pensavam que nós, do Acordo Secular de Elites, os deixaríamos progredir vida afora? Tontões, que discutem sobre Lula e que o esperam eleito e governando. Esqueceram as lições de que sem sangue nunca nos deixaremos dominar? Estamos unidos há séculos. Vocês não conseguem isso por um dia".
Toda a razão. Desunidos somos ninguém. Esqueçam de mim. Quando vencerem, meus ossos estarão no Araçá. Isto, se algum prefeito não tiver a ótima ideia de lá fazer um empreendimento imobiliário e ajudar o 0,1%, feliz 0,05%."



(De Rui Daher, post intitulado "Brasil, 'o horror, o horror'", publicado no Jornal GGN - Aqui.
A desalentada crônica, escrita a partir de um cenário macabro conferido in loco pelo cronista em périplo por plagas mineiras de Guimarães Rosa, foi também inspirada em 'diagnóstico' nu e cru formulado pelo analista Luis Nassif, em "A economia e o país da opinião pronta" - aqui.

E segue assim o nosso querido Brasil. Para onde se olha [à exceção dos nichos dos felizardos detentores de privilégios mil, evidentemente] reina o sufoco. A propósito, "Quase dois terços dos brasileiros recorrem ao bico para fechar contas" - aqui -, informa o Estadão.
Sem a mais remota dúvida, o título da crônica é para lá de pertinente).

domingo, 29 de julho de 2018

A SAÍDA FINAL


Benett.

A ECONOMIA E O PAÍS DA OPINIÃO PRONTA


A economia e o país da opinião pronta 

Por Luis Nassif

Todo modelo econômico está sujeito a exageros. Mas o que diferencia as nações desenvolvidas daquelas institucionalmente mais frágeis é o descolamento da realidade, que marca a implementação dessas políticas.
A economia não é uma ciência exata, com regras imutáveis no tempo e no espaço. Há regras de ouro, a serem seguidas por qualquer nação. Mas as decisões devem se subordinar às circunstâncias de cada momento.
O mesmo ocorre com as empresas. Há boas práticas, princípios de gestão, mas que dependem da análise de situação de cada empresa, de suas características permanentes e de sua situação no momento.
Uma empresa de varejo não pode abdicar dos investimentos em marketing. Mas, ao mesmo tempo, não pode se descuidar de seu caixa, nem de seus investimentos. Por tudo isso, o processo de decisão obedece a inúmeras variáveis.
Uma pequena amostra das variáveis que são consideradas no nível de uma empresa, uma realidade imensamente menos complexa que a de um país, quando em processo de expansão:
1. A relação entre o investimento em marketing e o aumento das vendas
2. A relação entre a rentabilidade marginal, com o aumento das vendas, e o custo do dinheiro.
3. Os investimentos necessários para atender ao provável aumento da demanda.
4. O tempo necessário para aumentar e treinar os novos quadros.
Em período de crise, o quadro é igualmente complexo:
  1. Qual o corte a ser feito que impacte menos as vendas. Há cortes que podem produzir quedas de vendas superiores à própria economia pretendida.
  2. Quais os passivos prioritários a serem negociados.
  3. Quanto tempo durará o desaquecimento e qual o custo de demissão dos funcionários.
Imagine-se, então, um país.
Há um conjunto de medidas de política econômica e de desenvolvimento comuns a todo país minimamente comprometido com seu futuro.
  1. Melhorar os níveis educacionais.
  2. Investir em ciência, tecnologia e inovação.
  3. Garantir crédito e financiamento a custos internacionais.
  4. Fortalecer o mercado de consumo interno.
  5. Garantir a infraestrutura, energia, telecomunicações, estradas, com investimentos públicos ou concessões.
  6. Aumentar a competitividade da produção interna, vis-a-vis as externas, tanto no mercado internacional quanto do doméstico, pois é ela que garante a geração de emprego e renda, inovação e arrecadação fiscal.
  7. Manter políticas fiscalmente responsáveis.
Cortes de gastos não podem ser vistos apenas da ótica fiscal. Ao gasto público corresponde a entrega de um produto: saúde, educação, energia etc. Portanto, toda análise de eficácia tem que colocar como indicador fundamental a qualidade e a quantidade do produto ofertado. A boa gestão se faz entregando mais com o mesmo, ou o mesmo com menos. Por aqui, se mede apenas o nível dos gastos sem a menor sofisticação sobre os indicadores de qualidade ou de entrega do produto.
A banalização terrível da discussão econômica colocou o meio na frente dos objetivos finais. Basta colocar um teto de gastos que o resto se revolve. E sempre se acenando com a ideia do pote de ouro no final do arco-iris. Se todos os sacrifícios (dos outros) forem feitos, a economia bombará e todos serão beneficiados. Os oito anos de FHC mostraram o contrário.
Pior, no caso de interferências profundas em setores da economia – como a proposta da privatização da Eletrobrás e da Petrobras – toda a discussão é direcionada por bordões de mercado, sem que a mídia dê espaço para a opinião dos especialistas.

Automóveis e recessão

Em períodos de recessão, há um aumento natural das exportações de veículos, pela incapacidade de absorção da produção pelo mercado interno.

No gráfico, um pequeno resumo do que está acontecendo com as exportações de automóveis. São acumulados de doze meses, e respectivas variações no trimestre, semestre e ano.
Quando a recessão se impôs, houve um salto nas exportações. Desde março do ano passado, as exportações começaram a refluir.  -  (Aqui).

TEMPO TEMPO


Bira Dantas.

A REPÚBLICA DE CURITIBA


Tiago Recchia.

REFLEXÕES DE ROBERT CRUMB

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Robert Crumb, cartunista e ilustrador, nasceu na Filadélfia em 1943. É considerado um dos maiores astros do Underground gráfico e, por trabalhos como Zap COMIX e RAW, foi laureado com o Prêmio (Will) EISNER. 
Em tempo: Além de bamba nas artes gráficas, Robert Crumb toca banjo/ukulele nos grupos East River String Band (confira aqui em 'So Sorry Dear') e Robert Crumb and his Cheat Suit Serenaders (curta 'Sweet Lorraine' - aqui).


Lista de Livros - Minha Vida - Robert Crumb




 “E o que é o sucesso da América? Uma vitória vazia, no máximo... eu – eu não sou um homem feliz... no fim das contas, o que de fato alcancei? (...) Nada foi resolvido... por dentro ainda sou...”  
*

        “Olhando para trás do mirante elevado de meus cinquenta anos sobre a terra, fica bem claro que na minha juventude fui um tonto. Sim, um tonto... apesar disso, como todo jovem, achava que sabia tudo o que importa e um pouco mais. Eu era convencido, arrogante, e com uma ideia exagerada da minha própria importância.”
*

        “Desprezo todos os governos, religiões organizadas, grandes corporações, cultos new age, mídias de massa, partidos políticos, qualquer tipo de hierarquia com líderes e seguidores... hm... talvez por isso me sinta tão sozinho...” 
*

        “Cê sabe, pros nossos pais era a segunda guerra mundial, 'a maior de todas'... pra gente era o LSD e outras poderosas substâncias alteradoras de consciência... nossos pais contam histórias de guerra... nós contamos histórias de LSD (os caras que foram pro Vietnã contam as duas!)!!!”
*

        “Como Mark Twain já disse sobre a América: É uma civilização que destruiu a simplicidade e o sossego da vida, substituiu seu contentamento, sua poesia, seus sonhos e visões suaves e românticos pela febre do dinheiro, ideais sórdidos, ambições vulgares e o sono que não revigora...”
*

        “Todo mundo acha que é superior aos outros por algum motivo, mas eu sou mesmo.”
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        “É o sistema daqui que nos deixa do jeito que somos neste país... agressivos, famintos por dinheiro, autoafirmativos, conspiradores, furtivos, sujos, imprestáveis...”
*

        “Cito o grande Jonathan Swift. Ele diz: ‘sempre detestei todas as nações, profissões e comunidades, só posso amar indivíduos’.”
*

        “O mais repulsivo, entretanto, é aquele cara no espelho.”
*

        “Tive uma educação católica na América dos anos 1950, que era muito, muito careta, então boa parte do que aconteceu nos anos de 1960 foi uma quebra disso, para ver o que havia por trás e tentar entender para onde ir dali para a frente. E depois? A civilização tem que continuar! Ninguém aqui quer virar bárbaro! Resolver tudo isso é complicado.
       Tratando de artes visuais, é preciso revelar algo da realidade que não pode ser colocado em palavras. Qualquer artista que possa explicar seu trabalho em palavras não está no rumo certo. É difícil. Você está sempre tateando no escuro e revelando coisas a si mesmo enquanto cria sua arte. Tem gente que usa fórmulas ou investe seu talento todo no dinheiro – não sei como este povo aguenta. A coisa deve ficar entediante, creio eu...”

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Lista de Livros  -  Minha Vida  -  Robert Crumb
Editora Conrad  -  100 páginas
(Blog do Doney  -  AQUI).

CARTUM DO ATRASO


Luiz Gê.

DOMINGO É DIA DE ANÉSIA


Will Leite.

sábado, 28 de julho de 2018

LULA LIVRE, O FESTIVAL



ESTE BLOG AUMENTOU O SOM ............... AQUI.
Mais AQUI.

Nota:
A foto panorâmica foi colhida no Diário do Centro do Mundo  -  Aqui -, que reproduz artigo de Ricardo Kotscho sobre a cobertura da mídia frente ao evento, publicado originalmente em seu blog Balaio do Kotscho.

PRIVATIZAÇÃO DA ELETROBRAS: O CASO CEPISA

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Para tentar entender o processo que conduziu à privatização da distribuidora de energia do Piauí, onde se misturam ânsia da entrega do patrimônio nacional e desídia governamental ao longo do tempo, traduzida, segundo críticos em geral e até entre o corpo funcional, em ineficiência e ineficácia. (Há até casos de funcionários defendendo a privatização, única alternativa, segundo eles, de trabalhar em uma empresa realmente dinâmica. Quanto ao custo da energia para o consumidor, reina a dúvida, embora não seja difícil imaginar o que poderá acontecer. Finalmente, sobre as condições de compra [cinquenta mil Reais + assunção de dívidas de 2,5 bilhões], não custa lembrar que dívidas são resgatáveis no futuro, e até lá muita coisa pode ser renegociada, recalculada, abatida, compensada, por aí...).


1. O CASO CEPISA - A privatização estranha da distribuidora do Piauí 

Por Ronaldo Bicalho

Esqueçam a polarização estatal x privado. Examinem o caso da CEPISA e vejam se, contando a história desde o início, a sociedade brasileira está realmente lucrando com essa maneira estranha de privatizar.

Leiam sobre a história dessa distribuidora de energia de um estado pobre do nordeste. Vejam se é razoável e honesto classificar a Eletrobras como ineficiente como têm sido as declarações do Dr. Wilson Ferreira, justamente o presidente da Eletrobras.

Vejam os investimentos feitos depois de 1997, quando, resultado de um plano de privatização mal feito, a empresa cai nas costas da Eletrobras. Que empresa privada suportaria os desafios? Para tentar entender o processo que conduziu à privatização da distribuidora de energia do Piauí, onde se misturam ânsia da entrega do patrimônio nacional e desídia governamental ao longo do tempo, traduzida, segundo críticos em geral e até entre o corpo funcional, em ineficiência e ineficácia. (Há até casos de funcionários defendendo a privatização, única alternativa, segundo eles, de trabalhar em uma empresa realmente dinâmica. Quanto ao custo da energia para o consumidor, reina a dúvida, embora não seja difícil imaginar o que poderá acontecer. Finalmente, sobre as condições de compra [cinquenta mil Reais + assunção de dívidas de 2,5 bilhões], não custa lembrar que dívidas são resgatáveis no futuro, e até lá muita coisa pode ser renegociada, recalculada, abatida, compensada, por aí...).
Reparem que o compromisso era privatizar, mas o poder político (não a Eletrobras) descumpriu o prometido. Mesmo assim, justamente por ter lucratividade nas suas outras atividades, a Eletrobras continuou investindo pesadamente na CEPISA.  De 2010 até 2017 o total atingiu R$ 2,3 bilhões. Foram “apenas” 29.000 km de linhas e 11 subestações acrescidas no período.
Todos os dados oriundos do “informe aos investidores” na página da Eletrobras e corrigidos pelo IPCA!

Infelizmente, por adotar o caminho fácil de não enfrentar os erros e os ganhos de grupos poderosos, a MP 579 resolveu baixar tarifas às custas da Eletrobras.
A Eletrobrás não consegue ser, ao mesmo tempo, o Luz para Todos, o quebra galho de privatização errada, a parceira minoritária amiga, a que dá bolsa MW no mercado livre e a que reduz tarifa sozinha.
Deu no que deu! Infelizmente a mídia nunca conta a história toda.
1914
De 1914 a década de 1960, o Piauí dispõe apenas de núcleos precários e isolados de geração e de distribuição de energia por meio de usinas termelétricas a lenha ou a óleo diesel, com fornecimento para zonas urbanas durante poucas horas da noite.
Na capital, Teresina, o suprimento é feito pelo Instituto de Águas e Energia Elétrica – IAEE e, no interior do estado, é de responsabilidade das Prefeituras Municipais.
1962
A Cepisa é constituída, em 8 de agosto de 1962, como Sociedade Anônima e razão social de Centrais Elétricas do Piauí S.A.
No final da década de 60, inicia-se a construção, em padrões técnicos, de um sistema integrado de produção, transmissão e distribuição de energia, possibilitando o surgimento de uma mentalidade empresarial para os serviços elétricos. Em 1969, a Cepisa tem apenas 13.805 consumidores.
1970
Entra em operação a Usina Hidrelétrica de Boa Esperança, construída pela COHEBE – Companhia Hidrelétrica de Boa Esperança, e  o Estado  começa a dispor de energia suficiente para possibilitar a implantação de atividades econômicas de grande consumo de energia.
No mesmo ano, a Cepisa incorpora os acervos da Companhia de Eletrificação do Nordeste – CERNE  e da Companhia Luz e Força da Parnaíba – CLFP e passa a ser a única concessionária de distribuição de energia elétrica no Piauí.
De 1973 a 1978, a Cepisa desenvolve um Plano de Eletrificação para o Piauí,  interligando o sistema com a energia hidrelétrica  de Boa Esperança. No final de 1978, ano da conclusão da rede  básica de distribuição, a Cepisa conta  com 93.457 consumidores.
 1982
São construídas as duas grandes subestações de 69/13.8 kV – 40 MVA, nos bairros Jockey e Marquês, em Teresina, interligados à subestação da Chesf. Até então, são as maiores obras da  Cepisa  em porte físico e  volume de recursos.
1987
Lei Estadual nº 4.126 altera a razão social da Cepisa para Companhia Energética do Piauí e amplia o seu campo de ação.
1995
Construção da primeira linha de transmissão da Cepisa em 138 kV com 141 km de extensão – Piripiri/Tabuleiros.
1996
Construídas a subestação Macaúba 69/13.8 kV e 50 MVA, a terceira em Teresina, a linha de transmissão em 69 kV entre Picos/Itapissuma e a subestação Junco, em Picos.
1997
Eletrobrás assume controle acionário da Cepisa.
Iniciado o processo de alienação das ações de propriedade do Estado que integravam o capital social da Cepisa.
Numa primeira fase, a Eletrobrás amplia sua participação acionária na empresa para 48,86% das ações ordinárias e  assume, em 13 de janeiro de 1997,  a gestão da Cepisa  de forma  compartilhada  com o Governo do Estado.
Em 20 de outubro do mesmo ano, a Eletrobrás adquire o controle acionário da Cepisa de 98,8% e assume o compromisso de preparar a empresa para a privatização. (...) 
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2. Quem é o controlador do grupo estrangeiro de olho na Eletrobras?
Por André Araújo

[Em 26/07] ocorreu a privatização da distribuidora de energia do Piauí, do grupo Eletrobras. O arrematante, como previsto, foi o grupo Equatorial. 

Esse grupo, ao qual estava ligado o antigo Secretário Executivo do Ministério de Minas e Energia Paulo Pedrosa, que por muitos anos foi de seu Conselho, se prepara para comprar o controle da Eletrobras, pelo menos é o que o mercado acha.

A Equatorial não tem grupo controlador final conhecido, o biombo de controle está por trás de três fundos de investimentos: a Squadra, com 14,7%, gerido pelo banco BNY Mellon, o Opportunity, com 9,8%, e o Black Rock, com 5,7%. Quer dizer, não se sabe oficialmente quem é o controlador estratégico.
Fundos de investimentos não são por definição controladores estratégicos, aqueles que tomam as decisões de comprar uma empresa.
Nos EUA e em todos os países centrais, empresas de serviços públicos têm que abrir quem é o controlador final, o chamado BENEFICIAL OWNER. Como são empresas que contratam com o Estado, o grupo que toma decisões precisa ser abeto e conhecido.
A Equatorial se esconde atrás de biombos para que não se saiba quem é que manda, o mercado acha que é o 3G Radar, do grupo Lemann, MAS o CONTROLADOR ESTRATÉGICO tem que ser conhecido para que o Estado saiba com quem está contratando. 
Esse esconde-esconde tem razão de ser quando chegar a hora da privatização da Eletrobras.  -  (Fonte: Aqui).
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(Sobre o Jorge Paulo Lemann, titular do grupo Lemann, clique AQUI).