quinta-feira, 31 de março de 2011
COMPULSÃO IRRESISTÍVEL
Em relação aos ataques à Líbia, Tio Sam teria autorizado a doação de armas para os rebeldes, é o que noticia a mídia.
Acontece que o fornecimento de armas não está previsto na resolução 1.973 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada há duas semanas, que autorizou uma ação militar na Líbia com o objetivo de estabelecer uma zona de exclusão aérea e proteger civis de ataques por parte das forças leais ao coronel Kadafi.
Não deu pra segurar.
quarta-feira, 30 de março de 2011
FELIZ ANO NÃO TÃO NOVO AINDA
Antropólogo desmente o fim do mundo em 2012
A pedra do calendário maia que foi interpretada erroneamente como um anúncio do fim do mundo marcado para dezembro de 2012 foi apresentada na terça-feira em Tabasco, sudeste do México.
A peça é formada de pedra calcária e esculpida com martelo e cinzel, e está incompleta. "No pouco que podemos apreciá-la, em nenhum de seus lados diz que em 2012 o mundo vai acabar", enfatizou José Luis Romero, subdiretor do Instituto Nacional de Antropologia e História.
Na pedra está escrita a data de 23 de dezembro de 2012, o que provocou rumores de que os maias teriam previsto o fim do mundo para este dia. Até uma produção hollywoodiana, "2012", foi lançada apresentando esse cenário de Apocalipse.
"No pouco que se pode ler, os maias se referem à chegada de um senhor dos céus, coincidindo com o encerramento de um ciclo numérico", afirmou Romero.
A data gravada em pedra se refere ao Bactum XIII, que significa o início de uma nova era, insistiu Romero.
Fonte: AFP.
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"No pouco que se pode ler, os maias se referem à chegada de um senhor dos céus, coincidindo com o encerramento de um ciclo numérico", afirmou Romero.
Destaco a observação do antropólogo, por via das dúvidas. Afinal, a 'chegada de um senhor dos céus' corresponderia ao fim do mundo - para muitas pessoas/instituições...
TEIMOSA ARTE NORDESTINA
Pode ser uma bênção a sensibilidade artística?
Ronaldo Correia de Brito (Terra Magazine)
Quando havia feiras de rua semelhantes às da Idade Média, em Crato e Juazeiro do Norte, as duas cidades eram tomadas por artesãos: ceramistas, flandeiros, tecelões, moveleiros, celeiros, pessoas que trabalhavam o couro, a palha do buriti e do babaçu, o agave e a lã vegetal. A região ainda não fora invadida pelos plásticos, eletro-eletrônicos vindos do Paraguai, nem pelas quinquilharias importadas da China.
Havia artistas populares que viviam de trabalhos manuais, de utilidade na vida diária, como potes, quartinhas, panelas, colchões, arreios e cordas. As cidades mudaram e esse artesanato perdeu sua razão de existir. Com a proliferação das motos, diminuíram os cavalos e os fabricantes de celas. As panelas de alumínio, os plásticos e acrílicos ganharam a concorrência com os utensílios de barro, que se transformaram em objetos decorativos.
O que era útil perdeu a função. Para que fabricar caixotes de madeira e malas de armazenar rapadura, se não existem mais engenhos nem consumo de rapadura como antigamente? A história do homem pode ser acompanhada pelo que fabrica ou deixa de fabricar. Máquinas de datilografia viraram peças de museu, da mesma maneira que vitrolas e câmeras super-8. Vez por outra encontram um novo uso para o que foi encostado. Os DJ reinventaram um jeito de tocar os discos de vinil.
Todo esse preâmbulo para falar de uma ceramista de Juazeiro do Norte, conhecida pelo nome de Ciça do Barro Cru, pois não levava ao forno os objetos de sua criação, deixando-os secar ao sol. Conheci-a quando fazia ponto de venda junto a um canal, construído pela prefeitura do Crato para conter as águas do rio Granjeiro. Ela se apresentava como boa parte das romeiras do Padre Cícero: vestido de algodão colorido com pregas, cintura alta e cobrindo o joelho. Um chapéu de palha na cabeça, guarda-sol, cabelo com bastante óleo de coco, preso por marrafas, lábios pintados de vermelho e faces com bolas de ruge carmim.
Sentava num caixote de madeira, o mesmo em que transportava sua arte. A vida meio rural e meio urbana do Cariri era representada em mulheres costurando, fazendo renda, homens com enxada no ombro, burrinhos, lagartixas com rabo de borracha, pavões com calda de papel laminado e areia prateada, rádios, panelas, galinhas, papagaios, não havendo uma única coisa que o freguês imaginasse que Ciça não fosse capaz de executar para ele. Contemporânea, incorporava ao barro o lixo urbano, isso que hoje chamam de reciclagem. Performática, criava cenas, ambientes e falas para seus personagens. Ousada nas cores, nos materiais, nas invenções.
Certo dia, cheguei para comprar. Vi a cerâmica de uma mulher faltando uma perna, apoiada numa muleta, com uma trouxa de roupa na cabeça própria das lavadeiras, e um menino no braço, mamando. Perguntei quem era a figura. - É uma infeliz, me respondeu. O marido deixou ela com um menino de peito, e a coitada ganha a vida lavando roupa. Sustenta a família com esse ganho pouco. Como se não bastasse, foi atropelada por um carro e perdeu uma perna. Não é mesmo uma desgraça?
E se pôs a chorar. Tentei consolá-la e perguntei se era alguma conhecida, mas ela respondeu que não. Imaginara a história. Grandes artistas criam um mundo e mergulham nele. Correm o risco de uma esquizofrenia com a realidade. Mas isso nunca aconteceu com Ciça, felizmente. Também não me vendeu a cerâmica. Se pudesse, não venderia uma única peça de sua criação, me falou quando propus a compra. O dinheiro que pagavam era bem pouco. Melhor ficar com tudo guardado, mesmo que passasse fome.
Sem chances de concorrer com os utilitários, o bom barro sobreviveu como arte, graças às Ciças e outros artistas populares. As panelas de barro... As panelas de barro? Vocês conhecem os últimos lançamentos em teflon? E as de aço? As de aço...
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Xilo de SEGALL.
terça-feira, 29 de março de 2011
DOLOROSO FACEBOOK
“Depressão do Facebook”. Especialista alerta jovens sobre o uso da rede social
Para a Academia Americana de Pediatria (AAP), o site de relacionamento Facebook pode deixar crianças e adolescentes depressivos. A explicação baseia-se no comportamento dos jovens usuários que, ao depararem-se com publicações de fotos e comentários que registram momentos felizes de outros colegas, apresentam sinais de autoestima baixa.
“Isso porque o Facebook oferece uma visão distorcida do que realmente está acontecendo. No online não é possível ver as expressões faciais ou ler a linguagem corporal que fornecem o contexto sobre a situação real das pessoas”, explicou Dr. Gwenn O’Keeffe, pediatra de Boston que recentemente colaborou com o guia sobre o comportamento dos jovens nas mídias sociais.
Em oposição ao que dizem os pediatras, pesquisadores avaliam que o Facebook não é o principal responsável pela depressão, mas uma ferramenta que pode colaborar ou aumentar os problemas de jovens que já estão emocionalmente abalados. Segundo O’Keeffe, acompanhar os status dos amigos na rede social “pode ser mais doloroso do que se sentar sozinho na lanchonete da escola lotada”, compara. (...) Globo.com.
Ilustração: autor desconhecido.
segunda-feira, 28 de março de 2011
domingo, 27 de março de 2011
PARA LEMBRAR A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO
(Dom Hélder e padre José Comblin).
Morre Pe. José Comblin, um dos expoentes da Teologia da Libertação
Morreu na manhã de hoje, aos 88 anos, o padre belga José Comblin, um dos mais importantes teólogos da Teologia da Libertação. Ele faleceu no município de Pedro Simões, no interior da Bahia, onde ministrava um curso para comunidades de base. Comblin nasceu no dia 22 de março de 1923, na Bélgica. Desde 1958 trabalhava no Brasil, especialmente em Pernambuco, na Paraíba e na Bahia.
Ele foi um dos importantes assessores de Dom Hélder Câmara e um dos maiores teólogos em atividade no Brasil. Deixa uma vasta e importante obra teológica.
José Comblin participou do primeiro grupo da Teologia da Libertação. Esteve na raiz das equipes de formação de seminaristas no campo em Pernambuco e na Paraíba (1969), do seminário rural de Talca, no Chile (1978) e, depois, na Paraíba, em Serra Redonda (1981). Estas iniciativas deram origem à chamada Teologia da enxada.
Além disso, esteve na origem da criação dos Missionários do Campo (1981), das Missionárias do Meio Popular (1986), dos Missionários formados em Juazeiro da Bahia (1989), na Paraíba (1994) e em Tocantins (1997).
É autor de inúmeros livros, dentre eles A ideologia da segurança nacional: o poder militar na América Latina (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978).
O religioso trabalhava na América Latina desde 1958 e, devido às suas ideias, foi perseguido pelo regime militar brasileiro, chegando a exilar-se no Chile. Em 1972, voltou ao Brasil, onde foi preso e deportado para a Bélgica. Só em dezembro de 2010 o pedido de sua deportação foi oficialmente extinto pelo governo brasileiro.
(Fonte: Terra Brasilis).
(...) Padre Comblin (...) ordenou-se sacerdote em 1947 e doutourou-se em Teologia pela Universidade Católica de Louvain. Desde 1958 trabalhava na América Latina, começando por Campinas. Logo em seguida foi assessor da Juventude Operária Católica, tornando-se professor da Escola Teológica dos Dominicanos em São Paulo, tendo como alunos Frei Betto e Frei Tito. Em 1965 foi para o Chile. A convite de D. Hélder Câmara voltou ao Brasil para lecionar no Recife, onde foi professor no famoso Instituto de Teologia. A partir de 1969 esteve à frente da criação de seminários rurais em Pernambuco e na Paraíba. A metodologia utilizada para os seminários era adaptada ao ambiente social dos seminaristas. Foi expulso do
Brasil em 1971 pelo regime militar. Exilou-se no Chile durante 8 anos, onde também esteve à frente da criação de um seminário em Talca, em 1978. Em seu livro A Ideologia da Segurança Nacional, publicado em 1977, destrinchou a doutrina que servia de base para os regimes militares na América Latina. Foi expulso por Pinochet em 1980. De volta ao Brasil, radicou-se em Serra Redonda (Paraíba), onde fundou um seminário rural e esteve à frente da formação de animadores de comunidades eclesiais de base. A metodologia para os seminários foi aprovada pelo papa Paulo VI, mas desaprovada por João Paulo II, quando da ascensão do conservadorismo católico que domina até os dias de hoje a Igreja Católica.
Alguns dos seus livros:
a. Le Pouvoir Militaire en Amérique Latine. L'Idéologie de la Securité National. Paris, Éditions Jean Pierre Delarge, 1977.
b. Théologie de la Révolution. Paris, Universitaires, 1970.
c. Teologia da Libertação, Teologia Neoconservadora e Teologia Liberal. trad. port., Petrópolis, Editora Vozes, 1985.
d. Teologia da Reconciliação. Ideologia ou Reforço da Libertação. trad. port., Petrópolis, Editora Vozes, 1986.
e. Curso básico para animadores de comunidades de base. São Paulo: Editora Paulus, 1997.
f. Cristãos rumo ao século XXI - Nova caminhada de libertação. São Paulo: Editora Paulus, 1997.
g. O povo de Deus, São Paulo: Editora Paulus, 2002.
h. Quais os desafios dos temas teológicos atuais?. São Paulo: Editora Paulus,2005
Rudá Ricci.
(Matéria extraída do blog http://ContextoLivre.blogspot.com/ ).
Morre Pe. José Comblin, um dos expoentes da Teologia da Libertação
Morreu na manhã de hoje, aos 88 anos, o padre belga José Comblin, um dos mais importantes teólogos da Teologia da Libertação. Ele faleceu no município de Pedro Simões, no interior da Bahia, onde ministrava um curso para comunidades de base. Comblin nasceu no dia 22 de março de 1923, na Bélgica. Desde 1958 trabalhava no Brasil, especialmente em Pernambuco, na Paraíba e na Bahia.
Ele foi um dos importantes assessores de Dom Hélder Câmara e um dos maiores teólogos em atividade no Brasil. Deixa uma vasta e importante obra teológica.
José Comblin participou do primeiro grupo da Teologia da Libertação. Esteve na raiz das equipes de formação de seminaristas no campo em Pernambuco e na Paraíba (1969), do seminário rural de Talca, no Chile (1978) e, depois, na Paraíba, em Serra Redonda (1981). Estas iniciativas deram origem à chamada Teologia da enxada.
Além disso, esteve na origem da criação dos Missionários do Campo (1981), das Missionárias do Meio Popular (1986), dos Missionários formados em Juazeiro da Bahia (1989), na Paraíba (1994) e em Tocantins (1997).
É autor de inúmeros livros, dentre eles A ideologia da segurança nacional: o poder militar na América Latina (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978).
O religioso trabalhava na América Latina desde 1958 e, devido às suas ideias, foi perseguido pelo regime militar brasileiro, chegando a exilar-se no Chile. Em 1972, voltou ao Brasil, onde foi preso e deportado para a Bélgica. Só em dezembro de 2010 o pedido de sua deportação foi oficialmente extinto pelo governo brasileiro.
(Fonte: Terra Brasilis).
(...) Padre Comblin (...) ordenou-se sacerdote em 1947 e doutourou-se em Teologia pela Universidade Católica de Louvain. Desde 1958 trabalhava na América Latina, começando por Campinas. Logo em seguida foi assessor da Juventude Operária Católica, tornando-se professor da Escola Teológica dos Dominicanos em São Paulo, tendo como alunos Frei Betto e Frei Tito. Em 1965 foi para o Chile. A convite de D. Hélder Câmara voltou ao Brasil para lecionar no Recife, onde foi professor no famoso Instituto de Teologia. A partir de 1969 esteve à frente da criação de seminários rurais em Pernambuco e na Paraíba. A metodologia utilizada para os seminários era adaptada ao ambiente social dos seminaristas. Foi expulso do
Brasil em 1971 pelo regime militar. Exilou-se no Chile durante 8 anos, onde também esteve à frente da criação de um seminário em Talca, em 1978. Em seu livro A Ideologia da Segurança Nacional, publicado em 1977, destrinchou a doutrina que servia de base para os regimes militares na América Latina. Foi expulso por Pinochet em 1980. De volta ao Brasil, radicou-se em Serra Redonda (Paraíba), onde fundou um seminário rural e esteve à frente da formação de animadores de comunidades eclesiais de base. A metodologia para os seminários foi aprovada pelo papa Paulo VI, mas desaprovada por João Paulo II, quando da ascensão do conservadorismo católico que domina até os dias de hoje a Igreja Católica.
Alguns dos seus livros:
a. Le Pouvoir Militaire en Amérique Latine. L'Idéologie de la Securité National. Paris, Éditions Jean Pierre Delarge, 1977.
b. Théologie de la Révolution. Paris, Universitaires, 1970.
c. Teologia da Libertação, Teologia Neoconservadora e Teologia Liberal. trad. port., Petrópolis, Editora Vozes, 1985.
d. Teologia da Reconciliação. Ideologia ou Reforço da Libertação. trad. port., Petrópolis, Editora Vozes, 1986.
e. Curso básico para animadores de comunidades de base. São Paulo: Editora Paulus, 1997.
f. Cristãos rumo ao século XXI - Nova caminhada de libertação. São Paulo: Editora Paulus, 1997.
g. O povo de Deus, São Paulo: Editora Paulus, 2002.
h. Quais os desafios dos temas teológicos atuais?. São Paulo: Editora Paulus,2005
Rudá Ricci.
(Matéria extraída do blog http://ContextoLivre.blogspot.com/ ).
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Teologia da Libertação. Padre José Combim.
CONTAMINAÇÃO NUCLEAR LIGEIRAMENTE GRAVE
Empresa nega que radiação em usina seja 10 milhões de vezes acima do normal
A empresa que controla a usina nuclear de Fukushima, no leste do Japão, negou neste domingo que os níveis de radiação na água localizada próximo do reator 2 da usina estejam 10 milhões de vezes acima do normal, como foi informado anteriormente.
De acordo com a Tokyo Electric Power Company (Tepco), a água localizada abaixo do reator 2 certamente está contaminada, mas não no nível divulgado pela Agência de Segurança Nuclear japonesa. A Tepco informa que outra leitura da água está sendo feita.
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Não são 10 milhões de vezes acima do normal; serão 10 mil? Faz lembrar aquela história do fim do mundo: "Você falou que o mundo vai acabar em 10 milhões de anos?! O quê? 10 bilhões?!! Ah, ainda bem, eu havia entendido 10 milhões!" Só que, aqui, não é 'história', é vida real; e se radiação nuclear mil vezes acima do normal já é um desastre, o que dizer de 10 mil, ou 100 mil vezes?
A propósito: a empresa Tepco, controladora da usina nuclear, foi pilhada várias vezes em falsificação de informações e é contumaz na prática de burla a normas de segurança.
Charge: Chappatte.
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Japão. Radiação nuclear. Chappatte.Tepco.
sexta-feira, 25 de março de 2011
O JUÍZO DE REINALDO AZEVEDO
Sei pouco sobre o Piauí, confesso, além daqueles índices do IBGE, nada abonadores. A primeira referência, pra mim, é o poeta mais elaborado do século 20: Mário Faustino, um gigante. Nesse quesito, entendo, nada se iguala ao Piauí. É o primeiro! A segunda, numa outra faixa, é o letrista Torquato Neto. O fato é que boa parte dos piauienses tem motivos para achar aquele estado um “cu”, tomado o substantivo como metáfora de coisa ruim. Aliás, boa parte dos paulistas tem motivos para dizer o mesmo de São Paulo; boa parte dos cariocas, o mesmo do Rio, assim como os mineiros, de Minas, e, obviamente, os brasileiros, do Brasil!
“Ah, piauiense pode falar mal do Piauí; paulista, de São Paulo, e carioca, do Rio, mas gente de fora tem de ficar quieta!” Por quê? Aliás, há um troço curioso nesses casos: quanto mais adversas são as condições de vida para boa parte da população, mais se açula o espírito bairrista, mais as pessoas se zangam com a crítica, mais defendem o indefensável.
Não, eu não acho que a linguagem empregada pelo tal ator seja a melhor possível, não como expressão, sei lá, de uma crítica orientada segundo os critérios da economia política. Mas era só um cidadão dizendo suas bobagens no Facebook, como fazem milhões de pessoas hoje em dia. É claro que algumas pessoas podem se zangar com isso e também têm o direito de se expressar. No limite, podem tentar organizar um boicote à sua peça. É coisa típica de caipira ressentido, mas vá lá… Proibir, no entanto, como fez o deputado petista, a apresentação do espetáculo? Aí estamos diante de uma manifestação típica de ditaduras.
E aqueles que pretendem promover uma “ovada” contra o ator? Bem, entendo que se trata de uma agressão e, como tal, de um crime. Mas que, se realizada, tende a ser tolerada, quem sabe em nome da “liberdade de expressão”… Se essa gente está brava, deveria é se esforçar para deixar claro que o Piauí não é um “cu” no que se refere, ao menos, aos direitos fundamentais garantidos pela Constituição.
Eu nem sei quem é esse tal Marauê. Sei que o deputado petista Fábio Novo se comporta como um dinossauro, um censor, um agente da ditadura. A única coisa que caberia a um democrata seria garantir a segurança para a apresentação da peça. O teatro até poderia estar às moscas, como conseqüência da revolta de alguns piauienses. Os indignados poderiam demonizar o ator à vontade no Facebook, demonstrando, se quisessem, que nada há no mundo tão bom quanto Teresina…
Há, sim, uma tentação macarthista no Brasil. Inventamos o macarthismo do bem, o macarthismo da inclusão, o macarthismo da igualdade, o macarthismo da justiça social, o macarthismo dos oprimidos. Em nome desses valores, se preciso, o Brasil censura, discrimina, sataniza…
O general Figueiredo mal sabia como estava revelando a alma de certos democratas quando indagado sobre o que faria se alguns setores, no país, reagissem mal à abertura democrática. Ele não teve dúvida: “Eu prendo e esfolo”. Muita gente respirou aliviada. Se é assim, então a abertura é pra valer…
Por Reinaldo Azevedo
REINALDO E VERÍSSIMO NO RISADINHA
As tiras de Luís Fernando Veríssimo e os cartuns de Reinaldo, da turma do Casseta & Planeta Urgente, estão na seção Humor Gráfico, divulgadas na edição deste ano do "Risadaria - muito além da piada", evento realizado na Bienal do Parque do Ibirapuera, em São Paulo. As criações dos dois estão divididas em quatro painéis para cada, que trazem, em tamanho ampliado, algumas obras.
Na parte destinada às charges de Veríssimo, o grande destaque é a tira "As Cobras", que foi publicada em diversos jornais do País até 1999 e atualmente comprece no portal Terra Magazine.
No espaço reservado para o outro cartunista, o evento destaca a trajetória de Reinaldo Batista Figueiredo, que ficou conhecido pelo grande público por fazer parte do Casseta & Planeta Urgente, atração que foi exibida pela Rede Globo por 18 anos, quando saiu do ar no fim do ano passado.
Reinaldo desenha desde 1974, quando trabalhava em "O Pasquim”. O humorista agora faz charges semanais para o jornal carioca O Globo. Entre as artes criadas pelo casseta que deu vida à Ótima Bernardes, imitação da jornalista Fátima Bernardes, estão o personagem Leonard Plume, definido como crítico de jazz da revista Down Bitch, e os livros "Noite de Autógrafos" e "Desenhos de Humor".
ENTREOUVIDO NAS IMEDIAÇÕES DA SÃO BENEDITO
- E o ator que agrediu Teresina no facebook?
- Não faço ideia. Deve ter ido caçar níqueis em outras paragens.
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Entreouvido. Agressão facebook. Marauê Carneiro.
PODER ESPÚRIO DE POLÍCIA
Famílias residentes no Morro do Bumba protestavam ontem, 24, em Niterói-RJ em face do atraso da concessão de auxílio-desabamento por parte da Prefeitura. Em meio ao aglomerado, um policial militar - flagrado por fotógrafo do jornal O Globo - lançou spray de pimenta no rosto de uma criança (foto).
Anteontem o país foi atropelado por vídeo em que sete policiais de Manaus-AM trucidaram, em agosto de 2010, um jovem de 14 anos, dando-lhe cinco tiros à queima-roupa, dos quais quatro no tórax. O adolescente escapou milagrosamente.
É o poder espúrio de polícia. Quosque tandem?
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Poder espúrio de polícia. Spray de pimenta.
AS QUE FICARAM
Que frase é a marca do século XX? Ailton Medeiros listou quatro, das quais três me parecem candidatas fortíssimas:
- Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás. (Che Guevara)
- É um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade. (Neil Armstrong)
- No futuro, todas as pessoas serão famosas durante 15 minutos. (Andy Warhol)
- A terra é azul. (Yuri Gagarin)
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Certo, certo, mas tem aquela do Groucho Marx, aquela do Churchill, a do Bertrand Russell, aquela do Mahatma, a do Carlitos, a do Neruda, aquela definitiva do Ortega y Gasset...
quinta-feira, 24 de março de 2011
SALÃO MEDPLAN
Tema: CONSUMISMO.
Inscrições: até 22 de maio; abertura: 08 de junho.
Regulamento: http://jota-a.blogspot.com/
A CHARGE DO SOLDA
Os WASPs e outros patrícios de Tio Sam desde sempre rotulam os latinos em geral de macaquitos e/ou cucarachas.
Eis que o cartunista Solda, aproveitando a visita de Barack Obama, publicou no (site do) Jornal O Estado do Paraná desenho em que um macaquito anfitrião lista as iguarias a serem oferecidas, entre as quais o 'must': bananas. Elas por elas.
Ocorre que a charge foi vista como racista (o macaquito seria Obama). O blog Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, deu repercussão nacional ao equívoco.
Alertado hoje por um amigo, deparo com a notícia de que o (site do) jornal O Estado do Paraná demitiu o Solda, um cara porreta que há mais de trinta anos labuta com artes gráficas (incluindo texto) e é respeitado e admirado por seu trabalho.
Que jornalistas e leitores se equivoquem (mesmo que a leitura eleita torne sem sentido a ideia da charge, como no caso presente), tenta-se compreender. Mas o jornal O Estado do Paraná jamais poderia ter embarcado nessa. Deplorável.
Minha solidariedade ao amigo Solda, Verinha e todos os seus parceiros.
http://cartunistasolda.blogspot.com/ .
quarta-feira, 23 de março de 2011
LIZ, CÂMERA, AÇÃO
Elizabeth Taylor.
27.02.1932 - 23.03.2011
Fez mais de 60 filmes. Entre eles, o longa-metragem "Cleópatra", sua 'marca'.
A carreira de Taylor deu duas estatuetas de melhor atriz à estrela, por "Disque Butterfield 8" (1960) e "Quem Tem Medo de Virginia Woolf" (1966), considerada sua melhor atuação.
Caricatura: João de Deus Netto.
http://cinemascopeblog.blogspot.com/ .
VIDA À PAMPA
Galáxia abrigaria até 2 bilhões de "Terras", diz pesquisa
Apenas na nossa galáxia, a Via Láctea, podem existir até 2 bilhões de planetas de tamanho semelhante ao da Terra. E isso é apenas a ponta do iceberg estelar. Cientistas estimam que existam mais de 50 bilhões de outras galáxias no Universo.
Os primeiros dados do telescópio Kepler, divulgados em fevereiro, mas reunidos agora em um novo estudo de pesquisadores do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, na Califórnia, sugerem que entre 1,4% e 2,7% das estrelas parecidas com o Sol possam ter planetas com tamanho entre 0,8 e 2 vezes o da Terra.
A maioria deve estar na chamada zona habitável - a distância da estrela que permite a presença de água líquida, considerada condição essencial à vida.
Esse detalhe animou os cientistas. "Com um número assim tão grande [de planetas com tamanho parecido com o da Terra], há uma boa chance de existir vida, talvez até inteligente, em alguns deles", disse ao site Space.com o astrônomo da Nasa José Catanzarite, um dos responsáveis pela pesquisa.
Ainda assim, nas cem estrelas semelhantes ao Sol mais próximas da Terra (a até umas poucas dezenas de anos-luz daqui) deve haver apenas duas com planetas do tamanho do nosso.
Mas, segundo os autores do trabalho publicado no "Astrophysical Journal", a quantidade de "gêmeas" nas redondezas pode aumentar. Catanzarite notou que outro tipo de estrela - as gigantes vermelhas - também pode abrigar planetas desse tipo.
Nesses astros, que são mais antigos e já esgotaram o suprimento de gás hélio, a detecção é mais complexa. Os cientistas pretendem localizar os planetas pela força gravitacional que eles exercem, e não por alterações no brilho da estrela, como no telescópio Kepler.
Como estrelas desse tipo são bem mais comuns do que as do tipo do Sol, é muito provável que possam existir ainda mais "Terras" por aí.
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Comentário acerca da possibilidade da existência de vida inteligente em 'n' galáxias/planetas: dispensado.
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Vida. Galáxia. Via Láctea. Planetas habitáveis.
terça-feira, 22 de março de 2011
O BRASIL DA CLASSE MÉDIA
O Brasil que “bomba” vira país de classe média
Por Brizola Neto
Os economistas do “Brasil da Roda Presa” – nome genial dado por Dilma Rousseff aos que vivem nos “advertindo” contra o risco do crescimento econômico – vão ter de inventar uma nova rodada de explicações sobre o que, para eles, é inexplicável.
Os defensores da tese do “esperem o bolo crescer para depois repartir” e do “arrocho contra a crise” não têm o que dizer diante de cada dado que surge sobre a distribuição e crescimento da renda no Brasil.
Desta vez, foi uma insuspeita pesquisa encomendada pelo BGN Cetelem – sucursal do francês BNP Paribas - um dos maiores conglomerados financeiros do mundo – que mostra não apenas que é enorme a ascensão social no Brasil no segundo governo Lula como esta se tornou gigantesca com a opção pelo aumento da renda, do consumo e da produção que fizemos a partir de meados de 2009 e durante o ano de 2010.
Entre 2005 e 2009, no Brasil, 26 milhões de brasileiros deixaram as classes DE e alcançaram a classe C. Dos que estavam na classe C, quatro milhões saíram dela para se integrarem às classes AB.
Pois bem: só em 2010, esse movimento quase igualou os números daqueles cinco anos em matéria de saída de brasileiros da pobreza: quase 19 milhões de pessoas deixaram as classes DE. E mais expressivo ainda foi o trânsito de pessoas em direção às classes média/alta e alta: apenas em 2010, 12 milhões de brasileiros alcançaram as classes AB.
É por isso que a distribuição da população do Brasil por renda deixou de ser uma pirâmide, onde uma enorme base suportava um pequeno contingente, e passou a ter o formato de balão, onde o crescimento econômico em geral impulsiona para cima todo o conjunto da sociedade. Repare o gráfico: em 2005, as classes AB e C juntas correspondiam a 49% da população; em 2010, elas somavam 74%. Já a pobreza, nas classes DE, mesmo com o acréscimo populacional, diminuiu à metade no mesmo período.
Fonte: http://www.tijolaco.com/
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Brasil. O Brasil da classe média: 2005;2010.
A LÍBIA E OS OUTROS
Nos anos setenta/oitenta do século passado, o Apartheid de Botha e DeClerk da África do Sul foi punido com enérgicas sanções impostas pela ONU. Não se cogitou bombardear o país. Deu certo: o regime se esfarelou, Mandela foi libertado e se tornou o primeiro presidente democraticamente eleito.
Na Líbia do parangolérico Kadafi, a ONU, 'para proteger os civis', e a título de assegurar zona de exclusão aérea, lança bombas pretensamente 'cirúrgicas'. Exclusão aérea, até onde sei, diz respeito a espaço aéreo, a 'objetos voadores identificados'; como se explicam as bombas sobre instalações, se não houve 'invasão' aérea por parte do governo líbio?
Enquanto isso, o Bahrein segue seu curso, sob o comando de seu simpático (para EUA e OTAN) ditador, não obstante sucessivas mortes de civis. Já no Iêmen, o supremo (e igualmente simpático) dirigente afirma que só se dispõe a entregar o poder no fim do ano.
Contradições em série.
SOBRE A PROPOSTA PELUSO
O presidente do STF, Antonio Cezar Peluso, propõe uma mudança na Constituição, que consistiria no seguinte: as ações não teriam mais três ou quatro instâncias, mas se encerrariam na segunda. Os processos teriam sua execução iniciada imediatamente após a decisão de segundo grau. As partes que desejassem ter sua tese jurídica analisada pelo STF poderiam fazê-lo em ação autônoma, mas que não suspenderia a execução da causa.
A proposta consolidaria uma tendência iniciada com a reforma do Judiciário (emenda constitucional 45/04) e com os pactos feitos pelos três poderes para tornar a Justiça mais eficiente, republicana e acessível, o que modificaria o papel do STF, última instância de todos os processos brasileiros.
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A seguir, manifestação contrária à proposta do ministro, colhida no blog de Luis Nassif, formulada pelo comentarista H. C. Paes e dirigida a um outro comentarista (os grifos são meus):
A primeira instância (juízes) julga; a segunda (desembargadores) corrige a sentença, se necessário e conveniente; a terceira (STJ) uniformiza a jurisprudência. A estrutura é ótima, a execução é que ruim e a legislação, ultrapassada.
Entre os pardieiros que são os colégios de desembargadores e o STJ, fico com o STJ, se queres minha opinião. Aliás, Paulo Medina só vem a mostrar que é um dos poucos tribunais que cortam na própria carne (sei muito bem que o Medina foi aposentado pelo CNJ... mas o processo foi conduzido por Gilson Dipp e a votação foi unânime).
A justiça estadual reflete o paroquialismo do Executivo estadual. O processo de preenchimento das vagas no STJ é bastante equilibrado, em contraste. Tanto que, no caso dos Capiberibe, foi o judiciário estadual nomeado pelo Sarney que instrumentalizou a patranha.
Todas as cortes têm defeitos, inclusive o STJ, mas a idéia de duas instâncias colegiadas ao invés de uma (colégios de desembargadores e STJ) é excelente: o colégio estadual ou (o) TRF consubstanciam a dinâmica regional (isso é uma maneira gentil de dizer que o paroquialismo tem oportunidade de se manifestar nessa altura), e o STJ unifica a justiça infraconstitucional. A morosidade da justiça existe por outros motivos, tais como múltiplos recursos regimentais.
Antes de fazermos comparações com outros judiciários, temos que lembrar que o Brasil é a única democracia de grande porte em que vigora a Lei Civil (Direito Romano-Germânico). Os Estados Unidos e a Índia usam Lei Comum (Direito Anglo-Saxão), e a Indonésia usa Direito Consuetudinário (ou seja, toma por base os costumes - nota deste blog). A China não é uma democracia e a Rússia é, digamos, uma democracia tutelada. Ou seja, para um país do nosso porte, uma terceira instância colegiada para apelação faz sentido. Se fôssemos um país de tamanho europeu, ou mesmo do tamanho do México, talvez fizesse sentido termos apenas primeira instância e desembargo.
Ao invés de surfarmos na onda do Peluso, seria melhor esperarmos o Novo Código de Processo Civil ser posto em vigor e constatarmos o alcance de seus efeitos. A justiça é lenta no mundo inteiro. Espero que esse desatino não vá em frente.
segunda-feira, 21 de março de 2011
domingo, 20 de março de 2011
CARICATURAS LITERÁRIAS
Fernando Gomes de Morais (Mariana - MG, 1946) é um jornalista, ex-político e escritor brasileiro. Sua obra literária é constituída por biografias e reportagens.
Seu primeiro sucesso editorial foi A Ilha(Livro), relato de uma viagem a Cuba. A partir daí, abandonou a rotina das redações para se dedicar à literatura. Pesquisador dedicado e exímio no tratamento de textos, publicou biografias e reportagens que viraram best sellers no Brasil e em outros países, tornando-se um dos escritores brasileiros mais lidos de todos os tempos.
Em 2003, tentou uma vaga na Academia Brasileira de Letras, mas foi derrotado por Marco Maciel, ex-senador e ex-vice-presidente da República.
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Leia e veja mais em http://picinezblog.blogspot.com/ , o blog literário de João de Deus Netto - autor da caricatura acima.
AGENDA TERESINA
FESTIVAL NACIONAL DE VIOLÃO DO PIAUÍ
DE 07 A 10 DE ABRIL DE 2011
http://fenaviolaopi.blogspot.com/ .
CONFLITO LÍBIO
Por Bernd Riegert,
da Deutsche Welle
Ao iniciar ataques contra alvos na Líbia, sob liderança francesa, a coalizão internacional se lança a uma aventura perigosa. Não será possível vencer as tropas do líder líbio com algumas investidas aéreas isoladas. As forças líbias podem simplesmente recuar e, se necessário, esperar semanas, sitiar Bengasi ou cortar o abastecimento de água.
Muamar Kadafi controla 80% da Líbia, dispõe de todos os recursos necessários. Se a coalizão não estiver disposta a aniquilar toda a defesa aérea e a Aeronáutica da Líbia com ofensivas maciças, há pouco o que possa fazer para fazer valer na prática a zona de exclusão aérea.
Entretanto, nos Estados Unidos não é muito acentuada a inclinação a se engajar de forma maciça. O presidente Barack Obama rejeitou expressamente o emprego de tropas de infantaria e uma mobilização por prazo mais longo. É totalmente nebuloso o que se pretende alcançar com essa operação militar. Caso se trate de proteger os civis contra Kadafi, então a coalizão deve se preparar para meses de ação militar. Pois o líder tem tempo, ele pode esperar.
Uma intervenção de fora só faz sentido se tiver como fim eliminar o regime de Kadafi. Para tal, seriam necessárias investidas direcionadas e intensas contra as dependências do governo em Trípoli e os presumíveis locais de permanência do líder líbio. Sem mudança de regime, não há perspectivas de uma solução estável para a Líbia. Acontece que, pelo menos publicamente, os participantes da cúpula extraordinária de Paris ainda excluem a meta "troca de regime" – que não está prevista na resolução da ONU.
Também no caso desta guerra, vale o princípio: se você entrar, tem que saber como e quando pode terminar a luta. Eu temo que, apesar da lição das guerras dos Bálcãs, do Iraque e do fiasco da Somália, a coalizão se deixou envolver nessa guerra civil, talvez por motivos nobres. Como terminará, é ainda impossível prever.
Por isso, é acertada a decisão do governo alemão de não participar do conflito militar. Mesmo que o preço seja a unidade europeia. Tampouco é a solução mais feliz entregar o papel de comandante ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, no momento sofrendo pressão política interna. Sarkozy tende a decisões impulsivas.
Se a coalizão tiver muita sorte, o imprevisível ditador Kadafi aceitará um cessar-fogo e se submeterá às Nações Unidas. Se tiver azar, o imprevisível, psicopático Kadafi irá ameaçar com armas de destruição em massa. Estarão a França e a Itália preparadas para que um Kadafi acuado envie seus bombardeiros sobre Nápoles ou sobre Marselha? Isto, ele pelo menos já ameaçou.
Se a iniciativa internacional custar um grande número de vítimas civis na Líbia, então a apoiadora opinião pública no Ocidente e no mundo árabe se reverterá – contra a coalizão. Começou uma aventura perigosa, com desenlace incerto.
sábado, 19 de março de 2011
CRISTO REVISITADO
"Os leitores mais atentos e fiéis do Balaio já sabem que não simpatizo muito com o papa Bento 16, o ultra conservador líder religioso alemão que está fazendo de tudo para esvaziar os templos da Igreja Católica.
Desta vez, dois mil e onze anos depois da primeira versão sobre sua passagem pela terra, o Papa simplesmente resolveu inventar uma nova biografia do Filho de Deus no livro “Jesus de Nazaré, da Entrada em Jerusalém até a Ressurreição”, (...) em que ele nega que Cristo tenha sido um “revolucionário”.
Para ficar de acordo com as suas obsessões e gostos pessoais, e adaptá-la mais às conveniências das sacristias do que à vida dos cristãos, simples mortais como todos nós, nesta biografia o Papa afirma que Jesus “não vem ao mundo como um destruidor”, mas “com o dom da cura”, para revelar “o poder do amor”.
Para começo de conversa, quem foi que disse essas coisas que ele desmente e as que proclama? De onde tirou isso?
Bento 16 nega uma afirmação que nunca ninguém fez para fazer uma outra que reduz seu papel na história a um curandeiro amoroso. Quem foi, aonde foi que se chamou Jesus de “destruidor”?
No segundo volume do seu livro sobre a vida de Jesus Cristo, o Papa-biógrafo escreve como se fosse testemunha ocular, um contemporâneo dele: “Jesus, com sua mensagem e modo de agir, inaugurou um reino não político do Messias e começou a separar uma coisa da outra”.
Nem Cristo separou política de religião, como me ensinaram os padres no colégio onde estudei, e assim aprendemos por toda parte até hoje, lá aonde a Igreja sobrevive aos dogmas papais, nem Bento 16, exatos 2010 anos depois, foi capaz desta proeza, como demonstrou ainda no ano passado ao utilizar seu cargo para convencer bispos brasileiros a apoiar a candidatura presidencial de José Serra.
A hipocrisia do sumo pontífice, que escreve uma coisa no livro e na vida real pratica outra exatamente oposta, fica clara no contundente artigo “O Cristo que vive entre nós” escrito pelo meu velho e brilhante amigo Mauro Santayana, um jornalista que entende tanto de religião como de política.
“A afirmação mais grave do Papa, de acordo com o resumo de suas ideias, é a de que política e religião são instituições separadas a partir de Cristo. A própria história do Vaticano o desmente. A Igreja Católica _ e todas as outras confissões religiosas _ sempre estiveram a serviço do poder político, e em sua expressão mais desprezível.
Para não ir muito longe na história - ao tempo da associação entranhada entre os reis, os imperadores e o Vaticano, durante a Idade Média -, bastam os exemplos do nosso século. Os documentos existentes demonstram o apoio da Igreja a ditadores como Hitler, considerado, por Pio XII, como `um bom católico´.
(…) Por acaso, não se trata de uma escolha política do Vaticano a rápida canonização do fundador da Opus Dei, como santo da Igreja, e o esquecimento de grandes papas, como João 23, e de mártires da fé, como o bispo Oscar Romero, de El Salvador?”.
Sem citar a Teologia da Libertação, seu alvo predileto desde os tempos de cardeal da inquisição responsável no Vaticano pelo julgamento de religiosos progressistas como Leonardo Boff, o frade brasileiro banido da Igreja Católica, o Papa se refere a “uma onda de teologias políticas e de teologias da revolução”, na década de 1960, que teriam por objetivo “legitimar a violência como meio para instaurar um mundo melhor”.
Pelos relatos até agora divulgados, embora queira defender exatamente o contrário, negando o papel político e revolucionário de Jesus Cristo na História, Bento 16 escreveu outro livro mais político do que religioso, mais ideológico do que teológico. Mauro Santayana foi direto ao ponto:
“Ao negar a essencial ligação entre a fé cristã e a ação política, o Papa vai além do seu velho anátema contra a Teologia da Libertação, surgida na América Latina, um serviço que ele e Wojtyla prestaram, com empenho, aos norte-americanos. Ele se soma aos que, hoje, ao separar a política da ética da justiça, decretam o fim da esquerda”.
O Papa pode brigar com fatos históricos de dois milênios atrás, mas parece bem informado sobre as dificuldades que a Igreja sob o seu comando enfrenta nos dias presentes, com a constante e crescente diminuição do seu rebanho.
Escreve ele: “Hoje o barco da Igreja, com o vento contrário da História, navega através do oceano agitado do tempo. Muitas vezes temos a impressão de que vai afundar. Mas o Senhor está presente e chega no momento oportuno”.
Que “vento contrário da História” é esse? Por acaso não é o que ele mesmo está soprando para afastar a Igreja dos seus fiéis, radicalizando cada vez mais no seu conservadorismo, perseguindo quem não come na sua mão?
De onde ele tirou esta “impressão de que vai afundar?” Quem lhe contou? Será que o Papa caiu na real? E o que ele fez até agora para evitar que isto aconteça, além de esperar pela divina providência?
Se alguém tiver respostas para estas questões todas, pode enviá-las ao Balaio. Caso contrário, será preciso esperar pelo lançamento do livro no Brasil que será feito pela editora Planeta."
(Ricardo Kotscho, jornalista, artigo 'Bento 16 inventa novo Cristo em livro', no blog Balaio).
http://colunistas.ig.com.br/ricardokotscho
LONGE DA KRYPTONITA
Por Humberto.
P.c. (post charge): Razão do título: é que, 'lá', há o reacionarismo do Tea Party e do Partido Republicano, kryptonitas totais.
sexta-feira, 18 de março de 2011
quinta-feira, 17 de março de 2011
O PRÉ-SAL E O CONSELHO BRASIL-EUA
"Em um momento em que o petróleo registra preços recordes e nações produtoras no Oriente Médio e no norte da África estão em crise, o presidente americano, Barack Obama, chega ao Brasil neste sábado de olho no potencial do país de se tornar um grande fornecedor para os Estados Unidos no futuro.
Além de ministros do setor de energia, Obama viaja acompanhado também de dezenas de empresários. Segundo o diretor-executivo do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos da Câmara de Comércio americana, Steven Bipes, depois de passarem por Brasília, esses empresários irão ao Rio analisar as perspectivas de investimento nas áreas de petróleo e gás.
O Brasil já é auto-suficiente em petróleo, com produção diária de 2,1 milhões de barris, equivalente ao consumo doméstico. A exploração do pré-sal, porém, amplia em muito esse potencial. Segundo projeção da consultoria IHS Cera, até 2030 o Brasil poderia exportar cerca de 2,5 milhões de barris de petróleo bruto por dia.
Esse potencial, no entanto, depende de investimentos e de alta tecnologia, devido às dificuldades de extração de petróleo na camada do pré-sal, a uma profundidade de até 7 quilômetros abaixo do leito do mar.
Há entre os americanos um grande interesse em investir no setor. “O pré-sal vai criar muitas oportunidades de comércio e investimentos para empresários americanos das cadeias de petróleo e gás”, diz o Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos.
No entanto, o conselho alerta que, apesar das oportunidades, “ações regulatórias” por parte do governo brasileiro, como restrições a estrangeiros em processos de exploração e produção, podem dificultar a participação de empresas americanas. Porém, mesmo com as dificuldades envolvidas, analistas afirmam que as descobertas do pré-sal podem aumentar a importância estratégica do Brasil para os Estados Unidos.
“Cria oportunidades para os Estados Unidos diversificarem seu portfólio de importação de petróleo, para longe do Oriente Médio, potencialmente longe da Venezuela”, disse à BBC Brasil a analista Julia Sweig, do Council on Foreign Relations, em Washington. “A dimensão energética das capacidades do Brasil é de importância estratégica para os Estados Unidos.”
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O texto acima é da BBC Brasil, e é meu o destaque ao ALERTA do diretor-executivo do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos. Os americanos podem sobretaxar o etanol brasileiro (16 centavos de dólar por litro), impedindo a plena entrada do produto brasileiro nos EUA, mas o Brasil não pode tratar o Pré-Sal como questão prioritária nacional, mesmo que esteja assegurada a participação de empresas americanas, entre outras, na venda de equipamentos e aplicação de investimentos nas áreas de petróleo e gás (no que couber). Quem não é auto-suficiente em energia, como os EUA, deveria dar graças aos céus ao deparar com o potencial do Brasil - e isso, relendo 'geopoliticamente' a matéria, e não obstante o arroubo do diretor, parece estar ocorrendo.
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Charge de Cerino.
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Visita de Obama. Conselho Brasil-EUA. Pré-sal.
ARMADILHA DO BEM
O cão Pinpoo, que sumiu no dia 2 deste mês na capital gaúcha, foi encontrado ontem graças a uma armadilha feita por Paulo Roberto Ribas da Silva, sargento do Batalhão de Aviação da Brigada Militar (polícia gaúcha) de Porto Alegre. O animal foi entregue na noite de ontem à sua dona, a aposentada Nair Flores, de 64 anos.
A angústia da aposentada começou no dia 2 de março, quando ela contratou os serviços da Gollog para despachar Pinpoo, um filhote de 11 meses, cruza das raças pinscher e poodle, de Porto Alegre para Vitória (ES), de onde o animal seria levado para Guarapari (ES) para acompanhá-la em férias. Como o cachorro não chegou ao destino, a dona voltou a Porto Alegre e passou a procurá-lo diariamente no Aeroporto Salgado Filho. Na busca, chegou a sofrer uma torção de tornozelo, o que a deixou temporariamente impedida de dirigir.
Na segunda-feira, moradores de Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre, enviaram a funcionários do aeroporto um cachorro semelhante a Pinpoo. Nair foi imediatamente ao local, onde encontrou um animal maltratado, com feridas pelo corpo e comportamento estranho. Embora tenha pelos, olhos e idade semelhantes aos de Pinpoo, o cão não fez festa no encontro e se manteve indiferente. Como ficou em dúvida, a aposentada internou o cachorro numa clínica, para tratamento e banho. Após isso e um novo exame, Nair se convenceu de que aquele animal não era o Pinpoo.
Condoído pela história do cão perdido, Ribas da Silva bolou um plano para capturar o animal, que às vezes aparecia no Aeroporto Salgado Filho no período da noite à procura de alimento. "Coloquei comida em um pote e deixei dentro de uma sala. Ele entrou para comer a ração com pedaços de carne de galinha e eu o peguei", disse o sargento, orgulhoso.
Segundo Ribas da Silva, Pinpoo andava há dias pelos arredores do aeroporto. "Ele parecia assustado com a movimentação do local." O sargento acompanhava a história do cachorro pela imprensa e reconheceu Pinpoo pelas imagens veiculadas na mídia e por fotos distribuídas aos funcionários do aeroporto. "Acompanhei a entrevista da dona dele na imprensa e me comovi muito. Eu tenho dois cachorros e mexeu muito comigo ver o desespero dela." (Agência Estado).
Foto: Ronaldo Bernardi. Zero Hora.
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Para a história ficar completa, só falta que "o cachorro semelhante ao Pinpoo" seja adotado - por dona Nair ou outra pessoa que goste do amigão.
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