domingo, 31 de outubro de 2010

ECOS DA ELEIÇÃO


1. O Brasil é mesmo singular: aqui, o derrotado só se manifesta após o vitorioso. Foi assim que agiu o belicoso José Serra, que, aliás, a despeito de sapecado deu mostras de não pretender pendurar as chuteiras.
2. Não se sabe o paradeiro de um certo pastor Silas Malafaia, fiel escudeiro do candidato derrotado. As ironias quanto a ele são muitas, mas é fato que não seria o caso de partir-se para trocadilhos infames como o de que O PLANO MALAFAIA MALAFAIOU.
3. No mais, está sendo bonita a festa, pá!

UM DIA BOM


HABEMUS PRESIDENTA!

Aproveito para fazer minhas as palavras de um amigo: à presidenta, meus votos de que tenha a convicção nas horas certas e o bom senso sempre.

NOVÃO EM (GREEN) FOLHA


De parabéns meu amigo Biratan Porto, consagrado cartunista paraense, por seus 60 anos.
Bira continua serelepe, conforme se constata na caricatura acima, de autoria de Luiz Pinto, o Luiz Pê.
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Blog de Biratan: link ao lado.

sábado, 30 de outubro de 2010

PESQUISAS FINAIS


Instituto........Dilma....Serra........diferença pró Dilma

Datafolha.......55%......45%................10%
CNT/Sensus...57%.......43%................14%
Ibope..............56%......44%................12%
VoxPopuli......57%.......43%................14%

A sorte está lançada!
(Pensando bem, melhor lançar sorte do que bolinha de papel...).

OLD ROCKABILLY


Gene Vincent And His Blue Caps. Circa 1958.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

LIBRA ESTERLENNON


O ex-Beatle, morto em 8 de dezembro de 1980 em Nova York e que completaria 70 anos neste ano, foi escolhido pelo público para estampar esta moeda, que terá um valor de cinco libras (6 euros ou 8 dólares), mas que sairá à venda a um preço de 44,99 libras (57 euros ou 79 dólares).

DOS TEMPOS D'O PASQUIM


Madame e Seu Bicho Muito Louco, do cartunista Reginaldo Fortuna, brilharam por muito tempo no O Pasquim, semanário carioca consagrado nos anos setenta e oitenta. Ela, típica madame quatrocentona, sofisticada, ele, com um bigode malandro de dançador de tango, sempre colocando a madame em verdadeiras saias justas. Sketches impagáveis!

Na foto, os dois personagens no Salão Carioca de Humor que homenageou Fortuna, o cartunista dos cartunistas.

Esses saudosos personagens vieram à mente quando deparei com desenho de Mariana Massarani (post abaixo), que intitulei Madame Asséptica e Seu Bicho Muito Esnobe.

APERITIVO


Luzilândia.
(Ao vivo é ainda mais bonita).
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Foto: autor desconhecido - mas de muito bom gosto.

BETING BOTOU OS PINGOS


Um comentário de Joelmir Beting na BandNews TV sobre a situação econômica do Brasil gerou polêmica na web. Apresentando alguns dados econômicos, o comentarista disse que o País vive o “melhor dos mundos em 40 anos”.

"Não há nada como eleição depois da outra. Por exemplo, no segundo turno de 2002, nós estávamos no fundo do poço. Agora, no melhor dos mundos em 40 anos”.

Joelmir completou com dados. “Em 2002, inflação de 12,5, agora de 5,1; o dólar de 3,94 para 1,70; o PIB de 2,7 para agora acima de 7; desemprego de 12,7 para 6,2 e o chamado Risco-País acima de 2.400 pontos em 2002 para 174 pontos apenas, hoje - o menor da história”.

O vídeo repercutiu no YouTube e no Twitter, como um dos assuntos mais comentados. Internautas alegaram que o comentarista elencou elementos favoráveis à presidenciável Dilma Rousseff, apesar de Joelmir não ter citado nomes de partidos ou políticos. Por outro lado, alguns internautas criticaram o comentário e rebateram com outros dados econômicos. (Do portal Comunique-se).

LEMBRANDO CONSAGRADOS PERSONAGENS


MADAME ASSÉPTICA E SEU BICHO MUITO ESNOBE.

(D'après Madame e Seu Bicho Muito Louco, do genial Fortuna).

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Ilustração: Mariana Massarani.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

SEM PAPAS NA LÍNGUA


"Acho que o papa deveria se preocupar com os escândalos que pipocam todos os dias na Igreja Católica. Deveria se preocupar com os padres pedófilos, e este, a bem da verdade, é um antiguíssimo problema, sempre hipocritamente ignorado.

Deveria se preocupar com os inúmeros prelados que têm relação com a máfia. E com as investigações da justiça italiana sobre as atividade de seu banco, o IOR – Instituto para as Obras de Religião – que é, há muito tempo, um dos mais renomados do mundo em matéria de lavagem de dinheiro.

A hipocrisia vaticana se revela até mesmo no nome. Que 'obras religiosas' seriam essas?"

(MINO CARTA, jornalista).

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Que obras seriam essas? Ora, Mino, e a Opus Dei?

REINALDO, CARTUNISTA JAZZEIRO

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

MÚSICO DE FINO TRAÇO

Reinaldo e demais parceiros da Companhia Estadual de Jazz.

Revelações de Reinaldo Figueiredo, cartunista, contrabaixista, integrante do Casseta, ex-editor do Planeta Diário e do O Pasquim - e, especialmente, grande caráter:

Muita gente tem me perguntado sobre “como é essa coisa de fazer música e humor ao mesmo tempo ?…” E, por coincidência, há pouco tempo foi publicado um livro onde eu, digamos assim, faço uma ponta, apareço por alguns instantes, dando um pequeno depoimento sobre isso. O livro é do jornalista e crítico musical Roberto Muggiati, se chama Improvisando Soluções, e conta lances incríveis da vida de grandes nomes do jazz, mostrando como eles se viraram pra conseguir fazer o que fizeram. Explica até mesmo como a música salvou a vida do autor.

E o caso que eu contei no livro foi mais ou menos o seguinte:

Na verdade, minha primeira opção profissional foi a música. Sempre gostei de música instrumental, improvisada, com muito ritmo e balanço (os trios de piano/baixo/bateria da bossa-nova, Baden Powell, Jacob do Bandolim, Santana, Frank Zappa, por aí…).

Estudei no Instituto Villa Lobos, sem completar o curso, e até cheguei a trabalhar em publicidade, como músico e compositor de jingles. Mas, ao mesmo tempo, eu também me interessava pelo desenho de humor e comecei a trabalhar como cartunista e ilustrador no Pasquim, em 1974. Eu percebi que no jornalismo de humor eu podia ter um caminho profissional mais estável e interessante, mas mesmo assim continuei sempre tocando algum instrumento. Fui até pandeirista de um conjunto de chorinho, amador, que eu chamava carinhosamente de “Época de Merda” (o do Jacob do Bandolim era “Época de Ouro”, e nós estávamos nos chamados Anos de Chumbo, o tempo dos generais e da ditadura, aquela coisa chata…).

Mais tarde, em 1984, fundei, com Hubert e Cláudio Paiva, o Planeta Diário. Depois nos juntamos com o pessoal da Casseta Popular e daí a pouco, estimulados e dirigidos pelo Paulinho Albuquerque, estávamos fazendo um show de humor musical no Jazzmania, extinta casa noturna lá em Ipanema. Eu me auto-escalei para ser o baixista da banda que nos acompanhava, e assim, voltei a ser músico profissional. Essa nossa carreira de shows de humor musical começou no Jazzmania, mas apesar do nome do lugar, o show não tinha jazz. Mas mesmo com esse pequeno problema (risos) nosso show de humor musical era perfeito.

Depois dessa experiência, eu acabei conhecendo pessoas como eu, que são músicos mas que também têm outra profissão, outra atividade paralela. Alguns desses amigos estão comigo na Companhia Estadual de Jazz (CEJ), e também adoram tocar bossa-nova, samba-jazz, essas coisas. Assim como eles, eu me considero um músico que, por acaso, não é sustentado pela música. Pelo contrário, nós é que sustentamos a nossa música, e por isso nos damos ao luxo de tocar só o que a gente gosta…

Nesse nosso mundo multimídia, eu sou humorista na TV, continuo sendo desenhista de humor, publicando na revista piauí e na revista Jazz+ (provavelmente sou o único “cartunista de jazz” do Brasil, mas esse nicho de mercado é tão pequeno que só tem lugar pra um mesmo…) e continuo sendo contrabaixista. E pra quem acha que jazz não tem nada a ver com humor, só tenho uma coisa a dizer, aliás duas: Louis Armstrong e Dizzy Gillespie.

OLD CARTUM


(Sampaulo).

AINDA SOBRE A PETROBRAS


Ardorosos fãs da Petrobrax insistem em que é inviável o modelo de partilha (que o governo conseguiu implantar para o Pré-Sal no lugar do sistema de concessões), por 'n' motivos, inclusive o de o Brasil não ter dinheiro para bancar a exploração, mas na verdade estão preocupados é em arrumar um jeito de passar o 'bilhete premiado' para as empresas estrangeiras. Afinal, esse negócio de Estado Forte não é com eles.

Transcrevo a seguir didático comentário hoje feito por Filipe Mazzini no blog do jornalista Luis Nassif, explicitando a questão dos sistemas de exploração de petróleo do pré-Sal:

"(...) FCH retirou o monopólio de exploração de petróleo da Petrobras. Ele criou no país o modelo de concessões, onde a Agência Nacional de Petróleo (ANP) fica responsável por realizar leilões dos blocos de petróleo. Estes leilões começaram no governo FHC e se mantiveram no governo LULA porque assim estava previsto na lei. Não havia outra alternativa senão obedecer à legislação. Por isso, se hoje temos vários blocos na mão de empresas privadas, isto se deve a FHC.

Quando o Pré-Sal foi descoberto, o governo propôs (e conseguiu) no Congresso alterar a lei do petróleo (a de FHC) e estabelecer o modelo de partilha em substituição ao modelo de concessões. Na partilha, o petróleo pertence ao Estado e as empresas participam de licitação para explorar e produzir o petróleo. Como forma de pagamento pelo serviço, o governo remunera as empresas com um percentual do lucro da exploração. Vence o leilão a empresa que pedir o menor percentual de lucro. Nesse modelo, a parcela que fica com o Estado é a maior possivel. Outro detalhe do novo modelo é que a Petrobras tem de participar com o mínimo de 30% de todos os blocos.

Quando Dilma diz que o Serra quer privatizar o petróleo do Pré-Sal, é porque ele é contra o modelo de partilha. Ele defende o (retorno do) modelo de concessões de FHC. E, como explicado, nesse modelo os blocos são leiloados para as empresas e o petróleo extraído pertence a elas. Isto reduz o percentual das receitas que fica na mão do Estado."

PRA INGLÊS LER


Semana passada, a revista britânica The Economist deu seu pitaco: para o Brasil, a eleição do candidato oposicionista seria mais proveitosa, visto que interromperia a (para ela) danosa trajetória do atual governo.

Hoje, 27, chegou a vez do também britânico jornal Financial Times defender em editorial idêntica posição.

Os senhores do império estão inquietos. Bom sinal.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

OLD CARTUM


Bolinha não. Aviãozim de papel.
(Desconheço o autor).

ENTREOUVIDO ELEITORAL (V)


"Agora entendi: o capacete não tinha a ver com bolinha de papel, mas com o buraco negro do metrô de São Paulo..."

NOVA HOMENAGEM A LENNON

(Yoko Ono).

Inglaterra tomba apartamento de John Lennon em Londres

O apartamento em que o ex-beatle John Lennon morou com Yoko Ono, no número 34 da Montagu Place, em Londres, foi tombado como patrimônio da Inglaterra.
A placa azul que agora identifica o prédio foi revelada pela própria Yoko Ono em uma cerimônia assistida por cerca de cem pessoas, entre elas, sósias dos Beatles, neste sábado.
O presidente do Fã Clube Britânico dos Beatles, Peter Nash, presente à festa, afirmou que o endereço é um dos "três principais" em Londres para fãs dos Beatles, ao lado dos estúdios Abbey Road e do prédio que sediou a Apple, no número 3 de Saville Road.
Ironicamente, foi em Montagu Place que a polícia realizou a operação que levou à condenação de Lennon por porte de maconha – que lhe custou uma fiança de 150 libras (em câmbio aproximado, equivalente hoje a cerca de R$ 8 mil).
Anos depois, a condenação também levou ao processo de deportação do ex-beatle dos Estados Unidos, em 1971. Lennon acabou conseguindo residência após quatro anos de batalhas judicial.
Foi ainda no apartamento do subsolo do prédio agora marcado com a placa azul do English Heritage que a famosa foto de Lennon e Yoko nus, para a capa do LP Two Virgins, foi tirada.
Embora a placa cite apenas o nome de Lennon, o apartamento foi ocupado anteriormente por outros ex-beatles e pelo genial guitarrista Jimi Hendrix.
Na segunda metade da década de 60 ele pertenceu a Ringo Starr, que chegou a alugá-lo a Paul McCartney, entre outros artistas famosos.
No pequeno estúdio do apartamento de Ringo teriam sido gravadas as primeiras fitas demo de canções clássicas dos Beatles como Eleanor Rigby e Tomorrow Never Knows.
Foi também no subsolo de 34 Montagu Place que Jimi Hendrix teria gravado as primeiras versões de The Wind Cries Mary, uma das canções mais bonitas do americano.
Lennon se mudou para o apartamento na época em que os Beatles gravavam o disco The Beatles, que ficou conhecido como Álbum Branco.
Até mesmo o escritor americano William Burroughs teria gravado as suas fitas experimentais Hello, yes, hello no endereço tombado.
................
(Por Mario Cacciottolo, da BBC News).

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

ATO FALHO NO B R O BRÓ


"...NO NORDESTE, A TEMPERATURA VAI BATER OS 40 GRAUS ATÉ EM TERESINA!"

(A moça do tempo, no Jornal da Band de 25 de outubro).
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Ilustração: Mariana Massarani.

OLD PHOTO


Hitchcock.

A FORÇA DO NORDESTE


Trecho de matéria há pouco publicada por Paulo Henrique Amorim no blog Conversa Afiada:

"(...) considerações da respeitada professora Tânia Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco:

Os beneficiários do Bolsa Família – que mereceu tantos elogios de Mônica Serra – não são suficientes para explicar a votação da Dilma.
Há outros produtos da administração Lula para explicar o fenômeno da adesão do Nordeste a Lula e a Dilma, lembra a professora Bacelar.
O comércio varejista cresceu no Nordeste mais do que no Brasil inteiro.
A Petrobrás investiu maciçamente na região, a começar pela refinaria Abreu e Lima, em Suape.
Os investimentos do PAC.
A Transnordestina.
Pecem.
Os estaleiros.
Lula, segundo a professora Bacelar, quebrou o mito de que a 'a agricultura familiar era inviável'.
Ela é responsável por três de quatro empregos gerados no meio rural de todo o Brasil.
'O Nordeste liderou o crescimento do emprego formal no País, com 5,9% ao ano, entre 2003 e 2009, taxa superior à de 5,4% do Brasil como um todo e do Sudeste, que foi de 5,2%.' (...)"

NA CASA DA CULTURA



Laura Macedo, Josy Britto e Herbênia Rufino, na Casa da Cultura de Teresina, em 2009, quando da exposição comemorativa dos 80 anos do escritor Hindemburgo Dobal.

Foto: Dodó Macedo.

domingo, 24 de outubro de 2010

OLD CARTUM

BOLINHA DE PAPEL BRILHA LÁ FORA


“A los 20 minutos, el candidato recibió una llamada en su celular. Y ahí vino la sorpresa. Inmediatamente el ex gobernador puso cara de intenso dolor y alguien le alcanzó hielo para el supuesto hematoma. El show continuó con una ida al hospital Samaritano donde las primeras declaraciones de los médicos fue que el candidato no presentaba lesiones externas. Y menos aún internas, según demostró una tomografía .

No podía ser de otro modo, ya que no se conocen casos de rollitos de papel que hayan provocado daños similares al del impacto de una piedra”.

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(Jornal argentino El Clarín, edição de 23.10, ironizando a 'agressão' sofrida pelo candidato José Serra em caminhada no interior do estado do Rio de Janeiro. Nuestros hermanos só faltaram sugerir que se leia a matéria ao som de um tango).

sábado, 23 de outubro de 2010

PICLES ELEITOREIROS



Quando o desespero bate à porta, todas as machadadas passam a ser éticas.


Os escrúpulos foram mandados às favas a bordo de uma bolinha de papel.


A questão não é só a manipulação, mas a manipulação da manipulação.


Todas as fraudes são iguais perante os simulacros.


Em frente, fraudadores e fraudadoras: espinha ereta, coração tranquilo, mão leve!


Depois daquela fraude, o JN perdeu o bonde da história e virou pingente da agonia.


Lema do fraudador: O BOLSA OU A VÍDEO!


Parafraseando o Jaguar: a fraude global do vídeo é abjeta, mas o perito é genial!

ORAÇÃO DE SÃO PELÉ


Por ROBERTO VIEIRA


Ainda que eu driblasse na ginga dos homens.

Ainda que eu cabeceasse nas nuvens com os anjos.

Ainda que eu marcasse mil gols no Maracanã.

Sem o amor de Dondinho e Celeste eu nada seria.

Seria como o Mané de pernas tortas.

Perdido nas fintas de si mesmo.

Seria como o Heleno, rico e exilado.

Sozinho nas curvas de Barranquilla.

Pois.

Ainda que eu driblasse na ginga dos homens.

Ainda que eu cabeceasse nas nuvens com os anjos.

Ainda que eu marcasse mil gols no Maracanã.

Sem o amor de Dondinho e Celeste eu nada seria.

É solitário jogar pra tanta gente.

É um não contentar-se de contente.

É cuidar que se ganha e se perder.

Mas.

Ainda que eu driblasse na ginga dos homens.

Ainda que eu cabeceasse nas nuvens com os anjos.

Ainda que eu marcasse mil gols no Maracanã.

Sem o amor de Dondinho e Celeste eu nada seria.

E ainda que eu tivesse o dom da tabelinha.

Ainda que eu tivesse a ciência da paradinha.

Ainda que eu tivesse a fé que conquista a Jules Rimet.

Sem o amor de Dondinho e Celeste.

Eu nada seria…

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Fonte: blog do Juca Kfouri.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

ENTREOUVIDO ELEITORAL (IV)


"Depois de tantos textos distorcidos, falas enviesadas e vídeos nitidamente armados, cabe conjugar o verbo da hora: eu dou meus pulos, tu dás teus pulos, 'eles' manipulam". 

HAICAI SOBRE CARTUM DE CRIST


A VIDA ARREMATA:
O TEMPO É IMUNE
A CONTROLE REMOTO

DA SÉRIE CLÁSSICOS DO CINEMA

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UM PEIXE CHAMADO WANDA


Cada povo tem um tipo de humor peculiar. O humor inglês é reconhecido por sua acidez, ironia e senso de absurdo. É aquele tipo de humor que não costuma poupar ninguém. O sucesso do grupo Monty Python a partir do final dos anos 1960 e nos 15 anos seguintes ajudou a popularizar esse jeito inglês de fazer graça. A comédia Um Peixe Chamado Wanda é herdeira direta do Monty Python, tendo até dois de seus membros no elenco, John Cleese (que também escreveu o roteiro) e Michael Palin. A direção ficou por conta do veteraníssimo Charles Crichton, que estava com 80 anos quando o filme foi realizado. Uma prova de que idade avançada não significa perda de agilidade. Tudo gira em torno de um assalto milimetricamente planejado e dos desdobramentos posteriores que tomam rumos inesperados e terminam por envolver, involuntariamente, um peixinho de aquário. O ritmo do filme é vertiginoso e não perde o foco no humor em momento algum. Um humor que surge naturalmente das características de suas personagens e das situações absurdas nas quais elas se envolvem. O elenco atua em perfeita sintonia, com um pequeno destaque para Kevin Kline, que ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante por este trabalho. Depois de assistir a Um Peixe Chamado Wanda, duvido que você consiga ouvir alguém falar um idioma estrangeiro sem esboçar um sorriso. Por fim, uma piada interna/homenagem bem curiosa: o nome da personagem de Cleese, o advogado Archie Leach, é na verdade o nome de batismo do ator Cary Grant.


UM PEIXE CHAMADO WANDA (A Fish Called Wanda - Inglaterra 1988). Direção: Charles Crichton. Elenco: John Cleese, Jamie Lee Curtis, Kevin Kline, Michael Palin e Tom Georgeson. Duração: 107 minutos. Distribuição: Fox.
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Marden Machado

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

ENTREOUVIDO ELEITORAL (III)


"Qual aquela música cantada e tocada por João Gilberto, estão fazendo da verdade bolinha de papel...".

OLD PICLES

BAMBAS DO MALABARISMO


Voltando à questão da quebra de sigilos PSDBistas: o inquérito instaurado deixou patente que se tratou de Fogo Amigo: os ilícitos foram praticados por grupo do próprio partido, no que se convencionou chamar de 'guerra intestina'.

Não tem pra onde correr. Ops, tem, sim: a Globo deu modelar aula de malabarismo na tentativa de incriminar o outro lado.

Patética parece palavra demasiado incisiva para qualificar o malabarismo midiático. O termo 'divertido' soa mais adequado.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

CARTUM ATUALIZADO


- ESSA DO PANFLETO É IMPAGÁVEL!!!

O FOGO ESTÁ ESQUENTANDO


A Folha informa que o jornalista Amaury Ribeiro Jr. foi quem encomendou, em outubro de 2009, os dados fiscais de figuras do PSDB, quando dito jornalista prestava serviços ao jornal O Estado de Minas, parceiro do governo mineiro, e estava no auge o fuzuê entre Aecistas e Serristas para ver quem iria ser o candidato à Presidência, sendo que Amaury teria sido o, digamos, encarregado de elaborar dossiê em, no fundo, defesa dos interesses dos Aecistas - com as despesas requeridas custeadas pelo jornal O Estado de Minas.

Típico caso de Fogo Amigo. Que agora se pretende converter em fogo contra a inimiga.

Mas, ao fim e ao cabo, parece lícito supor que há Fogo Amigo que acaba por se converter em Tiro Pela Culatra.

A POESIA NÃO SAI DA RETA


EU TE LEVO
TU ME LEVAS
NÓS LEVITAMOS

terça-feira, 19 de outubro de 2010

CLÁSSICOS PARADISÍACOS

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CINEMA PARADISO


Fazer um filme tendo o cinema como foco é sempre muito difícil. Não é todo mundo que aprecia acompanhar os bastidores de uma produção cinematográfica. Um dos recursos mais utilizados para tratar esse tipo de assunto é mostrar os altos e baixos das celebridades. O italiano Giuseppe Tornatore escolheu um caminho diferente ao focar sua história de amor ao cinema na amizade de duas pessoas: Alfredo e Totó. A história se passa em um pequeno vilarejo no interior da Itália. O menino Totó é coroinha da igreja e fica amigo de Alfredo, projecionista da única sala de cinema do lugar, o Cinema Paradiso. O encantamento surge à medida que o pequeno Totó acompanha o trabalho de Alfredo e vai se apaixonando pela Sétima Arte. O filme é impregnado de sentimento e nostalgia, reforçado pela bela trilha sonora composta por Ennio Morricone. O humor também está presente, principalmente nas cenas com o padre censor. Um dos filmes mais premiados e de maior sucesso do cinema italiano nos anos 1980, Cinema Paradiso consegue transmitir emoção e amor ao cinema através de suas duas personagens principais, sem cair na pieguice. Um aviso: existem duas versões do filme, uma editada com 123 minutos e outra estendida, com 174 minutos. Apesar dos 51 minutos adicionais, a edição mais longa não acrescenta nada. A versão editada é muito melhor.


CINEMA PARADISO (Nuovo Cinema Paradiso - Itália 1988). Direção: Giuseppe Tornatore. Elenco: Philippe Noiret, Salvatore Cascio, Antonella Attili, Marco Leonardi e Jacques Perrin. Duração: 123 minutos. Distribuição: Versátil.
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OLD FRIEND


Fernando Costa, para sempre do Piauí e do mundo.

ECOS RODRIGUEANOS


"É UM SINAL DOS TEMPOS. O NELSON RODRIGUES FALAVA EM 'PADRES DE PASSEATA'. AGORA ASSISTIMOS AOS 'BISPOS DE PANFLETAGEM'".


(Fernando Ferro, deputado petista pernambucano, conforme coluna Painel de hoje da Folha de São Paulo, ironizando o flagra da impressão de 2,1 milhões de panfletos em gráfica paulista, contra a candidata Dilma Rousseff, encomendados por próceres da Igreja Católica, à frente o bispo de Guarulhos-SP).

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

ENQUANTO ISSO, NO LIVRE MERCADO...

Uns, de fato, fazem remarcação. Outros, como o famoso Paulo Preto, que surrupiou R$ 4 milhões doados por empreiteiras para a campanha de José Serra, fazem subfaturamento, visto que, ao que se comenta, a dinheirama efetivamente abiscoitada supera em muito o valor mencionado.

SOBRE TELEFONIA


No começo dos anos 90, vislumbrou-se a revolução que a telefonia móvel causaria no mundo.

Os espanhóis miraram o Brasil e vieram com tudo para cima do (anacrônico) sistema de telefonia fixa. Para abocanhar quase tudo, contaram com generosas gentilezas governamentais. Ganharam os tubos na origem e vêm ganhando no desenvolvimento do processo, ainda hoje em curso.

Atribuir a expansão da telefonia móvel tão-somente à privatização do Sistema Telebras é um baita equívoco. A revolução aconteceria fossem quais fossem as circunstâncias.

Pergunta singela: se a tão tentada privatização da Petrobras tivesse acontecido nos anos 90, quem sustentaria que hoje ela poderia ser o que é, uma das maiores e lucrativas companhias do mundo? 

Amarração: se a Telebas tivesse escapado da privatização, é lícito supor que poderia ter sido dinamizada e, como a Petrobras, ostentar indicadores altamente positivos.

KEYNES NA ORDEM DO DIA


No debate dos candidatos à Presidência ontem realizado pela FolhaRedeTV, José Serra foi perguntado acerca de sua estratégia para a geração de empregos.

Passou um minuto e cinquenta e cinco segundos 'tergiversando', para no final do tempo (de 2 minutos) dizer que a geração de empregos em seu eventual governo estaria atrelada ao crescimento econômico, ou seja, se o país crescer, os empregos crescerão.

Exatamente o inverso da receita Keynes: aumenta-se desde logo o emprego, a partir da elevação de investimentos públicos e ampliação de programas sociais, tonifica-se o poder de compra, o que leva ao aumento do consumo, estimulando a produção industrial e a utilização de matérias-primas etc, etc, etc.

O Brasil foi salvo da crise financeira mundial de 2008 graças aos ensinamentos do velho Keynes (foto acima).

CRÔNICA DO IVAN


De Botton no Twitter

Nada tenho a dizer sobre o fenômeno do Twitter. Não preciso de 140 caracteres para isso.
Cada um se diverte como pode. Eu prefiro ficar mexendo em sítios dos quais me apossei como um vilão dos velhos filmes do faroeste.
Aviso que não estou tentando ser diferente. Isso que está aí, este que está aqui, sou eu e eu sou obrigado a dormir, ou ter insônia, com um barulho desses que eu mesmo faço e de que sou feito.
Aprecio os que apreciam as redes ditas sociais. São almas tímidas e solitárias e, aos domingos, sentam-se num banco da praça e ficam espionando os casais de namorados.
Pronto. Aí está uma frase interessante. Mas não a tuitarei. Pelos motivos que, creio, já explicitei.
Gosto mesmo é de de coisas e pessoas, principalmente livros, com mais de 140 caracteres. Caráter, como prefiro chamar.
Para ficar no exemplo que dá título a estas digitações: Alain de Botton, um jovem (41 anos) suiço, muitíssimo bem educado no Reino Unido e sabe, quase que literalmente, tudo.
Que agradável surpresa foi tomar conhecimento e devorar seu primeiro livro a me cair nas mãos ávidas: Como Proust Pode Mudar Sua Vida. Esse todo mundo leu. Aqui, nos Estados Unidos, aí no Brasil.
Alguns fígados podres acharam que não passava de mera exploração metida a besta. Mera? Mais um livro da leva dessa praga da tal da “auto-ajuda” (auto-ajuda é a turma que fica no pit stop dos carrinhos que disputam Fórmula Um).
Absolutamente. Fascinante. Fiquei à espera de mais. Livros. Do De Botton. Que vieram vindo.
Sou franco: nem um deles mexeu comigo feito o do Proust. Nós, proustianos, somos exclusivos e esotéricos, embora, ocasionalmente, em meio a gabolices várias, podemos dar margem a um best seller, como foi o caso.
Veio depois, ao menos para este criado mudo de caractéres que a vós se dirige, AArquitetura da Felicidade. Umm. Estou pensando.
Tudo bonitinho, tudo no lugar, mas, depois de conferir e raciocinar por 15 segundos, cheguei à conclusão de que era auto-ajuda, era popularização e era tentativa de sacar em cima do sucesso anterior.
Passei, pois, a ignorá-lo. Daí ter me livrado das malhas de sua rede social.
Vejo agora no mais recente exemplar do secular semanário The Spectator (data de 1828) que ele é o diarista convidado. O Diary da revista é uma tradição. Sempre alguém interessante falando, em uma página (são bem mais que 140 caractéres), do que bem entender.
De Stephen Hawking a (acreditem) Joan Collins, que é, juro, ótima, engraçadíssima. Fui dar uma conferida, já que sou assinante há mais de três décadas da revista e leio de cabo a rabo.
De Botton fala disso e daquilo outro. Mas fala principalmente de si. Ele tuita, como tanta gente (boa?). E se promove.
Diz ele ter se viciado no Twitter e que o usa no espírito do Duc de la Rochefoucauld (googlai, internautas menos alertas, googlai), que adianto apenas ser o grande autor francês do Século 17, responsável pelo clássico Maxims.
De Botton acha tuitar mais divertido do que uma publicação tradicional. O moço diz ter uma idéia no banho e, dez segundos depois de dar vazão informática à sua inspiração, tem prontamente a reação de um leitorado que tanto pode chamá-lo de gênio quanto de débil mental.
Nada tenho a opinar. De Botton, após se confessar “irrepreensivelmente vaidoso” insiste em compartilhar com o público presente algumas de suas obras-primas (sim, está sendo irônico). Exemplifico citando-o:
“Há pessoas tão inusitadamente feias que nos sentimos inteligentes achando-as atraentes.”
“O problema dos náufragos é que, na verdade, não ocorrem tantos naufrágios assim.”
“A audácia dos conquistadores de meia-idade não é o excesso de confiança, mas sim o medo cada vez maior da morte.”
“Conduzir os destinos de um país é prova de que a pessoa tem de ser meio limitada para se convencer de que está à altura da tarefa.”
Atenção, eleitores de meu país, para esta última “obra-prima” do De Botton. Que encerra os trabalhos lamentando não ser possível viver de, como os chamam aqui, tweets.
Tweet, tweet, como gorgeiam, de peito cheio, os pássaros muito emplumados.

domingo, 17 de outubro de 2010

OLD MAGAZINE

 

Revista Life. EUA. Anos vinte, século XX.

sábado, 16 de outubro de 2010

ENTREOUVIDO ELEITORAL (II)


"Se Cristo deparasse com o candidato a presidente responsável pelo santinho em que são utilizados os dizeres 'Jesus é a verdade e a justiça', seguidos do número, do nome e da foto do cândido candidato, ver-se-ia a repetição da bíblica cena das chicotadas nos vendilhões do templo".

PESCADOR DE ÁGUAS TURVAS


Ao fundo, o candidato pescador de águas turvas, fisgando difamações...
...............
(Desenho de Al, in 'Antologia Brasileira de Humor').

ENTREOUVIDO ELEITORAL


"Depois dos 8% de vantagem da adversária na primeira Data, dos 9,1% do Vox Populi, dos 6% do Ibope e dos 4,6 do Sensus - configurando empate técnico -, a volta aos 8% inicialmente detectados é um retrocesso inaceitável!!!".

QUE NÃO TASQUEM O QUE É NOSSO


Eles dizem que não cogitaram entregar a Petrobras, mas bolaram tudo. Encomendaram até um logo caprichadíssimo, moderno, para tornar a empresa mais internacionalmente palatável. Não deu.

O plano não deu certo, é certo, mas ao menos um pitaco foi tirado: um pedaço bom do capital passou para as mãos de estrangeiros, via bolsa de Nova York. O diabo, para os neocons, é que o controle permaneceu estatal.

Agora, está aí o Pré-Sal, quicando na pequena área, e eles (apoiados uma vez mais pelo cara que presidia a Agência Nacional do Petróleo em 1997, David Zilbersztajn, ex-genro de FHC e principal assessor de José Serra para assuntos de energia) continuam esfregando as mãos, ansiosos em entregar tudo ao 'mercado'.

Esperamos que deem com os burros n'água.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A CARTA


Acabo de ler a Carta da Dilma, por ela dirigida a lideranças religiosas, em que se compromete a respeitar as diretrizes sobre direitos de manifestação e defesa da família previstos na Constituição Federal, com destaque para a questão do aborto, além de, desde logo, assegurar que o Plano Nacional de Direitos Humanos, em sua versão atual, será aprovado pela Presidência, se for o caso, tão-somente naquilo em que preservar a instituição da família.

Positiva a iniciativa. Certamente os estrategistas da TFP e Opus Dei não compartilham desta opinião, e cuidam, não duvido, de dar tratos à bola em busca de outras formas de disseminação de boatos difamatórios. 

CARTUM BATIDO

INCHAÇÃO, DATA VENIA


Quantidade de faculdades de Direito no Brasil: 1.240; no resto do mundo: 1.100.

Número de advogados inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil: 726.000 (só EUA e Índia contam com quantidade maior).

A cada semestre, uma avalanche de novos bachareis se habilita, agregando-se ao volumoso contingente dos que estão a ralar pela aprovação no Exame de Ordem (para ingresso na OAB - condição para o exercício da advocacia) ou em concursos diversos.

Entre os concursos diversos, ressaltam, por exemplo, os para a magistratura: nela e noutras instâncias, há casos em que não se logra preencher o número de vagas oferecidas, visto que não apresentadas as condições intelectuais mínimas. Tal realidade - vagas não preenchidas - é uma das causas da lentidão da Justiça.

Em resumo: excesso e escassez, a um tempo. Quosque tandem?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

NÃO MAIS QUE DE REPENTE



"O INESPERADO TEM VOTO DECISIVO NA ASSEMBLEIA DOS ACONTECIMENTOS".


(Joaquim Maria MACHADO DE ASSIS, escritor brasileiro. Atribuiu as palavras acima ao Conselheiro Ayres, personagem de seu livro 'Esaú e Jacó').

DIFAMAÇÃO À TODA


Desde o dia 9, com a divulgação da pesquisa Datafolha (54% Dilma, 46% Serra), três outros institutos noticiaram seus números. Vox Populi mostrou dianteira de Dilma em 9,1%, em seguida Ibope encurtou-a para 6% e hoje, 14, CNT/ Sensus reduziu-a para 4,6% (empate técnico).

Amanhã, 15, certamente sairá a segunda pesquisa Datafolha do segundo turno, e algo me diz que a maioria de Dilma Rousseff cairá drasticamente, distanciando-se em muito dos 8% revelados no dia 9. Sinal para lá de vermelho para a postulante.

Dilma Rousseff deverá divulgar no sábado, ou antes, carta-compromisso (acordada com 51 igrejas) em que, entre outros pontos, abordará a questão do aborto e da liberdade de culto. A questão do aborto já foi tratada à exaustão, e a da liberdade de culto tem a ver com o fato de a campanha de difamação espalhada Brasil afora dar conta de que, eleita, a candidata mandaria fechar todas as igrejas evangélicas do país.

Igrejas em geral, escolas, TFP, Opus Dei e organizações outras, inclusive partidárias (!), continuam agindo com todo afinco - e até aqui com sucesso retumbante.

Situação previsível? Evidentemente. A parte interessada deveria ter agido 'na lata', como dizem. Deixou passar batido? À luta.

PANORAMA PIAUÍ


De um lado, um alentado grupo de partidos políticos - à frente Wilson Martins e Wellington Dias -, que voltaram a formar 'a base' em face do retorno de coligação que dela se desligara para concorrer no primeiro turno - empreitada em que não logrou êxito.

De outro, agremiação comandada por Sílvio Mendes, que até há pouco brindava a coligação 'ex'-rebelde acima referida com as mais cordatas e elogiosas referências, passando, porém, a execrá-la publicamente tão logo anunciado o retorno dela à 'base' adversária, ela própria também enxovalhada.

Espectadores passados na casca do alho não se surpreendem: permanecem atentos ao panorama, meditando sobre a natureza humana, complexa engrenagem que leva alguns a se julgarem detentores do monopólio da virtude.

A ESPERANÇA VENCEU


No acampamento Esperança, Chile, a esperança venceu. Gracias.

Revisitemos, nesse clima bem humorado, o mundo do imponderável e vejamos o que diz matéria da BBC Brasil sobre coincidências - valendo notar que o Datena, da Band, não estava sozinho ao enxergá-las (veja post abaixo):

Como muitos trabalhadores em profissões arriscadas, os mineiros do país – que é de maioria católica – são conhecidos por sua superstição, relata o correspondente da BBC na mina de San José, James Read.

Em meio a isso, destacou-se o fato de, além de serem 33 mineiros, o processo de perfuração do túnel de resgate ter levado 33 dias para ser completado.

E, como mencionou o presidente Sebastián Piñera em discurso após o primeiro resgate, o “número mágico” – a idade que Jesus Cristo tinha ao morrer – também se fez notar na data do resgate, iniciado nos primeiros minutos de 13/10/10. Somados, os números totalizam 33.

Piñera também disse que “a fé dos mineiros moveu montanhas” e chamou a operação de resgate de “milagre”.

E, em carta à família no subsolo, o mineiro Victor Zamora também citou a "coincidência milagrosa" dos números ao lembrar sua idade: 33 anos.

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Pensando um pouco mais, talvez o título deste post merecesse um complemento: 'a esperança venceu, a razão continua perdendo'.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

CLÁSSICO DO CARA QUE SABIA TUDO SOBRE CINEMA


O HOMEM QUE SABIA DEMAIS

Alfred Hitchcock costumava contar uma história para ilustrar a diferença entre susto e suspense. Imagine uma cena com um grupo de pessoas em uma sala de reuniões. De repente, uma bomba explode. Isto é um susto. Imagine agora a mesma cena com uma pequena diferença: alguém coloca uma bomba debaixo da mesa antes de as pessoas entrarem na sala para a reunião. Você sabe que a bomba vai explodir a qualquer momento. As pessoas que estão na sala não sabem e você não pode fazer nada para avisá-las. Isto é suspense. Esta história resume bem por que Hitchcock é respeitado até hoje como o grande mestre do suspense. Em seus filmes, ele sempre nos apresenta previamente todas as informações de que necessitamos para acompanhar a trama, roendo as unhas, é claro. O Homem Que Sabia Demais, versão de 1956, é uma refilmagem da versão inglesa de 1934, dirigida pelo mesmo diretor. Já nos créditos de abertura, Hitchcock nos dá a primeira dica ao mostrar uma orquestra sinfônica. Depois aparece uma frase que diz: "como um estalar de pratos mexeu com a vida de uma família americana", e o filme começa. Somos apresentados aos McKenna, que estão em férias no Marrocos. Em uma seqüência magistralmente bem dirigida que termina com a morte de uma personagem, o doutor McKenna (James Stewart) fica sabendo de um complô para assassinar um estadista em Londres. A situação está criada e o suspense só aumenta até o final espetacular que tem ligação direta com aqueles pratos da orquestra sinfônica citados na frase do começo do filme. Hitchcock sabia muito bem como tecer uma trama e nos envolver nela inteiramente. Qualquer filme seu é uma aula de cinema. E antes que eu me esqueça, ainda temos o bônus de ver a bela Doris Day, a senhora McKenna, cantando "Que Sera, Sera".


O HOMEM QUE SABIA DEMAIS (The Man Who Knew Too Much - EUA 1956). Direção: Alfred Hitchcock. Elenco: James Stewart, Doris Day, Bernard Mills, Daniel Gélin e Brenda De Banzie. Duração: 120 minutos. Distribuição: Universal.

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Do blog Cinemarden (link ao lado), de Marden Machado.

A ESPERANÇA ESTÁ VENCENDO (II)


Enquanto o resgate dos 33 mineiros soterrados prossegue exitosamente, o jornalista Datena, da Band, filosofa no Brasil Urgente: 'são 33 mineiros... 33... idade de Cristo! Shakespeare já dizia: há mais coisas entre o céu e a terra do que nossa vã filosofia possa imaginar! 33... idade de Cristo!'.

Ê, Datena!

A ESPERANÇA ESTÁ VENCENDO


No comecinho deste dia 13 de outubro, o primeiro dos 33 mineiros foi resgatado após 69 dias enclausurado a quase 700 metros de profundidade em mina desmoronada no Chile. Trata-se de Florencio Alvares Silva, 31 anos.

O acampamento chama-se Esperança, e o módulo de resgate, Fênix.

Tudo a ver.

UM HOMEM TRANSPARENTE (III)


O Jornal Nacional de ontem, 12, pela primeira vez deixou de mostrar imagens sobre o dia dos candidatos à Presidência, limitando-se a oralizá-lo.

Meu amigo Agenor, o Especulador, indaga: será que o JN agiu assim para não ter de mostrar a entrevista coletiva de José Serra, em Aparecida-SP, em que o assunto foi o caso Paulo Preto? De repente, o candidato diz que se lembra, sim, de Paulo Preto, adiantando que ele está sendo injustamente acusado de desviar R$ 4 milhões (fala-se em mais) do caixa 2 da campanha, tudo não passando de factóide.

Agenor volta à carga: quer dizer, então, que Eduardo Jorge, coordenador da campanha, e mais pelo menos três próceres do PSDB ouvidos pela revista IstoÉ há cerca de dois meses mentiram ao afirmar que Paulo Preto praticou, sim, desvio de dinheiro arrecadado de doadores-empreiteiros?

Esse assunto parece ter muito ainda a render, nota Preta à parte...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

HAICAIS NÃO ORIGINAIS



Haicai da prescrição:

TEU PASSADO TE CONDENA
MAS O FUTURO SE ENCARREGA
DE ANULAR A PENA


Haicai-lema do corrupto:

LEVAR VANTAGEM
EM TUDO O QUE É
DE SACANAGEM


Haicai do sigilo absoluto:

MAUS CONFIDENTES
SÓ PENSAM EM DAR
COM A LÍNGUA NOS DENTES


Haicai etílico:

NÃO BEBO MAIS
ESCREVO-O EM LETRAS
garrafais

UM HOMEM TRANSPARENTE (II)


Depois de matéria do jornal Folha de São Paulo em que Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ameaçou reagir caso ficasse sozinho na berlinda, isso em face de o candidato José Serra haver dito ontem que nunca ouvira falar no nome do ex-diretor da DERSA, e após vários órgãos de imprensa haverem publicado fotos em que Serra e Paulo Preto aparecem juntos, tudo mudou.

Há pouco, José Serra declarou que conhece, sim, Paulo Preto, e que se trata de pessoa ilibada, sendo inteiramente desprovidas de fundamento as denúncias divulgadas pela imprensa sobre desvio de R$ 4,5 milhões arrecadados como caixa 2, assim como a alusão feita ao tema pela candidata Dilma Rousseff no debate do último domingo na Band.

É isso, tudo mudou.

Exceto o fato de que permanece incólume o sucesso de Paulo Preto no que respeita a seu projeto de ser rico, sonho que, segundo confessou ao jornal de início citado, acalenta desde os tempos de criança - cujo dia, aliás, se comemora hoje. Comemore à vontade, Paulo Preto! 

UM HOMEM TRANSPARENTE


"(...) ele renega o apelido Paulo Preto e diz que, desde criança, sabia o que seria na vida: 'rico'".


(Trecho pinçado de matéria hoje publicada no jornal Folha de São Paulo sobre Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-diretor da DERSA, responsável pela construção do Rodoanel em São Paulo e que teria dado sumiço a R$ 4,5 milhões arrecadados como caixa 2 para a campanha de José Serra. 
Paulo Vieira de Souza, eis um homem transparente, fiel seguidor da velha máxima 'conhece-te a ti mesmo'.
José Serra, por seu turno, disse desconhecer o denunciado, e que tudo não passa de factóide - não obstante haver até foto em que os dois estão bem próximos, sorridentes, na inauguração do Rodoanel.
Paulo Preto, ao que consta, está na dele: inexiste boletim de ocorrência policial - dado o fato de os milhões dizerem respeito a caixa 2 -, ele se sente resguardado, após insinuar que pode pôr a boca no trombone em caso de ficar ao relento e, mais importante, seu projeto de ficar rico está consolidado.
Pelo visto, a transparência, mesmo nebulosa, re-compensa).

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

OS NOVOS DEFENSORES DE TIRIRICA


A investida do Ministério Público para provar que Tiririca é analfabeto e cassar seu mandato de deputado está gerando surpreendente indignação em políticos de oposição à coligação que o elegeu.

Um deles, o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP), pensou até em escrever e divulgar texto com o título "Em Defesa do Mandato de Tiririca". "Ele disputou, ganhou. Se o povo quer votar em um analfabeto, qual é o problema? Se quer votar em um palhaço, qual é o problema? Querem tirar o mandato do Tiririca no tapetão."

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Edificante e comovente a atitude de quem, agora, defende Tiririca. Só que tudo isso somente se verificou a partir do momento em que, contrariando as expectativas dos 'defensores', as consequências de eventual cassação de Tiririca passaram a ser as seguintes:

a) Tiririca seria cassado, mas os votos dele continuariam a beneficiar seu partido e coligação, mantidos os mandatos dos três deputados 'arrastados' por ele, entre os quais o delegado Protógenes Queiroz;

b) para o lugar de Tiririca, iria José Genoíno, do PT, por ser o não eleito mais votado.

Como diria o outro: pensando bem, deixemos quieto o Tiririca. E pousemos de paladino.

RIO DE THERESINA

ENFIM, O DEBATE


Acabamos de seguir, na Band, o (efetivamente) primeiro debate da campanha presidencial.

Para ser redundante: abrangente diversidade de temas, cada um merecendo tempo ao menos razoável para a exposição de ideias. Foram abordadas questões sobre infraestrutura, saúde, educação, segurança pública etc etc, mas previdência e carga tributária, itens importantíssimos, ficaram de fora.

Houve quem julgasse descabida a ênfase às privatizações do governo FHC, mas a alusão me pareceu procedente face a 'ameaças' que estão a pairar sobre o Pré-Sal.

Dilma Rousseff mudou muito, para muito melhor.

A Band e os candidatos estão de parabéns.

domingo, 10 de outubro de 2010

TÁTICA DO PÂNTANO (III)


Há a Tática do Pântano, mas há também a Tática do Éden.

A Tática do Éden consiste em apropriar-se de conquistas alheias.

A maior aliada da Tática do Éden atende pelo nome de desinformação. Joga-se a pérola (paternidade dos genéricos e do seguro desemprego, por exemplo) e a galera embarca.

Melhor ainda quando o outro lado, paradisíaco, não desmascara cara a cara. 

TÁTICA DO PÂNTANO (II)


Áulicos do Tea Party e asseclas, quando da campanha presidencial americana, espalharam que o havaiano Barack Obama era muçulmano, encarnava o Anticristo, pretendia proletarizar a sociedade etc etc.

Obama não ficou na paz e amor, não. Criou um site onde reuniu todas as baixarias, desconstruindo uma a uma. Para tanto, montou estrutura adequada, mas a colaboração fundamental partiu de internautas, que para o dito site enviavam as 'novidades' recebidas.

Detalhe: Obama fez isso em tempo hábil. 

Por aqui, só há pouco a ficha caiu. Até então, tudo se resumia a paz e amor. 

Ocorre que, no pântano, paz e amor só reinam na superfície. 

TÁTICA DO PÂNTANO


Logo mais haverá debate presidencial na Band.

Acabou o trololó (ou bla bla blá) do primeiro turno.

Imperdível.

Dilma Rousseff terá de questionar José Serra sobre a tática do pântano, deixando tudo em pratos limpos, inclusive e notadamente a questão do aborto - que Serra pertinentetemente regulamentou, quando ministro da Saúde.

sábado, 9 de outubro de 2010

LENNON, 70



"Recebi mensagens de todos os cantos do mundo: 'Vamos comemorar o aniversário de John e homenageá-lo.' E pensei, o que está acontecendo aqui? Parece que na marca dos 70 tem uma explosão de sentimentos."

(Yoko Ono, em entrevista à revista Rolling Stone, após haver admitido que não dera, inicialmente, muita importância para este 9 de outubro de 2010, quando o músico, compositor, contista, desenhista e ex-Beatle John Winston Ono Lennon completaria 70 anos. Great Lennon!).

PRIMEIRA DATAFOLHA


Os institutos de pesquisa saíram chamuscados no primeiro turno das eleições 2010, mas a corrida do segundo já foi iniciada e nós, crédulos contumazes, não resistimos.

O Datafolha é o primeiro a divulgar seus percentuais. Às 17h19, o UOL informou (votos válidos):

Dilma....54%
Serra....46%

A vantagem de Dilma - 8% - é idêntica à estabelecida por Lula sobre Alckmin quando da primeira Datafolha do segundo turno da eleição presidencial de 2006.

Observação: o Jornal Nacional, curiosamente, silenciou a respeito. A dúvida é se no lugar da palavra em negrito caberia utilizar o termo sintomaticamente

CARTUM REPLAYADO

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

MINICONTO: INSIGHT MINEIRO


O mineiro pleiteou ser candidato à Presidência, mas viu sua pretensão prejudicada em face do pretendente paulista.

Aparentemente conformado, o mineiro recolheu-se à candidatura para o Senado, iniciativa em que alcançou folgado êxito.

Mas o mineiro não esquecera a rasteira, limitando-se a agir quase burocraticamente em relação à campanha presidencial.

Eis que o paulista foi para o segundo turno.

O mineiro, então, asseverou: "Vamos botar nosso Presidente-Estadista no foco da campanha! Ele tem de ser destacado à exaustão como o grande condutor do progresso brasileiro, pois foi a partir dele que as conquistas atuais foram alcançadas!"

Aí o paulista analisou a situação, comparando indicadores sociais e econômicos, e concluiu que não seria estratégico destacar o Presidente-Estadista.

Tempos depois, indagaram ao mineiro:

- Por que você voltou a agir quase burocraticamente?

Ao que o mineiro:

- Como você queria que eu me envolvesse com todo o gás, se a minha sugestão não foi acatada? - e sorriu mineiramente.

NOBEL BELICOSO


O ativista chinês de direitos humanos Liu Xiaobo, atuamente na prisão (pena: 11 anos), foi anunciado nesta sexta-feira vencedor do prêmio Nobel da Paz de 2010.

Em um evento em Oslo, na Noruega, o presidente da Fundação Nobel, Thorbjoern Jagland, afirmou que Liu foi premiado por 20 anos de "luta longa e não-violenta" pela democracia no seu país.

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O governo chinês declarou que a Noruega passou à condição de  'país non grato', sustentou que o regime chinês tem peculiaridades próprias e afirmou que Xiaobo não passa de reles criminoso, e mais não disse. Xiaobo, por sua vez, continuou sem palavras.