Não é uma Partida de Futebol
Por Jean Pierre Chauvin
Desde 2013, quando o lema "não é pelos vinte centavos" iluminou o prédio da FIESP e embalou pseudonacionalistas travestidos com as camisetas da CBF, lido com gente supostamente esclarecida a repetir o chavão de que "política, religião e futebol não se discutem".
Nada mais raso e falso.
Provavelmente não convenha questionar a fé de ninguém; mas podemos (e devemos) colocar tudo o que pudermos em questão. Afinal, repensar o rumo das coisas é o que nos distancia do sujeito dogmático e dos patriotas de ocasião, que costumam confundir a camiseta da seleção ou a bandeira do Brasil-Império com seu suposto maior sentimento de pertencimento a esta terra "deles", mas de quase ninguém.
O último a me dizer algo parecido foi um parente que, apesar de torturado duas vezes nos porões do DOPS (unidade Tutoia), defendia a ala dos tucanos e destilava antipetismo, supondo que o partido fosse pior que todos os outros por reunir figuras ideologicamente "equivocadas" e de baixo estrato social.
O último a me dizer algo parecido foi um parente que, apesar de torturado duas vezes nos porões do DOPS (unidade Tutoia), defendia a ala dos tucanos e destilava antipetismo, supondo que o partido fosse pior que todos os outros por reunir figuras ideologicamente "equivocadas" e de baixo estrato social.
Como muitos aficionados de incertos veículos da mídia mais conservadora, ele repetia bordões sobre sindicalismo e corrupção, atribuindo a uma legenda todos os males de natureza moral enfrentados pelos brasileiros.
Disse a ele em 2014, e aqui repito: Futebol, Religião e Política não têm o mesmo estatuto, nem estão no mesmo baixo nível. Quatro anos de fascismo não cabem em 90 minutos. Contrapor-se ao discurso intimidador, violento e hipócrita não é uma cobrança de pênalti.
Não se confunda o povo brasileiro com pagante(s) de ingresso; nem se divida o país como se se tratasse de estádio, em setores da arquibancada; não finjamos cegar para o fato de que o extremismo tem nome e sobrenome.
Não se trata de uma partida de futebol. Não há motivo para comentar, às gargalhadas, as pataquadas de um candidato, cuja torcida tem se especializado em espancar pessoas, riscá-las à faca ou inscrever a suástica em muros, escolas, igrejas ou sinagogas.
Discutir política não é passatempo a justificar programas protagonizados por "especialistas" e "craques", que mal sabem articular argumentos para além do senso comum e o merchandising escancarado.
Isso não é uma partida de futebol. Mas se assim desejam tratar o embate entre fascismo e democracia, recorro aos elementos do jogo. A única forma de garantir que o campeonato continue é assegurar o embate limpo, dentro das linhas do campo. Fora dele, sabemos o que a torcida é capaz de fazer em nome da "ordem", da "moral" que esmurra e do "nacionalismo" entreguista. - (Aqui).
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De fato, isso não é uma partida de futebol. Mas é bem mais complexo do que o articulista sugere...
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De fato, isso não é uma partida de futebol. Mas é bem mais complexo do que o articulista sugere...
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