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"Até o momento, não há sinal de que qualquer das partes esteja disposta a recuar."
Em mais um capítulo da crescente guerra comercial proclamada pelos Estados Unidos, a China reagiu com veemência às novas ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas ainda mais agressivas sobre produtos chineses.
Nesta terça-feira (8), Pequim classificou como "chantagem" a proposta de Trump de elevar as tarifas de importação para mais de 100% sobre uma ampla gama de produtos chineses, em retaliação à decisão do governo chinês de adotar tarifas recíprocas, informa a Reuters. A escalada acontece numa conjuntura já marcada por forte tensão nos mercados internacionais e receios de um impacto prolongado sobre o comércio global.
“A ameaça dos EUA de aumentar as tarifas contra a China é um erro atrás do outro, expondo mais uma vez a natureza chantagista do lado americano”, declarou em nota oficial o Ministério do Comércio da China. “Se os EUA insistirem em fazer o que querem, a China lutará até o fim”, completou o comunicado.
As declarações refletem a disposição de Pequim de manter uma postura firme frente às políticas protecionistas adotadas por Trump, que desde seu retorno ao cargo vem pressionando parceiros comerciais com medidas unilaterais, sob o argumento de defesa da indústria e dos empregos norte-americanos.
A resposta chinesa também ocorre num momento em que a União Europeia anunciou a imposição de tarifas retaliatórias de 25% sobre produtos dos Estados Unidos, ampliando o impacto da guerra tarifária além do eixo sino-americano.
Apesar das tensões diplomáticas, os mercados financeiros mostraram algum sinal de recuperação nesta terça-feira. Bolsas na China e no Japão registraram leve alta após dias de perdas, com investidores tentando se ajustar à nova realidade de um comércio internacional cada vez mais volátil e imprevisível.
No centro das preocupações está o impacto que uma guerra comercial prolongada pode ter sobre cadeias produtivas globais, custos de produtos e perspectivas de crescimento mundial. Analistas temem que, ao adotar medidas punitivas em série, EUA e China acabem abandonando as possibilidades de diálogo e agravando a desaceleração econômica global.
Desde o início das tensões, Trump tem apostado na retórica dura e em medidas imediatistas, apresentando as tarifas como um instrumento legítimo de negociação. No entanto, para o governo chinês, esse tipo de abordagem mina as regras do comércio internacional e cria um ambiente de incerteza prejudicial a todos.
A crise atual remonta à primeira leva de tarifas impostas por Trump em seu mandato anterior, mas foi reacendida com força após o início do seu novo mandato, a partir de janeiro de 2025. A reintrodução de políticas comerciais agressivas, mesmo diante de alertas de organismos multilaterais e reações de aliados históricos, indica que a agenda protecionista continuará a ser uma marca do atual governo norte-americano.
Com ambos os lados prometendo resistência e retaliação, os próximos dias serão decisivos para avaliar se ainda há espaço para contenção de danos ou se o mundo caminha para uma nova fase de confrontos comerciais intensificados. Até o momento, não há sinal de que qualquer das partes esteja disposta a recuar. - (Aqui).
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