quarta-feira, 9 de abril de 2025

CALOR EXTREMO LIDERA NÚMERO DE MORTES RELACIONADAS AO CLIMA

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"Crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas estão entre os grupos mais vulneráveis...".


Por
Carlos Nobre

O calor extremo tem sido, de longe, a principal causa de mortes relacionadas a eventos climáticos e meteorológicos extremos na Europa nas últimas décadas. Desde o ano 2000, mais de 100 mil mortes foram atribuídas às ondas de calor, com destaque para os verões de 2003, 2006 e 2022. Entre 2000 e 2020, 94% das regiões europeias monitoradas registraram aumento nas mortes associadas às altas temperaturas.

A onda de calor de 2003, uma das mais severas já registradas no hemisfério Norte, ocorreu em agosto e causou uma crise de saúde em vários países europeus. As temperaturas chegaram a ultrapassar os 45°C em algumas regiões. A França foi o país mais afetado, com 14.802 mortes atribuídas ao calor. Na sequência vieram Alemanha (cerca de 7.000 mortes), Espanha (4.230), Itália (4.175), Reino Unido (2.045), Holanda (1.400), Portugal (1.316) e Bélgica (150). Segundo o Earth Policy Institute, dos Estados Unidos, ao menos 35.118 pessoas morreram naquele verão devido a complicações associadas ao calor excessivo e à desidratação. A tragédia levou os serviços meteorológicos da Europa a a emissão de alertas e previsões sobre ondas de calor.

Três anos depois, entre 26 de junho e 30 de julho de 2006, outra onda de calor atingiu o continente, com temperaturas acima de 40°C na França. Holanda, Dinamarca e Alemanha registraram naquele ano o julho mais quente de suas histórias até então. Mais de 3.400 pessoas morreram nesses países.

Autoridades começaram a emitir orientações para que a população evitasse exposição prolongada ao sol e reforçasse a hidratação.

Em 2022, o impacto foi ainda mais dramático: estima-se que cerca de 62 mil pessoas tenham morrido na Europa devido às ondas de calor, principalmente idosos com mais de 65 anos — 63% das vítimas eram mulheres.

Fora da Europa, o calor extremo também fez vítimas em larga escala. Em Meca, na Arábia Saudita, durante a peregrinação do Hajj, em junho de 2024, ao menos 1.301 pessoas morreram sob temperaturas que chegaram a 51°C.

Na Índia, o calor tem quebrado recordes: em maio de 2024, os termômetros marcaram 52°C em Nova Délhi. Em fevereiro de 2025, o país registrou, pela primeira vez, uma onda de calor em pleno inverno. Fevereiro foi o mais quente em 125 anos de registros, com máxima de 43,6°C no distrito de Boudh, em Odisha. Além do calor diurno escaldante, as noites também foram excepcionalmente quentes: 22 estados e territórios relataram temperaturas noturnas de 3°C a 5°C acima da média.

Esse aumento na frequência de ondas de calor e de noites quentes é um sinal preocupante da intensificação dos eventos extremos. A exposição prolongada ao calor excessivo, tanto durante o dia quanto à noite, agrava o estresse térmico e eleva o risco de mortalidade.

O estresse por calor é a principal causa de mortes relacionadas ao clima e pode agravar doenças subjacentes, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes, saúde mental e asma, e pode aumentar o risco de acidentes e transmissão de algumas doenças infecciosas.

Quando o corpo humano é exposto por longos períodos a temperaturas elevadas, pode perder a capacidade de regular sua própria temperatura, levando à exaustão térmica e à insolação. Crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas estão entre os grupos mais vulneráveis, assim como os sistemas de saúde, que enfrentam sobrecarga com o aumento da demanda por atendimento médico.  -  (Fonte - UOL - Aqui).

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