"Gente do meio jurídico considera que Alexandre de Moraes disparou a operação de busca e apreensão contra empresários suspeitos de pertencerem a uma articulação golpista não por autoritarismo, abuso de poder ou demonstração de machismo, mas por ter recolhido extensos elementos que indicariam (...) ações planejadas pelos bolsonaristas contra o processo eleitoral. Por isso, foram decretados a quebra de sigilo bancário dos investigados e o bloqueio de suas contas.
Segundo essa versão, os elementos reunidos, conectados com a investigação de atos contra a democracia, configuram uma situação grave, envolvendo operativos, empresários e uma rede de relações que chega a altos escalões da República.
Quem conhece Moraes afirma que o ministro do Supremo tinha total ciência de que a operação de busca e apreensão de dispositivos que guardam detalhes do rastilho golpista geraria reações e ameaças de represálias por envolver empresários abonados.
Por isso, a circulação da informação de que a troca de mensagens golpistas envolve o próprio procurador-geral da República Augusto Aras, amigo e colaborador de Meyer Nigri, um dos investigados, foi guardada para um segundo momento.
Sabia-se que (...) o procurador-geral, sabedor dos elementos em jogo, e também, claro, de sua própria posição na linha de fogo, tentaria, por autodefesa, pressionar a operação, a Polícia Federal e o próprio Moraes.
Logo depois da operação contra a preparação golpista, Augusto Aras fez vir a público uma nota com críticas à operação, mandando o recado a Moraes.
Este devolveu o chumbo. A inclusão de Aras foi um aviso para que ele pare de tentar interferir. Sinalizou que tem mais em suas mãos.
Quem conhece o juiz do Supremo, que é hoje uma das figura mais poderosas da República, afirma que ele sabia de antemão o conteúdo dos dispositivos apreendidos.
Sabia quais aparelhos deveriam ou não ser apreendidos. E mais: essas fontes afirmam que os elementos que tem em mãos são robustos, pois não faz parte de seu modo de agir correr risco de expor-se a nulidades sem ter uma reserva de segurança, pronta para vir a público no momento que julgar adequado."
(De Mario Vitor Santos, texto sob o título em epigrafe, publicado no site Brasil 247 - Aqui.
De fato, ao que se observa, os empresários golpistas teriam entrado na história para assegurar recursos financeiros destinados à cobertura de despesas com... com o quê, mesmo? Torçamos para que o ministro-presidente divulgue as informações adicionais - e, espera-se, esclarecedoras - que estariam a seu dispor.
Mario Vitor Santos é jornalista. É colunista do 247 e apresentador da TV 247. Foi ombudsman da Folha e do portal iG, secretário de Redação e diretor da Sucursal de Brasília da Folha).
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