Gilberto Gil, Rosa Araújo e Jorge Mautner.
Da Tropicália à "hitchcockiana" Carminha
Do jornal O Globo
Gilberto Gil falou por seis horas (...), quando deu seu depoimento à
posteridade, no Museu da Imagem e do Som. “Bateu o recorde”, disse Rosa Maria
Araújo, a presidente do MIS.
“Sou muito tagarela”, assumiu Gil, que foi
entrevistado por Rosa, Jorge Mautner, Carlos Rennó, Hermano Vianna e Marcelo
Fróes. Indo e voltando no tempo, o compositor falou, com aquele jeito baiano,
sobre assuntos que iam da novela das nove ao nascimento da
Tropicália.
“Tô adorando ‘Avenida Brasil’. Ela incorpora aspectos
hitchcockianos e tem personagens muito bem feitos, como a Carminha”, contou. Gil
não tem preconceito e também gosta de seriados americanos como “House” e “The
good wife”.
Detalhes sobre seus quatro casamentos renderam gargalhadas
do público, que lotou o auditório. “Dedé chamou a irmã Sandra para morar em São
Paulo e fomos apresentados. Aí, como o Chico diz na música, ‘larari, larará’...
Acontece com todo mundo, até com o Chico Buarque...”, brincou ele. Sandra é
“Drão”, para quem Gil fez a música.
Antes de Drão, ele foi casado com
Belina e Nana Caymmi. “Aí veio Flora. A gente lá, no verão de Salvador, e pá!
São 30 e poucos anos juntos.”
O rumo da prosa mudou e o compositor
passou a falar de música. “Não tínhamos vitrola em casa. Lembro de ouvir discos
de Bob Nelson, Luiz Gonzaga, das irmãs Batista e Dalva de Oliveira na casa de
amigos dos meus pais”.
“Foi importante também assistir às bandinhas que
tocavam nas festas religiosas”. Seu primeiro instrumento foi o acordeom dado
pela mãe. O violão só veio depois, motivado pelo interesse de Gil pela Bossa
Nova. A relação com o parceiro Caetano Veloso começou pela
televisão.
“Foi na TV Itapuã que Caetano e Bethânia me viram pela
primeira vez, no programa de Jorge Santos. Aos sábados, Dona Canô ligava a
televisão e gritava: ‘Caetano, venha ver aquele neguinho que você
gosta’”.
O tête-à-tête veio depois. “Em 62, eu estudav administração,
cantava na TV, era fiscal da alfândega (foi no Porto de Salvador que li ‘O
capital’) e à noite ia pra gandaia. Foi quando comecei minha vida boêmia e
conheci Caetano”.
Bethânia e Gal vieram através dele e, com a turma, o
Tropicalismo. “Eu disse a Caetano que precisávamos nos mexer, inspirado no que
os Beatles estavam fazendo. Fizemos uma reunião — Chico não foi porque estava
bêbado — mas as pessoas não aceitaram bem a minha proposta de inovação,
guitarras elétricas e tal”, lembrava.
“Acabamos montando o movimento e
sabíamos a briga que estávamos comprando. Considero a Tropicália o último
movimento modernista.”
Às vésperas de completar 70 anos, Gil encerrou seu
depoimento dando sua receita de longevidade. “Acordo umas dez da manhã e faço
uma mistura de ginástica com yoga. Depois vou tocar violão, que fica na minha
cabeceira.” (Fonte: aqui).
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O texto apresenta muitas lacunas. Num momento, Gil está no porto de Salvador, de repente (o texto não diz) pula pra são Paulo, onde alugara uma casa, ficando a mulher em Salvador, e foi então que "Bethânia e Gal vieram através dele e, com a turma, o Tropicalismo". Vamos ter de esperar para ver (ouvir) a íntegra do depoimento (pô, seis horas!) para saber se Gil dá o necessário crédito a Torquato Neto relativamente ao Tropicalismo (que Torquato, contrário aos ismos, chamava mesmo de Tropicália). Algo me diz que teremos mesmo de nos ater às informações constantes de "Torquato Neto ou a Carne Seca é Servida", de Kenard Kruel, cuja 3ª edição está prestes a sair.
segunda-feira, 11 de junho de 2012
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