segunda-feira, 10 de março de 2025

BRASIL QUER MULHER LATINO-AMERICANA NO COMANDO DA ONU

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O governo brasileiro defende que mulheres sejam apresentadas como candidatas para ocupar a secretaria-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), rompendo um tabu de 80 anos. 


Por Jamil Chade

A eleição ocorre em 2026, ao final do segundo mandato do português António Guterres. O Itamaraty também apoia a ideia de uma rotação entre os continentes e, portanto, considera que este seja o momento da América Latina.

O posicionamento do governo brasileiro de defender a ideia de candidatas é compartilhado por cerca de 50 outros países, numa ofensiva para tentar garantir que a ONU tenha, pela primeira vez, uma mulher no comando.

A eleição, porém, ocorre num momento de profunda tensão e um mal-estar entre a ONU e seu maior financiador: os EUA. Donald Trump rompeu com algumas das agências internacionais, deixou o Acordo de Paris, saiu da OMS e prometem cortes profundos em dezenas de outras entidades. Instituições como a Unicef estão avaliando demissões em massa.

A presença de mulheres no comando da diplomacia é ainda um tema que deve estar na pauta da 69ª Sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, que começa nesta segunda-feira, na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York.

A delegação brasileira será liderada pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. Com o lema "Vamos juntas por um mundo mais igualitário!", a 69ª edição abordará a revisão e avaliação da implementação da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, que completa 30 anos em setembro. O documento é considerado o marco fundamental para o avanço dos direitos das mulheres.

No final de fevereiro, numa reunião na ONU, o embaixador brasileiro Sérgio Danese, delineou quais seriam os critérios que o Itamaraty apoiaria na escolha do novo comando da ONU.

Para ele, a seleção deve obedecer aos princípios fundamentais da ONU, incluindo a representação geográfica equitativa e a rotação regional. "Nesse contexto, minha delegação lembra que apenas um Secretário-Geral - Javier Pérez de Cuellar, cujo mandato terminou há quase 35 anos - era um cidadão do grupo da América Latina", disse.

"Agora é hora de o cargo ser novamente entregue a um dos vários líderes capazes e experientes que a região tem a oferecer à comunidade internacional", defendeu.

Danese também insistiu que a escolha deve, igualmente, considerar o princípio do equilíbrio de gênero.

"O fato de nenhuma mulher ter ocupado o cargo deve mobilizar a organização. Levando em conta o mandato dado pelas resoluções relevantes da Assembleia Geral e o Pacto para o Futuro, minha delegação incentiva a América Latina a indicar candidatas mulheres", declarou.

Entre os nomes mais citados para o cargo estão: 

Michelle Bachelet (Chile)

Rebeca Grynspan (Costa Rica)

Maria Fernanda Espinosa (Equador)

Alicia Bárcena (México) 

De fora da região, outro nome forte é de Amina J. Mohammed, da Nigéria.

"A escolha do secretário-geral para o mandato de 2027-2031 será fundamental para a ONU e para o futuro da diplomacia multilateral", disse. "Muita esperança e uma enorme responsabilidade serão colocadas sobre os ombros da figura mais central da diplomacia mundial", apontou Danese.

"Trata-se de mostrar que esta Organização está realmente aberta a todos os povos e regiões, provando que, apesar de suas deficiências, a ONU continua sendo, de longe, nossa melhor opção para trabalharmos juntos em prol de um futuro pacífico, próspero e justo para todos", completou o brasileiro.  -  (Aqui).

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Brasil acerta em cheio.

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