"Prometi à Dona Lourdinha, minha mãe, que escreveria apenas sobre coisas boas, sobre esperança e vou cumprir a promessa.
A pesquisa do IPEC – Instituto de Pesquisa e Consultoria realizada entre os dias 9 e 13 de dezembro acerca da sucessão presidencial de 2022 me encheu de esperança e alegria, pois o povo brasileiro lidera.
Isso mesmo, o ex-presidente Lula aparece à frente com 48% das intenções de voto, seguido pelo presidente Bolsonaro que tem 21% das menções, uma diferença de 27 pontos percentuais.
Sergio Moro, o fraudador de processos, aparece com 6%, Ciro tem 5%, Doria e André Janones aparecem com 2% cada.
O folclórico Cabo Daciolo e Simone Tebet têm 1%. Os demais candidatos testados não atingiram 1% das menções.
E alguns dias depois tornou-se pública a pesquisa Datafolha, na qual Bolsonaro tem 60% de rejeição; Lula, 32%, e Moro, 30%, pesquisa encomendada pelo jornal Folha de São Paulo.
Mas como Lula, que passou 580 dias preso e que sofreu a maior campanha de destruição de reputação da nossa história, lidera a pré-campanha eleitoral com folga?
Porque a disputa é entre o povo e os lacaios de uma entidade melindrosa chamada “mercado”.
O tal “mercado” não é nada virtuoso, empático ou generoso, não se ocupa das demandas humanas, ignora as pessoas que sonham, sofrem e se alegram.
Os representantes do “mercado” desprezam gente comum que, como nós, acorda todos os dias e - como numa das cenas emblemáticas do filme Metrópoles de Fritz Lang -, caminha resignada para o trabalho.
Antes de seguir o argumento sobre as razões da liderança de Lula, vou relembrar o filme de Lang que merece um breve comentário.
Metrópoles é de 1926 e a história se passa em Metrópoles no ano de 2026, uma cidade onde ricos industriais governam a partir de arranha-céus – uma espécie de “Faria Lima” ou “Wall Street” - enquanto os trabalhadores vivem nos subterrâneos e trabalham à exaustão para operar as máquinas que fornecem energia à cidade, são tratados como escravos pelos ricos.
O dono de Metrópoles, Joh Fredersen, tem um filho cujo nome é Freder.
Freder passa seu tempo praticando esportes e frequentando um parque de diversões. Contudo, tudo muda quando ele avista uma jovem chamada Maria, que trouxe um grupo de crianças dos trabalhadores para conhecer o estilo de vida privilegiado dos ricos. Ela e as crianças foram expulsas de forma violenta e rapidamente levadas para longe.
Freder fica fascinado por Maria e desce para a cidade dos trabalhadores, na tentativa de encontrá-la. Nos subterrâneos ele conhece uma realidade que desconhecia, assiste horrorizado a exploração dos trabalhadores e seus efeitos: lesões e mortes.
Assistam ou revejam, vale a pena.
Mas voltando a Lula.
Lula também lidera porque ele é maior que qualquer partido político, pois sintetiza o Brasil profundo, representa o que de bom o nosso país tem: seu povo e suas aspirações.
Lula é legitimo representante do centro democrático e progressista.
Já os demais "presidenciáveis" são ou de direita (os chamados 3ª via) ou de extrema-direita (Bolsonaro e Moro), lacaios dos interesses do mercado financeiro e dos interesses políticos do império.
O povo brasileiro quer voltar a ver o país crescer, viver numa sociedade inclusiva e pacificada.
E não se trata de um retorno ao passado, mas um seguir adiante, de reconquista das políticas públicas indutoras do desenvolvimento econômico os quais, desde o golpe que apeou Dilma da presidência, ficaram distantes, pois, após 2016 o Brasil relativizou justiça social e a população percebeu.
Temer e Bolsonaro retomaram o projeto neoliberal, incapaz de atender as demandas do povo brasileiro, exatamente como aconteceu ao longo dos anos 90.
Nosso povo vê com pesar e indignação que a economia não cresce e está muito mais vulnerável do que em 2015 e 2016, além de o presidente da república haver submetido a soberania do país à ideologia da extrema-direita; a corrupção continua alta e, principalmente, a crise social e a insegurança tornaram-se assustadoras.
Essa é a verdade.
O sentimento predominante em todas as classes e em todas as regiões é o de que Bolsonaro foi um erro, por isso, o país não pode insistir nesse caminho, sob pena de ficar numa estagnação crônica ou até mesmo de sofrer, mais cedo ou mais tarde, um colapso econômico, social e moral.
Essa percepção do fracasso de Temer, Bolsonaro, Guedes e Moro – que frustrou muitos incautos -, não está conduzindo ao desânimo, ao negativismo, nem ao protesto destrutivo. A população está esperançosa, acredita nas possibilidades do país, mostra-se disposta a apoiar e a sustentar o projeto nacional que fez o Brasil crescer, a gerar empregos, a reduzir a criminalidade, a resgatar nossa presença soberana e respeitada no mundo.
A preferência por Lula tem essas razões, tem o conteúdo de superação, é um movimento em defesa do Brasil.
O povo brasileiro tem memória clara de como foi o governo Lula: inflação baixa, pleno emprego, crescimento do PIB, casa própria, filhos na universidade, redução da vulnerabilidade externa pelo esforço conjugado de exportar mais e de criar um amplo mercado interno de consumo de massas; incremento da atividade econômica combinadas a políticas sociais consistentes e criativas.
Faltaram reformas? Sim, mas Lula não errará de novo nisso, pois sabe que as reformas estruturais devem democratizar e modernizar o país, com vistas à justiça, eficiência e tornando o país mais competitivo no mercado internacional.
O mercado resiste, mas sabe que os contratos foram respeitados por Lula, que não ocorreu nenhuma ruptura irresponsável e todos sabem que a volta do crescimento é o único remédio para impedir que se perpetue o caos.
Espero que a Dona Lourdinha goste dessas reflexões que procuram falar de esperança e otimismo pelo porvir."
(De Pedro Benedito Maciel Neto, texto intitulado "Sobre coisas boas, otimismo e esperança", publicado no Brasil 247 - Aqui.
O articulista é advogado, autor de "Reflexões sobre o estudo do Direito", publicado pela Editora Komedi em 2007. Os resultados alcançados pelo ex-presidente são para lá de positivos, demolindo os planos dos golpistas da Lava Jato e seus parceiros tupiniquins e estrangeiros. Lula teve os seus direitos usurpados por um conluio conduzido pelo "ínclito" Moro, ponto.
Mas, pela quilometragem percorrida por este escriba desde priscas eras, iniciada antes, bem antes do advento da imprensa alternativa - nos anos 1970 -, permitimo-nos dizer que, relativamente a pesquisas eleitorais, vale alertar sobre a imprescindibilidade de receber com cautela os resultados oferecidos por certos institutos - não especificamente os acima referidos. Nesse sentido, aliás, valeria sugerir a inclusão do termo "certas pesquisas eleitorais" no dizer atribuído a Otto von Bismark: "Os cidadãos não poderiam dormir tranquilos se soubessem como são feitas as salsichas e as leis").
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