quarta-feira, 14 de maio de 2014

NO MÉXICO, TÃO LOUVADO MÉXICO...


Inflação dispara... no México

Por Mauro Santayana

Para alimentar sua população, e afastar o risco de uma crise de abastecimento, governo mexicano pede que Brasil e Argentina forneçam, em caráter de emergência, 300.000 toneladas de frango.

É de dar pena. Mas, para infelicidade de seu próprio povo, o modelo neoliberal mexicano continua fazendo água por todos os lados.

Empresa menos rentável da América Latina no ano passado, segundo o site especializado Latinvex, a PEMEX teve, em 2013, o maior prejuízo de sua história, da ordem de mais de 12 bilhões de dólares – e ele já passa de U$ 2.5 bilhões no primeiro trimestre deste ano. Enquanto isso, com todos os seus problemas, a Petrobrás - eleita no mesmo ranking a empresa mais rentável do continente latino-americano em 2013- lucrou, no mesmo período, mais de U$ 10 bilhões.

O conteúdo local dos produtos mandados para o exterior, pelos cinco principais setores exportadores mexicanos, segundo a revista local Paradigma, não chega a 60%, contra 90% no Brasil e na China.

Segundo a OCDE, quatro em cada 10 mexicanos não recebem um salário que dê para comprar uma cesta básica. No norte do México as pessoas estão comendo ratos, para não morrer de fome ( matéria):

http://conocenoticias.blogspot.com.br/2013/04/por-hambre-cazan-y-comen-ratas.html

No país mais desigual das Américas, junto com o Chile, não existe seguro desemprego, e 60% da população ativa está na informalidade.

Agora, para ilustrar melhor o que verdadeiramente está ocorrendo por lá, o site especializado em proteína animal www.eurocarne.com, citando a associação de importadores de carnes do México, acaba de divulgar que houve um aumento de 25% no preço da carne de frango, boi e porco – o suíno, por exemplo, passou de 30 para 48 pesos o quilo - no mercado mexicano, nos últimos meses, devido ao crescimento dos custos de produção nos EUA, seu principal fornecedor de alimentos.

Com isso, o consumo de proteínas no país de Zapata, com mais de 50% da população em situação de pobreza, caiu, também, no mesmo período, extraordinários 20%.

Para evitar o aumento da inflação e uma grave crise de abastecimento, o governo Peña Nieto está ultimando a importação, da Argentina e do Brasil, em caráter de emergência, de 300.000 toneladas de frango.

E ainda tem mexicano - que com certeza não precisa comer empanada na hora do almoço – que fica falando mal da Venezuela nos sites e redes sociais.

É isso aí.

Trata-se do incompetente e decadente Mercosul, dando de comer ao povo da nau capitânia da “próspera” – o México cresceu a metade do Brasil no ano passado – e “bem sucedida” – na opinião de The Economist e do Financial Times - Aliança do Pacífico. (Fonte: aqui).

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O fato é que o México é sempre invocado pelos analistas locais (e seus ídolos de The Economist...) quando se trata de criticar o Brasil: aqui, tudo é desastroso, ao contrário do que se vê no México, que entusiasticamente aderiu ao Nafta, estreitando a parceria com os EUA, coisa que o Brasil atrasado se recusou a fazer (com a Alca), patati, patatá. Convém lembrar que até pouco tempo atrás o Chile fazia companhia ao México nas louvações dos críticos do Brasil, mas a prática foi sustada após o retorno da socialista Bachelet ao poder.

Ironicamente, candidatos da oposição, inspirados em gurus como Arminio Fraga, dão conta de estar preparados para anunciar "medidas impopulares", como o fim da elevação do valor real do salário mínimo e a volta do desemprego (para conter a demanda e favorecer a redução da inflação, segundo eles) - além da pura e simples extinção do Mercosul...

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