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O ex-agente infiltrado da Máfia de Curitiba entrega provas e caminhos de provas das ilegalidades cometidas por Moro e aliados do MPF de Curitiba
Por Joaquim de Carvalho
Se o senador Rogério Carvalho (PT-SE) conseguir levar adiante sua ideia de instalar uma CPI para investigar a Lava Jato, a sociedade brasileira terá oportunidade de conhecer mais sobre as entranhas do movimento jurídico-parlamentar-midiático que levou ao impeachment de Dilma Rousseff sem crime de responsabilidade e à prisão de Lula por uma condenação sem prova. Em outras palavras, uma CPI poderá chegar à raiz desses dois golpes contra a democracia e o estado democrático de direito.
Quem pode dar o caminho que leva a esse subterrâneo é o empresário Antônio Celso Garcia, o Tony Garcia, que, em entrevista à TV 247, apresentou as provas e os caminhos de prova que levam ao subterrâneo do que parece ser uma organização criminosa instalada no seio do sistema de justiça federal na região sul do Brasil. As entrevistas de Tony Garcia foram dadas em três lives, que, somadas, ultrapassam oito horas.
Na última delas, dia 12, Tony Garcia deu detalhes do que, segundo suas palavras, foi um golpe de Sergio Moro contra a filial brasileira do Walmart, uma das maiores empresas do mundo, com sede nos Estados Unidos. No dia seguinte à entrevista, Tony Garcia encaminhou a decisão de Moro, com assinatura do então juiz, que comprova uma articulação obscura e, ao que tudo indica, criminosa.
Na decisão, de fevereiro de 2008, Moro suspendeu leilões das garantias dadas por Tony Garcia para ressarcir eventuais perdas dos clientes do Consórcio Nacional Garibaldi, que havia quebrado, o que gerou a investigação e a prisão do empresário. No lugar dos leilões, Moro admitiu que Tony Garcia vendesse o imóvel onde funcionava o Sam's Club, que pertence ao Walmart.
Esse imóvel já estava penhorado por Moro, embora a propriedade não fosse apenas de Tony Garcia, mas também da família. De qualquer forma, como estava alugado para o Walmart, em um contrato registrado em cartório com duração de 70 anos, não poderia ser objeto de execução.
Mas, informado por Tony Garcia de que o Walmart tinha uma fragilidade, Moro aceitou receber um executivo do Walmart e o diretor jurídico da empresa no Brasil, Fábio Castejon, para que o imóvel fosse comprado pela empresa norte-americana. A fragilidade do Walmart eram passivos ambientais que poderiam ser discutidos na Justiça, o que, para Tony, inibiria o Walmart de travar nova batalha judicial.
"Eu sabia que a ordem da matriz era para evitar ações na Justiça. Fui eu que disse a Moro para ir para cima do Walmart, e ele aceitou", declarou Tony.
Tony se recorda de que Moro não se dobrou. "Ele disse que eventual contestação teria que ser feita nos autos e que aquela audiência era para chegar a um acordo", recordou Tony. "O advogado tentou insistir, mas o executivo interferiu e aceitou o negócio. Para Tony, num primeiro momento, foi positivo.
O Walmart comprou o imóvel que havia alugado, pelo valor de R$ 13,8 milhões, em valores de 2008. Moro entregou R$ 3 milhões a Tony e manteve 10,8 milhões em depósito na Caixa Econômica Federal. Pelo acordo, conforme Tony, em seis meses a Justiça Federal teria de lhe devolver o saldo do ressarcimento, caso houvesse.
Passado esse período, apenas R$ 115 mil foram sacados em benefício de clientes do Consórcio Garibaldi. Moro prorrogou o prazo em mais 6 meses. Haviam sido sacados outros R$ 200 mil, mas, com a correção, segundo Tony, o valor remanescente já era superior aos R$ 10,8 milhões depositados. Ainda assim, a Justiça Federal não devolveu o saldo.
"Quando eu fui falar com o Januário e Carlos Fernando (procuradores que haviam assinado o acordo de colaboração com ele), um deles me disse: 'Criatura (é assim que me chamavam), põe uma coisa na sua cabeça: 'você nunca mais vai colocar a mão nesse dinheiro'", lembrou Tony.
Mesmo assim, Tony recorreu, e, após dois anos, todo o dinheiro foi sacado da conta, mas nada foi devolvido para ele. "Eu quero saber para onde foram esses R$ 12 milhões (valores corrigidos), mas eles nunca prestaram contas, e ainda me ameaçaram. O Carlos Fernando e o Paludo disseram que, se eu quebrasse o acordo, voltaria para a cadeia", acusou.
Agora que o caso saiu da órbita da Gabriela Hardt, por decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), Tony diz que voltará a cobrar a prestação de contas. "Pelo que soube, o Consórcio Garibaldi tinha garantias próprias para ressarcir os clientes. Quem lucrou com a venda do imóvel da minha família para o Walmart? Entendo que foi um golpe", afirmou.
Na entrevista, Tony Garcia ainda confessou ter cometido dois crimes de falso testemunho, por pressão de Moro. Um deles foi decisivo para prender o advogado Roberto Bertholdo, alvo de Moro.
Tony Garcia admite que mentiu ao dizer que Bertholdo, um político com ligações com José Dirceu, do PT, mandou grampear Moro. Na verdade, segundo ele, o grampo foi feito a mando do deputado federal José Janene, já falecido, em ação que envolveu Alberto Youssef.
O outro falso testemunho também foi essencial para federalizar e transferir para as mãos de Moro um escândalo financeiro que prejudicou a estatal de energia paranaense Copel, que envolve negociação de crédito de ICMS, conhecido como Caso Olvepar.
Por ordem de Moro, Tony também participou de interceptações de autoridades com foro privilegiado. Autoridades que o juiz de primeira instância não poderia investigar. Moro também usou Tony Garcia para investigar desembargadores e ministros do STJ.
Um desses casos envolve a gravação em vídeo de uma festa de integrantes do Tribunal Regional Federal da 4a. Região com prostitutas, no hotel Bourbon, a já célebre "festa da cueca".
Nesta cobertura sobre "Os crimes de Moro e a Máfia de Curitiba", vamos detalhar todos esses casos, a partir do relato daquele que se define como "agente infiltrado de Moro". (...). (Para continuar, clique Aqui).
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Gravíssimo. Mas requer investigação abrangente e meticulosa. Cuidado com o ínclito senador, cautela com o impoluto 'infiltrado'.
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