sábado, 14 de dezembro de 2019

A IMPORTÂNCIA DE INVESTIR NA IGUALDADE DAS MULHERES

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'A participação econômica das mulheres mostra uma gradação: quanto mais básicos
e precários são os empregos, maior é a presença das mulheres; conforme se sobe ao topo, menos mulheres estão nas estruturas de poder.'

('Mulheres', Di Cavalcanti. 1963)

A importância de investir na igualdade das mulheres 

Por Eleonora Menicucci, Maia Aguilera e Tereza Campello

O Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgado segunda-feira, dia 9, apresentou novo recorte, o Índice de Desenvolvimento de Gênero (IDG). O IDG aponta os mesmos indicadores do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) — de saúde, educação e renda — em 166 países, mas com separação por gênero. Aproxima-se, assim, da orientação de 2015 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), quando busca ir além das médias, explicitando as desigualdades de gênero, embora tenham passado quatro anos após as diretrizes da ODS.
O IDH já é um alerta para o Brasil, pois apontou que nosso país tem a segunda
maior concentração de renda do mundo, em que 1% dos mais ricos detém 28,3% da renda total do país. Em termos de injustiça, só perde para o Catar, onde 1% detém 29% da renda total da nação.
Pelo levantamento, o IDH dos homens foi de 0,761 e o das mulheres de 0,757, o
que gera um IDG, que mede a desigualdade entre os gêneros, de 0,995. O valor é menor que o de países como Uruguai (1,016), Rússia (1,015) e Venezuela (1,013), e maior que o de Argentina (0,988), Colômbia (0,986) e África do Sul (0,984).
No caso das disparidades de gênero, elas são as mais persistentes formas de
desigualdade entre todos os países do mundo. Considerando que atinge mais da metade da população mundial, a desigualdade de gênero é uma das principais barreiras para o desenvolvimento humano no planeta. De acordo com o relatório, as desigualdades de gênero são generalizadas e perpassam todos os níveis socioeconômicos de desenvolvimento, e se refletem em discriminação nas áreas da saúde, educação, no espaço doméstico, no mercado de trabalho, o que afeta a autonomia e a liberdade de mulheres e meninas.
Até 1995, ano da IV Conferência Mundial sobre a Mulher, as disparidades de gênero
eram maiores do que atualmente, mas sua tendência era a diminuição, sobretudo nas áreas da educação e saúde. As duas últimas décadas viram progressos significativos na educação, quase atingindo a paridade no desenvolvimento primário médio, e na saúde, reduzindo-se a taxa de mortalidade materna em 45% desde 2000.
Mas ganhos em outras dimensões do empoderamento das mulheres não foram tão
intensos, e o avanço em relação à igualdade de gênero vem diminuindo a nível global. Há um revés para as mulheres, com retrocessos em diversos países do mundo, sobretudo aqueles nos quais se infiltraram os combatentes da “ideologia de gênero”, fomentadores internacionais da discriminação contra mulheres e LGBTs.
Trabalho, educação e autonomia econômica
A participação econômica das mulheres mostra uma gradação: quanto mais básicos
e precários são os empregos, maior é a presença das mulheres; conforme se sobe ao topo, menos mulheres estão nas estruturas de poder.
Globalmente, as mulheres realizam mais trabalho não remunerado que os homens,
com uma diferença de 44%. De acordo com o Relatório, as disparidades de gênero entre trabalho remunerado e não remunerado e as gradações de empoderamento combinam múltiplos elementos que restringem as possibilidades de escolhas das mulheres, vez que restringem sua autonomia econômica e resiliência a choques externos. Nos países ditos em desenvolvimento, a maioria das mulheres que exerce trabalho remunerado está no setor informal, principalmente mulheres negras, no caso do Brasil.
Muito embora as mulheres estejam mais qualificadas do que nunca antes na história,
tendo novas gerações alcançado a paridade na educação primária, isso não se reflete na igualdade no mercado de trabalho.  -  (Aqui).

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