terça-feira, 1 de janeiro de 2019

O 'HARMÔNICA' E A 'VINGANÇA' DO CRONISTA DAHER

Era Uma Vez no Oeste. Um baita filme de bang-bang, de uma época em que os 'pioneiros', estimulados pelo governo norte-americano a ocupar o Oeste, foram por ele autorizados (mediante a segunda emenda à constituição, se não erramos a mira) a portar armas, 'defendendo-se' de índios hostis, dizimando também búfalos e o que lhes desse na telha, inclusive promovendo baixas entre seus próprios 'iguais'. Armas, aliás, estão na ordem do dia... 
Mas o enfoque da crônica não é exatamente a questão das armas - vai além, bem mais além, salpicada de humor corrosivo.
(NOTA: Vale registrar que hoje, 1º de janeiro, é o dia da paz e da esperança, como lembra o jornalista e teólogo Mauro Lopes - Aqui).
(Foto: Bronson em 'Era uma vez...")
Sergio Leone e Beto Brant 
Por Rui 'Harmônica' Daher    
Na minha sequência de westerns vespertinos assisti ao, para mim, melhor filme do gênero de todos os tempos: “Era uma vez no Oeste”, “Once upon a time in the West”, “C’era uma volta il West”. Podem escolher, sempre estarão diante da obra magistral do diretor italiano Sergio Leone, lançado em 1968 (que ano aquele, hein?).
As filmagens externas foram feitas em Utah e Arizona (EUA), deserto de Almeria (Espanha), e as internas em Roma, nos estúdios da Cinecittà.
Tanto admiro que tenho o filme em VHS e DVD, mas o assisti no Telecine, embora esteja disponível em qualquer plataforma digital que acessem.
A produção é ítalo-hispano-EUA. Leone, Argento e Bertolucci escreveram a história para que Sergio Donati a roteirizasse. A fotografia é de Tonino Delli Colli e a música de Ennio Morricone. 
Mais não precisaria dizer. São luminares do que nos primeiros 30 anos do Pós-Guerra tiraram de gênios italianos o melhor da filmografia mundial.
Mas, digo. Percebam a beleza da tunisiana Claudia Cardinale, hoje com 80 anos, na época aos 30. As expressões de Henry Fonda, falecido aos 77, em 1982. Tantos mais e quem mais me inspirou, Charles Bronson (1921-2003), o misterioso Harmônica, agora minha adoção.
Agora, sim, mais não digo. Assistam ao filme. Final surpreendente ao revelar-se as origem e identidade de Harmônica.
E por que eu Harmônica? Poderia ser “O Invasor”, dirigido por Beto Brant, em 2001, com Paulo Miklos, no papel de um sicário contratado para matar um sócio indesejado, mas não, o argumento não é esse.
Harmônica tem a expressão que Miklos nunca faria. Quero em mim o cinismo, o mistério, a certeza da vitória final, pois não estarei sendo, pelo contrário, estarei pagando para a vingança.
Isso inclui a todos. Sem perdão aos que me processam pelos meus escritos opinativos e galhofeiros. Com mais leveza, ainda que imperdoáveis, a familiares e amigos que transformaram o país onde nasci o cu da cobra do planeta.
Apesar dos pedidos e conselhos, não aliviarei. Aos primeiros que me processaram, já estipulei destino. Velório no Clube Harmonia ou Paulistano, enterro no cemitério São Paulo, coroas apenas de tulipas holandesas e rosas colombianas, caixão de mogno, vestes em sapatilhas Ferragamo, camisas sociais do meu velho camiseiro Augusto (não sei onde anda), gravata Carolina Herrera, perfume Dunhill que se misturará ao odor de cadáver que progride. Aos presentes serão doadas camisas polo cor-de-rosa.
Se quando ocorrer o evento for inverno, acompanhará um cashmere Burberry.
Espere. Não quero conversar com seus advogados robotizados contra mim. Tutela antecipada, né? O processo já me chega decidido por juiz recôndito em seu bolso? Quero ver se sua baixa estatura, como a minha, seu Botox para copiar, suas ideias para afastar. Suas profissões, como agora me diz Zeca Baleiro, “sujas e vulgares”.   
Harmônica, como em “Era uma vez no Oeste”, sempre vence no final. Aguardem. De mim, não terão um minuto de sossego.
Esperem. Entre 1964 e 1985 não foi diferente. E venci!  -  (Aqui).

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