quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

NA VERTIGEM DA RODA VIVA

                            (Chico Buarque e Miúcha)

Na vertigem da Roda Viva 

Por Humberto Werneck

Chico já não era apenas ‘o irmão da Miúcha’ quando, no começo de 1965, o escritor e psicanalista Roberto Freire – então à frente do recém-criado TUCA, o Teatro da Universidade Católica de São Paulo – lhe propôs um desafio: queria que ele musicasse o poema Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, que o grupo ia encenar. Roberto conhecera Chico justamente através de Miúcha, sua amiga, que o arrastou para um show no Colégio Santa Cruz, aí por 1961, 1962. “Você precisa ouvir”, ela dissera, “umas coisas que o meu irmão mais novo está fazendo”. O escritor não ficou nada impressionado com “o tal do Carioca – tímido, gago, atrapalhado, superbonito mas tocando um violão danado de ruim”. Miúcha insistiu e nos primeiros meses de 1965 levou Chico à casa de Roberto Freire, numa noite em que lá estavam, entre outros, Alaíde Costa e Geraldo Vandré. Dessa vez ele cantou Pedro pedreiro, composta havia pouco – tinha sido apresentada numa daquelas produções de Walter Silva no Paramount, BO 65, no dia 29 de março. “Fiquei vidrado”, lembra Roberto. 

(Extraído do blogue Poesia contra a guerra, o excerto acima integra o livro Chico Buarque, letra e música, 2 vols. Companhia das Letras, 1989).

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