sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

DO VOYEURISMO GEOECONÔMICO


"Voyeur é uma palavra de origem francesa que significa aquele que vê. O Voyeurismo pode ser definido como prazer de observar as genitais de outras pessoas ou suas práticas sexuais. Não pretendo com esta crônica fazer qualquer juízo de valor quanto a isto. Os tempos já são difíceis demais para eu determinar o que pode ou não pode ser feito para proporcionar prazer a alguém.  Além disso, essas discussões do século XX são impraticáveis no Brasil atual. Sim, “Freud explicou” essas questões em 1905 quando publicou “Três ensaios para a teoria sexual”... Mas, em tempos de fundamentalismo religioso com “Deus acima de tudo” é complicado debater tais assuntos. Fato é que se para alguns o voyeurismo trata-se de uma perversidade, para outros é uma perversão que não necessariamente é danosa, sobretudo se houver consentimento em sua prática e se não acarretar nenhuma perturbação aos indivíduos que usufruem de tais atos libidinosos.
Enfim... Meu principal intuito não é debater o voyeurismo dentro de um conceito de parafilia, até porque não sou psicanalista. Contudo, quero abordar o voyeurismo político praticado aqui nos trópicos não como um ato natural de consentimento mútuo, mas como uma perversidade descomunal. Refiro-me ao prazer sádico que os voyeurs políticos sentem em assistir aos estadunidenses gozarem, literalmente, na nossa cara. 
Enquanto os imperialistas norte-americanos estupram nossa Constituição e economia, alguns governantes —batedores de continência— assistem excitados ao ato. Apesar da balança comercial entre Brasil e EUA ser desfavorável para nós, os voyeurs políticos regozijam-se ao ver os estadunidenses eclodirem de prazer à custa de nossas nádegas. De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) os Estados Unidos registraram superávit comercial (com as vendas externas superando as importações) de US$ 90 bilhões com o Brasil nos últimos dez anos. Em 2017 a economia norte-americana recebeu 12,3% do total exportado pelo Brasil. Enquanto isso, a China recebeu quase o dobro do exportado. com cerca de 21,8%.
Mas, afinal o que ganham com isso os voyeurs políticos do Brasil? O imensurável prazer de ver os gringos gozando em inglês: 'Oh my God'!



(De Janderson Lacerda, post intitulado "Voyeurismo político", publicado no GGN Aqui.
Não parece ser de bom tom misturar curiosidade mórbida com alinhamento ideológico. A propósito, teria sido oportuno lembrar que a ruína de certos comerciantes pode ter como fato gerador exatamente a seletividade das parcerias a partir de opções ideológicas. O 'non olet' da política tributária está aí mesmo para deixar patente tal evidência. De onde se conclui que confrontar EUA e China frente ao Brasil é política que só interessa a espertalhões concorrentes do próprio Brasil, que, aliás, tem de ser competitivo em todos os fronts, e sem perder de vista a imprescindibilidade de se libertar da prevalência da exportação de commodities.

Convém, por último, dar uma conferida na matéria "EUA tiveram superávit comercial de US$ 90 bilhões com o Brasil nos últimos 10 anos, diz governo", publicada no jornal O Globo - aqui -, lembrando que com a 'ida' da Embraer e outras joias brasileiras para os EUA a situação vai ser fortemente impactada. Negativamente, claro).

Nenhum comentário: