As razões para a escolha de Bendine para a Petrobras
Por Luis Nassif
Dois pontos pesaram na escolha de Aldemir Bendine, atual presidente do Banco do Brasil, para a presidência da Petrobras.
A primeira, o sucesso do sistema de governança interna criado pelo banco, que o poupou de escândalos e lhe permitiu alguns prêmios mundiais de "compliance", como a escolha de banco mais ético do mundo em 2014 pelo The Ethisphere Institute, fato noticiado pelo (The New) York Times.
O banco definiu um conjunto de instâncias de decisão pelas quais nenhum diretor, isoladamente, pode tomar decisões para operações acima de determinado valor. O sistema foi montado sem burocratizar excessivamente os processos de decisão.
Na Petrobras, sem saber como atuar, a ex-presidente Graça Foster centralizou todos os pagamentos em sua mesa, na ilusão de que conseguiria segurar as jogadas. As jogadas não surgem na hora do pagamento, mas na hora da contratação. E quanto maior o poder individual de um gestor, maior a vulnerabilidade da empresa.
Pesou também a familiaridade do banco com ajustes de balanço, prática corriqueira em um setor que trabalha fundamentalmente com crédito e garantias.
Algumas observações sobre as primeiras reações à indicação de Bendine:
1. Queda das ações da Petrobras: cairiam ainda que o indicado fosse John Welch. No mercado, as ações sempre valorizam-se no boato e caem no fato.
2. As "denúncias" contra Bendine. Ele foi alvo de uma guerra interna no banco, por parte de um ex-diretor que se considerou abandonado quando alvo de acusações. O que saiu até agora são factoides que jornais sérios certamente pensariam duas vezes antes de divulgar.
3. O fato a se considerar é que a escolha de Bendine não amplia a composição do governo Dilma. Ele continua preso ao gueto armado pela presidente. (Fonte: aqui).
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O sistema de alçadas, com um conjunto de instâncias que impede decisão isolada de diretor a partir de certo valor, vigorava no BB já antes da posse de Bendine como presidente, em 2009. Os dois méritos maiores do novo administrador da Petrobras: consolidar o BB como agente moderador do mercado, notadamente em 2012 (encargos financeiros) e alçar o banco à condição de maior aplicador de recursos a partir da eclosão da crise financeira mundial, quando a banca privada se retraiu.
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