quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O RELATÓRIO FINAL DA COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE


"O Brasil merecia a verdade", disse Dilma sobre o relatório da CNV

Por Patricia Faermann

"O Brasil merecia a verdade, as novas gerações mereciam a verdade, e sobretudo mereciam a verdade aqueles que perderam e que continuam sofrendo, continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia", disse emocionada a presidente Dilma Rousseff, durante a entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV).

Durante dois anos e sete meses, o grupo da Comissão se empenhou para esclarecer os fatos, circunstâncias e autorias das violações dos direitos humanos, praticadas entre 1946 e 1988. O principal era o direito à memória e à verdade histórica.

"Nos seus 2 anos e 7 meses, dedicamos à busca e pesquisa de documentos, foram 1200 depoimentos, diligências em unidades do Estado que foram utilizadas para a prática de violações, sessões de audiências públicas, em 20 unidades da Federação e Distrito Federal", disse o coordenador da CNV Pedro Dallari, na cerimônia.

Dallari contou que o resultado desse trabalho foram 8 relatórios preliminares e o relatório final entregue hoje (10) à presidente da República. Dividido em três volumes, são 4.400 páginas que contemplam a revelação das cadeias de comando, os métodos das graves violações, o papel das igrejas cristãs, textos que tratam da resistência da ditadura militar, e a história de 434 mortos e desaparecidos políticos.

O coordenador da CNV fez questão de lembrar: "o relatório não representa o início ou fim da investigação da ditadura brasileira".

"Estou certa que vocês, integrantes da Comissão Nacional da Verdade, cumpriram ao longo desses 31 meses sua missão, pois se empenharam em estudar, ouvir, conhecer a nossa historia", disse Dilma, ainda emocionada. "Quem dá voz são os homens e mulheres livres, que não tem medo", completou.

Agradeceu o papel e trabalho de cada um dos atores que contribuíram para a busca da verdade. Aos que sobreviveram às violações e ainda hoje estão vivos, Dilma reconheceu seus relatos que ajudaram o Brasil a "se encontrar com ele mesmo". "Presto homenagem e manifesto caloroso agradecimento aos familiares dos mortos e desaparecidos, que viveram momentos de morte, dor, sofrimento, e por isso de grandes perdas", agradeceu a presidente.

Dilma Rousseff frisou seu compromisso com a responsabilização. Afirmou que o governo se debruçará sobre todas as páginas e com as consequências que delas tiverem. "A verdade liberta todos nós do que ficou por saber, por dizer, liberta do que permaneceu oculto, de lugares que não sabemos onde foram depositados os corpos, mas faz com que seja dito, explicado e sabido", afirmou.

"Devemos isso a gerações como a minha que sofreram, mas também à maioria da população brasileira, gerações que nasceram após a ditadura, e que não tiveram acesso total à verdade. Sobretudo a elas que a CNV presta o maior benefício. Conhecer a verdade é imprescindível para poder construí-la melhor", lembrou a presidente.

Tanto Dilma, quanto Pedro Dallari lembraram sobre o significado de se entregar esse relatório no Dia Internacional dos Direitos Humanos, comemorado hoje. "Tornar público este relatório, nesta data, é um tributo a todas as mulheres e homens do mundo que ajudaram a construir marcos civilizatórios e tornaram a humanidade melhor", falou Dilma.

"O Brasil certamente saberá reconhecer a importância desse trabalho", finalizou a presidente. (Fonte: aqui).

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O Relatório Final da CNV já foi disponibilizado e pode ser baixado:

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