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Bennett.
O escândalo que não é escandaloso
Por José Inácio Werneck
A Receita Federal aqui nos Estados Unidos chama-se Internal Revenue Service. Os republicanos a odeiam por princípio, já que a consideram a cara do “big government”, contra o qual estrebucham 24 horas por dia, sete dias por semana.
Seu grande líder nesta tarefa é o arqui-conservador Grover Norquist, autor da famosa frase: “quero tornar o governo tão pequeno que possa afogá-lo na banheira”.
Com esta filosofia nasceu o Tea Party, órgão politico dedicado exclusivamente ao avanço de todas as causas reacionárias, como abolição de serviços sociais, fim do Medicare, do Medicaid, da assistência aos desempregados e do “food stamp”, o programa que suplementa a alimentação das classes mais pobres.
Ocorre que o Tea Party quer fazer campanha contra tais causas mas ao mesmo tempo quer ficar isento do pagamento de Imposto de Renda, sob o argumento de que é de uma organização destinada a obras de caridade e bem-estar social.
Para citar um único exemplo, o Wetumpka Tea Party, de Alabama (estado notoriamente conservador e racista) pediu isenção do pagamento de Imposto de Renda ao mesmo tempo que desfechava uma campanha com o objetivo declarado de “derrotar Barack Obama”.
Com a campanha em pleno vigor, teve o desplante de peticionar ao IRS (Internal Revenue Service) para não pagar Imposto de Renda, alegando que não era uma “organização política” (algo que automaticamente o desclassificaria).
Este é apenas um dos inúmeros exemplos do que ocorreu nos últimos tempos nos Estados Unidos. A um leigo pareceria mais do que normal que um funcionário do IRS, recebendo tal petição, fosse investigar qual era realmente o objetivo do Wetumpka Tea Party.
Apesar de tudo, todas as organizações políticas republicanas que solicitaram isenção do Imposto de Renda a conseguiram. Os republicanos porém estrebucham, dizendo que organizações liberais não foram investigadas “com o mesmo vigor”. (Talvez por não serem tão óbvias em suas campanhas.)
Coisa, é claro, de gente descarada. Esses são os republicanos que conseguiram impor a Barack Obama a tal “sequestration”, um drástico corte de verbas nas despesas governamentais. Apesar de se oporem às medidas de estímulo econômico, eis que, ao contrário de todas as teses que eles sustentam, os indicadores apontam que os Estados Unidos estão na rota da recuperação, do crescimento e da criação de empregos.
O deficit público, que explodiu na última vez em que os republicanos ocuparam a Casa Branca, com George W. Bush, está encolhendo. Tudo ao contrário do que eles garantiam.
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O Brasil, por sua vez, está assim de seguidores fiéis do Tea Party.
Werneck diz (com razão) que "os indicadores apontam que os Estados Unidos estão na rota da recuperação". O PIB americano do primeiro trimestre 2013 foi de 0,6%. Por ironia, idêntico ao do Brasil.
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