terça-feira, 5 de maio de 2020

O BRAZIL COM 'Z' NÃO MERECE O ALDIR (E A HOMENAGEM DO ETERNO PARCEIRO JOÃO BOSCO)

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"Esse Brazil vinha torturando Aldir. Esse Brazil matou Aldir por ignorar a doença terrível".
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O que seus algozes talvez não saibam é que Aldir é eterno e será cantado através dos tempos.

(Lan)

Por Mair Pena Neto 

Brazil não merece o Aldir, o Brazil matou o Aldir.
Estou falando desse Brazil com ‘Z’, das elites tacanhas, do Bolsonaro, do Moro, desses militares retrógrados, saudosos da ditadura que manchou o Brasil de verdade. Ditadura que Aldir combateu de peito aberto, lembrando de tanta gente que partiu num rabo de foguete daqueles anos de trevas e das viúvas dos que morreram covardemente torturados nos porões. Torturados por gente louvada por Bolsonaro, sob o comando dos iguais que o cercam.
Esse Brazil vinha torturando Aldir.
Esse Brazil matou Aldir por ignorar a doença terrível, por ser sádico e cruel com sua própria população.
Aldir não suportava a ignorância, o neofascismo, o Brazil colonizado, subjugado e ridicularizado perante o mundo. Aldir já não suportava o Brazil desde o golpe contra Dilma Rousseff, o golpe de punhos de renda, que só não o considera assim quem é mané, valendo-se da linguagem do povo, porque ele, Aldir, é quem fala gostoso o português do Brasil, como cantava Bandeira.
O Brasil de Aldir é o Brasil de Bandeira, o Brasil do povo, o Brasil do Almirante Negro, para quem este generalato que assessora o poder não serviria sequer para lhe engraxar as botas. O Brasil de Aldir é o Brasil do futebol, da pelada de rua, não o Brazil da CBF, da corrupção, do poder financeiro e dos jogadores marionetes. O Brasil de Aldir é o Brasil dos botequins, da feijoada, do carnaval do povo na rua.
(Cartum de Aliedo)

Aldir continuará entre nós em cada copo de cerveja derramado nos botecos do Brasil, em cada pagode nos subúrbios cariocas, em cada rabada com agrião numa roda de samba, em cada uma das pequenas características da verdadeira identidade brasileira, que passa longe dos palácios, dos conchavos, da imoralidade e da vergonha que impera no Brazil de hoje.
O que seus algozes talvez não saibam é que Aldir é eterno e será cantado através dos tempos.
Estes que contribuíram para a sua morte têm um destino inexorável: a lata de lixo da História.  -  (Tijolaço - Aqui).

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.O QUE DISSE JOÃO BOSCO, O ETERNO PARCEIRO (vimos Aqui)


"Peço desculpas aos que têm me procurado hoje. Não tenho condições de falar. Aldir foi mais do que um amigo pra mim. Ele se confunde com a minha própria vida. A cada show, cada canção, em cada cidade, era ele que falava em mim. Mesmo quando estivemos afastados, ele esteve comigo. E quando nos reaproximamos foi como se tivéssemos apenas nos despedido na madrugada anterior. Desde então, voltamos a nos falar ininterruptamente. Ele com aquele humor divino. Sempre apaixonado pelos netos. Ele médico, eu hipocondríaco. Fomos amigos novos e antigos. Mas sobretudo eternos. Não existe João sem Aldir. Felizmente nossas canções estão aí para nos sobreviver. E como sempre ele falará em mim, estará vivo em mim, a cada vez que eu cantá-las. Hoje é um dos dias mais difíceis da minha vida. Meu coração está com Mari, companheira de Aldir, com seus filhos e netos. Perco o maior amigo, mas ganho, nesse mar de tristeza, uma razão pra viver: quero cantar nossas canções até onde eu tiver forças. Uma pessoa só morre quando morre a testemunha. E eu estou aqui pra fazer o espírito do Aldir viver. Eu e todos os brasileiros e brasileiras tocados por seu gênio".

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