quinta-feira, 3 de maio de 2018

MORO E O (INACESSÍVEL) MYWEBDAY

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"... a pessoa é acusada com base em supostas provas, porém não pode verificar e confirmar se as provas de fato existem e se, uma vez existentes, são verdadeiras e originais e estão íntegras." É o que escreve o articulista autor do post a seguir. Foi exatamente essa a realidade que conduziu este blog à publicação, no ano passado, de uma série de posts acerca da questão, concentrando o foco nos sistemas MyWebDay e Drousys, que tratam dos registros contábeis do conglomerado Odebrecht, aos quais a defesa do réu legitimamente pediu acesso, recebendo um 'não' como resposta. O post "Os segredos do MyWebDay da Odebrecht, parte 2" - AQUI -, p. ex., de agosto de 2017, já cuidava da questão. 
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Nota: O tema MyWebDay/Drousys consta da pauta apresentada (em dezembro do ano passado) por parlamentares do PT à procuradora-geral Raquel Dodge, discutida em reunião ocorrida ontem, 2, na PGR em Brasília e sobre a qual se tratou em entrevista concedida logo após encerrada - vídeo AQUI.


Moro e o mistério do sistema de propinas da Odebrecht

Por Jeferson Miola

São fortes as suspeitas de que o sistema de gestão de propinas da Odebrecht, conhecido como mywebday, foi fraudado com o objetivo de produzir provas falsas para incriminar Lula no processo do sítio de Atibaia.

A manipulação no mywebday teria ocorrido após a Odebrecht entregar o sistema com as senhas e códigos de acesso aos procuradores da Lava Jato. Ou seja, quando o material já estava sob a custódia da Lava Jato.

O mistério em torno do mywebday vem de longa data. Na edição de 29 de janeiro passado, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima revelou com exclusividade no panfleto O Globo o estranho sumiço das senhas de acesso ao sistema.

A PF se demora sobremaneira na perícia no mywebday, sempre descumprindo os prazos para o término do trabalho.

A PF pediu outra vez, e Moro novamente concedeu, prorrogação de prazo para a conclusão do laudo pericial – é uma espécie de “embargo dos embargos” policiais que Moro concede à PF, em desfavor do esclarecimento do mistério.

A ironia é inevitável. Como um déspota soberano, no mandado ilegal de prisão do Lula Moro simplesmente ignorou o recurso judicial da defesa, o “embargo dos embargos declaratórios”, por considerá-lo uma “patologia protelatória que deveria ser eliminada do mundo jurídico”.

Moro, por outro lado, não autoriza a defesa do Lula acessar o sistema, ainda que a Lava Jato utilize supostas provas extraídas do mywebday para acusar o ex-presidente.

É um procedimento jurídico muito especial; melhor dito, excepcional, arbitrário: a pessoa é acusada com base em supostas provas, porém não pode verificar e confirmar se as provas de fato existem e se, uma vez existentes, são verdadeiras e originais e estão íntegras.

Por qual razão Moro, os procuradores e a PF retardam a conclusão da perícia no sistema da Odebrecht e impedem o acesso da defesa do Lula ao mywebday?

Quem, dentre os procuradores e policiais federais da Lava Jato será responsabilizado pelo estranho “sumiço” das senhas de acesso ao sistema? Quem, afinal, “extraviou” as senhas?

O que Moro, a Globo e os procuradores estão escondendo? Quais segredos do mywebday não podem ser revelados?

Caso não haja o esclarecimento cabal deste mistério, a farsa jurídica contra Lula terá outro fundamento para sua nulidade, além daquele já apontado na recente decisão do STF que tirou do Moro as delações forjadas pela Lava Jato para incriminar Lula.  -  (Fonte: O cafezinho - Aqui).


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"Defesa de Lula recorre ao STJ para que Tacla Durán testemunhe contra provas da Lava Jato"  -  AQUI.

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