sábado, 31 de março de 2012

VIVA A DEFICIÊNCIA!


Ao que consta, quando Carlinhos Cachoeira distribuiu os 17 telefones-rádios Nextel (sim, ao todo foram 18 Nextel - segundo Eduardo Guimarães, do blog Cidadania -, e não 15, como antes anunciado), assegurou a cada assecla, digo, parceiro: "Manda brasa! O bicho é à prova de rastreamento!"

E mandaram brasa, como estamos a ler.

O inteiro teor dos 298 contatos Demóstenes-Cachoeira não deverá ser conhecido pela plebe em face do foro privilegiado/condição do senador. O relativo às 200 ligações do bicheiro com o jornalista-editor Policarpo Jr, da Veja, está vindo a conta-gotas, a exemplo do pinçado e (hoje) publicado pela revista - que nele se fundamenta(!) para incensar o jornalista.

E as revelações faltantes? Aguardemos.

Enquanto isso, louvemos a deficiência. Sim, pois se os tais telefones-rádios Nextel fossem efetivamente invulneráveis, as falcatruas não teriam vindo à tona - e, para ficarmos num único exemplo, continuaria a fluir o processo de construção do ícone Demóstenes Torres, conforme se pode constatar da leitura dessa matéria.

"Me venderam rato por lebre...", choraminga, em Mossoró, o ludibriado consumidor Cachoeira.  

EM ALTO E BOM SOM


Adianta reagir: STJ pode rever decisão pró-pedofilia

Fernando Brito, do Tijolaço

Valeu a pena a onda de indignação que tomou conta do país diante da incompreensível decisão do Superior Tribunal de Justiça de inocentar, na prática, os “clientes” da prostituição de crianças de 12 anos de idade.
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Uma reação que começou na blogosfera e que se agigantou quando foi encampada pelo Governo Federal – veja aqui a reação da Ministra Maria do Rosário – e pela Associação dos Procuradores da República.
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Não há vontades imperiais numa república. O dever de acatar decisões judiciais não se confunde com a perda do direito – e, neste caso, até mesmo a obrigação, em nome da vida civilizada – de contestá-las, dentro e fora dos tribunais.
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Hoje, o presidente do STJ, Ari Pargendler, admitiu que a corte pode rever o julgamento.
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É evidente que o fará provocado pelo recurso que, certamente, se oferecerá contra a sentença.
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Ninguém quer fazer o Judiciário funcionar apenas em função do clamor público e que deixe de lado a lei. Mas não é possível que o tribunal não atente para o fato de que, ao liberar, apenas com uma leve reprimenda moral, a prática comercial de sexo com crianças desta idade – na qual não há confusão física possível com a maioridade, o que evidencia a exploração deliberada de menor – está, na prática, favorecendo a prostituição infantil.
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Se com o temor de consequências judiciais essa prática já é uma vergonha disseminada em nosso país, pelas praças, becos e estradas, que dirá com o “aval” do STJ ao dizer que se a menina já é prostituta, está tudo “liberado”!
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Não existe Direito “neutro”, todo ele é cultural e social. Uma decisão judicial cumpre um papel educativo. E esta foi, infelizmente, a de ensinar que, quando se prostitui, não é apenas a vida deformada que vai tirar das crianças o direito constitucional á proteção que elas merecem. São os senhores doutores juristas que irão dizer: não, menina, você não é mais uma menina aos 12 anos, é um lixo que não merece proteção.

sexta-feira, 30 de março de 2012

REDES, BALANÇAI: VEM AÍ O MEDPLAN


4º SALÃO MEDPLAN DE HUMOR - TERESINA

.INSCRIÇÕES: 15 de abril a 15 de junho de 2012. O 4º Salão Medplan de Humor é aberto a todos os artistas gráficos brasileiros nas modalidades charge e/ou cartum. Abertura do Salão: 11 de julho de 2012. 
.Cada artista poderá se inscrever com o máximo de 3 (três) trabalhos inéditos, no formato 30X40 cm, admitida qualquer técnica. No verso de cada trabalho, ou no e-mail, deverão constar o nome completo do autor, endereço, e-mail, telefone, número de identidade, CPF e de conta bancária.
.Envio dos trabalhos: site www.medplan.com.br, ou remessa dos originais para: 4º Salão Medplan de Humor, Rua Coelho Rodrigues, 1921 – Centro, CEP: 64000-080 Teresina – PI.
.Tema: REDES SOCIAIS.
.Premiação: primeiro lugar: R$ 5.000,00; segundo lugar: R$ 3.000,00. Prêmio Internet: R$ 2.000,00. (O Prêmio Internet será escolhido pelos internautas, de 15 a 20 de junho, no site acima citado).
.Outras informações: (86) 9975 2514.

OLD MILLÔR

Fonte: Arquivos Incríveis, do pesquisador João Antonio Buhrer.

Em março de 1983, Millôr inaugurou jornada na revista IstoÉ, depois de muitos anos na revista Veja - que o demitira em face do seu apoio à candidatura de Leonel Brizola ao governo do Rio, em 1982.

Em página dupla, o pensador chegou com tudo, e logo na primeira página reafirmava: "como eu ia dizendo antes de ser rudemente interrompido: BRIZOLA NA CABEÇA!"

No alto da página, seu consagrado dito: "IMPRENSA É OPOSIÇÃO. O RESTO É ARMAZÉM DE SECOS & MOLHADOS".

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De uns tempos para cá, diante de práticas contumazes da grande imprensa - como queima de reputação sem possibilidade de defesa, silêncios ensurdecedores, distorções deliberadas e conluios com mafiosos cachoeirísticos -, cheguei à conclusão de que o dito deveria dirigir-se basicamente a jornalistas e receber um pequeno adendo, sendo assim expresso:

"Imprensa é oposição ao patrão. O resto é armazém de secos & molhados".

AINDA MILLÔR (IV)

Charge de Benett.

Millôr, meu amigo

Por Jânio de Freitas

Millôr, além de tudo o que criou, e criou de tudo, criou também um engano involuntário. A propósito dele mesmo, mas não o engano do nome. Milton de verdade, na certidão e por desejo paternal, Millôr por sargentada de um militar que cismou ser o t um segundo l e o traço do t um circunflexo no o: "É Millôr!". Miltinho até os 17 ou 18, Millôr para sempre.

O outro engano recaiu sobre nós. Acompanhou Millôr desde a primeira página do "Pif-Paf" no longínquo "O Cruzeiro" e agora se mostra com toda intensidade, nos jornais, nas TVs, nas conversas sobre "o humorista Millôr". Mas desengane-se: Millôr não era humorista.

Millôr foi um pensador. Brilhante e fertilíssimo pensador. Ilimitado nos temas e incessante no seu exercício de pensador.

O humor foi uma linguagem para o pensador. Uma das linguagens. Como a palavra, escrita ou vocalizada. Como o traço e as cores no desenho e na pintura, de uma riqueza de sentidos só comparável à preciosidade da criação estética. Como a elaboração cênica e verbal do autor de teatro.
O humor foi a mais presente e perceptível linguagem de Millôr, mas linguagem do pensador.

Cada sentença e cada texto, cada pintura e cada peça, cada conversa de Millôr conteve, sempre, um significado ético, ou humanístico, ou crítico, e mais, mais -sempre o significado adicional, além do visível e do audível. E, no final, ali estava a razão de ser do escrito, do desenhado, do dito. E nada construído: nascido, simplesmente.

Pensador de hábitos inesperados. Quando Paulo Mendes Campos, Marco Aurélio Mattos e eu, o caçula aceito, chegávamos de manhã à praia, já Millôr havia feito ginástica em uma academia precursora e repetido corridas na areia. Encontros por anos e anos, cujas conversas não terminaram ainda: percorrem com frequência minha cabeça, em pedaços que esperavam continuação ou que são inesquecíveis. Eram três intelectuais gigantescos, a me injetar, sem querer, perplexidades e curiosidades, um dia porque alguém decidira ler Humboldt, no outro porque alguém descobrira uma sutileza ainda impercebida em certa passagem de Shakespeare, ou um pintor, um livro, muitos livros -tudo terminava em livros.

O último de nossos almoços regulares, que desde as dificuldades físicas de Millôr estavam transferidos para o seu estúdio, foi também o último seu com amigos. Naquele dia, ainda Luis Gravatá e Cora Rónai. Foi suave, mais longo do que o habitual por insistência do Millôr. No dia seguinte, de repente, Millôr iniciou longo período de vida quase toda em ausências.

Quando dirigiu a Casa Laura Alvim, Eliana Caruso fez uma edição fac similar da revista "Pif-Paf", que Millôr lançou depois de deixar "O Cruzeiro". Tiveram comigo a gentileza de me entregar o texto de apresentação. Terminei-o com uma frase mais ou menos assim: "Tive a sorte de conhecer um gênio".

Mais do que conhecer, a sorte me permitiu o convívio. Foi uma amizade de quase 60 anos, sem baixios, com intimidade bastante para as confidências nas aflições e em coisas pessoais, para solidariedade e confiança.

Minha gratidão, meu amigo Millôr.

quinta-feira, 29 de março de 2012

O CHORO POR ADEMILDE


Ademilde Fonseca, Rainha do Choro, partiu ao lado de Millôr. Dupla maravilhosa.

Clicando AQUI, poderemos ouvir chorinhos antológicos do cancioneiro nacional, modo singelo de louvar esses dois ícones da cultura brasileira.

A homenagem é oferecida pela pesquisadora Laura Macedo, do Portal Luis Nassif (e Brasilianas).

DIÁLOGOS TRANSCENDENTAIS


- Pode falar, mestre.

- Negócio seguinte: vamos continuar dando curso à estratégia.

- Fique tranquilo.

- O pessoal está empenhado em arrumar um rumoroso escândalo. Esse caso é a beira do abismo.

- Isso, precisamos abafar essa chatice do Cachoeira.

- Não podemos nem pensar em CPI. CPI é coisa descartada. O Policarpo está tranquilo quanto a isso. O negócio é a gente conseguir um escândalo novo.

- Claro, claro.

- Vamos espichar, até onde der, a indignação em cima do Demóstenes, mas, extrapolar pros demais parceiros, nem pensar.

- Perfeito.

- Ah, e muda aquele "empresário do ramo de jogos" para designar o Cachoeira. Doravante, utilize "empresário do setor de jogos".

- "Setor" em lugar de "ramo"? Tudo bem, mas... por quê?

- "Ramo" lembra "galho", "galho" lembra "árvore", "árvore" lembra "bicho", "bicho" lembra "bicheiro".

- Bem pensado, mestre, bem pensado.

- No mais, oremos.

- Isso, oremos.

PICLES DE MILLÔR


Clique para ampliar.

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Em tempo: Sei, sei: Millôr intitularia este post de "Livre pensar é só pensar", ou de "Reflexões sem dor", entre outros. Mas, que são Picles, são.

ESTRAGOS DA PRIVATARIA


Do jornalista Elio Gaspari: "PATRULHA E CENSURA - Diga qual foi a publicação onde aconteceu isso:

Tendo publicado em seu site uma resenha favorável a um livro, ela foi denunciada pela direção de um partido político e daí resultaram os seguintes acontecimentos:

1) A resenha foi expurgada.

2) O autor do texto foi dispensado.

3) Semanas depois o editor da revista foi demitido.

Isso aconteceu na revista 'História', o livro resenhado foi 'A Privataria Tucana', a denúncia partiu do doutor Sérgio Guerra, presidente do PSDB, o jornalista dispensado foi Celso de Castro Barbosa e o editor demitido foi o historiador Luciano Figueiredo.

Em nove anos de poder, não há registro de que o comissariado petista com suas teorias de intervenção na imprensa tenha conseguido desempenho semelhante.

A revista é editada pela Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional, que pouco tem a ver com a administração da veneranda instituição. No episódio, sua suposta amizade ofendeu a ideia de pluralidade essencial às bibliotecas."

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Quem disse que a abjeta censura está sepultada? Quem disse que o fato de uma agremiação portar um D de Democracia a faz agir democraticamente?
Enquanto isso, "A Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Jr, continua nas listas dos mais vendidos.
A entrega de parte do patrimônio nacional e a locupletação de espertalhões não vão ser esquecidas pelos que fazem e os que acompanham a História.

quarta-feira, 28 de março de 2012

MILLÔR


Millôr Fernandes - por NETTO (leia fábula aqui).

CONFRARIA DOS ANYSIOS


Segundo Ivan Lessa, da BBC Brasil (e, em priscas eras, d'O Pasquim), a capa do jornal carioca O Dia, edição do dia 24 de março,  entrou para a história do jornalismo. De acordo com o colunista, a capa está no ranking das dez melhores primeiras páginas de uma publicação impressa.

"(...) Ojornal (...) fez algo simples e - nesse caso a palavra cabe mesmo - genial”, afirmou Lessa. “De vez em quando, caso do Chico e do jornal, esbarramos frontalmente com a grandeza. Pena que seja em horas tristes e com tamanha escassez”.

O Ivan falou e disse.

PARTIU O ESCRITOR SEM ESTILO


Morre escritor Millôr Fernandes aos 88 anos

Morreu na noite desta terça-feira (27), aos 88 anos, o escritor Millôr Fernandes. Desenhista, dramaturgo, poeta e jornalista, ele faleceu em sua casa, no Rio de Janeiro, em decorrência de falência de múltiplos órgãos. O velório será realizado até as 15h desta quinta-feira (29), mas ainda não há detalhes sobre cerimônia de sepultamento ou cremação. As informações são do cemitério Memorial do Carmo.

Nascido no bairro do Méier, no Rio, em 16 de agosto de 1923, Millôr foi registrado oficialmente em 27 de maio de 1924. Com um ano, ficou órfão de pai e, aos 10 anos, de mãe. Ao longo da vida, se firmou como um dos mais importantes e atuantes intelectuais brasileiros. Adaptou e escreveu obras para teatro e para televisão, além de ter imortalizado diversos frases e aforismos.

Em 1943, após ter passado pelo jornal "Diário da Noite" e pela revista "A Cigarra" - onde criou o pseudônimo Vão Gogo, com o qual assinou suas colunas até 1962 -, Millôr retornou à revista "O Cruzeiro", onde criou, ao lado de Péricles, cartunista de "O Amigo da Onça", a seção "O Pif-Paf".
Autodidata, em 1942 realizou a sua primeira tradução - função que anos mais tarde lhe renderia o título de maior tradutor de Shakespeare no Brasil -, "Dragon Seed", romance da americana Pearl S. Buck, com o título "A Estirpe do Dragão".

Já em 1946 fez sua estreia literária com o livro "Eva Sem Costela". Sete anos depois, foi montada sua primeira peça de teatro, "Uma Mulher em Três Atos".

Em 1964, aos 41 anos, editou a revista humorística "O Pif-Paf", considerada uma das pioneiras da imprensa alternativa. Quatro anos depois, participou da fundação do jornal satírico "O Pasquim", uma das vozes mais ativas contra a censura e o governo militar durante a ditadura nos anos 70. A publicação teve colaboração de Ruy Castro, Paulo Francis, Ivan Lessa, dos cartunistas Jaguar e Ziraldo, entre outros nomes importantes do jornalismo brasileiro. (Fonte: UOL).

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Millôr, já consagrado, esteve em nossa Capital por ocasião de um Salão Internacional de Humor do Piauí. Veio na companhia da jornalista Cora Ronai. Batemos um bom papo. Lembro-me de que o Albert, presidente do evento, se desdobrou no sentido de bem receber o Vão Gogo. Pêsames à Cora, ao Ivan Fernandes (o cartunista IF, que há muitos anos deixou de desenhar), filho do Millôr, e ao notável jornalista Hélio Fernandes, irmão de Millôr e editor-diretor do combativo jornal Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro.
("Enfim, um escritor sem estilo" - assim Millôr, que transitava por 'n' searas, se definia).

INTOLERÂNCIA DESATADA


O racismo a serviço do império euroamericano

Por Mauro Santayana

Podemos talvez encontrar a origem do racismo a partir do equívoco bíblico de que Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Levando a ideia ao pé da letra, nasceu a paranóia da intolerância ao outro. A imagem negra de Deus é a de seus deuses africanos, a imagem judaica de Deus é a de um patriarca hebreu, na figura de Jeová. Os muçulmanos não deram face a Alá, nem veneram qualquer imagem de Maomé, mas isso não os fez mais santos. Desde a morte de Maomé, seus descendentes e discípulos se separaram em seitas quase inconciliáveis, que se combatem, todas elas reclamando o legado espiritual do Profeta. Os muçulmanos, como se sabe, reconhecem Cristo como um dos profetas.
 
Os protestantes da Reforma também prescindiram de imagens sagradas, o que, sem embargo, não os impediu de exercer intolerância e violência contra os católicos, com sua inquisição – em tudo semelhante à de seus adversários.
 
Essa ideia que associa as diferenças étnicas e teológicas à filiação divina tem sido a mais perversa assassina da História. Os povos, ao eleger a face de seu Deus, fazem dele cúmplice e protetor de crimes terríveis, como os de genocídio. O Deus de Israel, ao longo da Bíblia, ajuda seu povo, como Senhor dos Exércitos, a “passar pelo fio da espada” os inimigos, com suas mulheres e seus filhos. Quando Cortés chegou ao México, incitou os seus soldados ao invocar a Deus e a São Tiago, com a arenga célebre: “adelante, soldados, por Dios y San Tiago”.
 
Quando falta aos racistas um deus particular, eles, em sua paranóia, se convertem em seus próprios deuses. Criam seus mitos, como os alemães, na insânia de se considerarem os mestres e senhores do mundo. Dessa armadilha da loucura só escaparam os primitivos cristãos, mas por pouco tempo, até Constantino. A Igreja, a partir de então, se associou aos interesses dos grandes do mundo, e fez uma leitura oportunista dos Evangelhos.
 
A partir do movimento europeu de contenção dos invasores muçulmanos e do fanatismo das cruzadas, a cruz, símbolo do sacrifício e da universalidade do homem, se converteu em estandarte da intolerância. Nos tempos modernos, o símbolo se fechou – com a angulação dos braços, no retorno à cruz gamada dos arianos – em sinal definitivo e radical da bestialidade do racismo germânico sob Hitler.
 
Os fatos dos últimos dias e horas são dramática advertência da intolerância, e devem ser vistos em suas contradições dialéticas. O jovem francês que mata crianças judias e soldados franceses de origem muçulmana, como ele mesmo, é o resultado dessa diabólica cultura do ódio de nosso tempo aos que diferem de nós, na face e nas crenças. É um tropeço da razão considerar todos os muçulmanos terroristas da Al-Qaeda, como classificar todos os judeus como sionistas e todos os alemães como nazistas. Ser muçulmano é professar a fé no Islã – e há muçulmanos de direita, de esquerda ou de centro.
 
Merah, se foi ele mesmo o assassino, matou cidadãos do moderno Estado de Israel, como eram as vítimas da escola de Toulouse, mas também muçulmanos do Norte da África, como ele mesmo. Os fatos são ainda nebulosos, e os franceses de bom senso ainda duvidam das versões oficiais, como constatou The Guardian em matéria sobre o assunto.
 
Em El Cajon, nas proximidades de San Diego, na Califórnia – uma comunidade em que 40% de seus habitantes é constituída de imigrantes do Iraque, uma senhora iraquiana, que morava nos Estados Unidos há 19 anos, foi brutalmente assassinada, com o recado de que, sendo terrorista, depois de morta deveria voltar para o seu país. O marido, também iraquiano, é, por ironia da circunstância, empregado de uma firma que assessora o Pentágono na preparação psicológica dos militares que servem no Oriente Médio. E também nos Estados Unidos, na Flórida, um vigilante de origem hispânica (embora com o sobrenome significativo de Zimmermann, bem germânico) matou, há um mês, um jovem de 17 anos, Travyon Martin, provocando a revolta e os protestos da comunidade negra.
 
Em Israel, o governo continua espoliando os palestinos de suas terras e casas e instalando novos assentamentos para uso exclusivo dos judeus. O governo de Telavive não reconheceu a admoestação da ONU de que isso viola os direitos humanos essenciais. Os Estados Unidos votaram contra a advertência internacional a Israel. Como se vê, os direitos humanos só são lembrados quando servem para dissimular os reais interesses de Washington e de seus aliados e dar pretexto à agressão a países produtores de petróleo e de outras riquezas, como ocorreu com o Iraque, a Líbia e o Afeganistão.
 
Os episódios de intolerância se multiplicam em todos os países do mundo – e mesmo entre nós. No Distrito Federal, segundo revelações da polícia, um grupo de neonazistas mantinha célula terrorista há cerca de trinta anos, associada a outros extremistas de todo o país. Na madrugada de 28 de fevereiro deste ano, em Curitiba, vinte jovens neonazistas assassinaram um rapaz de 16 anos, a socos, pontapés e facadas. O principal executor, um estudante de direito, foi escolhido para cumprir ritual de entrada no grupo, como prova de coragem. A coragem de matar um menino desarmado. Também em Curitiba e em Brasília foram presos dois racistas, que usavam a internet para expor as suas ideias fascistas e incitar a violência contra ativistas femininas, homossexuais, negros e nordestinos.
 
Enquanto não aceitarmos a face morena de Jesus, como a mais próxima da face do Deus – criada para dar transcendência ao mistério da vida – o deus que continuará a dominar a nossa alma será Tanatos, o senhor da morte.

terça-feira, 27 de março de 2012

ARAUTOS EM APUROS

Charge de Clayton.

Carlinhos Cachoeira e o clube dos 15

Eduardo Guimarães

O bicheiro goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o “Carlinhos Cachoeira”, adquiriu da provedora de telefonia norte-americana Nextel 15 aparelhos, os quais cedeu a pessoas de sua confiança. Segundo as investigações da Operação Monte Carlo, levada a cabo pela Policia Federal, um policial corrupto dessa corporação orientou o bicheiro a habilitar os aparelhos nos Estados Unidos de forma a que ficassem imunes a grampos legais e ilegais.

Há três semanas, a Polícia Federal prendeu Cachoeira durante a Operação Monte Carlo, sob acusação de liderar uma quadrilha que operava máquinas caça-níqueis em Brasília e Goiás. E descobriu que, dentre os 15 telefones que ele distribuíra, um fora entregue ao líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), promotor de carreira que ficou conhecido por acusar seguidamente de corrupção o governo do PT, seus membros e aliados.

Em um primeiro momento, de jornalistas a políticos (do governo e da oposição) saíram em defesa do líder do DEM no Senado – que, até o momento, ainda ocupa o cargo, apesar das denúncias arrasadoras.

Logo após a revelação de que o bicheiro havia dado presentes caríssimos a Demóstenes, este subiu à tribuna do Senado para dar suas explicações, ao que 43 senadores o apartearam prestando solidariedade e apoio. Quatro adversários petistas – Eduardo Suplicy (SP), Paulo Paim (RS), Jorge Viana (AC) e Marta Suplicy (SP) – foram à tribuna defendê-lo.

Em seguida, jornalistas como Reinaldo Azevedo, da revista Veja, também fizeram questão de lembrar ao distinto público a “gloriosa” trajetória de Demóstenes, que, até poucos dias atrás, dispunha de grande espaço na grande mídia para acusar os adversários de envolvimento com corrupção (!).

Como se fosse pouco, no fim de semana vieram à tona denúncias como a da Carta Capital, de que Demóstenes teria faturado incríveis 50 milhões de reais no esquema de Cachoeira. E, para coroar tudo, o jornalista Luis Nassif denunciou no domingo, em seu blog, que a operação Monte Carlo, da Polícia Federal, teria encontrado mais de 200 ligações entre o bicheiro e pessoas da direção da revista Veja.

O silêncio ensurdecedor da classe política em relação a Demóstenes, seu possível envolvimento até com meios de comunicação, tudo isso é afetado por um número cabalístico: o número 15.

O trabalho que o criminoso teve para habilitar os aparelhos fora do país de forma a imunizá-los contra escutas e o fato de um desses aparelhos ter ido parar nas mãos – ou nos ouvidos – de um político do peso do senador do DEM de Goiás, sugerem que os outros 14 aparelhos não devem ter ido parar nas mãos de qualquer um.

A Operação Monte Carlo flagrou ligações de Cachoeira para autoridades do governo de Goiás, sob comando do tucano Marconi Perillo, e detectou que, ano passado, um relatório de quase 500 páginas com endereços e nomes de integrantes da quadrilha que explorava jogos ilegais fora entregue ao então diretor-geral da polícia do governo do Estado. E nada aconteceu. Se não fosse a Polícia Federal, Cachoeira continuaria livre.A polícia de Perillo sentou sobre o caso.

A PF também captou conversa telefônica em que Cachoeira pede ao ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia Wladimir Garcez (PSDB) que interfira em operações da Polícia Civil para combater jogos ilegais. De acordo com a Polícia Federal, o ex-vereador Garcez intermediava os contatos entre Carlinhos Cachoeira e o governador Perillo. A PF apurou que Garcez trocava torpedos com Perillo.

Ainda não foram divulgados os nomes dos outros beneficiados – ou, agora, amaldiçoados – pelos outros 14 aparelhos Nextel. Não parece difícil intuir, no entanto, que Cachoeira deve ter dado a pessoas que de forma alguma poderiam ser flagradas conversando consigo por ocuparem posições de importância análoga à do senador da República Demóstenes Torres.

Assim como se descobriu que o ex-publicitário Marcos Valério estendeu tentáculos por PT, PSDB, DEM etc., supõe-se que o silêncio da classe política em relação a Cachoeira pode decorrer de situação parecida com a do pivô do escândalo do mensalão, mas não só. A notícia divulgada (ante)ontem por Luis Nassif, de que membros da direção da Veja teriam mantido centenas de contatos com o bicheiro, dá a dimensão daquilo em que esse escândalo pode se converter.

Após a descoberta das relações de Cachoeira com um senador e um grande meio de comunicação, não parece exagero suspeitar de que um dos 14 celulares pode ter ido parar em mãos impensáveis como, por exemplo, a de um importantíssimo membro do Judiciário. Ou que tenha sido usado para ligar para essa pessoa. Enquanto isso, iniciativas no Congresso para abrir uma CPI encontram resistência em quase todos os partidos.

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Em tempo: Demóstenes Torres acaba de renunciar à liderança do DEM no Senado, enquanto a Procuradoria-geral da República anuncia que abrirá investigação sobre parlamentares suspeitos de envolvimento no escândalo.

Demóstenes, 300 ligações telefônicas com Cachoeira, Policarpo (da Veja), 200... Os conselheiros sentimentais de Carlinhos Cachoeira eram de uma assiduidade comovente. Demóstenes deu conta de que Carlinhos teve desencontros amorosos - mas sempre há o lado positivo: o meliante, digo, o empresário contava com pelo menos 14 ombros amigos.

EBULIÇÃO JOVEM


Jovens protestam contra militares envolvidos em tortura durante a ditadura

Por Virginia Toledo

Jovens reuniram-se (ontem) em Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre para protestar contra torturadores que participaram de ações de repressão durante a ditadura no Brasil (1964-1985). Organizado pelo Levante Popular da Juventude, o intuito é expor publicamente participantes diretos da violência repressiva, com atos próximos aos locais onde vivem os acusados.

Para Lira Alli, estudante paulista, o importante do ato, conhecido como "escracho" e realizado originalmente na Argentina, é levantar questões do passado que não são discutidas e abordadas em sala de aula. "A gente já vinha há algum tempo pensando em realizar ações deste tipo, inspirados, especialmente, no que a juventude de outros países da América Latina já vem fazendo", explicou Alli.

Em São Paulo, com a participação de 200 estudantes, o alvo dos protestos foi o delegado aposentado do antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), David dos Santos Araujo, que hoje tem uma empresa de segurança privada. "Capitão Lisboa", como era conhecido à época, é acusado, por uma ação civil pública do Ministério Público Federal, de envolvimento na tortura e morte de Joaquim Alencar de Seixas.

O resgate histórico dos períodos de repressão durante a ditadura militar foi relacionado este ano pelos estudantes para que os atos de protesto suscitem a importância da criação da Comissão da Verdade. O colegiado, aprovado e sancionado no ano passado, ficará a cargo de investigar, com acesso livre a documentos, casos de violação aos direitos humanos durante o período de 1946 a 1988. Para sair do papel, a comissão precisa agora que seus integrantes sejam escolhidos pela presidenta Dilma Rousseff.

"Foi justamente por conta do processo que está se formando em torno da Comissão da Verdade que a gente decidiu fazer esse ato. Primeiro por conta de crimes pelos quais alguns militares são acusados e processados e que não são de conhecimento da população. Também queremos fazer com que a sociedade se posicione a esse respeito, por ser uma passagem sombria da nossa história e que precisa ser resgatado", ressaltou a estudante. (Fonte: aqui).

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Enquanto isso, o STF se prepara para reexaminar a questão da Anistia (frente aos chamados crimes de Estado) - sob o olhar atento dos que têm ciência das obrigações do Brasil em face do Acordo de San José da Costa Rica.

segunda-feira, 26 de março de 2012

DO FOLCLORE POLÍTICO PIAUIENSE


O mito piauiense da porca que devora candidatos derrotados

Por Flávio Furtado de Farias

Aqui no Piauí, é senso comum o significado da expressão “a porca comeu” como o destino de todos os candidatos que não conseguiram ser escolhidos no sufrágio popular eleitoral. Ou seja, a porca come quem perde eleição!

Os candidatos quando querem provocar seus adversários citam a porca, especialmente se o adversário já passou pelo bucho da bicha antes. Aí é aquela história de que a porca vai comer de novo.

Tudo isto teve início, segundo alguns contam, no município de Campo Maior, na década de 1950 ou 1960. Ali, um candidato já havia preparado uma urna cheia de votos para lhe favorecer. O dito cujo escondeu a urna numa moita, mas na hora de pegá-la para substituir a verdadeira urna, verificou que uma porca enorme tinha estraçalhado a urna e os seus votos. O candidato perdeu a eleição. Os populares tomaram conhecimento da história. E desde então a porca tem comido muitos candidatos em todo o Piauí. Aqui, ao menos, a porca é famosa. (Fonte: aqui).

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Ilustração: Jota A.

CHARGE DE KAYSER


Kayser.

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Já no que diz respeito à corrupção na política, deparamos com a seguinte manchete: 'Senadores ameaçam representar contra PGR por omissão'. (Destaque para o termo 'ameaçam'). PGR é Procurador-geral da República. Aqui.

FELICIDADES NACIONAIS


Brasil, Brics e Bigs

Marcelo Neri

A PNAD (pesquisa nacional por amostra de domicílio) permite captar diversos aspectos da sociedade brasileira, como analisar a distribuição de renda, a educação e o trabalho. No entanto, ela não fornece uma noção direta das diferenças tupiniquins ante outros países nem cobre aspectos subjetivos da vida das pessoas.

Se quisermos conhecer as aspirações brasileiras, vis-à-vis às de outras nações, temos de enxergar pelas lentes de dados internacionais a perspectiva das pessoas -tal como na literatura emergente de economia da felicidade. Essas abordagens ainda não fazem parte da honorável tradição "ibgeana".

Segundo nova rodada de pesquisa (vide www.fgv.br/cps/ncm2014), o Brasil é tetracampeão mundial de felicidade futura. Numa escala de 0 a 10, o brasileiro dá uma nota média de 8,6 à sua expectativa de satisfação com a vida em 2015, a maior dos 156 países pesquisados. A média mundial é 6,7.

Antes, na expectativa com relação a 2011, 2012 e 2014, o Brasil já ocupava o lugar mais alto do pódio.

O otimismo brasileiro supera o da Dinamarca, líder mundial de felicidade presente. Os lanterninhas são a Síria, que vem enfrentando uma situação política conturbada, e Burundi -país pobre do continente africano. Zimbábue, quando passava por inflação e guerra civil, ocupava o último lugar na expectativa prévia em relação a 2011.

E os Brics (isto é, o grupo de emergentes globais composto por Brasil, Rússia, Índia, China e agora África do Sul, South Africa -antes o "s'' era de plural)? África do Sul com 7,7 na escala de 0 a 10 de felicidade futura em 2015, o 27º colocado em 153 países; Rússia com 6,4, o 105º colocado; China com 6,2, o 111º colocado, e Índia com 6,1, o 119º colocado.

Indo aos Piigs (leia-se Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha -Spain), que passam por dificuldades econômicas, há um quadro heterogêneo. Irlanda se segura na 16ª posição. Portugal e Grécia estão atrás, na 145ª e na 146ª posição.

Fechando o grupo dos Piigs, Itália e Espanha, nossos tradicionais rivais na cancha futebolística, estão em posições intermediárias, 56ª e 81ª, respectivamente, em desacordo com os louros do passado. Note que falamos de expectativas do ano logo depois da Copa brasileira.

Fiquem felizes: nossos maiores adversários passados e presentes no campo global futebolístico esperam estar tristes no pós-Copa (2015 = ano 1 D.C.).

Como economista brasileiro, às vezes, em vez da chamada ciência triste ("the dismall science"), recorro ao meu lado brasileiro. Para nós, não importa muito ser parte dos emergentes Brics, hoje reunidos em Nova Déli. Nos domingos nos remetemos para outras instâncias.

O que nos importa é fazer parte dos Bigs. Quem são os Bigs? Brasil, Itália e Alemanha (Germany), nessa ordem, os principais ganhadores de Copas do Mundo. Os espanhóis que me desculpem, mas o "S" não é de Spain, é plural mesmo.

Por mais que o brasileiro, profissão esperança, não seja o protótipo do "Homos economicus", esses dados nos permitem entender a expressão "Brasil: o país do futuro", criada há 70 anos por Stefan Zweig.

Também permitem entender por que temos uma baixa taxa de poupança e a mais alta taxa de juros do planeta. Caso contrário, descontamos todo o futuro hoje!

O jovem em geral, por sua vez, também acredita que o melhor da vida ainda está por vir. Nossa pesquisa mostra que a satisfação prospectiva de um cidadão da aldeia global declina ao longo do ciclo de vida. Por exemplo, vai de 7,41 aos 15 anos a 5,45 para aqueles com mais de 80 anos. Na idade das debutantes, a média futura é 3,3 pontos maior que a média de felicidade presente, que se mantém mais ou menos constante com a idade.

Mais do que um país de jovens na sua composição demográfica, o Brasil é um país habitado por jovens de espírito. A média de felicidade futura do brasileiro entre 15 e 29 anos é 9,29, também superior a qualquer outro país pesquisado.

Ou seja, somos campeões mundiais de felicidade futura e/ou de atitude jovem. Isso nos permite reconciliar duas qualificações recorrentemente atribuídas ao Brasil: "o país do futuro", por uns, e "país jovem", por outros.
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Marcelo Neri é economista-chefe do Centro de Políticas Sociais e professor da EPGE, na Fundação Getulio Vargas, e autor de "Microcrédito, o Mistério Nordestino e o Grameem Brasileiro" (editora da Fundação Getulio Vargas) e "A Nova Classe Média" (editora Saraiva).

domingo, 25 de março de 2012

A UTILIDADE DA UTOPIA


"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."

(Fernando Birri, cineasta argentino).

CARICATURA


Por Berzé.

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Título do post que traz a caricatura acima, no blog do Berzé: Torres da moral. Faz sentido.

Clique AQUI para ir ao Berzé HQ.

HUMOR SEM AMARRAS


Ora bolas, carambolas

Antonio Prata

Como Sérgio Porto já sabia, quem gosta de doce de coco preza muito o circunflexo. Eu acrescentaria: quem gosta de humor, também. Afinal, o que é o humor senão um acento deslocado, um chapeuzinho (de palhaço) que, se posto sobre qualquer palavra, pessoa ou situação, revela o que há de hilário por trás da aparente banalidade? E, ora bolas, carambolas: uma vez que todos nós nascemos, morreremos e não há nenhum sentido em estarmos aqui escrevendo crônicas, fazendo obturações, redigindo contratos ou brigando com a Marinalva do 702 por causa da vaga na garagem, tudo é absurdo e, portanto, risível. Só depende do jeito que olhamos.

Ou melhor, não olhamos, pois grande parte da educação consiste em reprimir a percepção do ridículo. Em forçar as crianças a, por exemplo, aceitarem que não há nada de engraçado no fato de o chefe do papai chamar-se seu Pinto e todos os adultos a ele assim se dirigirem durante o almoço, seriíssimos: "Como vai, seu Pinto?", "Passa o suco pro seu Pinto!", "E a sra. Pinto, tá bem?"

Foi só falar em seu Pinto, agora, e lembrei-me de seu xará: Pepino, o Breve, rei dos francos -com todo mérito, aliás, pois quem merece mais ser coroado pela franqueza do que alguém que aceita um epíteto tão desmoralizante? Para não dizerem que estou com uma ideia fixa, mudo para algo completamente diferente: o portentoso banco central alemão, Bundesbank. (Acho que todos os humoristas brasileiros deveriam depositar suas poupanças no Bundes, só pela piada.)

Não é apenas na baixaria, contudo, que o humor germina. Também cresce em solos mais nobres. A filosofia, por que não? Quando estava na faculdade e ouvi falar pela primeira vez sobre Adorno, abri um sorriso e fiquei esperando o momento em que o professor sublinharia a graça daquele nome, mas o momento não veio. Será que só eu percebia que éramos 30 pessoas discutindo seriamente o trabalho de um sujeito chamado Enfeite, Ornamento, Penduricalho? Ainda mais absurda me pareceu a situação ao me dar conta, no fim da aula, de que boa parte do trabalho do dr. Enfeite consistia em acusar a indústria cultural de baratear a arte, de substituir as grandes obras por produtos vazios, ocos, por meros... adornos?

Por que será que fazemos tanto esforço para evitar o humor? Talvez porque, ao apontar as pequenas incongruências da vida, ele nos lembre do disparate maior: seu fim. Toda piada, ao revelar que as coisas não são o que parecem, derruba momentaneamente as barricadas que erguemos para esconder o cinzento horizonte.

"Tão preocupado em cair no ridículo que não vê que já caiu no abismo", escreveu o grande autor mineiro Campos de Carvalho. De fato, assim somos. Mas, ora bolas, carambolas -de novo: há algo mais ridículo do que tentar negar o abismo? Afinal, por melhor que seja o doce de coco, ele acabará inexoravelmente com um circunflexo no segundo "o". Nosotros también, compañeros. E já que a derradeira circunflexão é inevitável, não seria mais inteligente nos contorcermos rindo do que seguir dizendo, com a coluna ereta e as sobrancelhas arqueadas, "Seu Pinto, aceita mais um café?", enquanto mexemos as nossas xicrinhas?

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O circunflexo é, de fato, inevitável: um dia, vai coroar o 'o' do final do doce de coco - e zéfiní. Mas - aí é que está - nada deveria impedir que nesse meio tempo a gente, sem hesitação ou arroubos de falsa moralidade, fosse além da definição dada ao humor por Leon Eliachar, caprichando na arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros - e no nosso também.

sábado, 24 de março de 2012

CHICO ANYSIO, POR BIRATAN


Biratan Porto. Homenagem a Chico Anysio em caricatura de letra.

ZIRALDO NA TELA GRANDE


A mostra “Zeróis: Ziraldo na Tela Grande” está em exposição no Museu da República, em Brasília. De acordo com a Agência Brasil, em uma nova área, a pintura, Ziraldo faz releituras de obras de artistas como Picasso, Velazquez, Goya, Salvador Dalí, Roy Lichtenstein e Andy Warhol. As pinturas mostram super-heróis em situações cômicas e rompem com o mito do poder e da invencibilidade dos personagens.

Para produzir os quadros, Ziraldo fez um rascunho em papel. O cartunista contou com a ajuda do pintor Paulo Vieira para fazer os traços mais minuciosos, disse a supervisora do programa educativo do Museu da República, Raquel Mendes. O projeto organiza a visitação de escolas ao museu.

A mostra permanece até 29 de abril no Museu da República, aberto à visitação de terça a domingo, das 9h às 18h30. (Fonte: aqui).

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O velho Zira (oitentão) continua serelepe.

sexta-feira, 23 de março de 2012

CHICO, 200


Nani.

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Criador de dezenas de personagens (consta que ultrapassam 200), ator responsável por convincentes e hilárias interpretações (inclusive como o Baiano de Baiano e os Novos Caetanos, em músicas bem sacadas - muitas, ou todas, de sua autoria), redator de peças teatrais de humor, pintor, escritor, blogueiro, Chico disse a que veio. Afinal, manter no topo um estilo de humor por mais de cinquenta anos não é pra todo mundo; a turma do Casseta & Planeta que o diga...
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Clique AQUI para ler e ver matérias diversas sobre Chico Anysio.

DESEMPREGO, EIS O PONTO


A taxa de desocupação foi estimada em 5,7%, a menor para o mês de fevereiro desde o início da série (março de 2002), e não variando em relação ao resultado apurado em janeiro (5,5%). Em comparação a fevereiro de 2011 (6,4%), recuou 0,7 ponto percentual. A população desocupada (1,4 milhão de pessoas) foi considerada estável no confronto com janeiro. Quando comparada com fevereiro do ano passado, recuou 8,6% (menos 130 mil pessoas). A população ocupada (22,6 milhões) não variou frente ao mês de janeiro. No confronto com fevereiro de 2011, verificou-se aumento de 1,9%, o que representou elevação de 428 mil ocupados no intervalo de 12 meses. O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado (11,2 milhões) não registrou variação na comparação com janeiro. Na comparação anual, houve uma elevação de 5,4%, o que representou um adicional de 578 mil postos de trabalho com carteira assinada em um ano. (...) Fonte: ContextoLivre.

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O Brasil chegou, em fevereiro de 2012, à menor taxa de desemprego (fevereiro) desde o estabelecimento, dez anos atrás, dos critérios de aferição em vigor. Mérito do Brasil.

Constatação óbvia e redundante: nada mais deplorável do que o desemprego. Nada mais deprimente para a dona de casa do que não ter o que pôr na panela. Os iluminados podem inventar o que lhes aprouver, podem dourar a pilula, mas o que importa é: há emprego? As famílias estão conseguindo prover suas necessidades básicas? O resto, em confronto com tal questão, é quase figuração.

Desconheço a taxa de desemprego juvenil (15 a 29 anos) no Brasil, mas certamente é bem superior a 5,7%. Vejamos a situação reinante em três países da União Europeia (por dessintonia de dados, esclareço que as taxas dizem respeito a dezembro, janeiro ou fevereiro):

.PORTUGAL....desemprego: 14,8% ....desemprego juvenil: 35,5%

.GRÉCIA .........desemprego: 20,7% ....desemprego juvenil: 39,0%

.ESPANHA.......desemprego: 23,3% ....desemprego juvenil: 49,9%

Há quem torça o nariz para a assertiva a seguir, mas ela é implacavelmente certeira: se o Brasil tivesse seguido o receituário neoliberal apregoado por iluminados diversos para enfrentamento da crise financeira mundial, o Brasil estaria hoje em pandarecos.

É essa a (preponderante) realidade que está a respaldar os altos índices de aprovação de Dilma Rousseff. Nada mais pertinente, diria a comadre dona de casa. 

MANCHETES A MANCHEIAS


Pesquei no blog do Ailton Medeiros: um texto divertido de Alberto Villas sobre as manchetes de jornais e revistas, hobby que o articulista cultiva desde 1966. Segue na íntegra:

Coleciono manchetes. Não, não se trata da extinta revista dos Bloch. São manchetes de jornais e revistas. Desde pequeno. Lembro-me que a primeira que guardei foi uma da Fatos & Fotos em 1966 quando só se falava em tri.

A seleção Brasileira foi bi no Chile em 1962 e todos tinham certeza de que o Brasil traria o tri de Londres.

Depois do vexame, a Fatos & Fotos saiu com a manchete de capa: “A volta dos bi-campeões”. Foi aí que comecei a guardar manchetes. Inteligentes, boas, curiosas, bem sacadas, engraçadas, estranhas.

Manchetes estranhas minha coleção tem muitas. Essas aí abaixo foram tiradas da Folha de S.Paulo, do Estadão, do Valor, do Globo e do saudoso Jornal do Brasil. Acredite.

USP ACHA ÁREA CEREBRAL DO MEDO PRIMITIVO

BALANÇO DOS PINGUINS ECONOMIZA ENERGIA

BERÇO DA CELEBRAÇÃO DO HEDONISMO SULISTA

SAFRA DE FUMO MENOR RENDE 10% A MAIS

BRASIL NÃO TEM VACA LOUCA

ZÉ CELSO COLOCA DECANO DO ÓCIO NO CIO

POESIA DE MARIA CARPI BEBE DO SÉCULO NUM SORVO SÓ

MORRE PACIENTE ATACADA

LIMOEIRO FINCADO EM AEROPORTO CRIATIVO

BRASIL NÃO ACEITA MAIS NEGOCIAR COM CAVALLO

A MULHER IDEAL É FEITA DE PRATA E COME ROSAS

CLIMA HULA-HULA PARA HAPPY HOUR COM CLIENTES

MULHER FAREJA GENES DO PAI EM CAMISETAS DE DESCONHECIDOS

JAPONÊS, TELEFONE E BARATA VIVERAM O MESMO DRAMA

Sim, essas manchetes são verdadeiras e um dia foram impressas. As duas últimas que guardei vieram da primeira página do Globo, que anda muito engraçadinho.

Quer saber o título que deram para o garçom que derrubou quatro copos de cerveja em Ângela Merkel?

LOIRA GELADA

A outra foi quando o aeroporto Tom Jobim ficou às escuras após a pane em duas linhas de transmissão de Furnas, causada por uma poda de árvores no Médio Paraíba. A manchete?

FOI PODA

Mas confesso que as melhores manchetes, as imbatíveis, continuam sendo as do telejornal Aqui Agora, que tanto sucesso fez na década de 1990.

Lembro-me muito bem de que, para uma reportagem sobre o nascimento de seis veadinhos no Simba Safari, veio o manchete:

BICHARADA EM FESTA! AUMENTA O NÚMERO DE VEADOS EM SÃO PAULO

No dia em que um furacão varreu Miami, a manchete que surgiu foi:

FURACÃO NA FLÓRIDA! MIAMI VAI-SE!

Um homem sem dinheiro no bolso forjou um sequestro e pediu ao sogro rico que depositasse o resgate em sua conta. A manchete?

SEQUESTRADO O HOMEM MAIS BURRO DO MUNDO

No dia em que os soldados do Tio Sam chegaram à Bósnia para enfrentar uma guerra cruel, não deu outra:

É GUERRA! AMERICANOS PISAM NA BÓSNIA!

Quando chegaram as eleições nas Filipinas, mesmo (a candidata) não sendo a favorita, a manchete do Aqui Agora foi:

ELEIÇÕES NAS FILIPINAS! VAI DAR IMELDA!

Mas a melhor manchete mesmo saiu quando o repórter Carlos Cavalcante foi cobrir uma manifestação de estudantes na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo. Os alunos protestavam contra o aumento da mensalidade e na confusão acabaram dando uma paulada na cabeça do pobre repórter.
E lá vem a manchete:

REPÓRTER DO AQUI AGORA LEVA PAU NA FACULDADE DE JORNALISMO!

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(Fonte: aqui).

quinta-feira, 22 de março de 2012

EUA: DIRTY HARRY REDIVIVO


Lei que permite assassinatos causa revolta nos EUA

João Ozorio de Melo, no Consultor Jurídico

Uma campanha no Facebook convoc(ou) os americanos para a "marcha de um milhão de encapuzados" ("Million Hoodies March"), que pretende ocupar praças e ruas de Nova York, (ontem) quarta-feira (21/3). A marcha (foi) uma homenagem a Trayvon Martin, de 17 anos, um estudante negro que foi morto por um patrulheiro voluntário de um condomínio, por parecer um "suspeito". O estudante caminhava à noite pela calçada, "observando as casas", com a cabeça coberta pelo capuz de seu agasalho de moletom. George Zimmerman, de 28 anos e branco, matou Trayvon, que estava desarmado, mas não foi preso. Ele está protegido por uma lei estadual da Flórida.

O Departamento de Justiça e o FBI anunciaram, na terça-feira (21/3), que estudam uma maneira de interferir no caso, que se iniciou na noite de 26 de fevereiro. Zimmerman, que patrulhava as ruas de um condomínio de Sanford, Flórida, telefonou para a Polícia para denunciar a presença de um "suspeito" na área. Ele descreveu o "encapuzado" e comentou (conforme gravação liberada pela Polícia): "Esses filhos da puta sempre se safam". Ele ignorou a ordem do operador policial de não segui-lo, porque uma viatura policial já estava a caminho. Confrontou o garoto e lhe deu um tiro no peito. A Polícia sequer tentou prender Zimmerman. Declarou à imprensa que, se o prendesse, poderia ser processada, por infringir a lei estadual Stand Your Ground Law (Lei não ceda terreno).

Essa lei estadual, aprovada em 2005 pelo então governador Jeb Bush (irmão do ex-presidente George Bush) e subsequentemente copiada por mais 15 estados americanos, mudou o conceito de legítima defesa, seguindo os preceitos de uma outra lei, conhecida como Castle Doctrine (Doutrina do Castelo), e Defense of Habitation Law (Lei da Defesa da Habitação). A doutrina da legítima defesa previa que a pessoa tinha a obrigação de recuar antes de usar "força fatal", e só usá-la como último recurso. A Castle Doctrine estabeleceu que o cidadão, quando é ameaçado dentro de sua casa, não tem de recuar coisa alguma. Pode matar, com garantia da imunidade prevista no princípio da legítima defesa. A doutrina, com raízes na Common Law, prescreve que a casa é "o castelo do cidadão".

A Stand Your Ground Law absorveu esse conceito e o estendeu para virtualmente qualquer lugar no estado — a rua, a quadra de basquete, o bar, o restaurante, a calçada pela qual o estudante Trayvon caminhava com um lanche e um refrigerante, que comprara na loja, enquanto falava com a namorada pelo celular e usava o capuz da jaqueta sobre a cabeça, porque estava chovendo. Nos termos da lei, basta que a pessoa se sinta ameaçada ou que entenda que sua vida está em perigo para ter o direito de matar. Na conversa com a namorada, pelo celular, o estudante lhe contou que estava sendo seguido. Ela pediu para ele correr. Ele respondeu que só ia andar mais rápido. Zimmerman foi a seu encalço.
Sua última informação ao operador da Polícia foi a de que o "suspeito" tinha alguma coisa na mão. Mais tarde, ao lado do corpo, a polícia encontrou o celular, o lanche e o refrigerante.

Depois de aprovada, a lei ganhou rapidamente um apelido: Make my Day Law (em tradução livre, "Lei Me Ajude a Ganhar Meu Dia"). O apelido foi emprestado do roteiro do filme Sudden Impact, em que o violento investigador policial Harry Callahan, representado pelo ator Clint Eastwood, diz a um suspeito que o ameaça em uma lanchonete: "Vá em frente, me ajude a ganhar meu dia". Ele sabia que se o suspeito tentasse agredi-lo, ele podia atirar nele e matá-lo (o que aconteceu), sem ter de se defender mais tarde. Bastava alegar legítima defesa. Pela lei da Flórida, basta que o autor do crime forneça à polícia uma argumentação plausível para sustentar a legítima defesa. A acusação não pode, obviamente, contestar com a versão da vítima.

Para continuar a leitura, clique aqui.

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A Stand Your Ground Law foi aprovada em 2005 pelo então governador da Flórida Jeb Bush, irmão do ex-presidente George Bush, paladinos do Velho Oeste do século vinte-e-um, sob o caloroso aplauso de Bush pai. Mas, como as coisas mudam, Clint Eastwood, há um bom tempo também diretor,  com certeza recusaria dirigir a película ou nela atuar como ator coadjuvante.

ISRAEL-IRÃ: O FACE DA PAZ (II)


Arend van Dam.

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Leia, abaixo, 'Israel-Irã: o Face da paz'.

quarta-feira, 21 de março de 2012

ÁLBUM

Hoje é o dia dedicado às pessoas que sofrem da síndrome de Down. Há pouco, quase amanhã, deparei com o texto abaixo, no blog de Zatonio Lahud, e, ato contínuo, tratei de reproduzi-lo:


Gabriela tem síndrome de Down, e Fábio, um pequeno atraso mental, decorrente de um problema na hora do parto. A filha do casal, Valentina, nasceu em 19 de março de 2008, sem deficiência.
Ser feliz nem sempre significa que tudo é perfeito. Significa que você decidiu olhar além das imperfeições.

(Tem mais no blog do Lahud - Interrogações -: aqui).

ISRAEL-IRÃ: O FACE DA PAZ


Israelenses e iranianos declaram amor mútuo em campanha no Facebook

Da BBC Brasil

A campanha de um casal israelense com o blog "Israel ama o Irã" já conquistou o apoio de milhares de internautas ao redor do mundo e ganha popularidade agora no Facebook.

Ronny Edry e sua mulher Michal Tamir criaram um cartaz na escola Pushpin Mehina, que oferece cursos de iniciação a pessoas que querem estudar design gráfico.

A imagem dos dois ganhou os dizeres "Iranianos, nós nunca vamos bombardear seu país" e abaixo a frase "nós amamos vocês", com um coração.

No blog, algumas das imagens postadas contêm ainda uma mensagem que resume a intenção da campanha.

"Ao povo iraniano, a todos os pais, mães, crianças, irmãos e irmãs, porque para haver uma guerra entre nós, primeiro nós precisamos ter medo uns dos outros, nós precisamos nos odiar. Eu não tenho medo de vocês, eu não odeio vocês. Eu nem conheço vocês. Nenhum iraniano jamais me fez mal".

Diálogo
Embora tenha sido criticado inicialmente, o casal manteve a iniciativa com o objetivo de difundir a ideia entre israelenses, mas também tentar um diálogo com iranianos.

"Nunca imaginei que dentro de 48 horas já estaria conversando com o outro lado", disse Edry ao jornal israelense Haaretz.

O blog e o grupo criado no Facebook começaram a receber manifestações de iranianos e já contam com mais de 3 mil membros.

"A maior parte dos israelenses se opõe a uma aventura deste tipo, que pode ter consequências catastróficas. Muitos especialistas alertam sobre os efeitos de um ataque contra o Irã e o que uma declaração de guerra deste tipo poderia causar. A expectativa é que o Irã revide, o que implicaria em muitas mortes de israelenses", disse o casal ao Haaretz, citando Meir Dagan, ex-chefe do Mossad, o serviço secreto de Israel, que também se opõe a um potencial ataque contra a República Islâmica.

Nas últimas semanas, aumentou a tensão entre os governos de Israel e Irã. O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, vem cogitando a possibilidade de um ataque preventivo contra instalações nucleares do país persa.

Teerã levanta suspeitas entre as potências ocidentais sobre os objetivos de seu programa nuclear. Para a comunidade internacional, o governo iraniano busca a tecnologia usada na fabricação da bomba atômica. O país nega e afirma que os fins são pacíficos.

Campanha de casal ganhou adesão no blog www.israelovesiran.com  (Fonte: aqui).

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As suspeitas quanto aos objetivos do programa nuclear iraniano se baseiam num relatório da Agência Internacional de Energia Atômica elaborado em 2003 (isso mesmo, 2003).  A AIEA, no relatório, não é categórica: limita-se a especular sobre indícios. A 'nebulosidade' da situação faz lembrar os argumentos furados utilizados por George Bush para invadir o Iraque. Mas, há que se matutar sobre um detalhe: a recusa do Irã, em recente inspeção da AIEA, de permitir o acesso de inspetores a algumas de suas instalações nucleares.