Entreouvido na confraria dos ditadores escorraçados: "Definitivamente, a África do Norte perdeu o rumo!"
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
BISSEXTO É ISSO AÍ
Por Ivan Lessa
Mal deu tempo para se pegar pé e prumo em 2011 quando tudo começou a acontecer.
De bissexto a bizantino passando por bizarro.
Lá para as bandas das primeiras páginas dos jornalões, blogs e informatecões.
Quem estava no bem-bom, como a maior parte de nós, das classes médias ascencionais de países que vão “bem, muito obrigado”, com presidente ou presidenta, tem assunto que não acaba mais.
Um ano verdadeiramente revolucionário ainda a mugir e já tentando dar seu salto mortal e tentar cair de pé.
Egito. Sol quante queimando a nossa cara. Quem diria? Aqueles camelos ruminantes com cara de serem os únicos a conhecerem o verdadeiro segredo da múmia continuam a parecer serenos e pensativos.
Mas, ah!, a tempestade interior que por eles passa e deixa apenas, atrás de si, na areia, bolotas negro-esverdeadas como se dando a dica para o que a esfinge da direita queria dizer. Maktoub! Como nas histórias em quadrinhos.
Com essa ninguém contava. Nem mesmo o bom Hosni Mabarak, que se mandou de pronto e 25 jatos repletos de tesouros para a cidade balneária de Sharm el-Sheik, onde ainda se encontra, talvez, à espera de um convite de Tony Blair, talvez de seu parente distante Obama.
Agora que foi uma revolução, foi. E na base do twitter e dos celulares garante-me a imprensa informática e a outra também.
Não sou um dos 500 mil seguidores de ninguém no Facebook. Rede Social, para mim, ainda é aquela grandona, na fazenda, onde rapaz eu me espichava junto com uma moça e tome ferro.
Agora é mania que virou filme e, vai por mim, ainda vai pegar Oscar paca. Sou mais O Discurso do Rei, mas a zebra tem seu dia de manduricá, conforme dizíamos no norte, lá na Paraíba, e quem viveu viu.
Se quebrei a cara, foi menos, bem menos do que muito tunisiano. Twittaram lá também. A turma foi para as praças, berrou, pegou sereno, agitou, e ainda acabou muita gente boa, ou mais para lá do que para cá, se enfiando numas barcaças indo pegar uma pizza fria em Lampedusa, ilha italiana onde já teve um Leopardo famoso. Agora, exibem tunisianos.
Sem bissextismos mesmo, só mesmo os irlandeses que compareceram em massa, 70%, ao sufrágio universal na esmeraldinha ilha. E ficou tudo como estava, pois esse o sentido oculto das eleições em ordem.
E terremoto na Nova Zelândia? Esse foi só para ver se o resto do mundo estava acordado ou fingindo de morto.
Bissextando ainda, e com o cheiro de revolução no ar, com um soupçon de sangue, lá estão outros países da África do Norte e adjacências, o Maghreb.
A África do Norte é pródiga em adjacências. Trata-se de seu grande produto de consumo interno. Bahrein, Iêmen, Argélia, Jordânia, mais pra cima um tico, todos esses países de repente, sem um Nostradamus que os guiasse, se amotinaram, se amotinam e botam pra quebrar.
Líbia. Disputou no fim-de-semana, pau a pau, o Oscar de “torta de flato” (que história é essa de “torta de amora” ? É gíria na base da rima cockney, e veio de cá, uai!, raspberry tart. É o Prêmio Pum, pomba! Raciocinem, lembrem, adaptem bonitinho. Brraaap!). Vexame dos bons, mortandade pra valer é com os líbios, regidos por Muamar, O Louco, e seus vários filhos de aspecto quase, quase normal. Khadafi, com suas várias ortografias (Gaddafi, Quaddafi e por aí afora) fez ouvidos de marceneiro líbio às sanções que as Nações tentavam lhe empurrar e resistirá, diz ele, até o último burro de carga líbio.
Depois, claro, como todos os outros ditadores assassinos irá passar o resto de sua vida com seus seus muitos milhões, falam em bilhões, num desses valorosos países do continente africano.
Bom, aliás, não esquecer a Somália. Há anos se fantasiam de pirata, sem perna de pau, mas com cara de mau, e fazem refém, ou desfazem-nos, conforme o lança-perfume que andaram cheirando, e gritam obscenidades do alto da popa.
Khadafi, para mim, acaba indo numa dessas. Reescrevendo seu livro de contos Fuga do Inferno. Aquele mesmo que teve prefácio elogioso de Pierre Salinger, ex-assessor de imprensa do nunca assaz pranteado presdiente John Kennedy.
Por falar em pirata. O único Cisne Negro que vale alguma coisa mesmo é aquele com o Tyronne Power e o Laird Cregar.
Isto, claro, depois de, segundo suas palavras, deixar seu adorado país num carnaval de sangue.
Falar de carnaval agora, mesmo anêmico, não dá certo. Veremos na quarta, que já é março, volta às aulas, talvez a bissextice inesperada e pouco querida dê uma travada e volta todo mundo a fazer de per si suas besteiras de sempre. Mas mais inofensivas.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
O MAPA É DO POVO
Do artigo 'Conflito pode chegar à Arábia Saudita, dizem especialistas', de Flavia Bemfica, no Portal Terra:
"(...) Por enquanto, as atenções continuam a recair sobre a Líbia. Mas, para além dos domínios do ditador Muammar Kadafi, a situação é considerada crítica em pelo menos 10 países, com diferentes graus de tensão. Como, desde o princípio, os conflitos atingem tanto ditaduras aliadas aos Estados Unidos como adversárias, um Ocidente cauteloso se pergunta o que esses países têm em comum além do baixo grau de democracia e da religião, e como os protestos se espalharam de forma tão rápida.
Fatores conjunturais e estruturais explicam a expansão dos distúrbios, além das questões históricas, como o fato de os países terem sido alvo do imperialismo durante um extenso período. A professora Musa Fay (de História Contemporânea, da PUCRS) destaca o fato de, atualmente, eles sofrerem com os fatores econômicos, como a baixa qualidade de vida e o desemprego que atinge em grande medida inclusive a população jovem. 'Falamos de países com desemprego na faixa dos 30% e com uma desigualdade social não apenas grande, mas que perdura há muito tempo. Além disso, não podemos esquecer o fator século XXI, marcado pela velocidade na circulação das informações e na facilidade de comunicação', enumera ela.
A população ocidental que não acompanha de perto a situação daquela região do planeta pode pensar, por exemplo, que Kadafi blefa ao acusar o chefe da rede Al-Qaeda, Osama bin Laden, de alimentar os protestos na Líbia. O professor Reis da Silva (coordenador do Curso Relações Internacionais, UFRGS) explica que o ditador retoma uma disputa histórica na região, onde três grandes correntes de opinião se engalfinham desde o século passado. Elas incluem os nacionalistas, representados em diferentes países pelo partido Baath e por governantes como o próprio Kadafi ou o ex-ditador do Iraque, Saddam Hussein; os fundamentalistas islâmicos (que encontram expressão na Al-Qaeda e no Hezbollah, e que em determinados momentos foram patrocinados pelos Estados Unidos); e os pró-ocidentais (que incluem representantes das elites locais e os governos de alguns dos países).
'Durante a invasão do Iraque, em 2003, muitos governos tiveram que 'segurar' suas populações, que se manifestavam contra a intervenção ocidental, e aí estas questões de hoje já apareciam. Da mesma forma como aparecem em relação a cada ação de Israel que, neste momento, não pode fazer nenhum movimento brusco. Desde o século VIII é muito forte esta concepção de solidariedade para com o irmão islâmico que está sofrendo. A concepção de grupo no islamismo é completamente diferente da ocidental', assegura o professor.
Para além dos motivos dos distúrbios, os especialistas se debruçam agora sobre seus desdobramentos em termos de política interna. Reis da Silva chama a atenção para o papel que pode ser desempenhado pelos exércitos, já que são eles que podem aparecer como a força 'moderada'. 'No caso da Líbia, por exemplo, têm chamado a atenção estas dissidências. Para os Estados Unidos, se o exército assumir, o dano é menor do que se a população pegar o poder porque ela é francamente anti-Ocidente.' O caso do Egito dá ainda mais força às projeções."
DITADURA DOS FÓSSEIS (II)
O que Tio Sam lamenta é não estar submetido à ditadura dos fósseis (em termos de reservas). Oriente Médio e Ásia estão pagando caro (a Tio Sam) por isso.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
O DONO DA PALAVRA
Segundo a Agência Câmara de Notícias, 29 deputados federais não têm suplentes do próprio partido - apenas da coligação. Assim, se for cumprida à risca a interpretação do Supremo Tribunal Federal de que o suplente deve ser do mesmo partido, e não da coligação, esses deputados não podem deixar o cargo - a menos que a Justiça Eleitoral indique outros suplentes dos seus partidos, alterando o resultado da eleição.
Sintomaticamente, o deputado Nazareno Fonteles apresentou Proposta de Emenda Constitucional conferindo ao Poder Legislativo a prerrogativa de 'barrar' decisões do Judiciário julgadas 'invasivas' (como a acima), a exemplo do que já prevê a CF relativamente a atos do Executivo.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
SALÁRIO MÍNIMO E MOEDA BÁSICA
O salário mínimo alcançou elevação real recorde nos últimos anos, mas está longe do acenado pela Constituição Federal. Os estados podem praticar salário superior ao mínimo; São Paulo é um deles: enquanto o mínimo federal é de R$ 545,00, o de lá está em (ou vai para) R$ 600,00.
Mas vejamos o valor de cestas básicas, segundo o DIEESE, em algumas capitais (posição outubro 2010):
São Paulo...... R$ 253,79
Porto Alegre: R$ 247,21
Curitiba......... R$ 231,96
Recife........... R$ 195,64
Fortaleza....... R$ 193,38
João Pessoa... R$ 186,34
Aracaju..........R$ 172,40
Como é notório, o preço da cesta básica afeta mais a quem ganha salário mínimo, o que torna as despesas com alimentos determinantes do poder de compra de cada piso regional.
Em São Paulo, o mínimo regional de R$ 600,00 compra 2,36 cestas básicas. O piso nacional adquire, por exemplo, 3,16 cestas básicas em Sergipe. Ou seja: 34% a mais. Para equiparar o poder de compra do mínimo paulista ao de Sergipe, seu valor teria que ser de R$ 804,00.
Resumindo: com base na 'moeda cesta básica', pode-se concluir que o salário mínimo de Sergipe é bem superior ao de São Paulo. Não obstante os discursos em contrário.
Charge de Frank.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
SOBRE O CASO ASSANGE WIKILEAKS
Advogado de Assange diz não temer extradição
O assessor jurídico do fundador de Wikileaks e professor da Universidade de Harvard Alan Dershowitz (foto à esquerda) disse não temer a possível denúncia das autoridades americanas contra seu cliente por publicar documentos secretos.
"No caso de as autoridades dos EUA tentarem denunciar só por publicar documentos secretos tenho argumentos excelentes contrários", afirmou Dershowitz em declarações publicadas no último sábado pelo semanário alemão Der Spiegel.
"Afinal de contas, os juízes no processo pelos chamados 'Papéis do Pentágono', no qual participei há 40 anos, condenaram que havia um direito à publicação desse tipo de documentos". (Os 'Papéis do Pentágono': relatórios militares vazados por Daniel Elsberg, ex-agente da CIA, que confessavam o fracasso da estratégia americana da guerra contra os vietcongues. Segundo analistas, a divulgação de tal documentação apressou o fim da guerra - nota do blog Domacedo).
Naquele caso, foi abordado o direito de se publicar (como o jornal The New York Times) documentos críticos sobre a Guerra do Vietnã, apesar de o então Governo dos EUA considerar que isso representava uma ameaça à segurança nacional.
Dershowitz considerou que Assange está em uma situação similar, já que se trata "da versão moderna de um jornalista. O processo contra ele seria os 'Papéis do Pentágono' do século 21. Trata-se de novos meios e uma nova forma de jornalismo global".
O conhecido advogado americano ataca as autoridades de Washington ao dizer: "exigem o uso da imprensa em países como o Egito e Irã. Portanto, teremos de deixar claro que não podem medir com dois pesos e duas medidas e limitar o uso dos novos meios quando afete os interesses dos EUA".
"Além disso, um tribunal americano não pode ser competente diante de uma organização estrangeira como Wikileaks, que nunca antes foi ativa nos Estados Unidos", disse o assessor de Assange. (Fonte: uol notícias, com alterações).
LUIZA VITÓRIA DA GARRA
- Só peço, só quero carinho. Carinho é muito para mim.
Com tais palavras Sulica agradeceu a homenagem que recebeu ontem, 23, na Fundação Cultural do Piauí.
- Colocar o nome dela em nosso auditório é reconhecimento pelo tanto de serviços prestados à cultura piauiense, disse a presidente da instituição, Bid Lima.
Folguedos, Projeto Pixinguinha, Salão de Humor do Piauí, Sulica sempre foi expert em gol de placa.
Homenagem bonita, essa da FUNDAC.
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Foto: Francisco Magalhães.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
JANE EM CINEMASCOPE
Maureen O’Sullivan
17-5-1911, Boyle, Irlanda
23-6-1998, Arizona, EUA
"(...) A grande oportunidade para a morena O'Sullivan chegou quando mudou de estúdio e firmou contrato com a Metro Goldwin Mayer em 1932. Entre os projetos do estúdio estava filmar uma série de filmes com Tarzan, célebre personagem de Edgar Rice Burroughs, que seria protagonizado por Johnny Weismuller, e 'Tarzan dos Macacos' (1932), de W.S.Van Dike, em produção de Irving Talberg. O papel de Jane que Maureen interpretou deveria se repetir em outros cinco filmes da série. (...)"
http://cinemascopeblog.blogspot.com/
O'Sullivan e outros monstros sagrados do cinema estão no Cinemascope, louvados com textos enxutos e informativos como o acima - além de caricaturas caprichadas.
O MAPA DO ÁLCOOL
No gráfico acima, da Organização Mundial da Saúde, a média de consumo anual de álcool per capita em litros, por ano, na primeira metade da década passada. O Brasil fica ali, em rosa, entre 7,5 e 9,9 litros. Já no Leste europeu e na maior parte da Europa, o consumo chega a (ou passa de) 12,5 litros.
(Fonte: ContextoLivre).
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Na maior parte das áreas claras (exceto Groenlândia, obviamente), de consumo ínfimo de álcool, a influência do Alcorão.
POR QUE O BRASIL CRESCEU MAIS (II)
Trecho de comentário feito por mim, no blog do jornalista Luis Nassif, a propósito do artigo abaixo: (...) se FHC estivesse à frente do Brasil quando estourou a rebordosa mundial e os bancos/grupos privados trataram de tirar o corpo, o governo teria também se retraído, e a crise se teria instalado. O mérito de Lula foi justamente o de partir pro caminho oposto: reduziu o compulsório, determinou aos bancos estatais que expandissem o crédito (foi Lula, a propósito, quem mandou Bendini, do BB, comprar 49% da Votorantim, assegurando desde logo o fluxo normal dos financiamentos de veículos, já que a banca privada tirara o pé do acelerador; Bendini queria treinar pessoal, para só então partir para a ampliação das carteiras de crédito do BB; Lula exigiu providências imediatas), fez o PAC evoluir, manteve/expandiu os programas sociais e desonerou os produtos da linha branca e da construção civil, entre outras medidas. Eis aí, para mim, o grande divisor de águas.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
POR QUE O BRASIL CRESCEU MAIS
Por Demian Fiocca
O crédito de bancos públicos, voltados ao investimento, foi importante para evitar que a aceleração da economia fosse limitada pelo risco de inflação
O Brasil viveu dois períodos diferentes desde a estabilização. De 1995 a 2003, teve crescimento baixo: 2,2% em média. De 2004 a 2010, alcançou crescimento alto: 4,4% em média. Mudanças na gestão econômica explicam essa melhora.
O país não foi levado pela "onda" de uma expansão mundial. Enquanto o crescimento do mundo oscilou de 3,4% para 3,8%, o do Brasil dobrou.
Tampouco foi apenas a "sorte" dos bons preços das commodities.
Minério ou petróleo em alta estimularam investimentos nesses setores e o saldo comercial. Mas o uso de poupança externa, dado pelo deficit em contas correntes, diminuiu.
Passou, na média anual, de 2,9% do PIB para 0,2%.
Cinco políticas importantes têm de constar das explicações do novo crescimento: distribuição de renda, investimentos de estatais, fomento à expansão do crédito, acumulação de reservas e medidas anticíclicas.
Essas políticas moldaram um novo ambiente, de ampliação de renda e emprego, de um lado, e de confiança e expansão do investimento, de outro. Não foi algo trivial nem de continuidade pela inércia.
Desde 2005 há críticos à diretriz de expandir as operações do BNDES. Quando se afirmava que o Brasil podia crescer 5%, outros tentavam provar que o máximo possível era 3,5%.
Quando os bancos públicos sustentaram a expansão do crédito em meio à crise, muitos faziam ressalvas. Quando o presidente transmitia mensagens de otimismo, vários tentaram ridicularizar. Mas todas essas diretrizes estavam corretas.
Comparando 1997-2003 com 2004-2010, o gasto federal cresceu de 15% para 17% do PIB. As transferências a pessoas, como o Bolsa Família e as aposentadorias vinculadas ao salário mínimo, respondem por todo o acréscimo de 2% do PIB.
O gasto com pessoal oscilou de 4,5% para 4,4%. Os investimentos da União, de 0,7% para 0,8%. Tiveram impacto neutro.
Os investimentos das estatais federais subiram de 1,2% para 1,7% do PIB em média. Esse foi outro fator de aceleração.
Adotaram-se medidas favoráveis à expansão dos bancos privados, como a regulação do crédito consignado e o apoio aos bancos médios durante a crise econômica, e diretrizes indiscutivelmente novas de expansão e apoio em relação aos bancos públicos.
O crédito dos bancos privados saltou de 14,8% do PIB em 2003 para 27,1% em 2010. O dos bancos públicos, de 9,8% para 19,5%.
O crédito dos bancos públicos, mais voltados ao investimento, foi importante para ampliar a capacidade produtiva e evitar que a aceleração da economia fosse limitada pelo risco de inflação.
Entre 1995 e 2005, as reservas internacionais oscilaram na faixa de US$ 30-70 bilhões. Com a nomeação de Mantega para a Fazenda, desde 2006 prevaleceu uma política de compra continuada de reservas, por prudência contra crises e para suavizar a tendência de valorização do real, de modo a evitar um impacto brusco sobre a indústria.
As reservas então sobem de U$ 54 bilhões em 2005 para US$ 206 bilhões em setembro de 2008, às vésperas da crise.
Por fim, quando o mundo mergulha na crise, opta-se por política anticíclica, de manutenção dos investimentos públicos, redução de impostos e forte suporte ao crédito.
Descontando efeitos contábeis do Fundo Soberano e da concessão do pré-sal, o superavit primário federal foi reduzido de 2,8% em 2008 para 1,2% em 2009 e em 2010.
Injetou-se impulso de mais de 3% do PIB nesses dois anos. O suporte ao crédito responde facilmente por outros 3% do PIB. Foram políticas ativas, corajosas e inovadoras, que estão no centro do bom desempenho econômico do país.
DEMIAN FIOCCA, é economista, sócio da Mare Investimentos. Foi presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e da Nossa Caixa.
EFEITO DOMINÓ
Entreouvido na torcida do Sport Recife:
"Ben Ali caiu, Osni Mubarak caiu, Muamar Kadafi está caindo. Até quando Ricardo Teixeira continuará ditatorializando na CBF?"
Desenho: Quinho.
O TRAÇO DO DINO
Dino Alves, atualmente em Brasília, é refinado caricaturista e ilustrador, e navega em todos os mares das artes gráficas.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
UM JORNAL EX-EMPLAR
"Produzido entre 1973 e 1975, com periodicidade mensal, o jornal EX- foi um dos expoentes da chamada mídia alternativa durante a ditadura militar, reconhecido por suas reportagens aprofundadas, textos ácidos e imagens provocativas. Suas 16 edições e quatro especiais estão agora reunidas em publicação fac-símile produzida pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e o Instituto Vladimir Herzog. O lançamento acontece no dia 29 de junho (terça-feira) na Livraria da Vila (Al. Lorena, 1.731), às 19 horas, em comemoração ao primeiro ano do Instituto.
Para dar a exata dimensão da ousadia criativa e oposicionista do EX-, a capa da primeira edição trazia Hitler, nu, tomando sol em uma praia tropical. No expediente, o alerta de que a distribuição era própria, com a expressão “garantida” entre parênteses. E o aviso “Nenhum Direito Reservado”. Já a manchete e a matéria de capa do 16º acabaram sepultando o jornal, tornando-se a última edição distribuída sob o nome EX-. “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós – a morte do jornalista Vladimir Herzog”, que revelava o assassinato de Herzog pelos militares, em outubro de 1975, e vendeu 50 mil exemplares."
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"Uma caixa especial traz 20 números em versão fac-símilar do periódico, incluindo as 16 edições que foram às bancas com o nome “EX-“. As outras quatro são a inédita 17ª edição, recolhida pelos
militares; “ex-tra” e “Leia mais um”, produzidas com o mesmo tom editorial mas nomes diferentes para driblar a censura."
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Comentário: o Ex- fez parte de um timaço: O Pasquim, Opinião, Movimento, Politika, Coojornal etc. Líamos todos eles; eram o alento da rapaziada. Tristeza medonha quando Vlado foi morto...
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http://www.imprensaoficial.com.br/jornalex/
OS PICLES
Corrupto convicto, quando no aconchego do lar, se despe de todas as amarras - exceto do colarinho branco.
Tão neoliberal que continua fiel ao lema Brasil, país do mercado futuro.
Para o agnóstico corrupto, sagrado, mesmo, só o da cervejinha.
Quando a questão é o direito de ir e vir, a dignidade humana vai e vem ao caso.
Logo, logo, na Líbia, um trocadilho bobo, mas supimpa: "Que bom, Kadafoi-se!"
domingo, 20 de fevereiro de 2011
SURREAL, MEU!
Da Folha.com: Moradores que ficaram isolados pela implantação de uma praça de pedágio na SP-332, em Paulínia (a 117 km da capital paulista) têm que pagar R$ 7,65 até para ir à padaria, ao banco ou à farmácia. Para atenuar a passagem no pedágio, estocam gás e mantimentos. (...)
Há mais de um ano quase toda a vizinhança nas proximidades da fazenda Cascata não come mais pão fresquinho, não recebe a visita da Guarda Municipal (que alega não ter isenção e nem como custear a tarifa para fazer ronda) nem a pizza do delivery. Empresas que vendem gás, galões de água e material de construção interromperam as entregas na região - exceto se a tarifa de R$ 7,65 for paga pelo próprio cliente.
O transporte público não serve de opção - por ser uma área afastada, os ônibus só passam três vezes no dia. A rota à cidade vizinha, Cosmópolis, não adianta. A 3 km, tem outro pedágio, de R$ 5,45 - na ida e na volta. (...)
Ilustração: Carnaval de arlequim, Miró.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
DEPOIS DA ERUPÇÃO
Em janeiro os serviços de inteligência dos EUA estimaram quais as chances do movimento contra a ditadura na Tunísia afetar o Egito: 20% .
EUA VETAM RESOLUÇÃO DA ONU CONTRA ISRAEL
Os Estados Unidos votaram contra uma resolução apreciada nesta sexta-feira pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas que poderia condenar a expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Dos 15 votos, 14 foram a favor, incluindo o do Brasil, que no momento detém a presidência rotativa do órgão.
Para ter validade a medida precisava de todos os votos dos países que integram o Conselho, e caso tivesse sido aprovada, reforçaria o caráter ilegal da expansão dos assentamentos nos territórios ocupados da Cisjordânia e Jerusalém Oriental, determinando ao governo israelense a interrupção imediata das obras.
Analistas estimam que a decisão do governo do presidente Barack Obama deve irritar países árabes, a ANP (Autoridade Nacional Palestina) e defensores da causa palestina ao redor do mundo.
O veto à medida deve também acentuar as dificuldades das negociações do processo de paz entre israelenses e palestinos, atualmente paralisado.
Para os palestinos a interrupção da expansão dos assentamentos é uma condição para que as negociações de paz sejam retomadas. (Associated Press).
Ilustração: BASQUIAT.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
ALÉM DOS AVIÕES DE CARREIRA
No mundo da espionagem tudo pode acontecer, até o improvável. Aparicio Torelly, o Barão de Itararé, dizia: "Há algo no ar, além dos aviões de carreira", alertando para o fato de que alguém (ou um grupo) poderia estar preparando alguma. Presentemente, as coisas mudaram: as palavras do Barão deixaram de ser metafóricas.
Após ler a matéria abaixo, convém que fiquemos com a pulga atrás da orelha - valendo até mesmo admitir que tal pulga seja fruto da nanotecnologia...
Empresa cria avião-espião com aparência de beija-flor
Uma empresa americana que desenvolve produtos aeronáuticos para o Pentágono apresentou nesta semana um avião-espião que cabe no bolso e que tem a aparência e o voo semelhantes aos de um beija-flor.
O protótipo, que custou cerca de US$ 4 milhões (aproximadamente R$ 6,6 milhões) e foi desenvolvido ao longo de cinco anos, pode voar por até 11 horas e carrega uma câmera capaz de espionar posições inimigas durante conflitos militares.
O dispositivo, batizado de Nano Hummingbird (Nano Colibri) voa batendo as asas como um pássaro de carne e osso e, com suas asas abertas, mede meros 16 centímetros.
O beija-flor mecânico é capaz de voar a uma velocidade de até 17 quilômetros por hora e pesa apenas 19 gramas.
Propulsão
A aeronave foi produzida para a Agência de Pesquisa de Projetos Avançados do Departamento de Estado americano.
O Nano Colibri, que foi apresentado oficialmente para a imprensa nesta quinta-feira, usa apenas as suas asas como meio de propulsão. Os modelos atuais de aviões-espião dependem de propulsores para voar.
O avião-pássaro é movido a bateria, conta com motores e é guiado por meio de controle remoto.
Durante a demonstração de oito minutos desta quinta-feira, o colibri mecânico voou para dentro de um edifício e retornou ao seu ponto de origem. (Fonte: BBC Brasil).
PALETÓ DE MADEIRA PARA O AUXÍLIO PALETÓ
"O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória (...)."
(Constituição Federal, art. 39, § 4º. Câmaras municipais, assembleias legislativas, congresso nacional, todos estão agindo inconstitucionalmente ao se premiarem com o tal auxílio paletó. Que o Ministério Público, atento aos artigos 127 e 129 da CF, cumpra sua parte).
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
COLOMBO, O MAGO DAS CORDAS
Show beneficente com artistas do Piauí será realizado em homenagem ao músico Colombo, às voltas com problemas de saúde.
Será em março, no bar Boteco, zona leste de Teresina.
Força total ao genial Colombo.
Foto: Colombo, por Solda.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
PELO BLOQUEIO DOS BILHÕES DO MUBARAK
"O Mubarak está fora - mas ele poderá levar uma riqueza inimaginável com ele. As estimativas da sua riqueza roubada vão até $70 bilhões, mais de um terço de toda a economia egípcia.
Não há tempo a perder, os governos precisam congelar as contas do Mubarak antes que o dinheiro desapareça em um labirinto de contas bancárias obscuras -- como as fortunas roubadas por muitos outros ditadores. A Suíça já congelou suas finanças e alguns ministros da União Europeia ofereceram ajuda -- mas sem um chamado global imediato, a reação poderá ser lenta demais para impedir que os bilhões do Mubarak sumam completamente.
Vamos convocar os líderes de todas as nações a garantir que o dinheiro do Egito seja devolvido ao povo. Se conseguirmos 500.000 assinaturas, a nossa petição será entregue aos ministros das finanças do G20 na reunião desta sexta-feira em Paris. Vamos assinar nossos nomes agora e divulgar a campanha! (...)." (Fonte: Avaaz.org).
http://www.avaaz.org/po/mubaraks_fortune/?vl
É ISSO
Por Amilcar Bettega
« O importante é ir até o fim », foi essa frase que ficou. A princípio, a única que ficou. Se bem que puxando um pouco pela memória, a coisa começa a vir : « não se sabe exatamente aonde, mas é preciso ir », ela poderia ter dito. Talvez até tenha dito, vale lembrar que quem decide aqui é a memória.
« O importante é ir até o fim, mesmo que a gente não saiba aonde, mas no momento em que se começa é preciso ir até o fim ».
Ela está lá, sentada diante de uma plateia atenta. Não numerosa, mas uma assistência interessada, e é isso que conta. Sua voz é segura, seu rosto um pouco tenso, quase antipático. Na defensiva, parece. Suas mãos tremem um pouco. Ela fala do que lhe é mais caro, talvez por isso o leve tremor nas mãos.
Ela diz : « a gente tenta, é o que se faz, se tenta, a gente sabe que tem uma coisa ali, a gente sabe que tem uma coisa aqui (ela leva a mão à garganta, mas parece se arrepender e a recolhe rápido) e que precisa dizer de alguma forma ».
Ela para. Parece pensar no que acaba de dizer. Ou está simplesmente cansada. Talvez as duas coisas juntas. E o silêncio. Disse aquilo e parou.
« Precisa dizer de alguma forma », é o resto de frase que fica, que parece flutuar, ecoando na cabeça de todos que ali esperam que ela continue, que dê sequência à frase.
Mas no fundo já está tudo dito. « Alguma forma », as palavras ainda estão ali, soltas, ainda sendo remoídas, como que criando espaço no pensamento. No seu e no do público que vai, por assim dizer, no embalo, junto com ela. « Forma, alguma forma ». Poderia terminar aí. Todos poderiam ir embora com aquele resto de frase a martelar na cabeça e o dia estava ganho.
No fundo todos sabem que já não vem muita coisa depois, a não ser, talvez, um ataque de silêncio. Alguns até pensam em levantar e ir embora.
Mas então ela retoma, ainda mais cansada (ao que parece) do que antes : « a gente tenta, tateia, vai por aqui, por ali e , de repente 'é isso', a gente acha. De repente, a coisa acontece e a gente se dá conta : 'é isso'. Pois a escrita é este 'é isso'. Nada mais do que este 'é isso' ».
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Foi no Beaubourg, o Centre Pompidou, em Paris. Fazia frio, era uma noite de inverno ( a memória começa a buscar detalhes). Annie Ernaux disse isso e ficou olhando para o vazio, como se não tivesse ninguém diante dela. Fazia frio, inverno já longe (vai ser difícil precisar o ano, menos ainda de como e por que isso veio de lá agora).
Amilcar Bettega é escritor, autor de O vôo da trapezista, Deixe o quarto como está e Os lados do círculo(livro vencedor do Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira em 2005).
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
O TAL DE INGLÊS, WHY?
Idioma exerce uma espécie de imperialismo linguístico
Por Hélio Schwartsman
Há um quê de ideológico na resistência ao inglês. Os sinais são vários e vêm de diversas frentes. Em 1999, o combativo deputado Aldo Rebelo, do PC do B paulista, apresentou um projeto de lei que, em sua versão original, bania todos os estrangeirismos (leia-se, anglicismos) da língua portuguesa e ainda obrigava brasileiros, natos e naturalizados, e pessoas de quaisquer nacionalidades residentes no país há mais de um ano a utilizar-se do vernáculo, sob pena de multas.
Uma versão desidratada da proposta foi aprovada em duas comissões e ela agora repousa prudentemente nos escaninhos do Congresso. Mais êxito teve uma outra iniciativa legislativa que, irmanando ainda mais os povos da América Latina, ampliou o ensino do espanhol. É a lei nº 11.161/05, que obriga Escolas públicas e privadas de ensino médio a oferecer o idioma de Cervantes como disciplina optativa.
Se se tratasse apenas de proporcionar aos jovens a oportunidade de aprender direito o idioma de nossos vizinhos, a norma seria inatacável. O problema é que, numa interpretação sistemática com o restante da legislação educacional, ela coloca o espanhol à frente do inglês.
A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) estipula, para o ciclo médio, o ensino, em caráter obrigatório, de uma língua estrangeira a ser definida pela comunidade Escolar. Prevê também a inclusão de um segundo idioma, em caráter optativo, "dentro das disponibilidades da instituição".
A pegadinha está no fato de que a 11.161 fala abertamente no espanhol e se cala em relação ao inglês. As Escolas sem grandes "disponibilidades", que devem ser a maioria, podem escolher a língua de Cervantes no lugar da de Shakespeare como o idioma moderno obrigatório, de modo a satisfazer as leis disponibilizando apenas uma língua estrangeira.
Ninguém é obrigado a gostar da primazia de que o inglês goza no mundo contemporâneo. Podemos ir até um pouco mais longe e reconhecer que esse idioma exerce uma espécie de imperialismo linguístico. Mas é preciso viver no mundo encantado de Che Guevara para não perceber que o inglês se tornou aquilo que o grego representava para o período helenístico e que o latim significava na Idade Média: o papel de língua veicular universal, na qual falantes dos mais variados idiomas conseguem se comunicar.
É em inglês que se fecham praticamente todos os grandes negócios internacionais, assim como é nessa língua que se registram os mais importantes avanços científicos. Não utilizá-la nesses campos equivale a arremessar-se para fora do mundo.
E os prejuízos de se afastar dos círculos de produção científica e não internacionalizar as universidades brasileiras superam em muito os de conviver com alguns "sales", "coffee breaks" e outros estrangeirismos de gosto duvidoso, dos quais a língua saberá livrar-se, se lhe dermos tempo suficiente.
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O articulista tem o direito de opinar. Democracia é isso. Tem o direito até de aludir a 'mundo encantado de Che Guevara'. O crítico, felizmente, não pode impedir que pessoas mundo afora sonhem o mundo como Guevara sonhou. You understand, mr. Hélio?
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
PROJETOS EM CURSO
O jornal dá conta de que o ex-senador pelo Piauí Heráclito Fortes comparou seu afastamento do poder ao descarte de Hosni Mubarak, ex-presidente do Egito por quase três décadas. "Eu me sinto como o Mubarak, após 28 anos de mandato. Ociosidade é algo que nunca tinha experimentado. O começo é meio chocante", desabafa, ressaltando que estuda convites para atuar em conselhos de empresas.
Já Moraes Sousa, o Mão Santa, ex-senador igualmente derrotado, trabalha agora como auxiliar de cirurgia da Santa Casa de Misericórdia, em Parnaíba, enquanto busca uma vaga no Parlamento do Mercosul, o Parlasul.
As normas em vigor não incluem a possibilidade de ex-parlamentares integrarem o Parlasul, mas no final de 2010 Mão Santa encaminhou à presidência do Senado projeto de sua lavra com uma nova versão da resolução sobre a matéria, em que a possibilidade é contemplada. O ex-senador arremata: "Vão dizer que isso beneficia o Mão Santa. Vai beneficiar, sim, mas também ao Brasil. Eu sou o mais preparado para integrar essa delegação".
Em tempo: o jornal é real.
OLD MAGAZINE
Desenhos e textos de humor. Final dos anos 1950, início dos anos 1960. Na capa do exemplar acima, Tio Sam, que à época sonhava em pisar na lua, detecta, via telescópio, o slogan 'yankees go home' na superfície lunar ('alguém' - nem um pouco amigo - estivera lá antes deles!). Autor do desenho: Reginaldo Fortuna, o grande Fortuna, cartunista dos cartunistas.
Na Pif Paf brilhou, entre outros, Millôr Fernandes, o Vão Gôgo.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
A CONDIÇÃO PARA A VOLTA POR CIMA
"Desse samba, todo mundo dá ênfase à 'volta por cima'. Mas esquece o 'reconhece a queda', o mais importante".
(Paulo Vanzolini, compositor e cientista, no blog Viva Babel, da escritora e jornalista Elizabeth Lorenzotti. O compositor alude ao clássico Volta Por Cima, de sua autoria, consagrado na voz de Noite Ilustrada: "...reconhece a queda e não desanima; levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima". A observação de Vanzolini parece feita sob medida para os iluminados neoliberais recentemente derrotados nas urnas, que, professorais e impassíveis, continuam em sua ladainha diária de reparos às políticas dos vitoriosos, torcendo contra, distorcendo o que podem e pregando o advento do Estado Mínimo).