O PROFESSOR DE TOM JOBIM


30 de setembro de 2011 marca o centenário do nascimento (em São Paulo) de Leo Peracchi, regente, arranjador, pianista, professor, compositor e um dos grandes Mestres da Instrumentação Moderna Brasileira.

Perachhi participou, ao longo de décadas, da construção da gloriosa saga da Música Popular Brasileira, sendo pioneiro da atuação do rádio, e cuidou da estruturação de composições imortais e da formatação de LPs antológicos do cancioneiro tupiniquim - além de ter sido professor de monstros sagrados, como Antonio Carlos Jobim.

Para inteirar-se da trajetória de Leo Peracchi e deleitar-se com canções imortais da MPB, clique AQUI.

TERESINA EM CHAMAS


- É a onda de calor insuportável do b-r-o-bró?

- Em parte, em parte. É repórter fazendo o possível e o impossível em busca de audiência, em função do triste caso Fernanda Lages. É representante de instituição falando pelos cotovelos sobre o assunto, antecipando juízos e impressões, dando ensejo a que sejam criadas manchetes espetaculosas, para em seguida tentar desdizer o que teria sido dito...

- E o que isso tem a ver, mesmo que em parte, com a onda de calor insuportável?

- Elementar: a fogueira das vaidades.

CRIANÇAS GENIAIS



Pinturas pré-históricas em caverna são de crianças de '3 a 7 anos'

Pinturas pré-históricas encontradas em uma caverna na França foram feitas por crianças pequenas, com idades entre três e sete anos, apontam pesquisas recentes.

São sulcos feitos com os dedos, que resultam em desenhos de mamutes e outros animais. Eles foram descobertos na chamada Caverna dos Cem Mamutes, em Rouffignac, e datam de cerca de 13 mil anos atrás.

Os sulcos parecem ter sido feitos por dedos pequenos, de crianças, que passavam as mãos na superfície macia das paredes da caverna.

Pesquisadores da Universidade de Cambridge agora afirmam terem conseguido identificar a idade e o sexo dos jovens artistas das cavernas.

"Os sulcos feitos por crianças aparecem em todas as partes da caverna", diz a arqueóloga Jess Cooney, da Universidade de Cambridge, que comandou as pesquisas ao lado de Leslie Van Gelder, da Universidade Walden (EUA).

"Encontramos marcas de crianças de três a sete anos – e conseguimos identificar (os desenhos de) quatro crianças específicas ao comparar suas marcas."

Segundo ela, a criança mais prolífica no desenho de gravuras tinha ao redor de cinco anos. "E temos quase certeza de que essa criança era uma menina." (...) Fonte: BBC Brasil.

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Crianças de três a sete anos produzindo desenhos como os acima? A pré-história era pródiga em gênios precoces! E põe genialidade nisso.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

MELODIA LOUVA NELSON SARGENTO


Li no NotasMusicais que Luiz Melodia "gravou dois sambas de Geraldo Pereira (1918 - 1955) na companhia do cantor e compositor carioca Nelson Sargento. As gravações foram feitas para o CD e DVD Nelson Sargento - Baluarte do Samba (...). CD e DVD virão encartados em livro de capa dura com cerca de 160 páginas. O DVD exibe show de Sargento e também um documentário sobre a vida e a obra do bamba da escola de samba Mangueira. As gravações de Sargento com Melodia  - acima, em foto de Daniel Cardoso - foram feitas na escadaria da Igreja da Penha, no subúrbio do Rio de Janeiro. (...)  Nelson Sargento - Baluarte do Samba é direcionado a escolas e bibliotecas."

A lamentar o fato de Baluarte do Samba ser restrito, não acessível ao público em geral.

CNJ NON GRATO


A Constituição Federal de outubro de 1988 foi emendada em dezembro de 2004 (EC 45), para a criação do CNJ Conselho Nacional de Justiça.

Enquanto o Supremo Tribunal Federal é o guardião da CF, o CNJ é o zelador do importantíssimo artigo 37 da CF, do cumprimento do Estatuto da Magistratura e da autonomia do Poder Judiciário.

Ocorre que o CNJ nunca foi 'deglutido'. De tempos em tempos é questionado. Chegam a arguir sua inconstitucionalidade.

Uma observação contundente da corregedora do CNJ acerca da necessidade de sanear-se o Judiciário despertou ira incomum.

Felizmente, há instâncias que se levantam contra a fúria anti CNJ, como a Associação Juízes para a Democracia, que ressalta o papel da salutar conquista da sociedade civil para efetivar o Princípio Republicano, aduzindo que "reações coorporativas, animadas por interesses particulares, e manifestações das cúpulas dos tribunais, que a pretexto da preservação de suas atribuições objetivam garantir seus poderes arbitrários, não podem prevalecer sobre o relevante papel desempenhado pelo CNJ na apuração de desvios de conduta funcional e responsabilização dos magistrados faltosos com seus deveres de probidade."

O que torna o CNJ non grato, ao fim e ao cabo, é o fato de ele ter, entre os seus quinze membros, gente de fora do Poder, como integrantes do Ministério Público (estadual e federal), da OAB e cidadãos indicados pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. É exatamente essa participação externa que confere ao CNJ a capacidade de refletir o Princípio Republicano. São, em princípio, os infiltrados do bem.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

MÁXIMAS DO SÍNDICO


Vivo, Sebastião Rodrigues Maia, o Tim Maia, carioca da Tijuca nascido em 1942 e falecido em 1998, estaria completando hoje 69 anos. Sucessos de Tim converteram-se em clássicos: Sossego, Gostava Tanto de Você, Me Dê Motivos, Não Quero Dinheiro, Você, Primavera etc.

E Tim, o síndico do Brasil (no dizer de jorge Ben Jor), rebelde e controvertido, era dado a sacadas cortantes, como as a seguir (que pincei daqui):

."Fiquei três anos tentando fazer Jovem Guarda. Fui sabotado pelo Roberto (Carlos) e pela turma dele. Eles tinham medo da soul music."

."Roberto Carlos não é geniozinho. Ele é inteligente, batalhador e canta mais ou menos."

."No meu disco de bossa nova, gravei Garota de Ipanema em inglês sim. Em português, até o Dom Helder Câmara já gravou. Só falta mesmo o delegado Romeu Tuma fazer uma versão também."

."Quando soube que o Prince pediu 180 toalhas no camarim pra tocar no Rock in Rio, passei a pedir 18 toalhas por show. Ou seja, pedi 10% do Prince pra ver se fico mais valorizado."

."O segredo do meu sucesso é o equilíbrio: metade das minhas músicas são esquenta-sovaco e a outra metade é mela-cueca."

."Gosto do Sargentelli. Ele é uma pessoa legal. Enquanto ele está vivo, deveria angariar fundos pra fundar uma universidade de pretos, já que ele colocou tantas mulatas pra mostrar a bunda."

."Hoje, sou latino, mas em Nova York eu era preto mesmo."

."O Brasil é uma terra de mestiço pirado querendo ser puro-sangue."

."Eu sou o bispo Tim Maia e tenho meus adeptos: chamo os ‘doidões’ para o Circo Voador e faço o meu show."

."Eu não fumo, não bebo e não cheiro. Meu único defeito é que eu minto um pouco."

Palmas pro Tim, mestre da Soul Music.

SATIAGRAHA, A OMISSÃO


"A Operação Satiagraha, da Polícia Federal, será enterrada para sempre em breve. É que o Ministério Público Federal perdeu o prazo para recorrer da decisão do Superior Tribunal de Justiça que anulou as provas obtidas pela PF na investigação e determinou o arquivamento do processo.

O acórdão com a decisão foi publicado no dia 5 de setembro, e a notificação, recebida pelo MPF no dia 9. Até esta terça-feira (27/9), 16 dias depois da notificação, e um dia depois do fim do prazo, de acordo com o STJ, a Procuradoria-Geral da República não se manifestou. A PGR, no entanto, nega a perda do prazo. Por meio de sua assessoria de imprensa, alegou que os dias só começam a contar depois de receber os autos do processo, que nunca foram enviados. (...)" Fonte: Consultor Jurídico.

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Elementar: corpo-mole compartilhado.

FILHOTE DO LIVRE MERCADO


.“Não ligamos muito para como vão consertar a economia. Nosso trabalho é ganhar dinheiro com isso”.

.“Os governos não controlam o mundo. O (banco) Goldman Sachs controla o mundo. O Goldman Sachs não liga para esse resgate, nem os grandes fundos.”

.“Estou confiante que esse plano (de recuperação da Grécia) não vai funcionar, independentemente de quanto dinheiro (os governos) puserem. O euro vai desabar”

.“Em menos de 12 meses, ativos (dinheiro, economias) de milhões de pessoas vão desaparecer”.


(Declarações prestadas à BBC pelo cidadão acima, operador de mercados Alessio Rastani. Os arautos do Livre Mercado pensam e agem assim, e contam com o apoio de iluminados analistas mundo afora, sendo o Brasil um alentado celeiro de escroques da espécie).

BANCÁRIOS EM GREVE


Charge de Jarbas.

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Enquanto isso, o BRB Banco Regional de Brasília antecipou-se à Febraban e firmou acordo com seus funcionáros, dando conta de que o bem estar deles está acima de seus demais interesses.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O MÉRITO DE LULA


Globo reclama da premiação a Lula

Por Eduardo Guimarães
Não pode passar batido um dos momentos mais patéticos do jornalismo brasileiro. Acredite quem quiser, mas órgãos de imprensa brasileiros como o jornal O Globo mandaram repórteres à França para reclamar com Richard Descoings, diretor do instituto francês Sciences Po, por escolher o ex-presidente Lula para receber o primeiro título Honoris Causa que a instituição concedeu a um latino-americano.

A informação é do jornal argentino Pagina/12 e do próprio Globo, que, através da repórter Deborah Berlinck, chegou a fazer a Descoings a seguinte pergunta: “Por que Lula e não Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor, para receber uma homenagem da instituição?”.

No relato da própria repórter de O Globo que fez essa pergunta constrangedora havia a insinuação de que o prêmio estaria sendo concedido a Lula porque o grupo de países chamados Bric’s (Brasil, Rússia, Índia e China) estuda ajudar a Europa financeiramente, no âmbito da crise econômica em que está mergulhada a região.

A jornalista de O Globo não informa de onde tirou a informação. Apenas a colocou no texto. Não informou se “agrados” parecidos estariam sendo feitos aos outros Bric’s. Apenas achou e colocou na matéria que se pretende reportagem e não um texto opinativo. Só esqueceu que o Brasil estar em condição de ajudar a Europa exemplifica perfeitamente a obra de Lula.

Segundo o relato do jornalista argentino do Pagina/12, Martín Granovsky, não ficou por aí. Perguntas ainda piores seriam feitas.

Os jornalistas brasileiros perguntaram como o eminente Sciences Po, “por onde passou a nata da elite francesa, como os ex-presidentes Jacques Chirac e François Mitterrand”, pôde oferecer tal honraria a um político que “tolerou a corrupção” e que chamou Muamar Khadafi de “irmão”, e quiseram saber se a concessão do prêmio se inseria na política da instituição francesa de conceder oportunidades a pessoas carentes.

Descoings se limitou a dizer que o presidente Lula mudou seu país e sua imagem no mundo. Que o Brasil se tornou uma potência emergente sob Lula. E que por ele não ter estudo superior sua trajetória pareceu totalmente “em linha” com a visão do Sciences Po de que o mérito pessoal não deve vir de um diploma universitário.

O diretor do Science Po ainda disse que a tal “tolerância com corrupção” é opinião, que o julgamento de Lula terá que ser feito pela história levando em conta a dimensão de sua obra (eletrificação de favelas e demais políticas sociais). Já o jornalista argentino perguntou se foi Lula quem armou Khadafi e concluiu para a missão difamadora da “imprensa” tupiniquim: “A elite brasileira está furiosa”.  (Fonte: BlogDaCidadania).

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Lula foi o 16º a receber o título em 140 anos de história do Instituto de Estudos Políticos de Paris. Além disso, tornou-se o primeiro latino-americano homenageado pela entidade, que formou nomes como os ex-presidentes franceses Jacques Chirac e François Mitterrand, o ex-primeiro-ministro Lionel Jospin e o escritor Marcel Proust.

Os analistas franceses certamente avaliaram (o que há muito fizemos) que o Brasil, a despeito dos percalços que ainda persistem, deu um salto espetacular no âmbito social, comercial e diplomático, desfrutando hoje de uma imagem substancialmente diferente. (Repetindo o que disse aqui: fico a imaginar como estaria hoje o Brasil se não tivesse fortalecido o seu mercado interno via aumentos reais do salário mínimo, programas sociais amplos e inédita expansão de investimentos públicos...).

Resumindo: foi patética a atitude dos representantes da elite inconformada. Mas não surpreendente.

ECOS DO HQMIX


Orlando e Biratan, no HQMix, o 'oscar' das artes gráficas, realizado há poucos dias em São Paulo. O festival foi criado e é organizado pelo cartunista Jal.

O paraense Biratan foi distinguido com um troféu (estatueta homenageando o personagem Geraldão, de Glauco), em reconhecimento aos méritos do Salão de Humor da Amazônia, que entra no quarto ano de contundente, hilária e reflexiva defesa da ecologia.

MORGAN FREEMAN E O TEA PARTY



Morgan Freeman contra o lado sombrio dos EUA

Ele foi presidente dos Estados Unidos, viveu o líder sul-africano Nelson Mandela, e já encarnou até o papel de Deus. Nos Estados Unidos, Morgan Freeman também é conhecido por suas opiniões políticas. Em entrevista que deve ir ao ar na próxima sexta-feira (30/09) na TV norte-americana, o ator fez duras críticas ao movimento conservador Tea Party. Para Freeman, a ferrenha oposição que o movimento faz ao presidente Barack Obama é baseada no racismo.
Quando perguntado se com Obama no poder a questão do racismo nos EUA melhorou ou piorou, Freeman disse que as coisas pioraram e que o presidente virou um alvo para as agressões da extrema direita.
"A política declarada deles, publicamente, é fazer o que for preciso para fazer com que Obama só tenha um mandato", disse o ator. "O que isso significa? ‘Dane-se o país. Nós vamos fazer tudo o que pudermos para tirar esse negro daqui’”.

Freeman disse compreender a postura de Obama de não reagir ao grupo, mas defendeu que agora o democrata adote uma postura mais agressiva.

Ressaltando novamente o caráter racista do Tea Party, Morgan Freeman afirmou que a ascensão do grupo mostra um ódio racial ainda remanescente nos EUA. “Isso apenas mostra o lado fraco, sombrio e obscuro da América”, disse o vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante em 2005, pelo filme “Menina de Ouro”.

"Nós devemos ser melhores que isso. E nós realmente somos. É, por isso é que todas aquelas pessoas estavam em lágrimas, quando Obama foi eleito presidente."

Freeman apoiou a candidatura de Obama à Presidência, mas se recusou a fazer campanha com ele, dizendo que era um ator, não um político. Ele participou de um show em defesa dos direitos civis na Casa Branca em 2010.
(Fonte: OperaMundi e blog de Luis Nassif.  Foto: Morgan Freeman e Paz Vega, atriz espanhola).
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Com a palavra, quero dizer, com a ação, Obama.

O LENDÁRIO HOPALONG CASSIDY


William Lawrence Boyd (Cambridge, 5 de junho de 1895 – Laguna Beach, 12 de setembro de 1972) foi um estadunidense que se tornou conhecido por interpretar o “cowboy” Hopalong Cassidy em dezenas de “farwest” B entre as décadas de 1930 e 1950.

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Filho de lavrador, William Boyd perdeu os pais ainda na adolescência. Depois de abandonar a escola e exercer várias profissões, chegou ao cinema em 1920, como extra em Por que Trocar de Esposa? (Why Change Your Wife?), de Cecil B. DeMille. Vários filmes depois, já era dono de uma carreira promissora, que lhe rendia cem mil dólares por ano. No entanto, tudo isso ruiu de repente: um ator de teatro homônimo foi preso em uma festa, acusado de suspeita de orgia sexual, porte de uísque contrabandeado e material de jogo. Um jornal confundiu os atores, o que levou à quebra de seu contrato. Isso, mais a Depressão e o cinema falado, levaram-no ao alcolismo e deram um basta à sua carreira, que só voltou a reerguer-se em 1935, quando conseguiu o papel-título do filme Vida e Aventura (Hop-a-Long Cassidy), primeiro da série que o tornaria famoso.

Após sessenta e seis fitas como Hopalong Cassidy e com o fim da era dos faroestes B, Boyd rendeu-se à televisão, onde fez cinqüenta e dois episódios de trinta minutos com o personagem. Tendo adquirido todos os direitos de comercialização dos filmes, ele os negociou com o canal NBC, além de abrir a empresa Hopalong Cassidy Enterprises, responsável pela venda de inúmeros artigos com o nome de Cassidy. Boyd apareceu no cinema pela última vez em outro filme de Cecil B. DeMille, O Maior Espetáculo da Terra, 1952, vestido com as roupas de Cassidy, em uma cena de parada dos artistas do circo.

Casou-se quatro vezes, sempre com atrizes: Ruth Miller (1921 – 1924), Elinor Fair (1926 – 1929), Dorothy Sebastian (1931-1935) e Grace Bradley (1937 - 1972). Com esta última passou a levar uma vida reclusa, pois sua saúde foi se deteriorando aos poucos e ele queria que seus fãs se lembrassem dele tal como aparecia nas telas. Morreu em 12 de setembro de 1972, vítima do Mal de Parkinson e complicações do coração.


Fonte: Cinemascope.

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Hopalong Cassidy, Tom Mix, Buck Jones, Durango Kid, Roy Rogers & Trigger (e Dale Evans, é claro), O Cavaleiro Mascarado (seriado). Os vesperais em Piracuraca eram antológicos. O Cine Roxy fervilhava. João Arcanjo cuidava de emendar as fitas que eventualmente se rompiam, e o espetáculo continuava. O bang-bang corria à solta na chapada!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CAEM OS MUROS


Por Ricardo Semler

Susto depois de susto. Assim tem sido minha rápida temporada de palestras na Europa e na África nestes dias. Tive colóquio com o Kofi Anan, entrevista para a imprensa com o econo-pessimista Nouriel Roubini e ainda encontro de meia hora com o Al Gore. Parte disso foi parar no YouTube, para quem tem tempo para essas coisas.

Cada um está apavorado com algo diferente - muitos muros estão caindo. Gore está convencido de que a Amazônia virará deserto em poucas décadas e o Chris Anderson (dono da revista "Wired" e profeta da alta tecnologia) me confessou que quer banir tablets da sala de aula.

A Palestina quer ser país, e tem parte da sua população morando numa penitenciária gigante a céu aberto. Seus muros, dos quatro lados de Gaza, são de vergonha e, por que não dizer, lamentação.
Roubini fala de revoltas sociais crescentes, como Dilma o fez na ONU. Há dúvidas se este tal de Brics sobrevive - muitos já cantam uma desintegração parcial de outro muro (muralha) - o da China.

Nem os EUA nem a Europa têm mais dinheiro para salvar os outros, quiçá eles mesmos.

Não dá tempo para evitar as colisões socioeconômicas de um mundo que comemorou a queda do muro comunista para, apenas 20 anos depois, ver ruir o muro do capitalismo puro.

Com isso em mente, cabe fazer um zoom sobre os muros da escola. Está aí, claramente, a origem e a solução desses problemas. Uma escola antiquada, sequestrada pela obstinação do fazer de conta, é fatal.

A escola como lugar onde os pais depositam seus filhos, e suas vãs esperanças, não tem futuro. Ruirá, porque seus muros são feitos do mesmo material que o de Berlim, de Gaza ou de Wall Street. Como comportas, terão que ser abertas para que as muitas águas façam uma pororoca de modernidade.

O muro estanque da escola já está para ser rompido pela fluidez da web. Não há cartilha que resista ao mar profundo da internet. O parco material enfadonho de hoje é reduzido à decoreba. Mesmo quando os métodos são atualizados, e colocados na web.

Como o mundo financeiro, Gaza ou as revoltas árabes, todos os muros caem de um dia para o outro. Muitos estão a ruir, e o estrondo começa a ser audível.

Continuar a procurar melhorias marginais na escola, a que gerou os milhares de líderes desequilibrados que ergueram tantos muros vergonhosos, é incorrer em erros que os pedreiros sempre evitaram.

Só fica de pé o muro que tem uma fundação verdadeira. Fazer de conta que se ensina, que se aprende, e que nós, pais e sociedade, estamos satisfeitos, só remenda com cimento-cola um muro que deveria ter caído há muito tempo. Olho nos muros, gente, lá vem tijolo.

AVANÇOS DAS ARÁBIAS


Rei da Arábia Saudita anuncia direito de voto às mulheres

“Como nos recusamos a marginalizar as mulheres na sociedade em todos os papéis que estão de acordo com a sharia (código de leis do islamismo), decidimos envolvê-las como membros do Conselho da Shura”, afirmou o rei Abdullah, fazendo referência ao órgão que funciona como uma espécie de Parlamento, embora sem poderes legislativos. “As mulheres poderão concorrer como candidatas nas eleições municipais e até terão o direito de votar.”

A eleição municipal é a única realizada na Arábia Saudita, um país conservador onde as mulheres não têm permissão para dirigir ou viajar para o exterior desacompanhadas. A mudança não afetará a votação deste ano, marcada para quinta-feira, quando estarão em disputa metade das 285 cadeiras da Shura – a outra metade é nomeada pelo governo. (...) Fonte: IG e Agência EFE.

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Com que, então, ficamos assim: as mulheres árabes poderão votar e concorrer na Shura, a partir de 2015. A Shura, conselho municipal, não tem poder algum, visto que a última palavra pertence ao rei Abdullah, que nomeia metade do tal conselho. Que avanço! Enquanto isso, as mulheres árabes continuarão privadas do direito de dirigir carros e impedidas de viajar desacompanhadas ao exterior.

A histórica decisão recebeu elogios entusiasmados do governo americano, a cargo do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Tommy Vietor.

O rei Abdullah, aliado ferrenho de Tio Sam, foi príncipe herdeiro desde 1982 e a partir de 1996 passou a ser o ditador da Arábia Saudita. Ele certamente está convencido de que não há risco de os ares da primavera árabe chegarem por lá.

RECOMPOSIÇÃO IRREAL


"Para os representantes dos magistrados e dos servidores do Judiciário e do Ministério Público, eles não estão pedindo um reajuste, mas apenas uma 'recomposição monetária' de um segmento que não tem reajuste desde 2006 - o que não é verdade, pois entre janeiro de 2002 e dezembro do ano passado, os ministros do STF tiveram um aumento real de 34%."


(Jornal O Estado de São Paulo, edição de 24.09, matéria sob o título 'Dilma peita STF, mantém Orçamento e tenta controlar reajustes em série'. Os representantes acima referidos, em defesa de reajustes salariais de até 56%, invocam a indexação de suas vantagens à inflação, quando tal instituto de há muito foi extirpado. Quanto à alegação do jornal, de que não é verdadeira a alegação de que o segmento não tem reajuste desde 2006, até o momento não se viu nenhuma manifestação dos interessados).

TRIBUTAÇÃO, CORRUPÇÃO, SONEGAÇÃO


Segundo a organização The Heritage Foundation, em 2010 o Brasil ficou no 31º lugar em carga tributária (34,4% do PIB). Existem 30 países com carga tributária superior à do Brasil. Destes, 27 são países de grande desenvolvimento humano.

Os críticos poderão dizer: "Ah, mas a população não vê o resultado dos impostos recolhidos".  Acontece que, não bastassem as distorções verificadas, o Brasil está em 52º lugar em arrecadação per capita, recolhendo 5 vezes menos que os países desenvolvidos. Como desfrutar nível de vida escandinavo com arrecadação de emergente?

E a corrupção? Estudo da Fundação Getúlio Vargas mostrou que a perniciosa corrupção impacta 2% (dois por cento) de nosso PIB, e o TCU apurou, na última década, a média de 7 bilhões de reais em valores surrupiados anualmente do Erário.

Em contrapartida, de acordo com o IBPT - Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, a sonegação fiscal alcança 200 bilhões de reais por ano.

Indignar-se e ir às ruas contra a corrupção, tudo bem, mas ignorar os tubarões corruptores e, pior, a sonegação parece indicar que tem caroço no angu.

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O gráfico foi pescado do blog Tijolaço, e os números, do O Homem que Calculava.

sábado, 24 de setembro de 2011

BRASIL DOS SANTOS


Uma em cada nove cidades do País tem nome de santo

Uma em cada nove cidades brasileiras tem nome de santo. São 652 (11,7%) dos 5.565 municípios do País. Divulgado (...) pelo IBGE, o Banco de Nomes Geográficos do Brasil mostra que São José é citado 60 vezes.

Em seguida, vêm São João (54), Santo Antônio (38) e São Francisco (27). Conhecido como "padroeiro dos trabalhadores e das famílias", São José é um dos mais populares da Igreja Católica.
O objetivo do trabalho do IBGE - disponível na internet (aqui) - é ampliar o conhecimento sobre os nomes geográficos e padronizar as grafias para que se tornem oficiais.

Paraty (RJ), por exemplo, se escreve com "y" mesmo, e Ilhabela forma uma só palavra. Por enquanto, o tema aspectos históricos só está disponível para municípios do Rio e do Paraná, mas está prevista para 2012 a inclusão dos Estados de São Paulo, Minas e Goiás.

O IBGE destaca alguns nomes "exóticos", como Boa Morte (MG), Pendura Saia (GO), Saco do Boi (MA), Lagoa do Cafundó (TO), Saco do Cocoruto (RS), Rola-Moça (MG), Vai-Quem-Quer (AM e PA) e Terra da Morte (AM).

Trata-se do primeiro banco de nomes geográficos do País, com informações sobre cerca de 55 mil localidades, entre municípios, vilas, povoados, rios, montanhas, rodovias, áreas indígenas, de proteção ambiental e etc.

Segundo o IBGE, estima-se que 300 nomes de municípios não estão padronizados. Mogi das Cruzes (SP), por exemplo, é Moji das Cruzes na grafia usada pela Academia Brasileira de Letras. No guia, há curiosidades como a origem do nome Volta Redonda (RJ).

"A denominação foi dada em função do Rio Paraíba do Sul, pois a cidade encontra-se em torno de uma curva do rio, quase um semi-círculo, origem do pleonasmo."

Já Varre-Sai, também no Rio, surgiu de um lembrete escrito na porta de um rancho que era ponto de parada dos viajantes de Minas em busca de ouro, no local hoje ocupado pela sede do município. Segundo a placa, todos que ali parassem deveriam limpar o local antes de seguir caminho, retirando as fezes de seus cavalos.

Mangaratiba (RJ) vem das plantações de banana - em tupi, mangara significa ponta da banana, e tiba, lugar. Araruama (RJ) é o local onde as araras bebem água.

O IBGE informou que vai aceitar como variante o nome popular do viaduto Engenheiro Oscar Brito, no Rio, conhecido como Viaduto dos Cabritos. "Erros ortográficos são corrigidos, regionalismos são respeitados", informou o Instituto. (Fontes: Agência Estado e blog de Luis Nassif).

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Comentário: Sobre cidades/povoados com nomes exóticos, o Vai-Quem-Quer acima citado como existente no Amazonas e no Pará, existe também no Piauí, e integra a jurisdição do Banco do Brasil em União. Quanto aos municípios com nomes de santo, vale notar que há também as variações em torno do(a)s homenageado(a)s, como LUZILÂNDIA, bela cidade (foto acima) do Piauí e terra de Santa Luzia.

O PESO DA CRISE AMERICANA (II)


(Tea Party: movimento reacionário americano; Elefante: símbolo do Partido Republicano, que se opõe a Obama e à ampliação dos investimentos públicos necessários para tirar o país da crise).

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

EINSTEIN REVISITADO


Descoberta que contradiz teoria de Einstein intriga cientistas

Cientistas estão intrigados pelos resultados obtidos por cientistas do Centro Europeu de Investigação Nuclear (Cern, na sigla em francês), em Genebra, que afirmaram ter descoberto partículas subatômicas capazes de viajar mais rápido do que a velocidade da luz.

Neutrinos enviados por via subterrânea das instalações de Cern para o de Gran Sasso, a 732 km de distância, pareceram chegar ao seu destino frações de segundo mais cedo que a teoria de um século de física faria supor.

As conclusões do experimento, que serão disponibilizadas na internet, serão cuidadosamente analisadas por outros cientistas.

Um dos pilares da física atual – tal e qual descrita por Albert Einstein em sua teoria da relatividade – é que a velocidade da luz é o limite a que um corpo pode viajar. Milhares de experimentos já foram realizados a fim de medi-la com mais e mais precisão.

Até então nunca havia sido possível encontrar uma partícula capaz de exceder a velocidade da luz.

"Tentamos encontrar todas as explicações possíveis para esse fenômeno. Queríamos encontrar erros – erros triviais, erros mais complicados, efeitos indesejados – e não encontramos", disse à BBC um dos autores do estudo, Antonio Ereditato, ressaltando a cautela do grupo em relação às próprias conclusões. (...)

Fonte: BBC News.

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Será que a ficção virou realidade, mestre Einstein? É que há anos vimos deparando com situações da espécie, no movediço mundo da imaginação. Nesse ritmo, não causará surpresa a eventual pertinência da teoria do Buraco de Minhoca, que entremeia as dimensões espaço-tempo e 'encurta' o universo. Da discussão (no estudo, na pesquisa) nasce a luz, do tempo nasce a superação da luz.

Mas, como fazem escribas sensatos, convém inserir nessa notícia um alerta em letrais garrafais com os dizeres em observação.

O ESTADO PALESTINO


Líder do movimento estudantil francês em 1968, Daniel Cohn-Bendit, elogiou decisão de Abbas

Intelectuais israelenses apoiam Estado Palestino

Dezenas de intelectuais de Israel participaram nesta quinta-feira, em Tel Aviv, de uma manifestação pedindo o reconhecimento do Estado Palestino e advertindo de que o governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu "está levando os cidadãos do país a uma catástrofe".

O grupo - composto por escritores, cientistas e artistas - se reuniu em frente ao prédio onde foi assinada, em 1948, a declaração da independência de Israel, na Boulevard Rotschild, no centro de Tel Aviv.

A escolha do local foi feita para salientar o fato de que o Estado de Israel foi fundado, porém o Estado Palestino - que devia ser criado após a decisão da ONU, de 1947, sobre a partilha da Palestina - não existe até hoje.

O protesto ocorreu um dia antes do discurso do presidente palestino, Mahmoud Abbas, na ONU, no qual deverá pedir o reconhecimento do Estado Palestino nas fronteiras anteriores à guerra de 1967.

Os manifestantes divulgaram um abaixo-assinado apoiando o reconhecimento da Palestina e criticaram Netanyahu. “Diante de nossos olhos estarrecidos ocorre uma cena inacreditável – o premiê de Israel conduz os cidadãos para Massada", afirmaram, em referência ao suicido coletivo cometido em 73 por guerreiros judeus que lutavam contra o Império Romano.

Maio de 68

Um dos participantes mais famosos no protesto era o líder do movimento estudantil na França em 1968, Daniel Cohn-Bendit.

"Este governo está nos levando para um desastre. Acredito na igualdade entre os seres humanos e fico indignado com o fato de que nosso governo ignora a necessidade dos palestinos de ter um Estado independente".

Em entrevista à BBC Brasil, ele elogiou a decisão de Abbas de recorrer à ONU, pois com essa medida o presidente palestino "está obrigando a comunidade internacional a se mexer".

"Depois do pedido de Abbas algo terá que acontecer e tudo é possível, tanto o mal como para o bem. Pode haver violência, mas também pode haver uma retomada das negociações", disse.

Cohn-Bendit disse ainda que "os palestinos têm direito de ter o Estado deles exatamente como os israelenses têm direito a seu Estado".

Na opinião do político, que hoje é membro do Parlamento Europeu, não são os palestinos que apresentam um entrave às negociações de paz, e sim o governo de Netanyahu.

Salvar vidas

Durante o protesto, o astrofisico da Universidade de Tel Aviv, Elia Leibowitz, disse à BBC Brasil que resolveu participar "para poupar vidas".

"Se você colocar uma pluma na nascente de um rio ela vai acabar chegando até o mar. Não é mais simples colocar a pluma diretamente no mar?", questionou Leibowitz, acrescentando que "o Estado Palestino vai ser fundado, a única questão é quantos mortos ainda haverá até que isso aconteça".

"Quando são seres humanos e não plumas que fluem no rio, muitos morrem no caminho", disse.

Já o artista gráfico David Tartakover - ganhador do Prêmio Israel, a láurea mais importante outorgada pelo Estado - se mostrou mais pessimista.

"Estes deveriam ser dias de festa para nós os israelenses, com a declaração do Estado Palestino, mas infelizmente, por causa dos interesses eleitorais de Obama, estamos em uma situação sombria", afirmou o artista, em referência ao discurso proferido pelo presidente americano na ONU, em que se opôs à aceitação do pedido de reconhecimento ao Estado Palestino.

O fotógrafo Alex Levac, também ganhador do Premio Israel, se mostrou ainda mais pessimista: "Este governo está nos levando para um desastre. Nasci na Palestina, na época do Mandato Britânico, mas a sede territorial e messiânica que vigora aqui mudou completamente a realidade. Acredito na igualdade entre os seres humanos e fico indignado com o fato de que nosso governo ignora a necessidade dos palestinos de ter um Estado independente".

Tensões

Em seu discurso, o ex-diretor geral do ministério das Relações Exteriores, Alon Liel, se dirigiu ao presidente Abbas.

"Vá em frente, Abu Mazen (apelido do presidente palestino), não perca a esperança por causa do discurso eleitoreiro de Obama, vá direto à Assembleia Geral da ONU e vocês, os palestinos, poderão obter 150 votos em seu favor".

"Não desista, Abu Mazen, a História vai julgar os países que votarem contra o reconhecimento do Estado Palestino, inclusive Israel", acrescentou Liel.

O governo israelense afirma que o reconhecimento do Estado Palestino aumentaria as tensões regionais e não resolveria as questões bilaterais pendentes. (Fonte: BBC Brasil).

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

CRÔNICA DE LFV


Para não esquecer

Por Luiz Fernando Veríssimo

Imagino que a escrita nasceu da necessidade de não esquecer. O primeiro pré-homem que pensou “preciso me lembrar disto” deve ter olhado em volta procurando alguma coisa que ele ainda não sabia o que era. Era um pedaço de papel e uma Bic. Claro que para chegar ao papel e à esferográfica tivemos que passar antes pelo risco com vara no chão, o rabisco com carvão na parede da caverna, o hieróglifo no tablete de barro etc.

Mas a angústia primordial foi a de perder o pensamento fugidio ou a cena insólita. Pense em quantas ideias não desapareceram para sempre por falta de algo que as retivesse na memória e no mundo. A história da civilização teria sido outra se, antes de inventar a roda, o homem tivesse inventado o bloco de notas.

As espécies que não desenvolveram a escrita valem-se da memória intuitiva. O salmão sabe, não sabendo, o caminho certo para o lugar onde nasceu e onde deve depositar seus ovos. Dizem que o elefante guarda na memória tudo que lhe acontece na vida, principalmente as desfeitas, mas vá pedir que ele bote seu ressentimento no papel. Já o homem pode ser definido como o animal que precisa consultar as suas notas. Nas sociedades não letradas, as lembranças sobrevivem na recitação reiterada e no mito tribal, que é a memória ritualizada. As outras dependem do memorando.

E mesmo com todas as formas de anotação inventadas pelo homem desde as primeiras cavernas, inclusive o notebook eletrônico, a angústia persiste. Estou escrevendo isto porque acordei com uma boa ideia para uma crônica e botei a ideia num papel. Normalmente não faço isto, porque sempre esqueço de ter um bloco de notas à mão para não esquecer a eventual ideia e porque sei, intuitivamente, que se tivesse o bloco de notas à mão a ideia viria no chuveiro.

Mas desta vez a ideia coincidiu com a proximidade de um pedaço de papel e um lápis e anotei-a assim que acordei. Não exatamente a ideia, mas uma frase que me faria lembrar da ideia. Estou com ela aqui. “Conhece-te a ti mesmo mas não fique íntimo”.

E não consigo me lembrar de qual era a ideia que a frase me faria lembrar.

Algo sobre os perigos da autoanálise muito aprofundada? Sobre o pensamento socrático? Ou o quê? Não consigo me lembrar. Um consolo, numa situação destas, é pensar que se a ideia não é lembrada, é porque não era tão boa assim. Mas geralmente se pensa o contrário: as melhores ideias são as que a gente esqueceu. O que é terrível.

AGENDA POSITIVA


Abertura nesta data, na Casa da Cultura de Teresina.

A ARTE DE PAULO CARUSO


Desenho produzido por Paulo Caruso. Convite para o coquetel de abertura, nesta data, da exposição Roda Viva 25 Anos, no Espaço Cultural BM&F da Bolsa de Valores de São Paulo.

SAÍDA CONSTRUÍDA


Seyran Caferli, do Azerbaijão.

PROPÓSITOS MOVEDIÇOS


Os Protestos Contra a Corrupção

Por Marcos Coimbra

Nos primeiros dias de julho, o correspondente no Brasil do jornal espanhol El País escreveu um artigo que teve larga circulação. Seu título era uma pergunta: “Por que os brasileiros não reagem?”
 
Para o autor, seríamos um mistério. Como, passados seis meses do início do governo Dilma, com dois ministros demitidos, “ambos caídos sob os escombros da corrupção política”, não teríamos o fenômeno, “hoje em moda no mundo”, dos indignados? Por que não irrompe um movimento “capaz de limpar o país das escórias de corrupção que abraçam hoje todas as esferas do poder?”.
 
Se voltasse agora ao tema, sua perplexidade seria maior. Pois já são quatro os ministros que saíram em meio a questionamentos sobre sua conduta no cargo.
 
Todos, de uma forma ou outra, se comportaram de maneira inconveniente, mesmo se não seria justo dizer que sucumbiram “sob os escombros da corrupção” (para repetir uma expressão curiosa do jornalista, que sugere que a corrupção teria “desmoronado”, ou seja, sido destruída).
 
Aceitar carona no avião de empresários (ou usar um motorista da Câmara dos Deputados para funções domésticas) não é correto, mas está longe de ser evidência de andar abraçado com “as escórias da corrupção”.
 
Não só aumentaram os casos de ministros flagrados fazendo coisas erradas como dezenas de funcionários graduados de diversos órgãos foram demitidos, muitos por suspeita de práticas criminosas. Alguns acabaram detidos e fotografados no xilindró.
 
Mais combustível, portanto, para os indignados. Que deveria encontrá-los ainda mais dispostos a se indignar, pois essa “moda” não terminou de julho para cá. Pelo contrário. Até em Wall Street, onde menos se esperaria vê-los, surgiram indignados.
 
O pasmo do correspondente deveria crescer se ele se lembrasse que, neste setembro, foram muitas as iniciativas de mobilizar as pessoas para ir às ruas protestar contra a corrupção. A começar pelo 7 de Setembro, quando a oportunidade parecia ótima: transformar a comemoração do aniversário do Grito do Ipiranga no dia do “grito contra os corruptos”.
 
A contabilidade do que ocorreu revela quão pequena foi a adesão ao chamamento dos organizadores. Embora falem em 30 mil manifestantes, até eles admitem que 25 mil eram de Brasília (onde a irritação era grande, dado o caso Jaqueline Roriz).
 
Ou seja, nos outros lugares onde estavam convocados protestos - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre - teriam sido apenas 5 mil pessoas, uma média de 1,25 mil por cidade. O que é pouco.
 
Para quem esperava uma Praça Tahir, uma decepção. A mobilização foi modesta e fugaz.
 
Não foi por eles não saberem usar a ferramenta básica dos indignados mundo afora: as redes sociais. Tanto no 7 de Setembro, quanto nos dias a seguir, muita gente se utilizou delas para disseminar ideias e convocar pessoas.
 
A mídia deu a esses esforços espaço maior do que seu tamanho justificava. Tornaram-se assunto dos principais jornais, a televisão os cobriu, seus organizadores deram entrevistas às rádios e portais. Mas não adiantou.
 
Há quem continue a apostar que os indignados vão surgir. São os que insistem em analogias sem sentido, torcendo para que os protestos de agora ganhem corpo e reproduzam o que foram, nos anos 1980, as manifestações em favor das eleições diretas e, nos 1990, o impeachment de Collor.
 
O problema é que as movimentações atuais carecem de algo essencial. O ambiente pode lhes ser propício. Há estímulos internacionais. A mídia as trata com simpatia. Seus organizadores conhecem os instrumentos para provocá-las.
 
Mas falta povo. E continuará a faltar-lhes enquanto forem claramente identificadas com a elite conservadora e os políticos da direita.
 
O povo é contra a corrupção. Mas não é a favor de quem apenas por conveniência empunha a bandeira de acabar com ela. E continua a confiar em que o governo (no qual votou há menos de um ano) a enfrente.
 
 
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Outra razão para a baixa adesão do povo aos atos anunciados: as demissões imediatas, pelo governo federal, dos ministros e altos funcionários (como os do DNIT) responsáveis por atos de corrupção.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

PICLES



Certas pessoas têm o sentimento do mundo, outras são só ressentimento.


O PIOR INDECISO É O DÚBIO ATÉ DIZER CHEGA - OU QUASE.


Em marcha contra a corrupção ninguém fala em bomba de efeito moral.


PEDOFILIA, NO OLHO DE CERTOS CORPORATIVISTAS, É VISTA GROSSA.


Democracia já. Israel se diz povo eleito, mas algo me diz que a eleição se deu em regime de exceção.


PELO DIREITO DE DEGUSTARMOS A CAJUÍNA CRISTALINA PALESTINA!

DILMA: ESTADO PALESTINO É DIREITO LEGÍTIMO


"(...) Quero estender ao Sudão do Sul as boas vindas à nossa família de nações. O Brasil está pronto a cooperar com o mais jovem membro das Nações Unidas e contribuir para seu desenvolvimento soberano.

Mas lamento ainda não poder saudar, desta tribuna, o ingresso pleno da Palestina na Organização das Nações Unidas. O Brasil já reconhece o Estado palestino como tal, nas fronteiras de 1967, de forma consistente com as resoluções das Nações Unidas. Assim como a maioria dos países nesta Assembléia, acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título.

O reconhecimento ao direito legítimo do povo palestino à soberania e à autodeterminação amplia as possibilidades de uma paz duradoura no Oriente Médio. Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional.

Venho de um país onde descendentes de árabes e judeus são compatriotas e convivem em harmonia – como deve ser. (...)"


(Dilma Rousseff, em discurso de abertura da 66ª Assembleia Geral da ONU, há algumas horas, em Nova York. Além da defesa do reconhecimento da Palestina como estado pleno, Dilma destacou a crise financeira mundial e a inclusão do Brasil no Conselho de Segurança, entre outros temas. A íntegra do pronunciamento pode ser lida AQUI).

terça-feira, 20 de setembro de 2011

INFIDEDIGNIDADE PÓSTUMA


Caixa tira do ar propaganda que retrata Machado de Assis como branco

A Caixa Econômica Federal suspendeu a veiculação de uma campanha publicitária sobre os 150 anos do banco que retrata o escritor Machado de Assis como um homem branco. A decisão veio após protestos na Internet e um pedido formal da Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), órgão do governo federal com status de ministério.

O comercial criado pela agência Borghierh/Lowe viaja no tempo para mostrar que até os "imortais" foram correntistas do banco público. O problema é que o ator que representa o fundador da Academia Brasileira de Letras e autor de "Memórias Póstumas de Brás Cubas" é branco, sendo que o escritor era mulato.

Na nota oficial em que anuncia a interrupção da propaganda, a Caixa "pede desculpas a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial".

Nesta segunda-feira, também em comunicado oficial, a Seppir classificou como "uma solução publicitária de todo inadequada" a escolha de um ator branco para interpretar Machado, "por contribuir para a invisibilização dos afro-brasileiros, distorcendo evidências pessoais e coletivas relevantes para a compreensão da personalidade literária de Machado de Assis, de sua obra e seu contexto histórico".

Fonte: William Maia, in Última Instância.

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Valeram os protestos. E  cuidemos de louvar - e ler - Machado, o Bruxo da Cosme Velho. 

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS CHARGES ATUAIS

Charge de Jean, in Folha de São Paulo.


Sanzio, do blog de Luis Nassif

Não tenho nada contra a charge, principalmente a política; ao contrário, acho que é uma das formas mais inteligentes, sintéticas e bem humoradas de transmitir uma ideia, uma crítica. A única exceção que faço é quanto ao mau gosto e à falta de graça: uma charge sem graça é pior do que um artigo mal escrito. O jornal Folha de S. Paulo há muito vem tentando mimetizar o falecido Pasquim, tanto em seus artigos e matérias quanto em suas charges. O resultado, porém, tem sido medíocre: um pastiche de mau gosto, sem qualquer resquício do humor que caracterizava o jornal do Jaguar, Henfil, Ivan Lessa, Tarso de Castro.

Isso ocorre nos editoriais, com os colunistas fixos, nas matérias de quase todos os cadernos. Outro dia uma jornalista especializada em gastronomia chamou o Peru de "paiseco", o que provocou um pedido de retratação por parte da Embaixada daquele país, retratação que eu ainda não vi publicada.

Hoje, o cartunista da página dois coloca a presidenta Dilma e o presidente Obama como o casal Simpsons, do desenho animado de mesmo nome. Dilma com o cabelo em forma de torre, como o de Marge, e Obama como um Homer negro. Onde está a graça nisso? Qual o paralelo que o leitor pode traçar entre os dois mandatários e os personagems do desenho? O que tem a ver uma típica família suburbana do centro-oeste norte-americano, cujo patriarca passa seu tempo livre bebendo cerveja e assistindo TV, enquanto sua esposa estereotipada cuida da família, com Dilma e Obama?

Em qual episódio da série foi exibida alguma situação que remetesse à charge em questão? Nada, zero, nihil, niente, nothinhg. Então, qual a intenção do cartunista? Apresentar os dois presidentes das duas nações mais importantes das Américas como bobalhões, personagens caricaturais?

A série "Os Simpsons" é excelente, e se presta a fazer a crítica a vários setores conservadores da sociedade norte-americana, às posturas reacionárias e hipócritas dessa mesma sociedade. Já a charge não se presta a nada, exceto ilustrar a decadência do jornal que a publica.

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É imperioso lembrar ao articulista que qualquer veículo de comunicação tem o direito de, dissimulada ou ostensicamente, ombrear-se às forças reacionárias, e os chargistas, a prerrogativa de tentar ridicularizar a quem bem entenderem, emitir juízo sobre todo e qualquer assunto, sendo irrelevante que conheçam ou não a matéria objeto de crítica ou que se omitam quanto aos furos das lideranças políticas com que simpatizam e pelas quais torcem. Ossos da democracia.

O OPORTUNEYISTA


Jarbas, in Diário de Pernambuco.

EM COCAL DOS ALVES NÃO TEM DISSO, NÃO


Quatro em cada dez jovens não sabem multiplicar

A Matemática continua sendo a disciplina do currículo básico com os índices de aproveitamento mais baixos nas avaliações institucionais.

O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que avalia o desempenho em leitura, Matemática e Ciências de jovens de 15 anos, coloca o Brasil nas últimas posições, num ranking de 65 países.

Quatro em cada dez jovens brasileiros nessa faixa etária não sabem multiplicar.

A estimativa é de que o País tenha hoje 59 mil professores formados em Matemática – um número muito aquém da necessidade da rede de ensino básico.

Além disso, no ensino fundamental o docente das séries iniciais tem formação em Pedagogia, carecendo de formação específica em Matemática.

E, segundo pedagogos, isso não é suficiente para que saibam ensinar uma disciplina bastante técnica.

Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)

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As causas do mau desempenho podem ser várias, mas o que vem à mente é a performance exemplar do ensino público na modesta Cocal dos Alves, Piauí, detentora de 'n' medalhas de prata e ouro em sucessivas Olimpíadas Nacionais de Matemática. Cocal dos Alves e os professores que lá atuam, à frente Antonio Cardoso do Amaral, desmitificaram o tabu da ciência dos números.

Clique AQUI ou AQUI para ler texto sobre os feitos de Cocal dos Alves.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O CATADOR DE PREGOS


Um homem catava pregos no chão.
Sempre os encontrava deitados de comprido,
ou de lado,
ou de joelhos no chão.
Nunca de ponta.
Assim eles não furam mais - o homem pensava.
Eles não exercem mais a função de pregar.
São patrimônios inúteis da humanidade.
Ganharam o privilégio do abandono.
O homem passava o dia inteiro
nessa função de catar pregos enferrujados.
Acho que essa tarefa lhe dava algum estado.
Estado de pessoas que se enfeitam a trapos.
Catar coisas inúteis garante a soberania do Ser.
Garante a soberania de Ser mais do que Ter.

Manoel de Barros.