O post abaixo, de Gustavo Gollo, se insere na abordagem 'Sobre a Teoria da Evolução' , à qual se seguiu "Teoria da Evolução", publicadas originalmente no Jornal GGN, e reproduzidas neste blog - aqui e AQUI -, esta última, aliás, contestada/'reparada' por leitores-comentaristas do referido saite (saite, como escrevia Millôr Fernandes!), mas que não deixa de representar um enfoque interessante. (Vale a pena, pois, clicar no 'aqui', acima, e lê-la).
Genética
Por Gustavo Gollo
Uma vez que cada ser vivo é construído de maneira muito precisa, é necessário que existia algo análogo a um manual de instruções para sua construção. Não existisse alguma coisa desse tipo, e seria impossível a construção precisa de seres tão absurdamente complexos. A mera existência de tais seres, construídos em série, como réplicas, assegura a existência da informação capaz de coordenar e executar sua construção e manutenção.
Em um primeiro relance, pode-se pensar que esse “manual de instrução” para a construção e manutenção do ser vivo esteja, todo ele, contido no material genético do indivíduo, e que seu código genético corresponda exatamente a esse manual. Creio que os processos biológicos naturais não transcorram de maneira tão organizada, o que me faz pensar que tal informação esteja espalhada por todo o corpo do indivíduo e, eventualmente, até fora dele, sendo necessário que a ordem exata se manifeste no momento oportuno, mesmo que de um modo enviesado a nossos olhos. Quero dizer, não creio que o manual de instrução para a construção dos seres se apresente sob uma forma de organização reconhecivelmente humana, mas que surja de uma forma que perceberíamos como uma enorme bagunça.
Assim, suponho que o material genético dos indivíduos corresponda a uma parte dessa informação, mas que outra parte das instruções necessárias para a construção e manutenção dos indivíduos esteja contida na bioquímica das células (citoplasma, nucleoplasma, membranas, etc.), na anatomia dos indivíduos, e até no meio ambiente. (Chamo a todo esse conjunto o “genótipo estendido”, em analogia ao conceito de “fenótipo estendido”).
De um modo ou outro, os seres vivos necessitam possuir algo análogo a uma copiadora 3D e um sistema de leitura para a execução das instruções que comporão seu corpo e regerão seu comportamento. Esse mesmo conjunto deve ser replicado e repassado a cada descendente. O material genético corresponde, certamente, a grande parte desse aparato, necessariamente complementado por outro.
Em um sentido estrito, é esse o escopo da genética, da gênese, ou construção de um indivíduo, cuja compreensão pressupõe a analogia dos seres vivos com copiadoras regidas por softwares. Seres vivos são máquinas de autorreplicação.
Convém lembrar que, tradicionalmente, a palavra “genética” recebeu um outro significado, decorrente dos trabalhos de Gregor Mendel referentes à hereditariedade de certas características, e posteriormente associado aos cromossomos e ao genoma.
O breve esboço apresentado acima preenche uma lacuna centenária no estudo da genética tradicional, que embora bastante desenvolvido, sob vários aspectos, nunca deu atenção àquilo que constitui o seu próprio cerne. - (AQUI).
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