terça-feira, 3 de dezembro de 2013
ESPIONAGEM: EUA SENTIRAM NO BOLSO
Espionagem pode gerar perda de US$ 35 bi
Revelação de escutas ilegais fez empresas de tecnologia dos EUA perderem contratos
Por Nicole Gaouette
A irritação internacional com a espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) está afetando as vendas globais das companhias americanas de tecnologia e prejudicando os esforços dos EUA na promoção da liberdade da internet.
As revelações sobre a espionagem no exterior poderão custar às companhias americanas US$ 35 bilhões em faturamento perdido até o final de 2016, por causa das dúvidas sobre a segurança da informação dos seus sistemas, segundo o grupo de pesquisas Information Technology & Innovation Foundation.
“As possíveis consequências são enormes, considerando o quanto a nossa economia depende da economia da informação para crescer”, disse Rebecca MacKinnon, pesquisadora sênior do grupo New America Foundation, de Washington. “É ali que se encontra cada vez mais a vantagem para os EUA”.
Qualquer revés da política americana para manter a internet aberta também poderá infligir indiretamente danos a companhias como Apple e Google, que se beneficiam das redes globais com poucas restrições nacionais.
Cerca de 40% da população mundial, ou 2,7 bilhões de pessoas, estão conectadas, segundo a União Internacional de Telecomunicações (UIT).
A Cisco Systems, maior fabricante de equipamentos para redes de computadores, disse este mês que as revelações sobre a NSA estão causando alguma hesitação entre os clientes de mercados emergentes.
Os pedidos da China caíram 18% nos três meses encerrados em 26 de outubro. O país pretende elevar os gastos com TI para US$ 520 bilhões em 2015, para aumentar as velocidades de banda larga urbana e expandir o acesso da internet rural.
Em outros países, Robert Lloyd, diretor de desenvolvimento e vendas da Cisco, disse: “Não está havendo um impacto concreto, mas certamente está levando as pessoas a parar e pensar sobre suas decisões”.
As empresas de tecnologia não são as únicas que enfrentam possíveis prejuízos. O mercado de computação em nuvem deverá alcançar US$ 207 bilhões em 2016, de acordo com a Information Technology & Innovation Foundation.
Levantamento da Cloud Security Alliance, concluiu que 10% dos seus membros não americanos cancelaram contratos com provedores de computação em nuvem dos EUA, desde maio. Cerca de 56% deles disseram que provavelmente não usarão um desses provedores.
Internacional.
A revelação da espionagem levou alguns governos a repensar “propostas que limitariam o livre fluxo das informações”, disse Richard Salgado, diretor para assuntos legais e de segurança da informação do Google, num depoimento ao Senado americano em 13 de novembro. “Isto poderá ter graves consequências, como a redução da segurança dos dados, aumento dos custos, queda da competitividade e prejuízo para consumidores”.
Posições como as defendidas pela China e Rússia, que tentam impor mais controles nacionais à internet, estão ganhando terreno. Potências econômicas emergentes, como Índia, México e Coreia do Sul, estão considerando a adoção de novas restrições.
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que foi monitorada pelos EUA, pediu nova discussão sobre a governança da internet com o apoio da Alemanha, cuja chanceler, Angela Merkel, também foi alvo da NSA. O Brasil estuda a possibilidade de uma lei exigindo que empresas como o Google utilizem centros de dados ou equipamentos desenvolvidos pelo governo.
Uma preferência por provedores que não sejam dos EUA poderá prejudicar empresas como a Juniper Networks Incorporated, com sede em Suunyvale, Califórnia, que respondeu por 10% das receita proveniente das operações com roteadores no Brasil no primeiro semestre do ano, ou a Cisco que detém 65%.
Na Alemanha, a empresa Deutsche Telekom, com sede em Bonn, integra uma aliança de companhias que vem promovendo um sistema para manter os e-mails alemães e as buscas na internet dentro do país. (Fonte: aqui).
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A matéria ajuda a explicar, entre outras, as seguintes particularidades: 1) o empenho com que grupos oposicionistas brasileiros, parceiros de tio Sam, se mobilizam para impedir o Brasil de adotar medidas de salvaguarda como as que países diversos vêm adotando mundo afora; 2) o silêncio americano quanto ao pedido de desculpas ao Brasil.
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