terça-feira, 31 de maio de 2011

LOBÃO, O BRANDO


"Essa tendência esquerdista (à vitimização) vem da época da ditadura. Hoje, dão indenização para quem sequestrou embaixadores e crucificam os torturadores que arrancaram umas unhazinhas"


(Lobão, cantor e compositor, na tarde de domingo, no Festival - literário - da Mantiqueira, em São Francisco Xavier-SP.
Depois de a Folha de São Paulo classificar o período 1964-1985 no Brasil de Ditabranda, vem agora Lobão chamar a tortura de Torturazinha...
Não foram confirmados os boatos dando conta de que Lobão teria concluído sua palestra pedindo "me chama, me chama, me chama de ...").

DISCUTINDO O CÓDIGO FLORESTAL


Análise divulgada hoje pelo jornalista Luis Nassif em sua coluna em Agência Dinheiro Vivo:


As discussões sobre o Código Florestal - 1


Ainda há enorme balbúrdia em torno do novo Código Florestal.

Vamos tentar fatiar a discussão, para entender melhor o assunto.

Hoje, a versão do deputado Aldo Rabelo, relator do projeto. Amanhã, as ressalvas dos ambientalistas

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O nó da questão são as APPs (Áreas de Preservação permanente) – beira de rio, encostas e topo de morro.

Toda a confusão reside no cipoal de leis sobre o setor e na tentativa de retroagir as últimas leis, diz Aldo. No código de 1954, por exemplo, as APPs começavam em 5 metros da margem do rio e iam até 100 metros. No governo Sarney, os 5 metros passaram para 30 e os 100 para 500. Quem estava legalizado no código antigo tornou-se ilegal e criminoso ambiental no novo código.

Agora, diz Aldo, pretende-se que em riachos as APPs tenham 30 metros da margem e no Vale do São Francisco 500 metros. Não sobrará nenhuma propriedade agrícola legal, diz ele.

Agricultura é historicamente um fenômeno de beira de rio, explica Aldo. Apenas na Austrália se adota a metragem para preservar das bordas do rio. Mesmo assim, vai-se de 5 a 20 metros, contra 30 a 500 metros da proposta brasileira.

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Em 1998 foi promulgada uma Lei de Crimes Ambientais aumentando para 80% a reserva legal ( RL) na Amazônia, por exemplo. A lei anterior permitia 50%. Da noite para o dia, o agricultor precisaria reconstituir 30% da propriedade – a um custo de R$ 9 mil a R$ 12 mil o alqueire – para não ser enquadrado como criminoso ambiental.

Quando governo regulamentou, órgãos ambientais e MP começaram a autuar.

Percebendo que a quase totalidade das propriedades agrícolas ficariam ilegais, em junho de 2008 o governo editou o decreto 7029 (reeditado em dezembro de 2009) suspendendo as multas de quem não averbou sua RL e quem desmatou as APPs antes da lei. Esse decreto expira em 11 de junho.

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No novo código, resolveu-se o problema da reserva legal.

Os grandes – especialmente no setor de reflorestamento – resolveram seus problemas em um pacto com ONGs da área ambiental. Poderão constituir a RL em outros locais, mesmo em outros estados, desde que no mesmo bioma. Pequenos agricultores, com até 4 módulos de propriedade, estão fora da obrigatoriedade de reconstituir a RL.

Os médios e grandes vão poder somar a RL com as APPs. Deverão recuperar até 20% da área total na Amazônia e 35% no cerrado.

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Em relação às APPs, os pequenos ficaram órfãos, diz Aldo.

Se toda plantação em APPs for considerada ilegal, apenas em São Paulo se teria que arrancar 3,5 milhões de hectares em cana, feijão, café. Tem que haver uma regulamentação dizendo o que pode e o que não pode ser mantido em APPs, diz Rabello.

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Acolhendo sugestão do governo, Aldo colocou no relatório que nenhuma situação estaria consolidada até governo colocar no relatório o que pode e o que não pode ser plantado. A oposição aproveitou a deixa e mudou os termos: tudo está consolidado (isto é, isento de multas) até governo fazer decreto.

Agora se está em um impasse. O governo quer que Aldo apresente uma relação do que pode e não pode ser plantado em APPs; sobre ela, o governo fará suas alterações. Aldo quer que o governo defina.

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Charge de Pelicano.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

CLÁSSICOS EM TERESINA


A Orquestra Sinfônica de Teresina vai realizar ensaios abertos no Palácio da Música, no centro da Capital.
O propósito é o de formar plateias cativas a partir dos alunos das escolas municipais e estaduais das redes pública e privada.
Os concertos serão realizados toda primeira sexta-feira do mês. (Fonte, inclusive da foto: Coluna Porteira).

ALEMANHA DÁ ADEUS ÀS USINAS NUCLEARES

Alemanha anuncia fechamento de todas as usinas nucleares até 2022

A coalizão do governo alemão anunciou nesta segunda-feira um acordo para o fechamento de todas as usinas nucleares do país até 2022.

Os sete reatores mais antigos do país, que já estavam parados por uma moratória determinada pelo governo, além da usina nuclear Kruemmel, não serão reativados.

Outros seis reatores devem ser desligados até 2021, e os três mais novos devem ser desativados em 2022.

Antes da moratória nas usinas nucleares decretada em março, após o acidente na usina japonesa de Fukushima, a Alemanha dependia da energia nuclear para 23% de seu suprimento.

A onda de protestos contra a energia nuclear na Alemanha fortaleceu o Partido Verde, que no fim de março venceu as eleições locais em Baden-Wuerttemberg, antes controlada pelo Partido Democrata Cristão, de Angela Merkel. (Fonte: BBC Brasil).

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Quanto ao Japão de Fukushima, encravado sobre quatro placas tectônicas e presa fácil de tsunamis e terremotos, tudo como dantes...

CHARGE COMENTADA


Charge de Bruno Aziz. Jornal "A Tarde" (BA).

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Entreouvido no Alto Comando da OTAN: "Tudo bem, já pedimos desculpas quanto às mortes no Afeganistão. Já as bombas de uma tonelada que lançaremos na Líbia são mais seguras, pois os bombardeios serão cirúrgicos. A proteção aos civis é questão de honra."

P.s.:  o entreouvido acima é fictício, obviamente. Mas é pertinente. Como diz o deputado Brizola Neto: "Se isso for um 'bombardeio cirúrgico', o bisturi é um facão de cortar cana."

domingo, 29 de maio de 2011

REMINISCÊNCIAS LESSIANAS

Modelo de rola


Quando eu era guri ...– pronto lá vou eu de novo me autobiografando, dando notícias de mim mesmo a quem não está interessado. Querem saber de uma coisa? Não gostou de um velho a se rememorar, vai em frente, há blogue que não acaba mais neste mundo de Bill Gates e Steve Jobs.

Tendo alienado o leitor em potencial (eu não perdoo), continuo a namorar meu umbigo jovem, lépido e faceiro. Sou autoridade em pouquíssimas coisas, porém imbatível em tudo que diz respeito a meu umbigo. Ele me torna prolixo e sacal. É meu, no entanto, e eu o exibo no centerfold que me der na veneta.
                    
Se o amigo chegou a este parágrafo, parabéns. Como eu, o senhor, senhora ou senhorita não passam de uns tremendos enganadores. Volto, como se fora uma vocação, para meus tenros anos e, insistente, repito: quando eu era guri, queria ser o Humphrey Bogart ou o Heleno de Freitas quando crescesse.

Não consegui, como está mais do que claro. Tentei, sei que o que vale é a intenção e o esforço, mas foi absolutamente impossível. No máximo, a uma certa idade, logo depois da mudança de voz, eu consegui imitar razoavelmente Bogey, como eu e Lauren “Betty” Bacall o chamávamos na intimidade.

Imitar Heleno? Esquece. Totalmente idiota eu não era e em consequência nunca cheguei a tentar. O mais perto que cheguei do homem foi me entupir de Pervitin, sem ser para estudar de noite para o exame, e dar sarrafada em ponta-direita no futebol de praia, coisa que o craque jamais faria, e onde consegui o temeroso apelido de “Terror do Calçadão”.

De Bogart, além da imitaçãozinha, fumei desesperadamente, com o cigarro entre polegar e indicador semi-oculto na concha da mão direita, como se protegendo um frágil passarinho. Adquiri também o maneirismo de tirar um inexistente pedacinho de papel de cigarro do lábio inferior e, na sessão das 2 no Metro Copacabana, rir irônico entredentes, o lábio superior como se anestesiado, dos imbecis que, quando crescessem, queriam ser Errol Flynn ou John Wayne.

Tinha um na turma que queria ser Yvonne de Carlo quando atingisse os 18 anos. Claro que não deu (pé). Nem foi ele finalista no baile à fantasia do João Caetano. Acabou ingerindo formicida aos 30 anos. Uma história triste que me leva ao ponto aonde eu – não digo que quisesse, mas que com ele encasquetei, compelido não sei por que demônio – queria chegar.

Olho em torno, pois estou na Inglaterra, e a porção que me sobrou, aqui e agora em 2011, foi este: olhar. E de longe. Com o mínimo de movimentos. Ninguém aqui quer ser fulano ou sicrano quando crescer. Os tolos só falam em adotarem um role model.

Neste Obamal da semana que passou, nunca ouvi tanto a expressão. Acho que, como closure, sobre a qual fiz ponderações igualmente bestas e superficiais, como esta, ainda não chegou no Brasil. Role model é um modelo a seguir, um modelo exemplar, alguém em quem se mirar e assaltar o banco que for necessário para conseguir.
                    
Noel Rosa sacou há séculos: não tem tradução. Escritores dinamarqueses como Hans Christian Andersen e Karen Blixen não conseguiriam uma tradução adequada, se vivos estivessem.

Ainda este ano, na BBC, passou uma tele-série dinamarquesa noir sensacional, The Killing (legendada, claro), onde um político volta e meia falava, em meio a uma língua em que eu não entendia nem pata nem vinas, de role model. Quer dizer, lá a moda chegou, só não conseguiram batizar no idioma deles.
                    
Acho que o mesmo se passa conosco. Nós que, impávidos, aceitamos e usamos como se fosse um espetacular pino ornamental (stud, piercing, pois não?) na orelha, nos lábios ou na língua, bully, bullying, delivery e personal assistant,ainda não temos encerramento nem modelos a seguir. Como Heleno de Freitas, Didi ou Garrincha, somos obrigados a inventar e não, como virou hábito, pegar emprestado dos americanos com a maior naturalidade.
                    
Madame Obama em palestra com alunos e alunas de colégios meio fuleiros, seus olhos vagando por baixo de doridas sobrancelhas pintadas, exaltou as virtudes e vantagens de se ter na vida um role model. O marido, em outro canto da cidade, fez o mesmo. Sem dúvida, um é role model do outro. Ambos juntos a outras “celebridades” como Victoria e David Beckham, Paris Hilton (aquela que urina na rua em pé) e Johnny Depp, que, segundo a Associação de Professores, gozam da exemplar predileção dos jovens.
                    
Essa mútua “role-modelice” presidencial talvez explique a ascensão ao poder do casalzinho. Agora, oferecem-se ao mundo para serem modelos exemplares de atitude e comportamento a se seguir. O mundo árabe, em meio a flores desabrochando (“Primavera Árabe” é os tinflas, gente), observa procurando entender e fica na mesma.

Fecho o círculo e me re-umbigo de novo: hoje, modelo mesmo, desempenhando papel importante em minha vida, só Giselle Bundchen e Naomi Campbell. Mas morro de saudades de quando eu queria ser Heleno ou Bogart quando crescesse e virasse gente.

VACILO PERMANENTE


Por Yuri Kosoboukin, cartunista polonês.

sábado, 28 de maio de 2011

ORIENTE MÉDIO, SOLUÇÃO DISTANTE


O MAIOR SÃO JOÃO DO MUNDO VAI DAR PÉ


Meu amigo Fred informa que "Será lançada oficialmente no dia 3 de junho a sandália Havaianas São João de Campina Grande 2011. O modelo exalta as tradições nordestinas e as raízes da festa com elementos que facilmente nos remetem à animação dos nossos festejos juninos."

Faltou informar que as festivas ilustrações são do Fred.

E viva o Maior São João do Mundo!

KEATON, O HOMEM QUE NÃO RIA


Buster Keaton
4/10/1895, Piqua, EUA.
1/2/1966, Los Angeles, EUA.


Joseph Francis K. Keaton foi um cômico popular do cinema mudo. Mesmo nas situações mais constrangedoras, não se descontrolava, e por isso o público o chamava de "o homem que nunca ri". Trabalhou em filmes como Nossa Hospitalidade (1923), A General (1927) e Marujo de Encomenda (1928). Quando encenava com máquinas incontroláveis, deixava transparecer uma certa melancolia. No cinema sonoro, interpretou papéis secundários como em Crepúsculo dos Deuses (1949), de Billy Wilder, e Luzes da Ribalta, de Charles Chaplin.

Diz a tradição que o famoso mágico Harry Houdini, vendo o bebê de seis meses de seu parceiro Joseph Keaton cair da escada sem um arranhão, batizou-o de "Buster" (o destruidor). Keaton e Houdini eram donos de um teatro de "vaudeville" que se apresentava de cidade em cidade. Buster Keaton cresceu fazendo números cômicos com seus pais. Tornou-se um ator de muitos recursos e de impressionante presença cênica.

Aos 21 anos de idade, com o encerramento da carreira de seu pai, que se tornara alcoólatra, Buster Keaton rendeu-se à atração que tinha pelo cinema e mudou-se para Nova York. Lá, encontrou um antigo companheiro, o ator Roscoe "Fatty" Arbuckle, que o convidou para trabalhar com ele no filme "The Butcher Boy" (o Menino Açougueiro). A dupla cômica fez um sucesso tão grande que logo foi convidada para estrelar uma sucessão de onze comédias. Keaton passou a escrever seus próprios esquetes e trabalhar como assistente de direção nos filmes de que participava. Logo passou a escrever seus próprios filmes.

Em 1928 Keaton vendeu seu estúdio de produção para a MGM - o que ele consideraria mais tarde seu maior erro. Obrigado a adaptar-se ao esquema de produção de um grande estúdio e trabalhando como assalariado, Keaton envolveu-se com o álcool, assim como o pai.

Keaton passou a década de 1930 em relativa obscuridade, escrevendo "gags" para vários filmes, inclusive alguns dos Irmãos Marx, como "Uma Noite na Ópera" e "No Circo". Também fez aparições em filmes como "Crepúsculo dos Deuses", de 1950, e "Mundo Maluco", de 1963.

Um dos momentos mais significativos da sua carreira de ator aconteceu em 1952, quando participou do filme de Charles Chaplin "Luzes da Ribalta". Keaton e Chaplin fazem um número de dez minutos em dueto - em que dois velhos atores de "vaudeville" tentam resgatar os bons tempos.

Nos anos 1950, Keaton estreou duas séries bastante populares para TV: o "Buster Keaton Show", e o "Ao Vivo com Buster Keaton". O ator também chegou a trabalhar em comerciais de TV.

Em 1965, poucos meses antes de sua morte, Buster Keaton protagonizou o único filme realizado pelo teatrólogo Samuel Beckett, chamado simplesmente "Filme". Além de trenzinhos de brinquedo, o que mais atraía Buster Keaton era representar. Foi o que fez até 1966, quando morreu vítima de um câncer no pulmão.

Fonte: Net Saber e http://cinemascopeblog.blogpot.com/ .
Caricatura: Buster Keaton, por João de Deus Netto.

CARTUM DE BIRATAN PORTO


Sem título. Mas bem que poderia ser "O rabridor de vinho".

OLD CARTUM


A violinista. Saul Steinberg.
Artista gráfico romeno-americano (1914-1999).

sexta-feira, 27 de maio de 2011

BID LOUVA BRASIL


Da BBC Brasil: O crescimento do Brasil colocou um "holofote" sobre o que acontece na América Latina, disse em entrevista à BBC Brasil o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o colombiano Luis Alberto Moreno.

Líder em um continente que tem conseguido virar uma página ligada à pobreza e caminhando para se tornar "um país de classe média", o Brasil é um "modelo para os seus vizinhos", afirmou.

Mas apesar de figurar entre os grandes emergentes mundiais, como a Índia, a China e a Rússia, o Brasil tem um destino que continua essencialmente ligado à dos outros países da América Latina, sustenta Alberto Moreno.

"É difícil mudar de endereço. O Brasil é dos países que tem mais vizinhos no mundo e isso não vai mudar. Ao contrário, o sucesso do Brasil faz bem à América Latina. Não tenho dúvidas que o Brasil colocou um holofote sobre o que acontece na região."

O presidente do BID falou com exclusividade durante uma visita a Buenos Aires para autografar seu livro La década de América Latina y el Caribe.

Alberto Moreno destacou a oportunidade da América Latina de triplicar até 2025 a sua atual renda per capita de US$ 5 mil, através de investimentos em educação e em infra-estrutura. "Para isso, precisamos fazer o que nós, latino-americanos, nunca fizemos: pensar no longo prazo." (...)

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/05/110527_bid_brasil_mc_pu.shtml

ECOS DA OPERAÇÃO CONDOR


Negada indenização contra autor do livro Operação Condor: O Sequestro dos Uruguaios

Confirmando decisão de 1º Grau, a 9ª Câmara Cível do TJRS negou ação de indenização por danos morais a servidor da Secretaria de Segurança Pública contra o escritor do livro Operação Condor: O Sequestro dos Uruguaios e contra a editora L&PM. O julgamento ocorreu na tarde de quarta-feira (25/5).

A publicação aborda evento ocorrido (em 1978) durante o período da ditadura militar e conhecido como o sequestro da Rua Botafogo, narrando o envolvimento de policiais do DOPS gaúcho na ação.

Na apelação, o servidor defendeu que a publicação utiliza palavreado acusatório e ofensivo contra sua pessoa, o que levou a população a acreditar novamente que ele era um criminoso. Ressaltou que o livro o aponta como autor do crime, sem informar a respeito de sua absolvição em processo criminal no então Tribunal de Alçada (grau recursal). Apontou, ainda, que foram publicadas fotos suas sem seu consentimento.

A defesa do escritor e da editora afirmou que o livro é baseado em reportagens já publicadas na Revista Veja, portanto nada de novo a respeito do apelante foi divulgado, incluindo-se as fotos. E enfatizou que a publicação limita-se a narrar fatos ocorridos.

Para a relatora da apelação, Desembargadora Marilene Bonzanini Bernardi, não se verifica a intenção do escritor de macular a reputação do servidor, apesar de satirizar e criticar seu modo de agir.

Citando sentença da magistrada de 1º Grau, Juíza de Direito Cláudia Maria Hardt, observou que a pretensão da obra foi clara: expor ao público profunda pesquisa acerca de fatos ocorridos em época em que tais informações não poderiam ser publicamente difundidas sem retaliações. Assim, nos tempos, atuais, tem-se que a liberdade de manifestação, quando exercida regularmente, não denigre o direito à imagem. Enfatizou que a ausência de menção ao recurso que absolveu o servidor no Tribunal de Alçada por falta de provas não afasta essa conclusão, já que a obra traz uma coletânea de reportagens de todo um acontecimento, não sendo centrada no autor da ação.

A magistrada referiu que não é possível limitar a criatividade e liberdade de escritores que abordam tema delicado como esse, pois se corre o risco de constranger o espírito investigativo dos repórteres e de encobrir informações necessárias para a fundamentação de nossa consciência crítica. Ressaltou ainda estar presente, nesse caso, o interesse da sociedade e da própria história ao conhecimento, ainda que parcial, dos fatos ocorridos em recente período político, conhecido pelo lado negro da intolerância, da prepotência e da ausência de liberdade. (...)

Fonte: http://www.jusbrasil.com.br
Ilustração: Latuff.

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Relembrando o episódio, lido à época basicamente na imprensa alternativa (ou nanica), além, claro, de publicações como Veja (de quem fui leitor assíduo por décadas), concluo: nada como o Estado Democrático de Direito. (Para consolidar-se, falta a Comissão da Verdade).

quinta-feira, 26 de maio de 2011

CAMPO, VAIA E FROUXIDÃO


Os extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e sua mulher, Maria do Espírito Santo, foram assassinados em Nova Ipixuna, sudoeste do Pará, na manhã de terça-feira.

Quando as mortes foram anunciadas na Câmara dos Deputados, por ocasião da votação do projeto do novo Código Florestal, a plateia, composta basicamente de ruralistas, respondeu com eloquente vaia.

Segundo a revista CartaCapital, "nos últimos 25 anos, 1.614 pessoas foram assassinadas no Brasil em decorrência de conflitos no campo. Até hoje, apenas 91 casos foram julgados - e resultaram na condenação de 21 mandantes e 72 executores. Isso significa que a Justiça no Brasil levou às grades um criminoso para cada 17 pessoas assassinadas em todos esses anos.”

A desinibição ruralista é condizente com a frouxidão judicial reinante no País.

Em tempo: alguns críticos sustentam também que o governo federal precisa fortalecer a estrutura de fiscalização ambiental. Torcemos para que tal se verifique, mesmo cientes de que a elevação do contingente vai motivar críticas acerbas em razão do aumento do tamanho do Estado, argumento especialmente caro aos neoliberais. 

FRASES QUE FAZEM O NARIZ DO PINÓQUIO CRESCER (IV)


Frase nº 4: A natureza está fora de nós.

Por Eduardo Galeano

Em seus 10 mandamentos, Deus esqueceu-se de mencionar a natureza. Entre as ordens que nos enviou do Monte Sinai, o Senhor poderia ter acrescentado, por exemplo: "Honrarás a natureza, da qual tu és parte." Mas, isso não lhe ocorreu. Há cinco séculos, quando a América foi aprisionada pelo mercado mundial, a civilização invasora confundiu ecologia com idolatria. A comunhão com a natureza era pecado. E merecia castigo. Segundo as crônicas da Conquista, os índios nômades que usavam cascas para se vestirem jamais esfolavam o tronco inteiro, para não aniquilarem a árvore, e os índios sedentários plantavam cultivos diversos e com períodos de descanso, para não cansarem a terra. A civilização, que vinha impor os devastadores monocultivos de exportação, não podia entender as culturas integradas à natureza, e as confundiu com a vocação demoníaca ou com a ignorância. Para a civilização que diz ser ocidental e cristã, a natureza era uma besta feroz que tinha que ser domada e castigada para que funcionasse como uma máquina, posta a nosso serviço desde sempre e para sempre. A natureza, que era eterna, nos devia escravidão. Muito recentemente, inteiramo-nos de que a natureza se cansa, como nós, seus filhos, e sabemos que, tal como nós, pode morrer assassinada. Já não se fala de submeter a natureza. Agora, até os seus verdugos dizem que é necessário protegê-la. Mas, num ou noutro caso, natureza submetida e natureza protegida, ela está fora de nós. A civilização, que confunde os relógios com o tempo, o crescimento com o desenvolvimento, e o grandalhão com a grandeza, também confunde a natureza com a paisagem, enquanto o mundo, labirinto sem centro, dedica-se a romper seu próprio céu.

Caricatura: Eduardo Galeano, por Juan Manuel.

CÓDIGO RURALISTA


Charge de Samuca. Diário de Pernambuco.

SOBRE OSWALD DE ANDRADE


O nome dela fala por si mesmo: Antonieta Marília de Oswald de Andrade.

"Meu nome é uma dedicatória do meu pai à minha mãe [Maria Antonieta d`Alkmin, quinta e última mulher do escritor]. Quer dizer: Antonieta é a musa do Oswald de Andrade", explica ela, lembrando o poema de Tomás Antonio Gonzaga.

Segundo Fabio Victor, da Folha de S. Paulo, Oswald teve quatro filhos. Nonê (com a francesa Kamiá), Rudá (com Pagu) e Marília e Paulo Marcos (com Maria Antonieta). Única viva, Marília, 65, é apontada pela curadoria da Flip como fundamental na concepção e organização da homenagem que a festa literária fará ao modernista.

Abriu seu arquivo pessoal e mostrou o caminho para o centro da Unicamp que guarda o acervo do autor. Psicóloga com doutorado na Universidade Columbia (EUA), é figura de proa na dança nacional --implantou o curso de dança da Unicamp.

Folha - Por que acha que escolheram Oswald agora?

Marília de Andrade - Fui pega totalmente de surpresa. Voltei para a psicologia há dez anos e passei a clinicar numa área que trabalha trauma e corpo. Estava num trabalho intensivíssimo de psicologia aplicada ao trauma quando o Manuel (da Costa Pinto, curador da Flip) me ligou, em novembro. Foi tão emocionante, eu não previa, não tinha nenhum indício de que ele era cogitado, nunca tinha pensado.

Vivi um momento difícil da vida do Oswald, foi muito doloroso vê-lo abandonado, muito frágil e descrente até que seus livros fossem publicados. Como eu era criança (estava prestes a fazer 9 anos quando o pai morreu), fiquei com essa impressão muito marcada, de que ele não seria lido nem reconhecido. Foram anos e anos e anos de esquecimento. Meu desejo é que Oswald finalmente possa ser lido e compreendido pelos jovens.

Como ele era no papel de pai?

Foi um pai muito presente. Éramos uma família muito unida. Era extremamente caseiro, adorava ficar em casa com minha mãe, trabalhando no escritório. Não era o furacão que pensavam --era um furacão de ideias.

(Fonte: Luiz Antonio Mello, do blog Direto da Redação).

quarta-feira, 25 de maio de 2011

REINADO DA SERRA


Pontos do novo Código Florestal, segundo a mídia:

.Quem explora Áreas de Preservação Permanente poderá prosseguir na prática, desde que não configurada agressão ao meio ambiente(!).

.Quem desmatou ilegalmente, independentemente da amplitude do delito, será anistiado.

.Fica sem efeito a punição de acesso ao crédito dos bancos oficiais por parte dos criminosos ambientais condenados.

.Governos estaduais, a seu arbítrio, determinarão o que pode e o que não pode em matéria de exercício da atividade rural.

A serra elétrica não poupou ninguém. A começar pelos escrúpulos.

O FIM DO MUNDO NÃO ACABOU


Harold Camping, um radialista de 91 anos, presidente da rede evangélica de rádios "Family Radio" nos Estados Unidos - que tem mais de 150 estações e transmite em mais de 40 línguas -, está em choque.

Famoso por usar a numerologia baseada na Bíblia para prever datas para o "fim do mundo", sofreu um baque ao notar que o mundo não acabou em 21 de maio de 2011 como havia dito.

(...) Camping está abalado, se negando a dar declarações a uma rede de televisão que foi procurá-lo em sua casa, que fica na Califórnia. Ele diz que não quer falar pois é algo que 'significa muito' para ele.

Entretanto, (...) segunda-feira ele resolveu soltar o verbo e utilizou o alcance de suas emissoras de rádio, inclusive pela internet, para transmitir um bate-papo, ao vivo, que teve com jornalistas.

Sobre o caso, se justificou com frases como "eu não sou um gênio", mas depois acabou admitindo o deslize: "Sim, eu estava errado. Não sou um 'CEO', sou apenas um servo de Deus. Posso contar muitas histórias e estar errado sobre elas", disse em resposta aos jornalistas. (Fonte: Uol tabloide).

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A despeito do fiasco, o fim do mundo não acabou. "Previsões" vêm em profusão. Outras com certeza virão. Consta até que o 'não-gênio' acima já estabeleceu uma nova data, desta feita in-du-bi-tá-vel, para o fim do mundo.

terça-feira, 24 de maio de 2011

O RISCO PAÍS (II)


O risco Brasil observado nos anos FHC  'inspirou-me' a fazer a charge acima. O País quebrou três vezes, e em tais oportunidades viu-se compelido a recorrer ao FMI. Numa delas, foi necessária a intervenção direta de Bill Clinton, visto que o Fundo Monetário 'resistia' a uma vez mais 'salvar' as finanças nacionais. O Fundo acabou por oferecer ajuda, mas a troco de muita coisa...

O RISCO PAÍS


A tabela mostra os países mais arriscados do mundo (que possuem mercado financeiro ativo, ou seja, exclui pequenas nações ou países pobres). O risco é medido pela taxa de juros da dívida de cinco anos. Em relação a março, países como Romênia, Hungria, Croácia, Vietnã e Líbano tiveram uma melhora na taxa de juros. Também podemos dizer que a taxa de juros da Venezuela melhorou: de 10,80% acima do patamar para 10,26%. Outros pioraram: Espanha, Ucrânia, Argentina, Irlanda, Portugal e Grécia. Há dois meses o país mais arriscado era a Venezuela; agora é a Grécia.

(Fonte: http://contabilidadefinanceira.blogspot.com/ .

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O Brasil está fora da lista. E pensar que no final dos Anos FHC 'ostentou' risco de 2.200 (ou 22% acima da taxa de juros americana)...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

ROCK AND ROLL VADE RETRO


“POLÍCIA PRONTA PARA O ROCK AND ROLL
Telegramas de Londres, Paris, Lisboa e outras grandes capitais nos dão conta da estranha acolhida que vêm merecendo por parte do público as músicas que caracterizam o novo ritmo originário dos Estados Unidos, o rock-and-roll. A música, segundo os telegramas, parece endoidecer os jovens, que se atiram às mais grotescas extravagâncias ao som da cadência alucinante. Seu lançamento coincide, sempre, com a exibição do filme ‘Rock-around-the-clock’, e as sessões cinematográficas têm terminado geralmente em baderna, com os espectadores depredando as salas de projeção e promovendo depois, na rua, autênticos shows de dança bamboleante e frenética.
No Brasil, onde a música já foi lançada por diversas emissoras, não parece ter transformado assim o espírito dos adolescentes. Há, no entanto, ao que se noticia, uma ameaça: um grupo de playboys e teenagers cariocas estaria planejando uma demonstração de conseqüências imprevisíveis. É claro que seria uma coisa puramente artificial, se preparada. Pelo seu caráter de evidente demonstração de desprezo aos bons costumes e pela perturbação que poderá causar à ordem pública, essa possibilidade já alertou as nossas autoridades, conforme ouvimos do delegado substituto de Costumes e Diversões, Sr. Clértan Arantes, que nos informou haver tomado conhecimento da ameaça, tendo determinado que se exerça uma vigilância especial com relação ao assunto.
— Eu aconselharia aos pais dos jovens que se têm deixado transtornar pela música em questão a levá-los ao médico psiquiatra, pois alguma coisa está errada em suas mentes. No que diz respeito ao cumprimento da Lei, no entanto, é ponto pacífico: a ordem será mantida — disse o delegado.”

(Jornal O GLOBO, edição de 07.11.1956).

OS SINOS DOBRAM


Índice de desemprego na Espanha: 23%. O índice geral oficial, entenda-se. Entre os jovens, tal índice é acachapante: 43%.

Os socialistas espanhõis, no poder, perderam as eleições regionais. Uma vez mais restou provada a tese de que "quem manda é o bolso", a situação econômica. No caso, faltou geração de emprego, sobraram neoliberalismo e corrupção.

Mas desta vez o buraco é mais embaixo: o Movimento 15 de Maio, que revoluciona a Espanha, questiona o capitalismo, a globalização, os banqueiros, os belicistas, o 'socialismo neoliberal' e os próprios políticos (o índice de abstenção nas eleições de ontem alcançou 37%).

Os sinos estão dobrando na Espanha, e a expectativa é de que o som se alastre. Alvíssaras.

domingo, 22 de maio de 2011

FAZENDA DA PAZ

 
"Não costumo divulgar os shows beneficentes que faço. Só que o caso da Fazenda da Paz é diferente, é diferente porque serve de exemplo para outros artistas que podem e não fazem".
 
Do humorista João Cláudio Moreno (foto pinçada da Coluna Porteira), que faz 30 apresentações beneficentes por ano. 
 
O trabalho de apoio a dependentes químicos desenvolvido pela Fazenda da Paz envolve três comunidades terapêuticas, duas em Teresina e uma em Timon (MA). 

FRASES QUE FAZEM O NARIZ DO PINÓQUIO CRESCER (III)


Por Eduardo Galeano

Frase nº 3: Entre o capital e o trabalho, a ecologia é neutra.

Poder-se-á dizer qualquer coisa de Al Capone, mas ele era um cavalheiro: o bondoso Al sempre enviava flores aos velórios de suas vítimas... As empresas gigantes da indústria química, petroleira e automobilística pagaram boa parte dos gastos da Eco 92: a conferência internacional que se ocupou, no Rio de Janeiro, da agonia do planeta. E essa conferência, chamada de Reunião de Cúpula da Terra, não condenou as transnacionais que produzem contaminação e vivem dela, e nem sequer pronunciou uma palavra contra a ilimitada liberdade de comércio que torna possível a venda de veneno.

No grande baile de máscaras do fim do milênio, até a indústria química se veste de verde. A angústia ecológica perturba o sono dos maiores laboratórios do mundo que, para ajudarem a natureza, estão inventando novos cultivos biotecnológicos. Mas, esses desvelos científicos não se propõem encontrar plantas mais resistentes às pragas sem ajuda química, mas sim buscam novas plantas capazes de  resistir aos praguicidas e herbicidas que esses mesmos laboratórios produzem. Das 10 maiores empresas do mundo produtoras de sementes, seis fabricam pesticidas (Sandoz-Ciba-Geigy, Dekalb, Pfizer, Upjohn, Shell, ICI). A indústria química não tem tendências masoquistas.

A recuperação do planeta ou daquilo que nos sobre dele implica na denúncia da impunidade do dinheiro e da liberdade humana. A ecologia neutra, que mais se parece com a jardinagem, torna-se cúmplice da injustiça de um mundo onde a comida sadia, a água limpa, o ar puro e o silêncio não são direitos de todos, mas sim privilégios dos poucos que podem pagar por eles. Chico Mendes, trabalhador da borracha, tombou assassinado em fins de 1988, na Amazônia brasileira, por acreditar no que acreditava: que a militância ecológica não pode divorciar-se da luta social. Chico acreditava que a floresta amazônica não será salva enquanto não se fizer uma reforma agrária no Brasil. Cinco anos depois do crime, os bispos brasileiros denunciaram que mais de 100 trabalhadores rurais morrem assassinados, a cada ano, na luta pela terra, e calcularam que quatro milhões de camponeses sem trabalho vão às cidades deixando as plantações do interior. Adaptando as cifras de cada país, a declaração dos bispos retrata toda a América Latina. As grandes cidades latino-americanas, inchadas até arrebentarem pela incessante invasão de exilados do campo, são uma catástrofe ecológica: uma catástrofe que não se pode entender nem alterar dentro dos limites da ecologia, surda ante o clamor social e cega ante o compromisso político. (Fonte: blog BrasilDeFato).

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Ilustração: Guabiras.

sábado, 21 de maio de 2011

PICLES



Português, vá lá; agora, matemática, não conte comigo!


DE CERTOS HUMILDES NOTÓRIOS CONVÉM MANTER EGOCÊNTRICA DISTÂNCIA.


No reino da impunidade, a lisura foi punida por conduta imprópria.


HOMEM PÚBLICO EXEMPLAR: PASSOU A VIDA A BUSCAR O BEM COMUM DO ESPELHO.


Compungido, disse: "A literatura é o pão do espírito", ao que o outro, chistosamente, observou: "A literatura infantil é pão com sopa de letrinhas".

O INTESTINO E A DEPRESSÃO


Causa da depressão pode estar no intestino

Bactérias intestinais podem estar relacionadas a casos de ansiedade e depressão. De acordo com um estudo da McMaster University, publicado na revista Gastroenterology, alguns transtornos psiquiátricos, como o autismo de início tardio, podem ser associados com um teor anormal de bactérias no intestino.

A pesquisa mostra que as bactérias do intestino podem influenciar a química do cérebro e o comportamento, e as drogas como os antibióticos podem influenciar no funcionamento do intestino. Uma pessoa saudável tem cerca de 1.000 bactérias trillium em seu intestino (ver comentário, adiante).

As bactérias realizam uma série de funções vitais para a saúde, como a coleta de energia da dieta, proteção contra infecções e fornecimento de alimentação para as células do intestino.

Quando esse nível está maior ou menor, são percebidas alterações comportamentais. A pesquisa envolveu ratos saudáveis que, tratados com antibióticos, tiveram sua flora intestinal modificada, e passaram a apresentar mudanças comportamentais. A interrupção dos antibióticos resultou na volta ao comportamento normal.

Os resultados da pesquisa são importantes porque vários tipos comuns de doenças gastrointestinais, incluindo a síndrome do intestino irritável, são associadas com ansiedade ou depressão.

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Comentário: matéria interessante, valendo registrar a observação feita por Edson Joanni, no blog do jornalista Luis Nassif, de onde pincei este texto:

"Creio que há um equívoco no texto:
'Uma pessoa saudável tem cerca de 1.000 bactérias trillium em seu intestino'.
Desconfiado da pequeníssima quantidade, fiz uma rápida pesquisa na rede e não existem bactérias com o nome "trillium", mas várias plantas sim. Consultando o mesmo texto em inglês (...), desconfio que erraram na grafia de "trillion" (trilhão), o que provocou o erro na tradução para o português. Aí sim fica coerente: uma pessoa saudável tem cerca de 1.000 trilhões de bactérias em seu intestino."

VINTE ANOS SEM O POLÊMICO TARSO DE CASTRO


Por Brizola Neto

O Tijolaço (http://www.tijolaco.com) faz hoje (ontem, 20), dia em que se completam 20 anos de sua morte, uma homenagem a um grande jornalista e um homem permanentemente apaixonado: Tarso de Castro. Tarso, com todo o merecimento, é lembrado como criador, entre outras publicações, do O Pasquim, que se tornou símbolo de irreverência carioca ante a ditadura.

Mas o carioquíssimo Tarso era gaúcho, e de Passo Fundo…

Havia, entre ele e meu avô, uma admiração enorme e mútua, embora de vez em quando se trocassem farpas.

Então, em homenagem a Tarso, conto aqui que, muitos anos antes do O Pasquim, Tarso também participou da criação de um jornal polêmico.

Era Panfleto, que se definia cono “o jornal do homem da rua”, dirigido pelo grupo de esquerda que Leonel Brizola liderava e se expressava na Frente de Mobilização Popular.

Em fevereiro de 1964, e com Tarso como secretário de redação e grande animador (e carregador de piano) da publicação, o jornal nasceu, enfrentando tanto as posições de Carlos Lacerda quanto o que considerava as vacilações do governo Jango.

Durou só um mês e meio, mas chegou, segundo o magnífico trabalho de pesquisa do professor Jorge Ferreira, da Universidade Federal Fluminense, chegou a circular entre 200 e 500 mil exemplares.

No dia do golpe, a polícia de Lacerda invadiu e incendiou a redação do Panfleto. Ainda bem, porque numa sala próxima, que também pegou fogo, estava parte das fichas dos famosos Grupos dos Onze. Muita gente, certamente, escapou da prisão, da tortura e até da morte pela selvageria incendiaria do lacerdismo.

Fica assim, contado um pedacinho pouco lembrado da história do Tarso, a homenagem da gente ao grande jornalista, de uma combatividade e rebeldia que fazem falta nos dias de hoje.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

FINO DESIGN


Cadeira personalizada.
Saul Steinberg.

FRASES QUE FAZEM O NARIZ DO PINÓQUIO CRESCER (II)


Por Eduardo Galeano

Frase nº 2: É verde aquilo que se pinta de verde

Agora, os gigantes da indústria química fazem sua publicidade na cor verde, e o Banco Mundial lava sua imagem, repetindo a palavra ecologia em cada página de seus informes e tingindo de verde seus empréstimos. "Nas condições de nossos empréstimos há normas ambientais estritas", esclarece o presidente da suprema instituição bancária do mundo. Somos todos ecologistas, até que alguma medida concreta limite a liberdade de contaminação.

Quando se aprovou, no Parlamento do Uruguai, uma tímida lei de defesa do meio-ambiente, as empresas que lançam veneno no ar e poluem as águas sacaram, subitamente, da recém-comprada máscara verde e gritaram sua verdade em termos que poderiam ser resumidos assim: "os defensores da natureza são advogados da pobreza, dedicados a sabotarem o desenvolvimento econômico e a espantarem o investimento estrangeiro." O Banco Mundial, ao contrário, é o principal promotor da riqueza, do desenvolvimento e do investimento estrangeiro. Talvez, por reunir tantas virtudes, o Banco manipulará, junto à ONU, o recém-criado Fundo para o Meio-Ambiente Mundial. Este imposto à má consciência vai dispor de pouco dinheiro, 100 vezes menos do que haviam pedido os ecologistas, para financiar projetos que não destruam a natureza. Intenção inatacável, conclusão inevitável: se esses projetos requerem um fundo especial, o Banco Mundial está admitindo, de fato, que todos os seus demais projetos fazem um fraco favor ao meio-ambiente.

O Banco se chama Mundial, da mesma forma que o Fundo Monetário se chama Internacional, mas estes irmãos gêmeos vivem, cobram e decidem em Washington. Quem paga, manda, e a numerosa tecnocracia jamais cospe no prato em que come. Sendo, como é, o principal credor do chamado Terceiro Mundo, o Banco Mundial governa nossos escravizados países que, a título de serviço da dívida, pagam a seus credores externos 250 mil dólares por minuto, e lhes impõe sua política econômica, em função do dinheiro que concede ou promete. A divinização do mercado, que compra cada vez menos e paga cada vez pior, permite abarrotar de mágicas bugigangas as grandes cidades do sul do mundo, drogadas pela religião do consumo, enquanto os campos se esgotam, poluem-se as águas que os alimentam, e uma crosta seca cobre os desertos que antes foram bosques.

O NORDESTE NA THE ECONOMIST


Nordeste diminui diferenças em relação ao "próspero sul"

Por Sandro Araujo

Em artigo publicado na edição desta semana, a revista (inglesa) The Economist narra a evolução da região nordeste, enfatizando que “A região mais pobre do país está diminuindo a distância com o próspero sul”.

O texto cita reportagem de 1983 do Jornal do Brasil, que na época cobria a seca que assolava o nordeste do país, na qual nordestinos foram encontrados alimentando-se de ratos e calangos.

Segundo a The Economist, recentemente o nordeste tem se tornado uma região de destaque no País. A taxa de crescimento do PIB da região subiu em média 4,2% ao ano na década passada, enquanto o país cresceu 3,6%.

O Bolsa Família, programa do Governo Federal, teria sido importante mas, segundo Marcelo Neri, pesquisador da FGV, outras políticas públicas (também) teriam ajudado. De fato, três quartos do crescimento da renda teriam ocorrido a partir de 2003, ano da posse de Lula na Presidência.

Esse aumento no poder aquisitivo estaria atraindo diversas empresas para a região, como a Kraft Foods, que abriu sua primeira fábrica no nordeste, e o Pão de Açúcar, que está ampliando sua rede.

A construção da rodovia transnordestina, ligando Recife/Porto de Suape a Eliseu Martins (PI), com um braço até Fortaleza/Porto de Pecém, é citada como investimento que tende a puxar o desenvolvimento da região.

Segundo a The Economist, o maior risco para a região é a deficiência da educação: “As grandes empresas estão treinando os trabalhadores (de) que necessitam. Mas o nordeste gasta menos em escolas que a média nacional, e possui professores mais fracos. Para que a próxima geração obtenha benefício do que está sendo construindo agora, as escolas da região precisam de um ‘upgrade‘ também”.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

CHARGE COMENTADA


Charge de Amarildo.
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Comentário: Mr. M entende muito de truque, mas é um zero em falcatruque...

FRASES QUE FAZEM O NARIZ DO PINÓQUIO CRESCER (I)


Por Eduardo Galeano

Frase nº 1 - Somos todos culpados pela ruína do planeta.

A saúde do mundo está feito um caco. ‘Somos todos responsáveis’, clamam as vozes do alarme universal, e a generalização absolve: se somos todos responsáveis, ninguém é. Como coelhos, reproduzem-se os novos tecnocratas do meio ambiente. É a maior taxa de natalidade do mundo: os experts geram experts e mais experts que se ocupam de envolver o tema com o papel celofane da ambiguidade.

Eles fabricam a brumosa linguagem das exortações ao ‘sacrifício de todos’ nas declarações dos governos e nos solenes acordos internacionais que ninguém cumpre. Estas cataratas de palavras - inundação que ameaça se converter em uma catástrofe ecológica comparável ao buraco na camada de ozônio - não se desencadeiam gratuitamente. A linguagem oficial asfixia a realidade para outorgar impunidade à sociedade de consumo, que é imposta como modelo em nome do desenvolvimento, e às grandes empresas que tiram proveito dele. Mas, as estatísticas confessam.. Os dados ocultos sob o palavreado revelam que 20% da humanidade comete 80% das agressões contra a natureza, crime que os assassinos chamam de suicídio, e é a humanidade inteira que paga as consequências da degradação da terra, da intoxicação do ar, do envenenamento da água, do enlouquecimento do clima e da dilapidação dos recursos naturais não-renováveis. A senhora Harlem Bruntland, que encabeça o governo da Noruega, comprovou recentemente que, se os 7 bilhões de habitantes do planeta consumissem o mesmo que os países desenvolvidos do Ocidente, "faltariam 10 planetas como o nosso para satisfazerem todas as suas necessidades." Uma experiência impossível.

Mas, os governantes dos países do Sul que prometem o ingresso no Primeiro Mundo, mágico passaporte que nos fará, a todos, ricos e felizes, não deveriam ser só processados por calote. Não estão só pegando em nosso pé, não: esses governantes estão, além disso, cometendo o delito de apologia do crime. Porque este sistema de vida que se oferece como paraíso, fundado na exploração do próximo e na aniquilação da natureza, é o que está fazendo adoecer nosso corpo, está envenenando nossa alma e está deixando-nos sem mundo.

Continua. (Fonte: http://www.brasildefato.com.br  ).

quarta-feira, 18 de maio de 2011

OLD CARTUM


Saul Steinberg. Cartum de 1944.

MODERNIDADE MÓRBIDA


Fábrica de Ipad, Ipod e Iphone na China incluiria cláusula antissuicídio no contrato de trabalho

A Foxconn é uma das maiores empresas da China. Emprega mais de um milhão de trabalhadores. Só para a Apple são 25 mil fabricando 24 horas por dia, os sete dias da semana, iPod, iPhone e iPad. Nos últimos anos, houve 17 casos de suicídio e inúmeras tentativas.

Por esse motivo, a Foxconn estaria obrigando os trabalhadores a assinar um contrato com cláusulas que, entre outras coisas, incluíam uma específica que eximiria a companhia de qualquer responsabilidade no caso de suicídio do trabalhador. A informação foi passada por trabalhadores à imprensa.

A Foxconn nega a informação. Diz que aumentou recentemente os salários de todos os trabalhadores e que oferece um “ambiente seguro de trabalho onde as compensações e os benefícios são tão competitivos como em outras indústrias do setor”.

Abaixo, podemos perceber como são essas condições:

O jornal chinês Southern Weekly infiltrou um de seus jornalistas na Foxconn. Ele se fez passar por um trabalhador durante 28 dias com o objetivo de pesquisar as razões dos últimos suicídios. As respostas não demoraram a chegar ao ver as condições sob quais trabalhavam os empregados. O jornalista, de 23 anos, expôs que a maior causa dos suicídios se devia ao estresse e desordens mentais gerados pela rotina da corrente de montagem e os tempos expostos ao trabalho. Assim, relata que ao entrar na empresa trabalhadores são obrigados a assinar um contrato onde renunciam a seu direito de não ultrapassar as 36 horas mensais de trabalho extra. Todo este esforço por 900 yuan, o salário mínimo da região, que equivale a uns 130 dólares (106 euros). Durante o tempo em que permaneceu na fábrica, o jornalista comprovou que houve um total de 30 tentativas de suicídio. A linha de produção não se detém nunca, funciona as 24 horas do dia, inclusive aos domingos. São tais as condições nas quais trabalham que muitos deles preferem adoecer para não ter que ir ao trabalho e assim poder descansar. Outro comentário que chamou a atenção foi o que fazia menção à popularizada ação de deixar cair objetos ao solo para agachar-se e assim dar um pequeno descanso às pernas, dormentes depois de horas e horas permanecendo de pé. A relação entre os trabalhadores é nula, já que não há tempo para falar entre eles.

Mas isso não é coisa que diga respeito apenas aos trabalhadores chineses ou a Apple e seus consumidores:

Foxconn, fabricante chinês encarregado pela Apple da produção de dispositivos eletrônicos como o iPhone e o iPad, teria planos de incorporar à sua linha de produção uma nova fábrica. Esta se situaria em Jundiaí, interior de São Paulo, Brasil.  (Fonte: Blog do Mello).

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E assim prospera a chamada 'economia planificada' chinesa: salários humilhantes, jornada de trabalho desumana e cerceamento do direito de reclamação. Empresas ocidentais se aproveitam de tal realidade para aprimorar sua 'competitividade', sob o velho argumento de que, se não fizerem assim, o concorrente as massacrará. Mais 'moderno' do que esse modo de produzir equipamentos de refinada tecnologia, só o tratamento conferido pela China ao meio ambiente, o que a tornou campeã mundial de poluição.

terça-feira, 17 de maio de 2011

O FILÃO DAS CONSULTORIAS


As lavanderias

Por Janio de Freitas

AS LAVANDERIAS que dão maiores lucros não lavam roupas nem outros tecidos. Lavam dinheiro. E não usam o nome de lavanderia. Chamam-se consultorias. Assim como as lavanderias verdadeiras não são consultorias, nem todas as consultorias são lavanderias. Há razões mesmo para acreditar que a maioria não o seja, à parte o grau de competência de cada uma.

Contraventores, traficantes, contrabandistas e congêneres adotam sistemas próprios de lavagem. Consultorias são preferidas e muito eficazes para quem precisa lavar dinheiro recebido de modo ilícito no exercício de função pública. Aquele dinheiro que não pode aparecer de repente sem maiores riscos.

Alguns, em verdade poucos, desfrutam de circunstâncias que lhes permitem fazer grandes investimentos, sem problemas, em fazendas, imóveis aqui e no exterior, saiam ou não da vida pública. Outros, menos notórios, desaparecem para sua nova vida de bem forrados. Solução que, por acaso ou não, foi muito praticada em certos setores, como o da regulagem de preços então existente, áreas da Fazenda e de obras. Mas os que não têm cobertura bastante e não podem sumir têm o recurso de consultorias. As quais, com frequência, até lhes mantêm ou conferem prestígio, proporcionado pelos jornalistas que os procuram para a palpitagem incessante. E, para não perder tempo, utilitária também.

As modalidades de lavagem são variadas. Digamos, para exemplificar com uma delas, que alguém em função ministerial receba um alto valor, ou se torne credor dele, por determinada medida (apresentada, é claro, para efeitos governamentais e públicos, sob a conveniente roupagem técnica). Não fará uso imediato dos novos cifrões, por impedimentos óbvios. De volta à vida dos quase comuns, porém, a operação é simples.

Um recibo não depende da existência de um pagamento. É o que lavagem sabe e faz: um pagamento fictício por uma empresa, ou uma entidade, e um recibo dado por prestação de consultoria que não houve. O dinheiro ilícito, vindo lá de trás às escondidas, passa a integrar o patrimônio do corrompido como se fosse pagamento por um serviço recente. Está limpo para todos os efeitos legais. E a empresa ou a entidade tem a vantagem de deslocar, da contabilidade real para o caixa dois de usos não declarados, a quantia que aparentemente saiu como pagamento de um serviço de consultoria.

Na mesma modalidade, há também a entrega de um serviço, o mais comum é uma publicação ou um "estudo técnico", pago pela empresa por um alto valor, seja para repetir o mesmo truque, seja para quitar o crédito ilícito do serviço prestado na função pública. Com a ressalva, apesar de desnecessária, de que nem toda publicação e "estudo técnico" para empresa cumpra esse papel.

A bem da verdade, como diziam no tempo em que tais práticas e suas variantes eram raras, é que seu uso não é exclusividade do âmbito administrativo ou do político. O Conselho Nacional de Justiça tem adotado providências contra casos semelhantes no Judiciário. Antes dele, o ex-juiz Lalau dos Santos Netto deixou outra ilustração, quando pôs sua lavanderia no exterior certo de que o remanescente do SNI ainda lhe daria proteção, e não abandono ingrato.

Dizem até que também uma atividade muito protegida por si mesma, chamada imprensa ou jornalismo, tem exemplos na matéria.

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Mais deplorável, mesmo, é quando o suspeito vem com a de que "calma aí, eu não fui o único a enriquecer!"...

O TRAÇO DO RODRIGO


Charge que o Rodrigo de Pieri, filho do caricaturista Fernandes, fez sobre a final do Campeonato Paulista. Aqui o blog dele: http://piericartum.blogspot.com/

Muito bom o traço do Rodrigo, o que motiva a observação pra lá de óbvia: 'Filho de peixe...'

Em tempo: blog do Fernandes:  http://caricaturasfernandes.blogspot.com/ .

segunda-feira, 16 de maio de 2011

3º SALÃO MEDPLAN


O prazo para envio dos trabalhos expirará no dia 22. Detalhes em  http://jota-a.blogspot.com/ .