sexta-feira, 4 de outubro de 2024

PERDERAM, MANÉS, É O RECADO DA MOODY'S (POR LUIS NASSIF)

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O efeito líquido desse relatório foi uma queda nos juros futuros, uma desvalorização do dólar e uma alta na bolsa de valores.


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Os bons analistas trabalham com o cérebro; os analistas ideológicos, com o fígado. O grande problema é que parte do mercado ainda pensa com o fígado. E quando os fatos se impõem, levam o maior susto.

É o que ocorreu com o carnaval de ideólogos, como Samuel Pessoa, sobre a gastança do Brasil, a desmoralização da política fiscal junto aos investidores internacionais.

Já há algum tempo, economistas norte-americanos respeitados vinham alertando que o grande problema no desequilíbrio das contas públicas estava no déficit nominal (que incluir juros da dívida pública) e não no déficit primário (receitas menos despesas).

Na preliminar, é jogo de “achismos”. Samuel e os editorialistas dizem que está tudo perdido e desequilibrado e a Fazenda diz que está tudo sob controle. Qual a prova do pudim? A avaliação das agências de risco.

Agora, vem a Moody´s – uma das principais agências de classificação de risco - e elevou a nota de crédito soberano do Brasil, aproximando o país do grau de investimento.

Os principais pontos destacados pela Moody’s foram:

Melhora significativa no crédito do país: Devido ao desempenho robusto do crescimento do PIB e o histórico recente de reformas econômicas e fiscais.

Compromisso do governo com a meta fiscal: A agência reconheceu o esforço do governo em manter as contas públicas sob controle.

Expectativa de estabilização da dívida/PIB: A Moody’s projeta que a dívida pública brasileira se estabilizará em torno de 82% do PIB no médio prazo.O efeito líquido desse relatório foi uma queda nos juros futuros, uma desvalorização do dólar e uma alta na bolsa de valores.

Mais que isso, conseguindo o grau de investimento, o país será inundado por capital estrangeiro e haverá possibilidades de estabilizar a dívida pública, conseguindo fundos internacionais que adquiram títulos do Tesouro até o vencimento.

O resultado dessa história foi que os que acreditaram nos profetas da catástrofe perderam dinheiro. E que fazem os profetas? Os que pensam com o cérebro fazem a autocrítica, e admitem que erraram. Os que pensam com o fígado se saem com essa: agora, o Moody´s melhorou a nota do Brasil; mas daqui a dois anos vai piorar.  Uma repórter de jornalão chegou ao requinte de colocar no Blue Sky que a nota da Moody´s reflete o passado enquanto o pessimismo dos analistas de fígado visam o futuro. E Mansueto de Almeida, o ex-Secretário do Tesouro que se beneficiou da porta giratória e foi trabalhar para setores beneficiados por sua linha fiscal, disse que a Moody’s errou. Com a mesma sem-cerimônia com que, em outros tempos, avalizou Paulo Guedes.

Ora, o que se espera do analista não é saber o que pensam do futuro, mas acertar sobre o presente, isto é, antecipar o que as agências de risco pensam. Se previram o caos e as agências aprovaram o equilíbrio, eles erraram redondamente. E não é consolo nenhum afirmar que daqui a dois anos suas previsões de hoje estarão certas. Não irão corrigir em nada as previsões erradas de hoje.

Em suma, 'perderam, manés!'."



(De Luis Nassif, artigo sob o título acima, publicado no Jornal GGN - Aqui -, de que é titular.

Se os ciosos analistas "previram o caos e as agências aprovaram o equilíbrio, eles erraram redondamente". 

Faz sentido).

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