quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

ABIN ELABOROU PLANO CONTRA A COVID AINDA EM 2019, MAS FOI IGNORADA (POR 3 MESES) PELO GOVERNO BOLSONARO

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O governo Jair Bolsonaro só anunciou medidas de combate ao coronavírus em 18 de março de 2020, três meses depois de receber o relatório


Na Agência Fórum:

Já no final de 2019 a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produziu um relatório alertando o então governo de Jair Bolsonaro sobre uma “pneumonia não identificada na China” que mais tarde viria a ser conhecida como Covid-19.

É o que consta um relatório obtido com exclusividade pela coluna e que reforça mais uma vez a maneira displicente como o governo tratou a doença que viria a vitimar mais de 600 mil pessoas entre os anos de 2020 e 2021. (Nota deste Blog:
a pandemia ceifou a vida de mais de 700 mil pessoas no Brasil).

O documento produzido em dezembro foi enviado ao governo no mês seguinte conforme consta o NUP (Número Único de Protocolo) 00091.000352/2020-45 do Relatório de Inteligência (Relint) 11 de 8 de janeiro de 2020. Três meses antes da primeira morte por covid ocorrer no Brasil (em 12 de março de 2020) e quase 30 dias antes do primeiro caso ser detectado no país, no dia 26 de fevereiro do mesmo ano.

O documento que consta como “Restrito” e “Sigiloso” nos sistemas da Abin foi distribuído para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que era comandado pelo general Augusto Heleno, para a ANVISA e para o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

O relatório fala das características da doença e descarta algumas hipóteses sobre tipos de patógenos. Além de também listar as ações a serem desencadeadas no Brasil na hipótese da chegada da doença.

Entre as medidas de contenção listadas pelo relatório estão: notificação da área de portos, aeroportos e fronteiras da Anvisa, notificação da área de vigilância animal do Mapa, notificação das secretarias de saúde de estados e municípios, avaliação de risco diária com base em dados recebidos na Organização Mundial da Saúde (OMS), revisão de fluxos de investigação para identificação e estimativa dos riscos, atualização de protocolos e procedimentos operacionais de vigilância e atenção para identificação de casos suspeitos de SARS.

Mesmo com a brevidade dos alertas feitos pela Abin o governo de Jair Bolsonaro só anunciou medidas de combate ao coronavírus em 18 de março de 2020, três meses depois de receber o relatório elaborado no final de 2019.

Ainda segundo um dos servidores ouvidos pela coluna “o primeiro atributo que o profissional de inteligência desenvolve é 'resistência à frustração'", afirmou o profissional, que completou: “nada nunca vai se comparar com o período da COVID. Nada”.

Ainda sobre o período da covid essa fonte fez o seguinte relato:

“Muito cedo a gente sabia pra onde a crise estava indo e viu que o governo não estava reagindo da maneira certa. Quer dizer, nas primeiras semanas até agiu. Deixou os técnicos cuidarem do assunto. Mas quando a política se apossou da pauta, a gente rodava nossos modelos (que eram os melhores, por sinal) e via o tamanho do buraco que se abria. A maldição de Cassandra é a sina da Inteligência. Quando você tem um produto mas seu usuário não quer ser assessorado”.  -  (Aqui).

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Mais deprimente do que isso? Há lances às dezenas. Exemplo (vamos limitar-nos a um, e basta!): laboratório Pfizer mandou cerca de 80 e-mails ratificando oferta de 70 milhões de vacinas, mas o governo ignorou todos. Alegação: o preço estaria alto demais. Até que as autoridades resolveram negociar. Desfecho: nada feito: outros países compraram as vacinas em estoque e encomendaram novas. Brasil saiu de
mãos abanando, irresponsavelmente.

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