"Os autores intelectuais, financiadores e baderneiros da intentona de 8/1 cometeram vários erros primários, o que mostra que foram (ou são) golpistas de primeira viagem.
Não aprenderam nada com os golpes anteriores, os que deram certo para os golpistas; para o país golpes são mais nefastos que as pragas do Egito.
Alguns erros foram os seguintes:
1) golpe não deve ser comentado entre mais de duas pessoas, sobretudo numa reunião com os três chefes das Forças Armadas, como se deu com Bolsonaro, e ficamos sabendo na delação do tenente-coronel Mauro Cid, e também não pode haver testemunhas, como o próprio Mauro Cid; Getúlio compartilhou a ideia do golpe de 37 com um só militar, o general Góis Monteiro, num tête-a-tête no Catete;
2) documentos clandestinos, como a minuta do golpe, não devem ser compartilhados com muitas pessoas e devem ser guardados em lugares seguros, e não no escritório da casa do ministro da Justiça; em 1937, Getúlio encomendou a nova constituição ao deputado Francisco Campos, ninguém mais ficou sabendo;
3) pregar o golpe abertamente, como Bolsonaro fez desde o dia da posse, é uma péssima ideia, pois quando não dá certo é praticamente uma confissão; em 1937, ao saber que corriam boatos sobre um golpe, Getúlio antecipou o dia D, que seria a 15 de novembro, em cinco das;
4) tem que aprender a copiar certo: quando os trumpistas invadiram o Capitólio, a 6/1/2020, Trump ainda era presidente, Biden só tomaria posse dia 20; aqui a intentona se deu com Lula já presidente, o que dificultaria ou até inviabilizaria o golpe, como de fato inviabilizou;
5) para um golpe ser vitorioso, o incrível exército de Brancaleone que invadiu os três Poderes tinha que ser treinado e armado, para não passar o vexame de ser enxotado em meia hora depois que a PM foi acionada;
6) achar que o Exército, com ou sem GLO, iria aderir aos vândalos, apoiando a baderna, para devolver o poder a Bolsonaro, é um delírio bolsonarista que merece análise acurada de psicólogos;
7) na próxima intentona, convém não fazer postagens sobre a festa da Selma, supondo que ninguém vai saber o que é, nem gravar a si próprio na baderna golpista, para evitar 17 anos de cadeia;
8) golpe de estado só se consuma com a prisão, afastamento ou morte do presidente da República, e não com o enforcamento de ministros do STF;
9) tentar um golpe de estado sem aval do Departamento de Estado dos EUA é dar murro em ponta de faca."
(De Alex Solnik, texto sob o título acima, publicado no site Brasil 247 - Aqui.
Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos".
Certas particularidades ressaltadas pelo articulista somente se 'sustentam'
porque a situação ficou, obviamente, no plano superficial. Exemplo: item 6. Quem garante que diante de um fato consumado (Garantia da Lei e da Ordem - Art. 142 da CF) não se criaria "situação singularmente grave impeditiva do retorno do governo eleito ao comando"?
Parafraseando o Doutor Ulysses, precisamos ter ódio e nojo de golpistas.
No mais, louvemos a Janja).
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