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Foi uma surpresa altamente desagradável. Torço pelo Santos, sou ligadão em
futebol, fui fã de Telê, daquela seleção fantástica (embora não superior à de 70, de Gérson, Jairzinho, Riva e, óbvio, o memorável Pelé, Rei do Futebol). Mas a de 1982 tinha o doutor Sócrates e - vamos logo a ele - Falcão, o monstro, sutileza total, elegância em campo, craque amplo, geral e irrestrito!
Aí Falcão para de jogar e vai integrar comissões técnicas de times pelo Brasil, e se converte num desastre monumental. Santista, impaciente com as sucessivas derrotas de meu time, não tinha saco pra ouvir as ladainhas do "craque Falcão". Pô, o cara só entra em roubada! É então que me deparo com a matéria abaixo, definitivamente acachapante (o torturador Seelig eu já conhecia de leitura dos jornais da imprensa alternativa, como o Coojornal, do Rio Grande, que eu comprava religiosamente em bancas de jornal, juntamente com O Pasquim, Opinião, Movimento, e por aí vai). Mas nunca me passou pela cabeça que o craque Falcão fosse amigão do torturador, e que o maestro Falcão fosse dado a ataques sexuais. Pô, Falcão!...
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No DCM:
O ex-jogador da seleção Paulo Roberto Falcão pediu demissão do cargo de coordenador de futebol do Santos na sexta-feira (4), após ser denunciado por suspeita de importunação sexual.
A vítima abriu boletim de ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher. Ela é funcionária do apart hotel onde Falcão mora no litoral de São Paulo e contou à polícia que ele “roçou” por duas vezes, em momentos diferentes, o seu pênis no corpo dela.
A autoridade policial, a fim de preservar sua intimidade, decidiu resumir as informações no documento.
Gigante com a bola rolando, mas um fracasso como técnico ou dirigente, Falcão sempre foi um exemplo de elegância no campo e fora dele. Daí a surpresa de amigos de longa data, como Casagrande.
Há, porém, episódios bastante nebulosos de sua trajetória, pouco elucidados por causa de sua boa relação com a mídia.
Em 2022, morreu em Porto Alegre de infarto, sequela da Covid-19, o delegado de polícia Pedro Carlos Seelig. No início dos anos 70, auge da repressão, Seelig era o delegado mais temido do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) no Rio Grande do Sul.
Era um torturador contumaz e formou, junto com os psicopatas Ustra e Fleury, a santíssima trindade do porão. Fez parte da lista dos 377 brasileiros acusados de graves violações dos direitos humanos cometidas durante os 21 anos ditadura, segundo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV).
Seelig era assíduo no Beira-Rio. Era comum vê-lo nas arquibancadas do estádio colorado em dias de jogo. Tinha passe livre no vestiário do time e se vangloriava da amizade com Falcão, estrela do Internacional.
Além disso, Reinaldo Salomão, procurador de Falcão, era cunhado de Seelig e também delegado do DOPS. Chegou a armar o esquema de segurança dos jogos no interior do RS.
Seelig era bajulado pela imprensa gaúcha. Ficou notório ao ser flagrado como o chefe do sequestro dos uruguaios Universindo Diaz e Lilian Celiberti em 1978. Numa ocasião, levou o filho adotivo, de 17 anos, para o DOPS. O objetivo era dar um “corretivo” no rapaz, que saiu dali para o hospital, e do hospital saiu morto por afogamento.
Falcão nunca tocou no assunto porque nunca lhe perguntaram. - (Fonte: Diário do Centro do Mundo - Aqui).
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