segunda-feira, 10 de outubro de 2022

E SE BOLSONARO SE REELEGER?


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Se o Brasil enlouquecesse de vez e reelegesse Jair Bolsonaro, o país daria um golpe em si mesmo. Colocaria no poder alguém que iria instaurar uma ditadura institucional, ou seja, um regime que, de tanto aparelhamento, deixaria de ser democrático. Felizmente, a chance de isso ocorrer não é tão grande quanto parece, apesar das loucuras de certos políticos.

Bolsonaro já controla a Câmara dos Deputados, já controla boa parte do Judiciário, já controla a Polícia Federal, já controla a Abin, Já controla a Procuradoria Geral da República e, reeleito, mesmo sem insanidades como colocar mais cinco ministros no Supremo, controlará 4 de 11 ministros, pois poderia nomear mais dois em novo mandato.

Porém, se fosse reeleito certamente proporia ao Congresso a nomeação de mais cinco ministros, deixando o  Tribunal com incríveis DEZESSEIS MINISTROS! Teria, então, nove de dezesseis ministros, fora aqueles que adeririam a ele por gravidade -- alô, Luiz Fux...

Controlando o STF, Bolsonaro controlaria, também, o TSE. Ou seja, ninguém mais o venceria em eleições em todos os níveis. Seus capangas na Justiça Eleitoral tratariam de cassar chapas dos adversários, calariam esses adversários, enfim, seria o fim da história.

Um regime assim, controlando todas as instituições, instalaria quantas reeleições fossem "necessárias" ao projeto ditatorial então em curso. E o risco maior de um regime assim se instalar deriva das loucuras desta eleição, como a insistência de Ciro Gomes de ir até o fim com uma candidatura natimorta. 

O que causou a diferença entre pesquisas e urnas e vitaminou Bolsonaro foram fenômenos como o voto útil contra Ciro Gomes, antecipado pelos bolsonaristas arrependidos que migraram para o pedetista e o trocaram por Bolsonaro na reta final para impedir a vitória de Lula em 1o turno, conforme expliquei no artigo "Por que as pesquisas não erraram", de 3 de outubro(*). Agora, reportagem do jornal o Globo relata estudos de cientistas políticos que comprovam que o voto útil migrando de Ciro para Bolsonaro de fato aconteceu.

No último domingo (9), o jornal O Globo publica a matéria "Estimar votos de eleitores da direita desafia pesquisas no Brasil e no exterior". Nela, o jornal explica que "Desempenho de bolsonaristas acima do apontado pelas sondagens é novo exemplo da dificuldade de institutos de retratar intenção de conservadores mais radicalizados. Discrepância ocorreu em pleitos recentes nos EUA, Reino Unido e Chile".

Esse erro assustador dos setores democráticos da política, porém, parece insuficiente para causar uma tragédia que, se ocorresse, jogaria o país em um tipo de regime que vem se espalhando pelo mundo em governos de extrema-direita, como o da Hungria, entre outros. A "ditadura constitucional" funciona através do aparelhamento das instituições.

Por que as chances de Bolsonaro vencer seguem bem menores? As pesquisas -- sim, as pesquisas, que jamais erraram -- mostram que a tendência de o Brasil reeleger Lula ainda é maior. E maior do que os números dizem.  

Em primeiro lugar, todas as pesquisas dão vitória a Lula. Com mais ou menos intenções de voto, todas indicam a mesma direção. Além disso, a transferência de votos de Ciro e Tebet para Lula e a decisão de indecisos devem entrar em campo com mais força agora. Em um momento em que votos útil e envergonhado deixaram de existir. Resta a abstenção..."



(De Eduardo Guimarães, artigo intitulado "Reeleito, Bolsonaro viraria ditador", publicado no Brasil 247 - Aqui.

Guimarães é titular do aguerrido Blog da Cidadania, que temos a satisfação de acompanhar desde há muito. 

(*)  =  É de autoria de Guimarães, também, o artigo "Por que as pesquisas não erraram", igualmente reproduzido neste Blog em 03/10/22 - Aqui.

Note-se que naquela oportunidade - 03/10 - Guimarães se revelou 100% convicto  da possibilidade da eleição do ex-presidente. Agora, a despeito da forte convicção do analista quanto à vitória, um personagem insólito se incorpora à paisagem: a abstenção).

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