Anos depois, em junho de 1999, quando estava no SBT, ele entrevistou o pessoal da redação que estava lançando a revista Bundas. A ideia era muito boa e o time dos melhores. Jô tinha uma ligação afetiva com a palavra Bunda. Lembro que em um de seus espetáculos, segundo ele mesmo conta, foi no primeiro espetáculo solo em 1969 que ele lançou o número, em que ele comandava um coro do público que entoava a palavra bunda com toda a força e liberdade de expressão. Bunda era a palavra libertadora e Jô sabia disso. O número enaltecia a palavra e propunha seu uso de forma mais natural. Apesar da turma toda no programa, Bundas não vingou. O público ainda cheio de pudor não tinha coragem de chegar na banca e pedir a Bundas como o público do Jô. Talvez se fossem todos juntos seria mais fácil. Mas Jô gostava da gente. Fui ao programa duas vezes, se não me falha a memória. Para falar da Radical Chic e depois junto com a Angela Vieira, minha mulher. Ele gostava muito de um desenho da Radical em que ela apreciava a vista da serra e a distância que estava do som do carnaval no Rio. É um desenho caprichado que acabou sendo marcado para mim como o desenho do Jô.
Jô também desenhava, pintava, escrevia costurava e bordava. Era um craque e sua admiração pelo desenho de humor ressaltava isso. A escolha do Ziraldo para fazer seus cartazes mostra essa admiração e ficaram eternizados. Grande Jô."
(De Miguel Paiva, texto intitulado "Jô e a Bunda(s)", publicado no Brasil 247 - Aqui -, em que regularmente publica detonadores cartuns.
Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens, e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia).
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