segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

PEQUENOS CONTADORES DE HISTÓRIA

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Projeto de uma beleza ímpar, "Liyana" mescla narração oral e animação para falar de coragem e perseverança entre crianças de um pequeno país da África


Por Carlos Alberto Mattos

A antiga Suazilândia, agora denominada Essuatíni, é um pequeno país espremido entre a África do Sul e Moçambique, que ostenta a duvidosa reputação de uma das últimas monarquias remanescentes no continente africano. Notícias sobre cinema dali são raríssimas, daí a primeira importância de Liyana, filme do casal Aaron (nascido na Suazilândia e estabelecido nos EUA) e Amanda Kopp.

O projeto é de uma beleza ímpar, e foi executado de maneira simples e eficaz. Num abrigo de crianças órfãs, cinco delas participam de uma experiência sui generis. Estimuladas pela famosa contadora de histórias sul-africana Gcina Mhlope, inventam passo a passo a história da menina Liyana, que vive uma grande aventura para resgatar seus dois irmãos pequenos que foram roubados por ladrões de crianças.



Nesse conto de coragem e perseverança, as crianças vão projetando suas próprias experiências de pobreza, abandono e violência doméstica. Tudo isso com o pano de fundo da epidemia de HIV, que contamina entre um quarto e um terço da população adulta. A Aids amplifica brutalmente o número de órfãos do país.

Apesar desse pano de fundo desolador, o filme transpira energia positiva. À medida que os quatro meninos e a menina avançam na descrição da história de Liyana, esta vai sendo ilustrada com uma belíssima animação estática, mas esculpida em 3D, de autoria do nigeriano Shofela Coker. As crianças esbanjam graça e expressividade na narração, enquanto uma montagem primorosa vai amalgamando o relato oral e gestual com as figuras desenhadas.

As ressonâncias entre a jornada de Liyana e os dramas e sonhos dos pequenos autores fazem o encanto – e a gravidade – desse filme já premiado em dezenas de festivais internacionais. - (Fonte: Carta Maior - Aqui).

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