segunda-feira, 5 de julho de 2021

OBSERVAÇÃO (ATRASADA) SOBRE UM TEMA DA HORA

Com 4 dias de atraso, destacamos crítica de autoria de Antonio Mello, titular do Blog do Mello, acerca de denúncia que chegou à CPI da Pandemia, e que, embora deixe evidenciada a existência de esquema de burla às leis no interior do Ministério da Saúde e fora dele, serviu basicamente para mostrar os danos que o jornalismo descuidado pode produzir e tumultuar o andamento da apuração do escândalo da Covaxin, que esperamos venha a retomar seu curso o quanto antes.


Se a Folha Lesse a Folha Não Teria Caído na Mal Contada História da Propina de US$ 1 Por Cada Uma Das 400 Milhões de Vacinas AstraZeneca

Por Antonio Mello

Na noite do dia 29 de junho, a Folha publicou reportagem de Constança Rezende com denúncia de que funcionário do ministério da Saúde teria pedido US$1 de propina por cada uma das 400 milhões de vacinas AstraZeneca que um intermediário tinha a oferecer, via empresa Davati Medical Supply. A proposta teria acontecido no dia 25 de fevereiro. 
 
O esquema foi revelado à repórter pelo funcionário Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que a teria procurado para fazer a denúncia.
 
Com a publicação da matéria, um verdadeiro barata voa correu as redes e o mundo político. A CPI da COVID convocou o funcionário para depor à Comissão - o que ele fez hoje, dia 1.
 
Em seu depoimento, Dominguetti Pereira lançou outra bomba, um arquivo de áudio onde o deputado Luis Miranda, que denunciou corrupção na compra da vacina Covaxin, supostamente negociava vacina. O deputado imediatamente deu declarações  afirmando que o áudio era fruto de montagem e a conversa teria ocorrido no ano passado tratando da aquisição de luvas e não de vacinas.
 
Começaram as especulações de que a tal propina de US$1 teria sido uma ação de contrainformação do governo para desacreditar o deputado e livrar a cara do governo Bolsonaro no caso da Covaxin.
 
Todo esse sururu poderia ser evitado, caso a Folha tivesse consultado seus arquivos sobre venda de vacinas da AstraZenica. Encontraria uma reportagem de 21 de janeiro (um mês antes do tal encontro da propina, que teria ocorrido em 25 de fevereiro), de Julia Chaib e Ricardo Della Coletta, que tratava de uma nota da AstraZenica, onde a farmacêutica negava a possibilidade de venda por intermediários, como a empresa Davati Medical Supply. 
A AstraZeneca, porém, divulgou comunicado na qual informa não ser possível "disponibilizar vacinas para o setor privado".
"Nos últimos sete meses, trabalhamos incansavelmente para cumprir o nosso compromisso de acesso amplo e equitativo no fornecimento da vacina para o maior número possível de países ao redor do mundo", diz a nota.
"No momento, todas as doses da vacina estão disponíveis por meio de acordos firmados com governos e organizações multilaterais ao redor do mundo, incluindo da Covax Facility, não sendo possível disponibilizar vacinas para o mercado privado". [Folha e imagem reproduzida aqui, que é um print da página da AstraZeneca]
Se a AstraZeneca afirmou só negociar diretamente com países, por que funcionários do ministério da Saúde caíram na conversa do vendedor da Davati?  (Grifo deste Blog).

Por que a mesma pergunta não foi feita pela Folha ao denunciante?
 
Alheio ao desmentido do deputado Luis Miranda sobre o conteúdo do áudio divulgado hoje, Bolsonaro, em sua live de hoje à noite, já disse que sua equipe está produzindo vídeos para aproveitar o fato.
 
E tudo começou com a reportagem da Folha...  -  (Fonte: Blog do Mello - Aqui)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça o seu comentário.