sexta-feira, 2 de abril de 2021

PERSEGUIÇÃO A MARIO SIMONSEN: UM ANTECEDENTE DA LAVA JATO

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"...o documentário sugere um paralelo óbvio com a Odebrecht e todo o patrimônio destruído por Sérgio Moro e sua gangue logo em seguida."
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Convindo lembrar que, enquanto a Lava Jato se vangloria de haver conseguido a devolução de R$ 4 BI aos cofres públicos, a CUT/DIEESE estima em R$ 172 BI as perdas infligidas ao Brasil, basicamente em face da extinção e/ou sucateamento de empreendimentos ligados ao Pré-Sal (parques petroquímicos, tecnologia/equipamentos de prospecção/extração de petróleo em águas profundas, desemprego etc).


Um Antecedente Da Lava Jato 

Por Carlos Alberto Mattos

A última fala de sua filha Mary Lou deixa claro que Mario Wallace Simonsen – Entre a Memória e a História é um filme feito para resgatar a imagem do megaempresário cujo império foi destruído pela direita logo após o golpe de 1964. Longe de ser um filme de esquerda – ao contrário, é uma história das elites –, joga luz sobre um processo de crime político e judiciário que antecipou métodos da Lava Jato para favorecer interesses estrangeiros e danificar a democracia brasileira.

O ator Bruno Perillo dramatiza a campanha do deputado Herbert Levy (UDN, Arena), ligado a Nelson Rockefeller, para criar a CPI do Café, que detonaria a implosão dos negócios de Mario Wallace Simonsen (1909-1965) sob o pretexto do combate à corrupção. Mario havia apoiado Juscelino, Lott e João Goulart, razão suficiente para os militares o terem como inimigo a ponto de agirem contra os interesses nacionais. Em seguida ao fechamento da Comal, cujas exportações de café vinham ameaçando o monopólio de Rockefeller, veio a revogação das concessões da Panair e da TV Excelsior. Dois choques que marcaram os começos da ditadura.

 No filme de Ricardo Pinto e Silva, a perseguição política só é negada pelos filhos do próprio Levy, enquanto é reafirmada em vários depoimentos, entre eles de juristas, historiadores e jornalistas como Jânio de Freitas. Mesmo tendo sido feito em 2015, o documentário sugere um paralelo óbvio com a Odebrecht e todo o patrimônio destruído por Sérgio Moro e sua gangue logo em seguida.

A atuação de MWS foi pioneira em vários campos. Lançou destemidamente o café brasileiro no mercado internacional, criou o primeiro supermercado do país (o Sirva-se), experimentou telecomunicações por sistema de micro-ondas (a Rebratel), criou o jornal A Nação (o que atraiu a oposição dos Diários Associados de Chateaubriand) e valorizou os artistas nacionais na TV Excelsior. Daí que o filme arregimenta um elenco de entrevistados que inclui astros como Bibi Ferreira e o casal Tarcísio Meira-Glória Menezes, e personalidades de várias áreas, incluindo Luiz Carlos Barreto, Alvaro de Moya, Flávio Tavares e Boni (que chama o golpe de 64 de "revolução").

Uma interessante pesquisa iconográfica ajuda a contextualizar essa história de como as estruturas de poder do Brasil atentam contra as riquezas econômicas e culturais do país, mesmo que seja contra um segmento da elite que, por alguma razão, se torna incômoda. MWS é retratado como um empresário patriota que teve um fim trágico ao fim de uma conspiração.  -  (Fonte: Boletim Carta Maior - Aqui).

>> Mario Wallace Simonsen – Entre a Memória e a História está nas plataformas Now, Looke, VivoPlay e OiPlay.

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