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"A vida dos Martins na China atravessou o período de pobreza extrema, a ascensão e decadência do maoísmo, passou pelo massacre da Praça da Paz Celestial e alcançou o sucesso chinês atual com a economia de mercado. Jaime, o único a permanecer ideologicamente fiel ao modelo, não vê contradição entre as duas fases. Ele é um personagem e tanto, coadjuvado de perto pela mulher e as filhas."
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Um gostinho dos sábados à noitinha, quando publicávamos textos sobre cinema e música...
A China Está Próxima
Por Carlos Alberto Mattos
Uma ponte de bambu, elemento tradicional da arquitetura asiática, pode denotar fragilidade e instabilidade. Na interpretação dos sonhos, pode significar que ainda não se está pronto para fazer a travessia, mas tem-se a oportunidade de crescer a ponto de fazê-la no futuro. Tudo isso ecoa simbolicamente na história contada por Marcelo Machado em A Ponte de Bambu.
O diretor, oriundo da pioneira produtora de videoarte Olhar Eletrônico e mais conhecido ultimamente pelo documentário Tropicália, voltou-se agora para a família Martins, velhos amigos através dos quais conheceu sua mulher, de origem chinesa. Jaime Martins é um adepto fervoroso do socialismo à moda chinesa desde a época da Revolução Cultural. Jornalista e radialista, foi para a China integrando um grupo de "especialistas estrangeiros" em 1962. Lá criou suas duas filhas, que hoje são intérpretes e trabalham na ponte (não de bambu) político-econômica entre o Brasil e a China.
O filme consolida imagens e relatos da longa amizade entre Machado e os Martins, convidando-os a fazerem um balanço dessa experiência inusitada. A vida dos Martins na China atravessou o período de pobreza extrema, a ascensão e decadência do maoísmo, passou pelo massacre da Praça da Paz Celestial e alcançou o sucesso chinês atual com a economia de mercado. Jaime, o único a permanecer ideologicamente fiel ao modelo, não vê contradição entre as duas fases. Ele é um personagem e tanto, coadjuvado de perto pela mulher e as filhas.
As meninas foram criadas nos rigores da Revolução Cultural, obrigadas a se vestir e se comportar como as crianças chinesas. Festas de aniversário e chicletes, por exemplo, eram abominados pelo pai como coisas de burguês. O amor e a admiração pelo país oriental, contudo, nunca arrefeceram. Entre idas e vindas, com Jaime atuando como jornalista da Radio Pequim e correspondente de jornais brasileiros, a família manteve um laço permanente com a vida chinesa.
O diretor, oriundo da pioneira produtora de videoarte Olhar Eletrônico e mais conhecido ultimamente pelo documentário Tropicália, voltou-se agora para a família Martins, velhos amigos através dos quais conheceu sua mulher, de origem chinesa. Jaime Martins é um adepto fervoroso do socialismo à moda chinesa desde a época da Revolução Cultural. Jornalista e radialista, foi para a China integrando um grupo de "especialistas estrangeiros" em 1962. Lá criou suas duas filhas, que hoje são intérpretes e trabalham na ponte (não de bambu) político-econômica entre o Brasil e a China.
O filme consolida imagens e relatos da longa amizade entre Machado e os Martins, convidando-os a fazerem um balanço dessa experiência inusitada. A vida dos Martins na China atravessou o período de pobreza extrema, a ascensão e decadência do maoísmo, passou pelo massacre da Praça da Paz Celestial e alcançou o sucesso chinês atual com a economia de mercado. Jaime, o único a permanecer ideologicamente fiel ao modelo, não vê contradição entre as duas fases. Ele é um personagem e tanto, coadjuvado de perto pela mulher e as filhas.
As meninas foram criadas nos rigores da Revolução Cultural, obrigadas a se vestir e se comportar como as crianças chinesas. Festas de aniversário e chicletes, por exemplo, eram abominados pelo pai como coisas de burguês. O amor e a admiração pelo país oriental, contudo, nunca arrefeceram. Entre idas e vindas, com Jaime atuando como jornalista da Radio Pequim e correspondente de jornais brasileiros, a família manteve um laço permanente com a vida chinesa.
A Ponte de Bambu reúne um conjunto extraordinário de cenas de arquivo da China em várias épocas e um acervo familiar único no que diz respeito a brasileiros vivendo naquele país. A narrativa, sempre atraente, só se dispersa um pouco perto do final, quando Machado abre o leque para outros filhos de estrangeiros que se reúnem em Pequim para celebrar suas memórias. Mas isso em nada compromete a excelência com que nos é apresentada essa saga familiar absolutamente singular. - (Fonte: Carta Maior - Aqui).
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