Sputnik/247: Epidemiologista alerta que com o surgimento de novas variantes do coronavírus, vacinas podem deixar de ser efetivas, o que exige maior celeridade na vacinação. Até o momento, segundo consórcio de imprensa criado para levantar número de vacinados no país, já foram aplicadas pouco mais de 3,8 milhões de doses no Brasil, o que representa apenas 1,79% da população.
De acordo com cálculo feito pelo microbiologista da Universidade de São Paulo (USP) Luiz Gustavo de Almeida, se o ritmo atual persistir, seriam necessários entre 4,5 e cinco anos para vacinar todos os brasileiros acima de 18 anos. Para imunizar 70% da população, atingindo assim a chamada imunidade de rebanho, demoraria cerca de três anos.
Segundo o epidemiologista Fernando Barros, o atual ritmo de vacinação no país deixa a desejar para imunizar 160 milhões de pessoas (número de brasileiros acima dos 18 anos, de acordo com o IBGE).
"Uma vacina com duas doses, são mais de 300 milhões de doses. E nós estamos recebendo dois milhões aqui, cinco milhões ali, não dá. Com isso não conseguimos organizar um programa de vacinação que seja efetivo e que seja rápido. Ele tem que ser rápido, senão outras variantes vão surgir e daqui a pouco não vamos ter vacinas efetivas", afirmou o professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas.
Variante da África do Sul
Segundo estudo publicado na segunda-feira (8), a vacina contra a Covid-19 da Oxford/AstraZeneca parece oferecer proteção limitada contra a variante de coronavírus identificada da África do Sul. O uso do imunizante no país foi interrompido.
Apesar do ritmo lento da vacinação, Fernando Barros afirma que é impossível fazer "qualquer projeção nesse momento" de como será o andamento do processo nos próximos meses, já que a "situação tem mudado muito rapidamente nesses últimos dois meses".
E epidemiologista aponta sinais positivos e afirma que hoje em dia "temos pelo menos sete" vacinas eficazes contra a COVID-19 no mundo. Ao mesmo tempo, pondera que o surgimento das variantes do vírus "talvez modifique o quadro da vacinação".
'Aumentar leque de opções'
Para acelerar a aplicação das doses no país, Barros aponta alguns possíveis caminhos, como, por exemplo, produzir no próprio Brasil os insumos necessários para a fabricação das vacinas, que atualmente estão sendo importados da China.
O especialista critica o fato de o Brasil estar, no momento, usando apenas duas vacinas contra o coronavírus, a CoronaVac e a de Oxford.
"Acho que a gente tinha que aumentar o leque de opções, principalmente com essa questão das variantes. Se a vacina de Oxford começa a mostrar que não é tão eficaz, como agora já provou com a variante da África do Sul, onde a eficácia é de 10%, então vamos ficar com uma vacina, que vai ser a CoronaVac. Acho que nós temos que aumentar a opção de vacinas", disse o professor.
Sputnik V, Janssen e Pfizer
Para Fernando Barros, o Brasil deveria concretizar acordos para comprar doses da Sputnik V, que demonstrou ter eficácia maior de 90%, e das vacinas da Janssen e da Pfizer.
"Acho que teríamos que comprar a vacina da Janssen de uma vez, em grande quantidade, é dose única", afirmou o epidemiologista, lembrando que ela foi testada no Brasil e "pode ser facilmente aprovada pela Anvisa". Além disso, Barros ressalta que o imunizante pode ser guardado em "geladeira comum".
"Eu também compraria a vacina da Pfizer, com certeza, mesmo com o ultrafreezer sendo necessário, porque é uma vacina muito eficaz. De todas elas, a mais eficaz, tem mostrado que funciona bem com essas variantes, não sei ainda com a variante de Manaus, mas a outras sim", explicou.
Na última sexta-feira (5), o Ministério da Saúde anunciou a intenção de comprar dez milhões de doses da vacina russa Sputnik V. A aquisição ainda depende da aprovação do uso emergencial pela Anvisa.
"Acho que essas três vacinas nós teríamos que comprar. Nós não podemos ficar dependendo somente de duas vacinas para todo programa nacional de imunização", disse Fernando Barros. - (Aqui).
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