domingo, 28 de fevereiro de 2021

ELES DISSERAM E/OU CANTARAM

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(28.02)


.Hamilton de Holanda:
O Melhor Choro De Todos Os
Tempos - (Curiosidades) ............................ Aqui.
................
.The Critters:
"Mr. Dieingly Sad" - (1965) ....................... Aqui.
"Younger Girl" ............................................ Aqui.
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.Peter And Gordon:
"I Go To Pieces" .......................................... Aqui.


.TV 247 - Breno Altman:
Um papo com Reinaldo Azevedo ................ Aqui.

.DCM - Superlive de Domingo:
Desolado, deputado Daniel Silveira
admite que foi 'boi de piranha' .................... Aqui.

.Boa Noite 247:
Semana de guerra entre Bolsonaro
e governadores ............................................. Aqui.

.Aquias Santarem - Critica Brasil:
Bolsonaro posta vídeo e 
enfurece até aliados ..................................... Aqui.

.Paulo A Castro:
Uma avaliação sobre Bolsonaro .................. Aqui.
Ministro Gilmar prepara a Lava Jato
da Lava Jato de Moro e Deltan .................... Aqui.

................
.Enigmas e Mistérios:
3 casos de contatos ....................................... Aqui.

COVID19 - QUARENTENA BRASIL: HAJA PACIÊNCIA!

                     (E Após A Longa Espera...
                     2ª Dose da Coronavac Só 3 Meses Após A 1ª)

J Bosco. 

PAÍSES 'REBELDES' ESTÃO SENDO PROCESSADOS POR TENTAR SALVAR O PLANETA!

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Trechos de Mensagem da Avaaz: Mobilização Contra Empresas Estimuladoras da Exploração de Combustíveis Fósseis:


Enquanto muitos países finalmente estão agindo para deter as mudanças climáticas e proteger o planeta, 
empresas gigantes de combustíveis fósseis estão processando governos em bilhões de dólares.

Tudo isso acontece por conta de um certo tratado internacional do qual quase ninguém ouviu falar: o Tratado da Carta da Energia.

Este tratado foi criado para incentivar empresas de energia a investirem em economias em desenvolvimento. No entanto, ele agora está sendo utilizado como uma arma para processar os países que tentam desativar usinas de carvão e plataformas petrolíferas, prejudicando a transição para uma energia 100% limpa. As empresas já ganharam mais de 50 bilhões de dólares (dinheiro de contribuintes!) e cada vez mais países estão caindo nessa armadilha.

Mas finalmente, há um plano para dar um basta nisso. A Itália já se retirou do Tratado e agora a França, a Espanha e outros países estão pedindo que o tratado seja revogado. Se nós apoiarmos esse apelo com uma poderosa petição de 1 milhão de assinaturas, isso poderia impulsionar uma forte revolta nas negociações importantes que acontecerão na terça-feira. Essa é nossa chance de garantir que ninguém seja processado por agir contra as mudanças climáticas. 

O combate às mudanças climáticas é a luta de nossas vidas. Mas agora os ventos estão a nosso favor e, pouco a pouco, nosso movimento está derrubando os sistemas que estão levando nosso planeta ao limite. As ações que tomamos hoje ecoarão através das gerações futuras. Para nossos filhos, para as florestas, para os oceanos e para tudo que nos interessa, não podemos parar agora, e não o faremos. 
-  (Clique AQUI para assinar a petição).

TRAGIC CARTOON


Amarildo
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.Bom Dia 247 (28.02) - Attuch / Vianna / Florestan:
Lula cresce, e Ciro ameaça ir para Paris em 2022 .............. Aqui.

A FÉ É UMA BOMBA SEMIÓTICA DA GUERRA HÍBRIDA NA SÉRIE MESSIAH

"A presença na série de referências ao livro 'O Choque das Civilizações', do historiador norte-americano Samuel P. Huntington (obra que serviu de base para a agenda da guerra ao terrorismo internacional do governo Bush em diante) corrobora com essa crítica"


Por Wilson Ferreira

Certamente a série “Messiah” (2020), produção original da Netflix, é uma das produções audiovisuais recentes que melhor detalha o fenômeno de psicologia de massas de como fé, religião e propaganda podem intencionalmente convergir numa bomba semiótica capaz de aglutinar as dores individuais em um denominador comum, criando um sentido coletivo: o acontecimento comunicacional. Surge um homem misterioso em pleno ataque do Estado Islâmico na Síria, que as pessoas acreditam ser o verdadeiro Messias. Ganha as manchetes internacionais para reaparecer nos EUA e provocar comoção cultural e política. Uma farsa? Um terrorista cultural? Mas se for verdade, é um Messias do quê? Católicos, Evangélicos, Muçulmanos, Judeus, CIA, FBI, governos de Israel, EUA, Estado Islâmico, Hamas, cada qual cria interpretações numa espiral alucinante. Provocando polarização, confusão e caos político e social. Os reais objetivos de uma Guerra Híbrida. Mas de quem? Da Rússia? De algum trabalho interno do próprio governo norte-americano? Ou será mesmo o final dos tempos?

Em postagens anteriores esse Cinegnose vem listando uma série de técnicas de manipulação de opinião pública, a caixa de ferramentas da montagem das bombas semióticas que impactam uma sociedade: “As 10 técnicas do kit semiótico de manipulação das multidões”, “Cinco novas ferramentas semióticas de manipulação em tempos de paz de cemitério”“Dez sinais de que você participa de uma seita”.

Todo esse arsenal de ferramentas baseia-se de uma única tese que salta das páginas do texto de Freud “Psicologia de Massas e Análise do Ego”, de 1921: mais do que a morte, o que a espécie humana mais teme é a solidão. Os indivíduos permanecem unidos em uma sociedade não por um poder hipnótico de um líder ou por uma perfeita maquinação propagandística que atua sobre uma massa amorfa e passiva de indivíduos. Mas por “amor a eles”, aos outros que formam a massa ou um grupo.

Para fugir da solidão aderimos àquilo que achamos que a maioria está pensando ou agindo. Isso se chama “opinião pública”, que pesquisadores como a cientista política alemã Elisabeth Noelle-Neumann definiu como “espiral do silêncio”: se um indivíduo acredita que sua opinião conflita com uma suposta maioria, ou fica em silêncio ou adere à “maioria”. Nas duas opções está presente o medo da solidão, de ser excluído do convívio com os outros. É o que Freud chamava de “amor a eles”.

A força ou efeito das bombas semióticas partem desse princípio único da psicologia de massas. Por isso conceitos tão díspares como “fé”, “religião”, “propaganda” abraçaram-se de forma tão fascinante no século XX porque viraram acontecimentos comunicacionais: o momento do encontro de uma narrativa midiática (informação, entretenimento etc.) com a jornada pessoal de um espectador. O momento em que, no meio do caos de imagens, sinalizações e discursos, emerge um “sentido”: quando a dor pessoal encontra em uma bomba semiótica um significante, um sentido, um suporte para expressar algum ponto da jornada pessoal de alguém.  

Transforma-se em algo parecido com a redução de frações ao mesmo denominador em Matemática: é como se inúmeras frações de trajetórias individuais encontrassem uma mesma quantidade. E lembre-se: “na multidão, todos nós nos sentimos mal amados”, como o Theodor Adorno traduzia a tese do “mal-estar da cultura” descrita por Freud.

Certamente a série Messiah (2020), produção original da Netflix, é uma das produções audiovisuais recentes que melhor detalha esse fenômeno de psicologia de massas: como fé, religião e propaganda podem intencionalmente convergir numa bomba semiótica que aglutina as dores individuais em um novo denominador – “sentido”. Quando esse sentido se transforma em informação, temos então o “acontecimento comunicacional”.

 O que aconteceria se o Messias retornasse à Terra? Quem é ele: Jesus? O Iman? Um Avatar? Profeta? O próprio Deus? Messiah é uma série de dez episódios nessa primeira temporada sobre o surgimento de um homem misterioso que as pessoas começam a acreditar ser o verdadeiro Messias em sua segunda vinda. 

Mas Messias do quê? Qual o seu “Plano”? Do quê ele fala? Católicos, Evangélicos, Muçulmanos, Judeus, CIA, FBI, governos de Israel, EUA, Estado Islâmico, Hamas, cada qual cria suas interpretações numa espiral alucinada. E, claro, isso produzirá polarização, conflitos e caos. Enquanto para a maioria silenciosa, o Messias é a resposta para a dor e a solidão para as quais a jornada de cada um conduziu.

Em Messiah vemos didaticamente narrados como funcionam as bombas semióticas em uma ação de guerra híbrida.




A Série

Um jovem não identificado, pequeno e magro, mas com longos cabelos negros, barba, um olhar penetrante e discurso messiânico, surge do nada na cidade de Damasco na iminência de mais um ataque do Estado Islâmico. Ele prega em uma praça em meio a tiros e explosões, até que ocorre um aparente milagre: surge uma colossal tempestade de areia que durará dias, soterrando as posições do Estado Islâmico que acabou abandonando a cidade.

O “milagre” se espalha e a desconhecida figura é chamada de Al-Masih (Mehdi Dehbi). Ele então lidera um grupo de milhares de seguidores aa cruzar o deserto até a fronteira de Israel onde resolvem acampar em silêncio. Isso provoca uma inevitável tensão política na região, alcançando o noticiário internacional.

Consequentemente, Al-Masih é feito prisioneiro pelo investigador israelense totalmente agnóstico chamado Aviram (Tomer Sisley), com a missão de interrogá-lo. Então, Aviram conhecerá as novas qualidades do “Messias”: hábil conhecedor das fraquezas e pecados humanos, encontra um ponto fraco em Aviram: a execução de uma criança em uma ação passada na cidade de Megido). 

Corroído pela culpa (divorciado tenta se reconectar com sua pequena filha), vê Al-Masih simplesmente desaparecer da cela em que estava prisioneiro – nem as câmeras de segurança registraram a fuga. Seria o segundo milagre?

Inexplicavelmente, Al-Masih reaparece algumas horas depois na pequena cidade de Dilley, Texas (EUA) em meio a uma crise catastrófica: um tornado está cruzando a cidade. Ele salva a filha adolescente de um pastor evangélico chamado Felix (John Ortiz) – ela tentava fugir de casa para longe dos dramas familiares.



Felix começa a duvidar do seu papel como ministro de um rebanho em declínio, endividado e a igreja em crise financeira. Sua esposa Anna (Melinda Hamilton) tornou-se alcoólatra e espera que seu pai, um televangelista de sucesso (Beau Bridges), dê uma ajuda financeira a um arredio Felix – ele estava à beira de queimar a própria igreja, até o tornado interromper seus planos.

A chegada salvadora de Al-Masih é vista por Felix como um milagre – a sua igreja foi a única estrutura que ficou em pé. As notícias repercutem na grande mídia americana, tornando as ruínas de Dilley a meca de romeiros, crentes, místicos new ages, hippies, desenganados pela medicina e toda sorte de pessoas à espera de alguma cura para seus próprios infernos pessoais. Todos à espera de alguma promessa de redenção de Al-Masih. Sempre silencioso, enigmático, com um discurso lacônico que mais joga perguntas do que dá respostas

Ou seja, depois de Al-Masih deixar uma crise política no Oriente Médio, reaparece nos EUA para criar mais conflitos e polarizações – se para a maioria silenciosa Al-Masih é a esperança, para as Igrejas desperta desconfiança. E também para a CIA.

Liderando a força tarefa para desmascarar Al-Masih como um terrorista cultural, está Eva Geller (Michelle Monaghan), ela própria também com seu próprio inferno: doente e solitária, vive uma relação tensa com seu velho pai (agente aposentado da CIA) – Eva acusa seu pai de displicência e de tê-la tornado pragmática e egoísta. Assim como ele desprezou sua própria mãe.



Depois disso, o Messias se transforma em uma situação sócio-política, elevando a paranoia ao nível de Estado e com as redes sociais incluídos na mistura – Al Masih é particularmente interessado no Instagram, selecionando suas próprias fotos que serão postados no perfil da filha de Felix. 

Alguns acreditam no messias, alguns querem acreditar nele, enquanto outros estão simplesmente amargurados com a aleatoriedade de tudo. Deus poderia simplesmente entrar em sua vida, sem premonição ou o céu ficando vermelho ou algum evento inarticulado ou absurdo? Al-Masih não afirma ser Deus, mas seu 'mensageiro'. Ele exibe uma aparente coleção de milagres: tempestades de areia, salvar uma igreja e a filha do pastor de um tornado e até uma controversa caminhada sobre as águas diante do Washington Monument. 

Não responde a nenhuma provocação. Judaísmo, Catolicismo ou Islã, Al-Massih convida todos a sentarem na mesma mesa em um ambiente multicultural. Em uma cena, Geller diz a Aviram: “O que era Jesus, afinal? Apenas um político populista ressentido com o Império Romano”.

Quando Al-Masih chega a Washington, ele propõe um novo caminho para a 'paz mundial', uma espécie de destilação ecumênica de todas as religiões populares. Geller, por outro lado, continua sua missão de desmascarar o que ela acredita ser uma fraude com a sinistra missão de 'ruptura social' em sua mente. Principalmente quando o presidente, atingido em suas crenças religiosas particulares, cogita em retirar todas as forças americanas da Europa Ocidental e Oriente Médio. Então, entrará em cena o Deep State para anular Al-Masih.

Acontecimento Comunicacional

Apesar de sua barba jesuíta e comportamento pastoral, Al-Masih usa moletons Nike, agasalhos Adidas e andar numa esteira de academia de ginástica como qualquer outro ser humano. Entre os controversos milagres e a banalidade de sua rotina diária, a série transforma o suposto Messias em um personagem verdadeiramente misterioso, cuja sabedoria não é sobrenatural nem religiosamente específica. Como se a nova era messiânica fosse secular e, portanto, suspeita, talvez até inaceitável para um mundo dividido pela religião.



O fenômeno Al-Masih surge naquilo que o pesquisador Ciro Marcondes Filho chamada de “contínuo midiático atmosférico”: esta realidade medial, um meio indistinto, disperso como uma neblina, um “espaço-entre” que permeia ou liga indivíduos, grupos, classes sociais, categoria profissionais, grupos de pressão etc.

Assim como o misterioso entrelaçamento quântico das ações de micropartículas à distância, também o campo perceptivo é formado por um vazio entre coisasque podem ser momentaneamente entrelaçadas por algum elemento incorpóreo.

E como se os sinais (bombardeio constante de signos pelo entretenimento, noticiários, publicidade etc.) de repente adquirissem sentido, consonância: na esfera dos grupos religiosos ou políticos cria polarizações. E na esfera das massas, da maioria silenciosa, os sinais viram informação: ganham sentido porque de alguma forma vai dar um significado para dúvidas, tormentos, dor ou esperança de cada um.

Em Messiah é visível como o evento Al-Massih adquiriu um sentido para jornadas pessoais tão dispares: Eva e a incomunicabilidade com seu pai; a culpa de Aviram deixada em Megido; a fé abalada de Felix diante da família que se desfaz, e assim por diante. Todos encontram naquele personagem desconhecido explicações ou a esperança delas. Creem através dele na existência de um Plano Maior.

Sinais ganham sentido e se transformam em informação: esse é o acontecimento comunicacional. Toda bomba semiótica que explode nesse contínuo atmosférico midiático. 

A série foi chamada de anti-islâmica e orientalista, e não se pode deixar de imaginar como a mesma história teria sido contada se Al-Masih aparecesse primeiro na Califórnia ou em algum lugar dos Estados Unidos. Não, ele surge no Oriente Médio e há fortes suspeitas de que conexões russas cederam o avião para Al-Massih chegar em questão de horas nos EUA.

A presença na série de referências ao livro “O Choque das Civilizações”, do historiador norte-americano Samuel P. Huntington (obra que serviu de base para a agenda da guerra ao terrorismo internacional do governo Bush em diante) corrobora com essa crítica.

O que vemos em Messiah é a “guerra cultural” promovida pelas guerras híbridas: como provocar conflitos, polarizações e caos em um país até chegar às instituições e ao Estado. 

Porém, para a série, guerras assimétricas sempre vêm de fora, dos tradicionais RAVs – russos, árabes e vilões em geral contra o mundo livre Ocidental. Do ponto de vista americano, a série é uma meta-guerra: transformar em drama ficcional a própria aplicação das bombas semióticas e guerras híbridas criadas pela geopolítica norte-americana.  -  (Cinegnose - Aqui).


Ficha Técnica 

Título: Messiah (série)

CriadorMichael Petroni

Roteiro: Michael Petroni, Michael Bond 

Elenco: Michelle Monaghan, Mehdi Dehbi, John Ortiz, Tomer Sisley, Melinda Hamilton

Produção: Industry Entertainment

Distribuição:  Netflix

Ano: 2020

País: EUA

 

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Muito além da exploração da fé no documentário “O Capital da Fé”



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sábado, 27 de fevereiro de 2021

ELES DISSERAM E/OU CANTARAM

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(27.02)


.New Orleans Jazz:
Armstrong, Bechet, Original
Dixieland Jazz Band .............................. Aqui
................
.Elio Pace:
"Ain't No Pleasing You" ......................... Aqui.
"Pround Mary" ....................................... Aqui.
"Bossa Nova Baby" ................................ Aqui.


.Alô, Ciência!:
Como se preparar para a terceira onda,
segundo Isaac Schrarstzhaupt, Cientista
de Dados da Rede Análise Covid-19 ....... Aqui.
................

.DCM - Live de Sábado:
Ciro Gomes decide que sua tarefa é
derrotar o PT no 1º Turno ....................... Aqui.

.Boa Noite 247:
Sobre Ciro Gomes e sua 'missão' ............. Aqui.

................
.TV Cultural - Chico Museu:
Uma padaria no meio da simplicidade ... Aqui.
Colhendo goiaba com a Toinha ............... Aqui.

UMA CRÔNICA EM MEIO A RELAÇÕES TÓXICAS NA BASE E NA CÚPULA


"
Estou voltando da praia, pra onde não ia havia mais de dois anos, em um ônibus lotado. Cinquenta pessoas, quase todas com máscara, metade sem baixar o plástico que nos separa. Botaram esses plásticos nos ônibus agora, separando as poltronas. Mas se não baixamos todos e abotoamos uns aos outros, eles ficam pendurados, balançando como cortina de banheiro velho que mal contém os respingos da água no chão. 

A moça da frente fala no celular o tempo todo. Sem máscara. Trabalhando. Pergunto se pode por a máscara, por favor.   

– “Até posso”.

Foi na rodoviária de Caraguá que o ônibus lotou, depois de me dar alguma esperança de uma viagem razoavelmente segura na pandemia. Deve ter sido por causa do assento, ainda vazio, ao meu lado. Ou do plástico.

Vulnerável. Vulnerável como uma mulher que acaba de apanhar, sabe? Uma bofetada, um pé no ouvido, um empurrão no chão quando arruma a mala… Vulnerável como alguém que saiu de casa de madrugada, chovendo na estrada. O ar, que já faltava, não vem mais, a garganta seca, o olho derruba água. Vulneráveis todos, integridade física ameaçada, emocional escangalhada.   

Penso em como vim parar aqui e me encolho. O plano de viagem parecia tão razoável. Pra quem depende de transporte público, não tem casa na praia ou interior, salário pra pagar hospedagem, não existem pequenos escapes. A pandemia só pode ser vivida intensamente. E é assim que tem sido há um ano. Marido, filho, trabalho às vezes sim, às vezes não, tudo junto, misturado, sufocado.    

Até que o convite pra um fim de semana prolongado na praia chegou na hora certa. Na ida, poderia usar o aplicativo de ônibus, que informa o número total de reservas. E o Buser cobra metade do preço da passagem. Ou seja, se lotasse na última hora, o que àquela hora já parecia improvável, poderia desistir sem tanta sofrência. Pra voltar, tinha carona confirmada da amiga, dona da casa onde ficaria.    

Sábado, ela resolveu receber mais pessoas para dormir em sua casa: cinco. Me fechei no quarto pra evitar contato. Assunto encerrado.    

Mais uma noite, a treta engasgada e empanada num peixe com fritas brota à mesa do restaurante. Voltamos pra casa, peço pra deixar o caldo da polêmica pra outro dia, ganho uma bofetada. Um amigo e um conhecido dela que estavam junto ignoram a cena. Pergunto se fariam o mesmo se fosse um homem me batendo. Mais uma bofetada estala no meu ouvido e uma ameaça: “se quiser ficar aqui, fica de boca calada, não dá um pio.” Vou arrumar a mala agachada e a “miga” surge pelas costas e me empurra pro chão.   

Saio da casa para ir ao encontro deles, ela vem atrás, outro tapa. O guarda do condomínio de luxo se aproxima e me orienta a chamar um Uber e procurar uma pousada 24 horas numa praia próxima.    

Volto para buscar a mala. Os presentes riem e desfrutam de um Brasil distópico onde a diferença é resolvida na força bruta. Estamos em 2021 e mulher ainda derruba mulher. Quantos discursos sobre sororidade acabam quando há relações de poder envolvidas?    

Há alguns dias, escrevia sobre a intolerância no BBB21. Intolerância entre iguais carregadas de opressão. Quase 12 horas depois de agredida, acuada e expulsa, estou num ônibus lotado, voltando pra minha casa.  

Fotografo o caos. A moça, dessa vez, diz que não põe a máscara enquanto não terminar de alimentar a filha, que não vai descer o tal plástico e que não posso gravar seu rosto.   Entre mim, ela, a filha e o homem que respira a 50 cm da minha cara, há uma pandemia, pessoas mortas. Milhões de pessoas mortas, outras tantas pessoas mortas por dentro. Mortas ao aceitarem um, dois, três tapas na cara sem poder descer do ônibus. Mortas ao se acostumaram com situações que não podem mudar.   

– Não é vídeo, estou fotografando a lotação do ônibus, nada pessoal – respondo. 
– Tem um policial no ônibus, chama ele – diz ela.   

Entre mim, ela, a filha e o homem que respira a 50 cm da minha cara, há uma pandemia, pessoas mortas. Milhões de pessoas mortas, outras tantas pessoas mortas por dentro. Mortas ao aceitarem um, dois, três tapas na cara sem poder descer do ônibus. Mortas ao se acostumaram com situações que não podem mudar.   

– Não vai adiantar nada reclamar na rodoviária – a moça resmunga.

Queria acreditar que um banho de álcool gel, as mãos concentradas nesse teclado pra não limpar os olhos, coçar o nariz, vão me manter segura. Só penso em abraçar meu filho e meu marido, aquele com quem estou confinada há um ano, de quem precisava, só por dois ou três dias, não ver a fuça. Aquele que está comigo há quase 15 anos de muita treta e quilômetros infinitos de desentendimentos, sim, mas comigo e não contra mim.    

Um homem largo ao lado, uma mulher folgada à frente respiram a menos de um metro. Penso nas mulheres que sofrem com a violência de seus parceiros, dia sim, dia não, sem ter pra onde ir. Todas as mortes me agulham.    

Não sou amarga. Acredito na felicidade e sonho com dias bonitos. Só não conheço praia, cerveja, trilha na mata, peixe frito ou assado, riso alto escancarado que valham a pena, se não forem junto de quem nos respeita e protege.    

Já em São Paulo, disparo pelo Tietê. A moça, com sua filhinha, segura a porta daquele elevador grandão e vazio pra mim. Pensava em descer pelas escadas, entro. Vivendo e aprendendo a fugir de governos e relações tóxicas. E a reconhecer quem, podres poderes abaixo, é igual no lugar pequeno que o mundo quer nos reservar nesse momento."


(Por Paula Vianna, jornalista cultural, crônica intitulada "Um Verão Pra Fugir de Governos e Relações Tóxicas", publicada originalmente em 25.02 no Diário do Centro do Mundo  Aqui).  

FOLHA ABANDONA MORO E DIZ PELA PRIMEIRA VEZ QUE O EX-JUIZ É SUSPEITO NO CASO LULA

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Ecos das "estarrecedoras revelações sobre a Lava Jato feitas por Walter Delgatti."


No 247:
O jornal Folha de S. Paulo, que representa os interesses da classe dominante no Brasil, decidiu abandonar o ex-ministro Sérgio Moro e, pela primeira vez, apoiar a sua suspeição no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O motivo: as estarrecedoras revelações sobre a Lava Jato feitas por Walter Delgatti.

"Desde que vieram a público, em junho de 2019, os primeiros vazamentos de conversas entre investigadores da Lava Jato e o então juiz Sergio Moro, ficou evidente que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não teve um julgamento imparcial no caso do famigerado apartamento de Guarujá (SP). As gravações mostraram uma proximidade inaceitável entre magistrado e acusadores, o que é razão suficiente para a suspeição", aponta o editorial deste sábado.

O jornal também condena as posturas de Deltan Dallagnol e (delegada) Érika Marena. "Por decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, colocou-se o material à disposição dos advogados de Lula. À medida que mais mensagens vão sendo examinadas, mais heterodoxias vão sendo descobertas. É particularmente chocante o diálogo entre dois procuradores debatendo o que devem fazer diante da informação de que uma delegada da Polícia Federal havia lavrado termo de depoimento de testemunha que não fora ouvida", aponta o texto.  -  (Aqui). 

................
Nada a destacar, além do fato em si, ou seja, de a Folha reconhecer, em editorial, as ilegalidades praticadas pelo ex-juiz e força-tarefa, implodindo o pífio argumento (desmontado pelo ministro Lewandowski) dos principais protagonistas, Moro e Dallagnol, consistente em que o monumental rol de mensagens hackeadas pode ter sido manipulado por Delgatti e parceiros. 
Merece registro, também, o estilo Folha de redação: em lugar de "ilegalidades flagrantes", "heterodoxias", em vez de "depoimento forjado", "termo de depoimento de testemunha que não fora ouvida".

NONSENSE CARTOON


Thiago. 
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.Bom Dia 247 (27.02) - Attuch & Joaquim de Carvalho:
Comentando notícias do dia + Delgatti ................................ Aqui.

COM AVANÇO DA COVID-19, GOVERNO DO PIAUÍ AUMENTA RESTRIÇÕES NO ESTADO

                                                                                                           

No 247
O governo do Piauí publicou um decreto aumentando as medidas restritivas ao funcionamento do comércio e shoppings, nesta sexta-feira, 26, diante da escalada de casos de Covid-19 no estado. Ele também suspendeu festas e eventos e impôs lockdown aos finais de semana, com toque de recolher de 23h às 5h.     

A ocupação de leitos estaduais de UTI estava em 76% - 80% apenas na capital, Teresina. Com os anúncios dos sistemas de saúde à beira do colapso nos estados Sul e no Sudeste (principalmente em São Paulo), o governo do Piauí justificou as maiores restrições para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus.

“A taxa de ocupação dos leitos é altíssima, preocupa, mas a principal dificuldade neste momento é que as empresas não estão com capacidade de produção de alguns bloqueadores neuromusculares, que são usados na anestesia a pacientes entubados e estamos com restrição de medicamentos”, disse o presidente da Fundação Municipal de Saúde de Teresina, Gilberto Albuquerque, ao Estado de S.Paulo.    

No Brasil, na quinta-feira, 25, foi registrado o pior dia da pandemia desde seu início. Em 24 horas, o País registrou 1.582 óbitos, batendo o recorde desde o início da pandemia, segundo os dados do consórcio de veículos da imprensa. Até então, o recorde havia sido em julho, quando foram registrados 1.554 óbitos. (...).  -  (Para continuar a leitura, clique Aqui).

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A TV Clube, afiliada da Globo, mostrou pequenos comerciantes desta Capital se lamentando da crise brutal. No caso específico de Teresina, a agravante é a greve dos transportes coletivos, que se arrasta há dias. O Governo do Estado está oferecendo ajuda financeira (pequeníssima e de modesto alcance) para famílias carentes, visto que o fim do auxílio emergencial de R$ 600,00 + a já mencionada greve dos motoristas de ônibus, o desemprego e a pandemia estão formando a tempestade perfeita.

.Além de cuidar dos assuntos atinentes ao estado do Piauí, o governador Wellington Dias vem atuando como coordenador do Consórcio de Governadores do Nordeste, cujo núcleo científico até há pouco vinha sendo liderado pelo neurocientista (potiguar) Miguel Nicolelis, que, supomos, dele se afastou em face de os estados nordestinos (e certamente os demais) haverem descartado o lockdown amplo e geral, única alternativa, segundo ele, capaz de impedir que a pandemia comprometa até mesmo o Carnaval de 2022 (sobre Nicolelis
, este Blog publicou o post "Covid-19: Neurocientista Miguel Nicolelis Deixa o Comitê de Cientistas do Nordeste" - Aqui). Parece sensato dizer que as repercussões econômicas negativas constituíram o fator preponderante para o descarte da opção sugerida por Nicolelis.
.Isto posto, resta-nos torcer pelo sucesso das iniciativas do Governador - bem como reforçar a máxima em voga: "Isolar-se, se possível, lavar as mãos frequentemente e, claro, usar máscaras" - não obstante a ação perniciosa de figurinhas e figurões negacionistas deste País.