.No finalzinho de 2020, a direção da Ford registrou, no órgão competente em São Paulo, a decisão oficial sobre o encerramento de suas atividades na América Latina. Eis que nesta data a notícia estoura na mídia. Só no complexo de Camaçari, na Bahia, serão 10 mil baixas (empregos diretos/imdiretos. Definitivamente, uma contundente mostra do que teremos em 2021. / Essa dessintonia entre declarações e realidade explica o paradoxo refletido em muitas reportagens, segundo as quais, apesar da suposta recuperação em V do setor, ele continua reclamando ações do governo.
Por Luis Nassif
A economia é muito propensa ao autoengano. A necessidade de gerar notícias positivas, muitas vezes, acaba distorcendo a realidade. É o caso dos resultados da indústria automobilística, que foram apresentados, em alguns veículos, como recuperação em V.
Se se analisar apenas o mês de dezembro, nota-se um aumento da produção em relação a 6 e 12 meses atrás. O mesmo acontecendo em relação às exportações.
Mas quando se usa a média do acumulado de 12 meses, o quadro muda de figura. A produção de veículos é 12,44% inferior ao acumulado até junho – apesar da paralisação total no início da pandemia. E 34,47% abaixo do acumulado de 12 meses atrás.
As linhas de tendência não apontam nenhum sinal consistente de recuperação. De abril para cá, a produção acumulada de 12 meses caiu de 2,5 milhão para 1,5 milhão.
Aparentemente passou a reverter a queda registrada. Mas mesmo com a alta, de outubro para cá, percentualmente ainda está abaixo de zero. Ou seja, continua em queda.
Já as exportações, na curva de 3 meses, mostram crescimento um pouco acima de zero, mas depois de quedas acentuadas.
Usando dezembro de 2018 como base 100, todos os indicadores estão sensivelmente abaixo.
Com o boom do agronegócios, a produção de caminhões poderia ter sido beneficiada.
De fato, aumentou o licenciamento interno em relação a dezembro de 2018, embora abaixo de dezembro de 2019. No entanto, a produção ficou 24,79% abaixo no período. O licenciamento nacional cresceu devido à redução no licenciamento de importados.
Essa dissintonia entre declarações e realidade explica o paradoxo refletido em muitas reportagens, segundo as quais, apesar da suposta recuperação em V do setor, ele continua reclamando ações do governo.
Some-se à queda de vendas os problemas encontrados nos insumos, e se terá um desenho nada otimista do setor para 2021. -- (Fonte: Jornal GGN - Aqui -, onde estão disponibilizados gráficos e planilhas demonstradores do desempenho do setor automobilístico).
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