No documento, os infectologistas recomendam que os médicos não prescrevam o uso de cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida. Essa abordagem terapêutica, defendida de maneira ferrenha por Jair Bolsonaro e seus seguidores, não trazem benefícios ao tratamento das pessoas com covid-19. A lista inclui ainda tratamentos a base de corticoides, zinco, vitaminas, anticoagulante, ozônio por via retal e dióxido de cloro.
“Os estudos clínicos randomizados com grupo controle existentes até o momento não mostraram benefício e, além disso, alguns destes medicamentos podem causar efeitos colaterais. Ou seja, não existe comprovação científica de que esses medicamentos sejam eficazes contra a covid-19”, diz trecho das recomendações.
Protocolo da cloroquina
No âmbito do Inquérito Civil nº 1.18.000.000947/2020-82, aberto no mesmo dia da publicação do documento da SBI, o procurador pede cópia de documentos que atestem a prerrogativa da entidade de emitir posicionamentos, bem como de estudos que respaldem a recomendação de antitérmicos e analgésicos. Além disso, questiona a entidade científica quanto ao conhecimento da Nota Técnica 17 do Ministério da Saúde, de agosto passado, que institui protocolo para uso da cloroquina. E se os estudos mencionados na nota não são considerados pelos infectologistas.
(A Ministra Damares com o procurador Ailton B. de Souza)
Souza pede ainda declaração de ausência de conflito de interesse do presidente e diretoria da entidade com empresas que estão desenvolvendo, produzindo ou comercializando medicamentos, vacinas, insumos e equipamentos destinados ao enfrentamento da pandemia.
Procurada pela reportagem, a Sociedade Brasileira de Infectologia não se manifestou. Por meio de sua assessoria de imprensa, informou que está tomando todas as medidas jurídicas cabíveis.
Endossado por Bolsonaro
Ailton Benedito de Souza é o mesmo procurador que em maio assinou recomendação do MPF aos governos do Estado de Goiás e de 119 municípios goianos para a adoção do chamado tratamento precoce da covid-19.
Em agosto, ele foi rejeitado pelo Conselho Superior do Ministério Público para uma cadeira na Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Seu nome havia sido indicado pela ministra Damares Alves, chefe da pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e endossado por Bolsonaro. No entanto, foi rejeitado por Deborah Duprat, então na Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC). - (Aqui).
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