Carta de médicos brasileiros à revista THE LANCET:
Resposta COVID-19 do Brasil
Por Mauro RN Pontes e Julio Pereira Lima
Foi decepcionante ler o Editorial sobre a resposta do Brasil ao COVID-19, criticando o presidente brasileiro que “desencorajou [ed] as medidas sensatas de distanciamento físico e bloqueio”. Sim, ele insistiu que o bloqueio é ineficaz e terrível para a economia.
As evidências sugerem que ele estava certo. Um estudo europeu concluiu que o bloqueio pode não ter salvado vidas.
Um estudo brasileiro descobriu que um aumento de 1,0% na taxa de desemprego estava associado a um aumento de 0,5% na mortalidade por todas as causas.
A taxa de desemprego esperada (23%) causaria 120 mil mortes no Brasil, segundo projeções dos autores.
Portanto, o governo brasileiro implementou medidas de proteção; distribuiu US $ 5,6 bilhões às cidades, estados e diretamente à população por meio de um salário de salvamento de emergência; criaram leitos para unidades de terapia intensiva; e entregou equipamentos de proteção e ventiladores. Esta resposta mostra um “vácuo de ações políticas”?
Até o momento, o Brasil está se saindo melhor do que o Reino Unido em resposta à pandemia COVID-19. Os casos, óbitos e taxas de letalidade do COVID-19 ajustados pela população são muito mais elevados no Reino Unido do que no Brasil. O Lancet deveria criticar seu próprio país, antes de criticar o nosso.
Sentimos que o preconceito abundou durante a editoria de Richard Horton, incluindo o imbróglio da vacina MMR (colocando a vida das crianças em risco) e a correspondência incendiária sobre a situação em Gaza.
O Lancet elogiou a resposta chinesa à pandemia de COVID-19, mesmo depois que a China foi acusada de encobrir a propagação inicial e a transmissão de humano para humano de COVID-19. O Lancet foi mais duro com o Brasil, sugerindo que deveríamos expulsar o presidente de sua cadeira.
Desconsideramos seu editorial desinformativo, que sentimos ser claramente tendencioso contra nosso governo de direita. Infelizmente, The Lancet não publicou nada contra o governo de esquerda brasileiro, que priorizou estádios de futebol em vez de hospitais.
Como médicos brasileiros, damos a vocês uma resposta clara: o Editor do The Lancet deve abandonar o viés político, se retratar do Editorial, e focar na ciência, ou então ele “deve ser o próximo a ir”.
Supporters: Prof Tulio M. Graziottin, MD, PhD Prof Florentino Mendes, MD, PhD Profa Julia Pereira Lima, MD, PhD Prof Sergio Zylberstein, MD, MSc Prof Newton Aerts, MD, PhD Profa Leticia Pires, MD, PhD Profa Tatiana Tourinho, MD, PhD Prof Nilon Erling Jr, MD, PhD Prof Renato A. K. Kalil, MD, PhD, FACC, FAHA Prof Nicolino Cesar Rosito, MD, Me, PhD Prof José Artur Sampaio, MD, PhD Profa Cristiane Kopacek, MD, PhD Prof Claudio Telöken, MD, PhD Prof Paulo R. O. Fontes, MD, PhD Profa Mirela Foresti Jimenez, MD, PhD Prof Fabio Luiz Waechter, MD, PhD Profa Arlete Hilbig, MD, PhD Profa Marlise de C. Ribeiro, MD, PhD Profa Leticia Viçosa, MD, PhD Profa Raquel Dibi, MD, PhD Profa Lenara Golbert, MD, PhD
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Ao que o site Diário do Centro do Mundo (Aqui) reagiu:
Numa carta publicada pela revista The Lancet, médicos bolsonaristas defendem as ações desastrosas do governo na pandemia.
Num tom mezzo ufanista, mezzo intimidador, absolutamente sem noção, eles exigem que uma das principais revistas científicas da área médica do mundo retire do ar o texto criticando a gestão de Bolsonaro contra o coronavírus.
A certa altura, afirmam que “O Brasil está se saindo melhor do que o Reino Unido em resposta à pandemia COVID-19.
Os casos, óbitos e taxas de letalidade do COVID-19 ajustados pela população são muito mais elevados no Reino Unido do que no Brasil.”
É mentira.
Neste mês, passamos Suécia e Reino Unido em número de mortes por milhão de habitantes. Fomos de nono para sexto lugar nessa contagem.
“Infelizmente, The Lancet não publicou nada contra o governo de esquerda brasileiro, que priorizou estádios de futebol em vez de hospitais”, reclamam.
O editor, decretam, “deve abandonar o viés político, se retratar do Editorial, e focar na ciência, ou então ele ‘deve ser o próximo a ir’”.
Ir para onde? A ponta da praia? O pau de arara?
Esse lixo é assinado por Mauro R N Pontes, e Julio Pereira Lima, do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, e conta com uma lista de apoiadores.
As entidades médicas têm tido uma reação omissa diante do descalabro bolsonarista no trato com o vírus.
Um general virou ministro e elas não deram um pio. Um charlatão receita a cloroquina, um remédio sem eficácia comprovada, e fica por isso mesmo.
Agora essa vergonha mundial.
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No dia em que o nosso País alcança a marca de 140 mil óbitos por coronavírus, e convindo lembrar que o flagelo covid-19 está ainda em pleno curso (ou, melhor, a fogo brando) no Brasil e larga parcela do mundo, e, mais, respeitando, embora perplexos, o direito de cada um à livre opinião, parece o caso de parafrasear o mago João Saldanha, o mestre da Seleção Canarinho de 1970: "Para os afortunados que conseguiram escapar, vida que segue".
.ADENDO:
"Bolsonaro troca de cirurgião e de hospital por não aceitar crítica à atuação do governo na pandemia" - Aqui.
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