quinta-feira, 21 de novembro de 2019

A FOTO E A OLD PHOTO


Base Aérea do Galeão, Rio, 20.11.19:
  
"Torcida do Flamengo estende faixa 'Stuart Angel vive' na Base Aérea do Galeão, onde atleta foi assassinado" - Brasil 247 - Aqui.
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Old Photo 

(Texto reproduzido neste
Blog em 29.09.2013):

        Zuzu Angel com os filhos Hildegard, Ana Cristina e Stuart. Foto: Instituto Zuzu Angel. Anos 50.

Esta é a matriarca Zuzu Angel com os filhos Hildegard, Ana Cristina, e Stuart. Em 1971, durante os anos de chumbo, a polícia prendeu e assassinou Stuart Angel, que era militante do grupo de extrema esquerda MR-8, desaparecendo com o seu corpo. A partir daí, Zuzu Angel começou uma busca incansável ao corpo do filho, conseguindo chamar a atenção de diversas personalidades pelo mundo. No Brasil, essa corajosa mãe passou a incomodar setores do exército. Em 14 de abril de 1976, Zuzu morreu num suspeitíssimo acidente de carro. Meses antes, Zuzu escrevera um bilhete que dizia: “Se algo vier a acontecer comigo, se eu aparecer morta por acidente, assalto ou qualquer outro meio, terá sido obra dos mesmos assassinos do meu amado filho”. (Fonteaqui).

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Permitimo-nos reproduzir o texto abaixo, intitulado "A DIMENSÃO DA EXECUÇÃO DE MARIELLE" / 'A execução de Marielle não foi só crime de gênero ou crime racial, as nove balas atingiram a nossa Democracia', de autoria da jornalista Hildegard Angel, irmã de Stuart Angel, reproduzido por este Blog em 17 de março de 2018, três dias após o assassinato da socióloga e vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), e de seu motorista Anderson Gomes:


"O momento é da maior gravidade. Abrem-se as cortinas da tragédia anunciada. Não podemos restringir a execução de Marielle a mais um crime de gênero ou mais um crime racial. Sua dimensão é ainda mais abrangente. Foi sobretudo um crime político, de cerceamento de opinião. Um tiro fatal na liberdade, nove balas UZZ-18 em nossa agonizante Democracia.
O tiro no Calabouço, em 1968, levou embora o secundarista Edson Luís, mas despertou a massa humana, que desde 1964 se mantinha passiva observadora dos fatos. Nessa era da internet, tudo acontece em maior velocidade. Do golpe de 2016 ao despertar das multidões entorpecidas e da consciência nacional, neste 15 de março de 2018.
As panelas emudecidas e as camisetas da Seleção não quiseram compactuar com o sangue dessa cilada grotesca. Entenderam o quanto foram e têm sido manipuladas em nome de interesses que não são os do povo. As balas que mataram Marielle foram vendidas para a PF de Brasília. Houve uma conspiração muito bem planejada, envolvendo dois carros, um deles clonado.
Executaram Marielle para calar sua militância. Assim como executaram minha mãe, Zuzu Angel, para emudecer suas denúncias e a exposição enlutada de sua dor, com a perda do filho torturado e morto pela ditadura. Da mesma forma como se deu com Marielle, minha mãe foi seguida em seu trajeto, pelo veículo de seus executores, até o local pretendido para a eliminação. Tudo de acordo com os manuais técnicos da maldade. Duas décadas depois, as investigações dos Conselhos de Desaparecidos e Comissões da Verdade jogaram luz sobre o que se tentou fazer passar por “acidente”, e esclareceram que houve uma emboscada para exterminar Zuzu. Bem como, inicialmente, quiseram fazer a execução de Marielle passar por mais um assalto entre tantos na cidade. Não colou.
O efeito dessa campanha desmoralizadora logo se fez sentir. Hoje, em minha hidroginástica frequentada por pacatas senhoras do bairro, uma delas, enfurecida, bradava contra os “direitos humanos” que Marielle defendia. Na campanha em circulação, eles maliciosamente a comparam a uma médica não militante, que morreu num assalto e não teve as mesmas glórias na morte. Propaganda cheia de obviedades, para atingir mentes desprevenidas.
E de repente me vi, não mais na piscina azul da academia, porém numa piscina de sangue. O sangue que o pensamento fascista já verteu no Brasil e poderá fazer ainda jorrar muito mais. O sangue de minha mãe, em 1976. O sangue de Stuart, de Sônia, de Maria Helena, de Vlado, de Rubens Paiva e muitas centenas, nos Anos de Chumbo. O sangue de Marielle neste 2018. O sangue de Anderson Gomes, a vítima errada na hora inadequada. O sangue de muitos outros que precisarão ser emudecidos.
A Democracia está sangrando por Marielle, por Anderson, por nossos filhos, por todos aqueles que não se calam."  -  (Hildegard Angel - 18.03.2018 - Aqui).

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