domingo, 1 de setembro de 2019

O DISCURSO ANTOLÓGICO DE UM EX-PRESIDENTE DO STF

.
Aulas regulares de Direito, seminários jurídicos, rodadas de debates, senhores palestrantes, analistas políticos, cultores da Constituição, cidadãos em geral, promotores e juízes, operadores do Direito, este que vos fala: estejamos onde estivermos, louvemos as lúcidas palavras de Cezar Peluso e, mais do que isso, acatemos de uma vez por todas as diretrizes alinhadas na Constituição da República!


"Quando os juízes passam a ser justiceiros estamos perdidos", diz ex-presidente do STF

Do Uol

O ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Cezar Peluso atacou hoje a Lava Jato e acusou alguns juízes de se tornarem “justiceiros” em encontro com Campos do Jordão (SP). O magistrado mostrou preocupação em relação às supostas mensagens vazadas entre promotores e o Judiciário e afirmou que envolvidos fizeram “messianismo”.

Eu vivi, como juiz, a ditadura militar e jamais me passou pela cabeça um juiz, a modo de justiceiro da Sacra Inquisição, exercer a função para realizar projetos politico-ideológicos ou preconceitos de caráter pessoal”, afirmou Peluso, em referência à Lava Jato. “Quando os juízes deixam de ser juízes e passam a ser justiceiros, estamos todos perdidos.


Para o ex-presidente do STF, a Lava Jato agiu movida pela “tentação de ser intérprete das explosões imediatas da multidão”. Por isso, tomou certas atitudes questionáveis, como o uso de condução coercitiva para depoimentos. “[Situações como esta] põem em jogo a ilegalidade [das decisões] porque o fim útil justifica qualquer atividade.”
Ele criticou o que chamou de “messianismo” de parte do Judiciário, em mensagem clara aos envolvidos com a operação. “Quando o juiz é incapaz de conhecer limites, ele não quer saber nada, o futuro tem de ser encontrado de qualquer jeito. Foi escolhido por Deus para mudar a ordem jurídica do país”, ironizou.
Em comunhão com o discurso do ex-colega de STF Gilmar Mendes, o ex-presidente afirmou que a Lava Jato virou uma “metáfora do país”, que não pode ser questionada.
Já é mais do que uma instituição, é a própria imagem do país. Quem é contra os excessos da Lava Jato não respeita o país”, critica. “Isso acarreta, como não podia deixar de ser, uma série de problemas graves.”

Exposição do Judiciário à mídia

Peluso foi contra ainda a exposição de alguns magistrados nas mídias sociais e na imprensa. Segundo ele, quando um juiz se preocupa demais com a própria imagem, preocupa-se menos em defender a Constituição, sua verdadeira função.
[O juiz tem de] ser recatado, não tem de tentar projetar sua imagem na mídia social, porque isso já é um fator que concorre para ele deixar de ser juiz. Esta é uma das vertentes da disfuncionalidade do Judiciário”, declarou.
O ex-ministro também mandou, sem citar nomes, um sutil recado ao ex-juiz da Lava Jato e atual ministro da Justiça, Sergio Moro. “Alguns juízes descobrem que é mais importante estar na mídia do que qualquer outra coisa. Alguns até descobrem sua verdadeira vocação, largam o Judiciário e vão cuidar de outra coisa”, provocou Peluso.
Por fim, também mostrou preocupação em relação às supostas conversas entre promotores e juízes da Lava Jato, reveladas pela imprensa. Sem revelar se acha as conversas divulgadas verdadeiras ou não, ele afirmou que as vê com “indignação e profunda tristeza”.
Se for verdadeiro aquilo que consta nesses diálogos, nós estamos diante do que eu consideraria a mais grave profanação da sacralidade da função jurisdicional”, concluiu o magistrado.  -  (Aqui).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça o seu comentário.