sábado, 3 de agosto de 2019

UMA OBSERVAÇÃO SOBRE CERTAS PALAVRAS


Segundo a Folha - aqui -, ontem, 2, em palestra proferida na Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos, SP, o ministro Luiz Roberto Barroso, do STF, manifestou-se sobre as mensagens vazadas que vêm sendo publicadas pelo site The Intercept Brasil em parceria com a Folha, Veja, El País e o jornalista Reinaldo Azevedo, da Rede Bandeirantes.

No generoso espaço oferecido pelo Jornal Nacional ao assunto, vimos que o ministro minimizou as mensagens divulgadas, que compreenderiam "mais fofocas do que fatos relevantes", e declarou que "nada encobre o fato de que a Petrobras foi devastada pela corrupção", aduzindo:

"Não importa o que tenha, não importa o que saia nas gravações (...). Nada encobre a corrupção sistêmica, estrutural e institucionalizada que houve no Brasil".

As palavras em destaque conduzem o leitor à conclusão de que, para o ministro, o combate à corrupção justificaria a adoção de quaisquer métodos, mesmo os que impliquem o atropelamento dos direitos e garantias - a exemplo do direito ao devido processo legal - previstos na Constituição Federal, que ele deveria guardar, por força do contido no artigo 102. Se tal se confirmar, não causará estranheza, visto que o ministro em outras oportunidades já deixou clara sua disposição de ignorar determinações constitucionais, para satisfação de seus admiradores, como o ex-juiz de base Sergio Moro. 

No mais, cumpre registrar que para observadores mais perspicazes as palavras do senhor Barroso deixaram entrever o propósito de apresentar desde logo algo como uma defesa prévia relativamente a um ou mais fatos (sobre ele próprio e/ou alguma organização) que poderão vir a ser oferecidos ao público pelo site The Intercept Brasil e parceiros, pinçados do alentado acervo de que ainda dispõe.

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