Acompanhamos com atenção o que se passa, vendo noticiários, seguindo 'n' blogs, ouvindo 'hangouts', recorrendo até a jornais escritos (sim, assino um!), selecionando desenhos... Desde quando? Este blog tem uma década, mas o rojão vem de sempre. E é exatamente neste blog que ao longo desses anos uma expressão vem pontificando: "Nenhuma estranheza." Isso mesmo. Nenhuma aberração, nenhuma excrescência que se tenha verificado, nenhum ato inconstitucional, nenhum rasgo de vaidade, nenhum ranço, nada chega a causar estupor. Não obstante, é imperioso estar atento, acompanhando a conjuntura e registrando nossas avaliações, mesmo que coroadas pela irônica "Nenhuma estranheza". Mas, por que, afinal, registrei esse comentário? Talvez pela observação hoje expressa pelo arguto analista Jânio de Freitas em sua coluna: 'Por que a surpresa com a amarga realidade, galera?' (Notas: 1 - Este comentário é eclético: vale para a conjuntura completa, ressalvados os cartuns implacáveis, que nos oferecem um pouco de 'conforto'; 2 - No mais, lembre: Informação é Poder).
(Colagem GGN)
Foi calculado
Por Ricardo Cappelli
Vamos reconstituir a cena do “crime”. No sábado de carnaval seu principal opositor sai da cadeia para o velório do neto, uma morte prematura e traumática que comoveu o país.
As cenas de Lula caminhando de cabeça erguida e acenando para apoiadores são de um verdadeiro gigante, que demonstra estar muito vivo no imaginário popular.
A reação do “protofascista” Eduardo Bolsonaro – até Mussolini teria vergonha dele – são rejeitadas de forma áspera por vários formadores de opinião liberais.
Nos dias seguintes, durante a festa da carne, o presidente é exaustivamente lembrado nos blocos e na avenida. “Ei Bolsonaro, vai tomar no c…”, ou “Ai, ai, ai, Bolsonaro é o c…” viram os hits do carnaval.
No sambódromo, escolas do grupo especial denunciam os assassinatos da ditadura militar, exaltam Marielle e consagram o bode nordestino vermelho dando coices nos coxinhas.
A celebração “mundana” é a apoteose da diversidade, do respeito às diferenças, da alegria da integração no paz e amor. São estes os valores que sustentaram o resultado das últimas eleições?
Vamos relembrar o episódio do #EleNao. O movimento tomou conta do Brasil. A esquerda vibrou e acreditou estar num momento de virada. Quando vieram as pesquisas “ele” cresceu. Como? Disseminaram imagens de mulheres nuas, pessoas peladas e todo tipo de exagero nas redes para destruir o significado do movimento. Sequestraram um significante deturpado numa manobra a favor do bolsonarismo.
As cenas escatológicas dos rapazes publicadas no Twitter seguem a mesma lógica semiótica da guerra em curso no Brasil. Se o carnaval me ataca, ele é o inimigo a ser desmoralizado e aniquilado. Loucura?
Quantas pessoas rejeitam o Carnaval? O que os evangélicos pensam a respeito? Como conservadores reagiram vendo as imagens postadas pelo presidente? Bolsonaro correu risco? Não há dúvida. Mas é preciso reconhecer que eles jogam e apostam pra valer.
Fraturar a sociedade é um projeto. Estes movimentos, calculados, cumprem este objetivo. Na democracia existe maioria e minoria, que se complementam num contrato social. No fascismo, há apenas ditadores e inimigos que devem ser aniquilados.
A disputa é entre civilização e obscurantismo. Não é uma disputa clássica entre liberais e socialistas. O objetivo é reescrever a história destruindo valores consagrados do humanismo. Querem quebrar a espinha dorsal de nossa brasilidade.
A “Lava Jato” da educação será parte desta guerra cultural, deste enfrentamento civilizacional que tentará nos transformar no paraíso mundial dos “terraplanistas”.
Em nome da democracia e da história de nosso país, Liberais, Democratas e Socialistas deveriam sentar e conversar.
Não há ilusão quanto à convergência nas pautas econômicas. Mas é pouco provável, dada a agressividade dos ocupantes do Planalto, que ela seja suficiente para manter unida por muito tempo uma base social ampla em torno do presidente.
Em tempos sombrios, falar o óbvio é necessário. Se o projeto deles é dividir a sociedade, o nosso projeto deveria ser unir, partindo de pautas mínimas, amplas, capazes de recolocar o país no rumo da democracia.
A bandeira democrática erguida em torno da questão nacional é a que mais temem os fascistas. Já passou da hora dela ganhar a centralidade que o momento exige. - (Aqui).
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