(Fonte: Tijolaço).
Vídeo mostra que base da barragem se liquefez
Por Fernando Brito, no Tijolaço
As imagens que acabam de ser exibidas pela Rede Globo deixam bem claro que foi um processo de infiltração de líquido – água ou lama pouco densa – o que derrubou a barragem de rejeitos de mineração da Vale em Brumadinho.
Não um transbordamento, não uma rachadura no aterro, mas uma imensa mancha de umidade que, durante alguns segundos, aparece bem na base da barragem, que tem 40 anos desde o início de sua construção. Em seguida, suas bordas viram um esguicho de lama, alimentado pela “descida” do corpo da barragem, semelhante a uma das “implosões” de prédios que assistimos tantas vezes.
Quase ao centro da construção, a impressão que se tem é que um lençol de água ou de rejeitos muito pouco densos, subterrâneo (a barragem estava seca na parte de cima, com vegetação, inclusive árvores de pequeno porte), liquefez a parede de terra do reservatório.
O fenômeno parece ser igual em outro ponto, à direita de quem a olha de frente, aproximadamente no mesmo nível do primeiro, ainda que ambos sejam praticamente simultâneos, até porque tudo é muito rápido.
Não foi, portanto, uma acumulação de água rápida, mas um processo de acumulação lento e progressivo.
Como se formou uma camada tão instável e potencialmente desastrosa sem que os instrumentos de detecção não tenham sinalizado parece ser o “mistério”.
Os tão citados piezômetros, aparelhos usados no monitoramento de barragens, medem os níveis de acumulação de água em trechos profundos da barragem e não os detectaram. Existiam, nessa profundidade, correspondente a períodos antigos? Ou foram negligenciados, em razão da barragem estar abandonada já há algum tempo?
O vídeo que registra a queda da barragem tem a importância equivalente à “caixa preta” de aviões acidentados.
Sabe-se o que aconteceu, falta saber por que aconteceu e por culpa de quem aconteceu.
E se querem responsabilizar a quem de direito.
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