domingo, 3 de fevereiro de 2019

PASADENA, IDEOLOGIA E REALIDADE

Quantas inverdades acerca do episódio Pasadena foram lançadas à opinião pública em face da compra da refinaria norte-americana, treze anos atrás, pela Petrobras! Mas a Blogosfera, à época e em outras oportunidades, deixou, felizmente, de seguir o roteiro da grande mídia e parceiros. Mesmo que tendo de conviver com acusações de partidarismo. De qualquer modo, a contestação foi feita.
Sintomaticamente, William Bonner, agora, ao noticiar a venda de Pasadena para a Chevron, fez questão de acentuar que o negócio foi "fechado por valor inferior ao de compra", como que a sustentar que tal particularidade 'confirma' as denúncias globais divulgadas no passado. Vã tentativa, como demonstra André Araújo no artigo abaixo. A verdade sempre aflora.
Nota 1: Registramos que, tempos atrás, Miguel do Rosário, do blog O Cafezinho, produziu alentado artigo em que desmontou as 'denúncias' então em voga. Certamente o mais consistente entre os artigos a que tivemos acesso.
Nota 2: Convém notar que, no episódio da compra de Pasadena, estamos considerando isentos os ex-presidentes Lula e Dilma: o MP acatou o argumento de que o Comitê de Administração da Petrobras teria sido ludibriado por assessores da própria empresa e terceiros, responsáveis pela elaboração de relatórios sobre a transação). Nestor Cerveró, por exemplo, confessou - veja aqui - que tanto ele como Delcídio do Amaral embolsaram propina.
(Colagem: GGN).
Pasadena, a realidade dentro da ideologia
Por André Araújo
A direita raivosa usou a compra da refinaria de Pasadena no Texas, pela Petrobras, como simbolo máximo de mau negócio causado pela corrupção. Agora a tal refinaria, dada como sucata, foi vendida por US$ 562 milhões para a segunda maior e a mais lucrativa petrolífera americana, a CHEVRON. 
O valor da venda corresponde à metade do valor da compra depois de 13 anos. Se a refinaria não recebeu novos investimentos, o valor da venda corresponde ao valor da compra menos a depreciação material e tecnológica nestes 13 anos, portanto é um negócio dentro da normalidade do mercado, MAS há outro fator: ativos petrolíferos oscilam de valor de acordo com a cotação do barril e com inúmeras outras condições de mercado.
Os paladinos das privatizações no Brasil têm alardeado que as refinarias da PETROBRAS no Brasil valem muito pouco porque são muito antigas, já preparando o terreno para vendas a preço de banana.
A compra de PASADENA não foi realizada como puro investimento pela Petrobras. A lógica era ter uma refinaria pronta para refinar ÓLEO PESADO produzido no Brasil, porque as nossas refinarias, por serem antigas, foram capacitadas para refinar ÓLEO BRENT, ou seja. leve, que é o padrão do mercado internacional.
O óleo pesado, produzido no Brasil e Venezuela, exige refinarias adaptadas a esse óleo, que é mais grosso. Boa parte do diesel e gasolina consumidos no Brasil é importada de refinarias no exterior por falta de capacidade de refino no Brasil. A compra de Pasadena inseria-se nessa lógica.
As refinarias brasileiras, com exceção da mais nova, a Abreu e Lima, em Recife, foram construídas para refinar óleo importado, porque na época da sua construção o Brasil não produzia petróleo cru em grande quantidade, refinava-se óleo importado tipo Brent. O nosso óleo tipo Marlin surgiu com a bacia de Campos, quando as refinarias nacionais já existiam e desde então esse óleo é enviado para o exterior para refino.
O Texas tem muitas refinarias para esse tipo de óleo, inclusive oito da (venezuelana) PDVSA, para refinar petróleo venezuelano. A lógica de Pasadena estava dentro da necessidade imediata de refino do petróleo produzido pela própria Petrobras no Brasil.
Se Pasadena fosse a sucata pintada nos comentários lavajatenses, jamais a Chevron pagaria mais de meio bilhão de dólares por essa refinaria. Fica o registro.  -  (Aqui).

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.A leitora Maria Rodrigues escreveu:
"Por mais ignorantes que sejamos, nós, brasileiros, a respeito desses assuntos, o que nos espanta, impactando em nossos sentimentos mais íntimos, é a consciência de vermos instaladas no poder pessoas totalmente desqualificadas, até para emitir uma simples impressão sobre qualquer coisa. Mais diria, agora sobre os militares, de altas patentes, homens idosos, incapazes de apresentarem outras saídas para tantos desacertos. 

Mesmo durante a ditadura ninguém viu nosso patrimônio entregue ao Estrangeiro com essa simplicidade de quem está vendendo banana no mercado. Pior ainda, tal como fizera FHC e sua tropa de vendilhões da Pátria, não se dá ao povo um mínimo de satisfação.


Nessas horas, pra quem conhece a sensibilidade de Lula, e sabe que ele tem consciência de tudo o que foi feito para construírem narrativas mentirosas a fim de deporem Dilma e o prenderem na sucessão dos fatos golpistas, posso deduzir que suas angústias nem são maiores por estar preso, mas por assistir, numa caverna, acorrentado, o que estão fazendo com seus legados.
O povo brasileiro só já não foi às ruas gritar alto sua indignação porque, infelizmente, afora Lula, não existe ninguém que tenha liderança nessa esquerda. Ficaram como que anestesiados."
.E o leitor Almeida observou, indignado:
"Parabéns André Araújo e Maria Rodrigues. A realidade já foi dita no comentário. Imagino que a direita vendida e escrava dos donos do país, ao perceber, em algum tempo passado, que Lula era muito maior do que ela imaginava e que quanto mais covardias faziam, mais forte ele se tornava aos olhos e admiração do mundo, apelou ao jogo imundo e fora da lei. Perceberam que eliminando Lula, a qualquer preço, poderiam romper o elo forte que sustenta a esquerda, visto que não existe ninguém com credenciais suficientes para substituir o verdadeiro MITO brasileiro, que se chama Luiz Inácio Lula da Silva. Por tudo isso e desesperados pela exposição da sua total incompetência, por um ex-operário, e pela humilhação de Lula ser aclamado nacional e mundialmente como o melhor presidente que governou o país nos tempos modernos, ela resolveu ir para o tudo ou nada, com o Supremo, com todos os tribunais superiores e tudo: com tudo o que representa o atraso; com tudo o que representa a sordidez fiscal, econômica e financeira e com tudo o que debilita a democracia, a soberania, a paz, as conquistas e os direitos sociais dos trabalhadores."

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