domingo, 4 de novembro de 2018

A PRAGA DAS FAKE NEWS SEGUE FAZENDO ESTRAGOS

Não sabemos se em face das eleições parlamentares em curso nos EUA há participação de empresas mobilizadas no sentido de disseminar fake news (agora junk news) nas redes em prol de democratas ou republicanos. O que sabemos é que as empresas norte-americanas podem fazer doações eleitorais 'sem intermediações ou limites', ou seja, podem doar o quanto entenderem a quem bem quiserem, e isso desde 2011, por decisão da Suprema Corte, conforme se vê AQUI. Ocorre que, no Brasil, desde setembro de 2015 o financiamento eleitoral por empresas é considerado inconstitucional (AQUI). É em função disso que o TSE está a analisar denúncias formuladas por partidos políticos contra a chapa vencedora da eleição presidencial 2018, visto que, se restarem confirmadas as informações contidas em matéria da Folha de S Paulo, edição de 18.10.18 (aqui), poder-se-á estar às voltas com crime eleitoral de abuso de poder econômico, com as consequências daí decorrentes. Como e quando o TSE se manifestará a respeito?
(De qualquer modo, conforme já dissemos AQUI, viva o jornalismo investigativo!).
(Ilustração: GGN)
Praga do século: fake news nos EUA hoje ultrapassam eleição de Trump
GGN - O diagnóstico de que o uso de fake news nos Estados Unidos em 2018 já ultrapassa a eleição de Donald Trump é da Universidade de Oxford. E não é só fake news, mas também material de ódio distribuído em redes sociais sobre assuntos políticos. E está crescendo. A informação é de Bruno Benevides, na Folha.
O levantamento foi divulgado na quinta, dia 1º, e analisou o material compartilhado no último mês pelo Twitter e no Facebook contemplando a eleição americana, que se dará no dia 6, quando democratas tentarão tirar dos republicanos o controle da Câmara e do Senado. 
A conclusão é de que tudo o que foi prometido pelas duas empresas para combater disseminação desse tipo de material, não surtiu o efeito esperado. Assim, a quantidade de notícias falsas ou não confiáveis distribuídas atualmente superou em muito a de 2016, quando o assunto veio à baila.
"As plataformas tomaram medidas, mas enquanto pessoas continuarem a divulgar desinformação, o problema vai continuar", disse Nahema Marchal, doutoranda do Instituto de Internet de Oxford e uma das autoras do estudo.
Nahema e mais três colegas estudaram as 'junk news' ou notícias lixo, classificação que engloba não só conteúdo falso mas também teorias da conspiração e material ofensivo. O grupo analisou cerca de 2,5 milhões de tuítes e encontrou as contas que mais espalharam esse tipo de notícia. De posse do material, buscaram os perfis de Facebook ligados a este sites e observaram 7 mil páginas da plataforma.
A equipe criou, então, um site que mostra em tempo real o material que está sendo divulgado por estas páginas. E, como exemplo, lá é possível achar um artigo que acusa Barack Obama de financiar organizações terroristas, ou então que um imigrante da caravana de centro-americanos tentou derrubar um helicóptero a pedradas no México.
Segundo os pesquisadores, se antes a distribuição de notícias falsas se restringia a perfis ligados à Rússia ou a sites de extrema-direita, em 2018 o modelo se disseminou entre grupos mais moderados, em especial do lado conservador.
No estudo, os perfis de extrema-direita, dentro de uma avaliação que varia de 0 (nenhuma interação com 'junk news') a 100 (só interage com esse tipo de material), receberam 89, enquanto a direita tradicional recebeu 83. Este último engloba o Partido Republicano.
Páginas ligadas a causas progressistas, como o feminismo, receberam 46. E a esquerda institucional, de oposição a Trump, recebeu 24, nota mais alta somente que o 20 recebido pelos sites jornalísticos.
A distribuição de 'junk news' se refletiu também na proporção em que o material pode ser encontrado no Twitter. Se em 2016, 20% das notícias foram assim classificadas, agora tem-se 25%, contra 19% das notícias feitas pelo jornalismo profissional e 5% de fontes oficiais, como partidos políticos, governos e universidades.
Os pesquisadores de Oxford se depararam com uma realidade bem mais extensa. Nunca houve um número tão alto de 'junk news' nos países pesquisados, e aí se inclui a eleição presidencial brasileira e outros cinco países em campanha.  -  (Aqui).

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