Muitos consideram, com razão, que um dos pontos positivos do sr. Trump é a sua, digamos, sinceridade crua. Os interesses americanos estão acima dos interesses do resto do mundo, fim de papo. Make America Great Again foi, de cara, o seu slogan. Recentemente, sugeriu aos demais governantes do mundo que considerem os seus respectivos países como o número um. As empresas americanas que atuam ou pretendem atuar no exterior sabem que contam com o apoio irrestrito do estado americano, para o que der e vier, da 'preparação do terreno' à consolidação de seus propósitos. Já a vulnerabilidade das empresas estratégicas brasileiras e o furor entreguista dos Donos da República causam espécie - cenário, que, claro, é 'lido' como um irrecusável convite. Resta torcer por um longínquo, para não dizer remoto, referendo revogatório.
Ligando os pontos
Por Florestan Fernandes Júnior
Em 2007 a Petrobras descobre campos enormes de petróleo em águas ultra-profundas do nosso litoral. Uma reserva de mais de 80 bilhões de barris de petróleo.
Um ano depois, em janeiro de 2008 foram roubados 4 laptops e 2 HDS com informações sigilosas da bacia de Santos. Dados de 30 anos de pesquisas da Petrobras no valor estimado de 2 bilhões de dólares.
Em 30 de outubro de 2009, o WikiLeaks uma organização transnacional com sede na Suécia publica em sua página informações “vazadas” de governos e empresas assuntos estratégicos de interesse público.
No documento, o nome do juiz Sérgio Moro é citado como participante de uma conferência promovida pelo programa Bridges Project (“Projeto Pontes”), vinculado ao Departamento de Estado Norte-Americano, cujo objetivo era “consolidar o treinamento bilateral [entre Estados Unidos e Brasil] para aplicação da lei”.
Em 2013, uma semana após notícias de que a presidente do Brasil, Dilma Rousseff foi espionada pela CIA, o ex-consultor da agência de inteligência americana Edward Snowden indicou que os EUA espionavam também a Petrobras.
Em junho de 2013 a “Operação Lava Jato” tem início com o monitoramento das conversas de doleiros no Paraná. Em março de 2014 é deflagrada a primeira fase ofensiva da operação que iria derrubar a presidente da República, paralisar a Petrobras, a economia do país e sucatear os estaleiros responsáveis pela construção de plataformas e as fábricas de sondas de perfuração. Tudo com a cobertura massificante dos nossos meios de comunicação.
Lá se vão 4 anos de uma lavagem que levou para o ralo milhões de empregos, milhares de empresas públicas e privadas e quase todos os avanços sociais e econômicos. O "novo" velho governo já extinguiu uma reserva ambiental em território de quase quatro milhões de hectares para atividades privadas de mineração. Anunciou a venda da gigante de energia elétrica Eletrobras, da Casa da Moeda e, pasmem, vai oferecer ao mercado em leilões que pretende realizar a partir de 2018 campos de óleo e gás da Petrobras.
Ao todo, 21 áreas com descobertas de petróleo e gás serão liberadas para petroleiras internacionais. Parte destes poços estão localizados nas três bacias produtoras mais nobres da empresa brasileira - Campos, Santos e Espírito Santo.
Nesta quarta-feira 6, o ex-ministro Antonio Palocci afirmou em seu depoimento ao juiz Sergio Moro que a descoberta do pré-sal fez mal para o Brasil.
Como o pré-sal, responsável por mais da metade da produção brasileira poderia fazer mal ao país? A afirmação é um claro sinal de submissão aos interesses estratégicos das forças que patrocinam a venda da empresa brasileira. Para que o Brasil permaneça de joelhos é necessário agora impedir a chegada ao poder de grupos desenvolvimentistas comprometidos com a defesa das nossas riquezas.
Por isso a eleição de 2018 é incerta e temerosa. Como disse esta semana o ex-ministro Bresser Pereira: "O Brasil está se condenando a ser uma economia de propriedade dos países ricos. E nós seremos todos empregados". - (Aqui).
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